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Questão da Investigação 1 – Que potencialidades apresenta a

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES, IMPLICAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

6.2.1 Questão da Investigação 1 – Que potencialidades apresenta a

geométricas e na compreensão das suas propriedades?

A resposta a esta questão de investigação sustenta-se nos registos escritos e nos documentos produzidos pelos alunos. Dos registos escritos fazem parte os diálogos entre os elementos dos grupos, onde se evidenciam osprocessos de resolução, asdificuldades sentidas e formas de as ultrapassar. Os documentos produzidos pelos alunos resultaram de ficheiros de programação, onde estão mencionados todos os procedimentos utilizados e as imagens produzidas. Estes dados complementaram-se ainda com a observação que a investigadora fez durante o decorrer da experiência, designadamente sobre o ambiente que se fazia sentir entre alunos aquando da exploração da linguagem LOGO, o desempenho dos alunos na realização das tarefas geométricas e as atitudes evidenciadas.

As orientações curriculares actuais defendem que os alunos sejam capazes de explorar, investigar propriedades e relações geométricas, conjecturar e validar, raciocinar logicamente, resolver problemas, comunicar matematicamente, construir e compreender conceitos e

pequenas demonstrações. Tendo em conta essas orientações, sugerimos aos alunos a exploração de construções geométricas e de algumas das suas propriedades.

Neste contexto e para alcançar os objectivos propostos, os alunos trabalharam, com recurso à linguagem LOGO, desafios matemáticos apresentados através de tarefas orientadas para as competências essenciais do 2º ano de escolaridade, no que concerne ao tópico: Figuras geométricas na área de Geometria.

Desta forma, os alunos construíram objectos, relacionaram-nos, fizeram medições, deduziram propriedades e relações geométricas, discutiram, reformularam estratégias de resolução, desenvolveram vocabulário específico e aprenderam conceitos novos.

Todos os alunos gostaram de utilizar o computador na sala de aula, embora não lhe reconhecessem grande utilidade na disciplina de Matemática. Tinham uma visão muito limitada e redutora sobre a disciplina, pois apenas valorizavam os temas ―Números e Operações‖ e ―Resolução de Situações Problemáticas‖.

Nenhum aluno tinha qualquer tipo de conhecimento/experiência sobre a linguagem LOGO, mas após a sua utilização, na sala de aula, foram unânimes em afirmar que gostaram muito de usar o respectivo programa educativo e demonstraram vontade de quererem trabalhar mais nas aulas de Matemática com a linguagem LOGO nos próximos anos lectivos.

No início da investigação, alguns alunos consideraram a Matemática uma disciplina de difícil aprendizagem, mas no fim da intervenção de ensino reconheceram que a linguagem LOGO teve um papel bastante importante e facilitador na compreensão dos conceitos geométricos. Após alguma prática e familiarização com a linguagem de programação LOGO, na sala de aula, os alunos desenvolveram capacidades ao nível do pensamento geométrico, no que diz respeito aos conteúdos programáticos da disciplina na área da Geometria.

O ambiente de trabalho, sendo importante e fundamental no desenvolvimento das actividades, não é suficiente para que ocorra uma aprendizagem matemática significativa. As tarefas são uma questão fundamental no ensino/aprendizagem da matemática. Conforme o NCTM (1994), as propostas consideradas boas são aquelas que não separam o pensamento matemático dos conceitos matemáticos ou aptidões, que despertam a curiosidade dos alunos e que os convidam a especular e a prosseguir com as suas intuições.

Durante a selecção e elaboração dos desafios propostos aos alunos, teve-se em consideração os conteúdos programáticos de Geometria do 2º ano de escolaridade, o nível

sociocultural dos mesmos, assim como o nível de desempenho dos alunos nesta área disciplinar. No mesmo sentido, também o Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais (2004) preconiza aprendizagens contextualizadas e articuladas entre si.

O modo como a competência matemática está caracterizada...procura evidenciar que se trata de promover o desenvolvimento integrado de conhecimentos, capacidades e atitudes e não de adicionar capacidades de resolução de problemas, raciocínio e comunicação e atitudes favoráveis à actividade matemática a um currículo baseado em conhecimentos isolados e técnicas de cálculo. (p. 58)

De uma forma geral, os alunos tiveram algumas dificuldades na resolução das tarefas iniciais, revelando, de forma gradual, mais destreza e um desempenho cada vez mais satisfatório na realização das actividades seguintes. Um dos factores importantes nesta evolução deve-se ao facto de terem percebido a funcionalidade e dinâmica da linguagem LOGO.

Durante a realização de todos os desafios matemáticos propostos, com recurso à linguagem de programação LOGO, os alunos recorreram a diversos saberes no campo da matemática. Utilizaram e reforçaram o conhecimento das figuras geométricas, adquiriram vários conceitos acerca das figuras geométricas, nomeadamente o conceito de ângulo, desenharam figuras bidimensionais e descobriram diversas propriedades que puderam representar com o computador, para além de desenvolverem capacidades de organização espacial.

Matos e Serrazina (1996), Ponte e Serrazina (2000) e Geddes (2001) referem que o desenvolvimento dos conceitos geométricos nos alunos tem, na sua essência, o envolvimento destes no trabalho desenvolvido.

Durante a realização das tarefas matemáticas foi também observado pela investigadora que todos os pares de alunos corrigiam os erros cometidos na utilização da linguagem LOGO, o que lhes permitiu reflectir e compreender porque erraram e ao mesmo tempo descobrirem uma nova solução para o problema, valorizando o erro como uma experiência positiva e construtiva. Esta característica da linguagem LOGO também é partilhada e valorizada positivamente por Papert (1988), Matos (1991), Ponte e Canavarro (1997) e Fragoso (1993). As potencialidades da linguagem LOGO favorecem a aquisição de determinados conceitos, tais como: reconhecer ângulos em figuras; identificar uma figura como parte de uma figura mais complexa, noção de metade, quarta parte e nona parte; reconhecer lados paralelos e perpendiculares; identificar diagonais; desenvolver a predisposição para procurar e explorar padrões geométricos;

compreender o processo de medição e fazer medições e estimativas e descobrir propriedades matemáticas (e.g., Papert, 1988; Matos, 1991; Geddes, 2001; Bento, 2002).

O uso da linguagem LOGO pelos alunos desenvolveu-lhes a autonomia, na tomada de decisões, e ainda a capacidade de resolver problemas. Desta forma, o aluno deixa de ter um papel passivo dentro da sala de aula, onde apenas absorve a informação que o professor lhe transmite, e passa a ter um papel mais activo e dinâmico na aquisição de conhecimentos, onde é ele que explora, descobre e formula estratégias e soluções na resolução de situações problemáticas, construindo assim o seu próprio conhecimento.

6.2.2. Questão da investigação 2 – Qual o impacto da utilização da