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CAPÍTULO 3 – PLANO METODOLÓGICO

3.2.3 Organização da intervenção didáctica

A intervenção didáctica decorreu durante o terceiro período do ano lectivo de 2007/2008, mais propriamente de 13/05/2008 a 16/06/2008, com sessões diárias de 45 minutos, perfazendo um total de vinte e três sessões.

As sessões foram realizadas numa sala de informática, equipada com cinco computadores que estavam em cima de mesas dispostas em U, o que permitia à investigadora uma panorâmica da turma.

A actuação da investigadora na sala de aula caracterizou-se, fundamentalmente, na observação dos alunos e no registo de atitudes, reacções, intervenções e dificuldades por eles manifestadas durante a realização das tarefas, bem como nos momentos relevantes do seu trabalho no computador.

Uma vez que a turma era composta por 21 alunos, e devido ao número reduzido de recursos informáticos, a experiência decorreu em dois turnos. Enquanto o primeiro turno explorava as tarefas propostas no computador, o segundo trabalhava os conteúdos programáticos de Matemática específicos desse período numa sala ao lado.

Optou-se por uma metodologia de trabalho em pares, de forma a favorecer umespírito de equipa, o confronto de ideias, acolaboração, etc.

A utilização do computador em trabalho de grupo é muito frequente, constituindo hoje em dia uma das formas de trabalho mais recomendada. Inicialmente, surgiu como uma imposição logística devido à escassez de equipamentos existentes nas escolas. No entanto, a experiência demonstrou as suas vantagens, nomeadamente, ao nível da interacção e colaboração entre os alunos. (Ponte & Canavarro, 1997, p. 117)

Santos (2000) também partilha a mesma opinião, salientando que a solidariedade, a cooperação, a reciprocidade comunicativa, a confiança mútua e a responsabilidade interdependente são valores presentes nas práticas de colaboração.

Os interesses semelhantes e a convergência de energia para atingir determinado propósito criam condições para que os obstáculos sejam ultrapassados. O apoio dos colegas colaborativos permite ultrapassar as inseguranças que poderiam daí advir (Saraiva & Ponte, 2003). O intuito de aprofundar o conhecimento de cada elemento, procurando negociar as propostas, é entendida como uma forma de colaboração (Boavida & Ponte, 2002). A partilha de ideias fortalece a determinação em agir, conseguindo-se um acréscimo de segurança para correr riscos ao serem criadas as condições, através do diálogo, negociação e reflexão conjunta, para enfrentar os desafios da prática. O processo de negociação envolve uma dinâmica de argumentação e defesa do qual resulta uma aprendizagem mútua acerca dos diferentes elementos do grupo (Santos, 2000).

―Todos têm algo para dar e algo a receber do trabalho conjunto‖ (Boavida & Ponte, 2002, p. 47). Deste modo, as dificuldades que são inerentes ao trabalho colaborativo são superadas na base das negociações e reflexões constantes emergentes do diálogo contínuo (Boavida & Ponte, 2002).

Na quadro 1 apresentra-se a sistematização das sessões da intervenção didáctica e os respectivos assuntos abordados.

Quadro 1 — Sistematização das sessões da intervenção didáctica e os respectivos assuntos abordados

Tarefa Proposta N.º Sessões Tempo/ sessão Assuntos abordados

T1 — Adaptação à

linguagem LOGO 3 45m

— Apresentação do software educativo e da linguagem LOGO.

— Explicação da lista de comandos utilizados na linguagem LOGO.

— Aplicação de alguns comandos. — Observação da tartaruga.

— Exploração do LOGO aplicando as actividades propostas num guião orientado.

— Exploração livre.

T2 — Construção de

figuras geométricas 5 45m

— Construção do quadrado, rectângulo e triângulo.

— Construção de imagens usando apenas uma figura geométrica (quadrados ou rectângulos). — Construção de triângulos: equilátero, isósceles e escaleno.

T3 — Divisão do

quadrado 6 45m

— Divisão do quadrado:

em quatro triângulos iguais; nove quadrados iguais;

dois quadrados e um rectângulo; dois rectângulos e um quadrado;

quatro rectângulos iguais e um quadrado; quatro triângulos iguais e um quadrado.

T4 — Construção de

poliminós e

deltaminós 5 45m

— Representação de todos os poliminós que podem ser construídos com cinco quadrados. — Representação de todos os deltaminós que podem ser construídos com quatro triângulos.

T5 — Construção

livre de imagens da

vida real 4 45m

— Representação de imagens da vida real usando as figuras geométricas: quadrado, rectângulo e triângulo.

3.3. Caracterização dos participantes no estudo

No sentido de responder às exigências legais e éticas da investigação, para o seu desenvolvimento foi requerida autorização ao Conselho Executivo da Escola (anexo 1), assim como aos Encarregados de Educação (anexo 2), estes últimos para autorizarem a participação dos seus educandos na investigação uma vez que eram de menor idade.

Para conhecermos a receptividade dos alunos, quanto à implementação da experiência, foi-lhes apresentada a forma de a concretizar, aclarando os objectivos e a metodologia de trabalho a ser desenvolvida durante as aulas. Os alunos demonstraram entusiasmo e interesse pela experiência, afastando qualquer receio decorrente da utilização da linguagem LOGO.

Neste estudo participaram 21 alunos, de uma turma do 2.º ano de escolaridade, sendo dez do sexo feminino e onze do sexo masculino. A idade dos alunos estava compreendida entre os seis e os sete anos de idade, tendo cinco alunos 6 anos e 17 alunos 7 anos de idade.

Os alunos que constituem esta turma residiam na freguesia e na área de influência da escola. Verifica-se ainda que existem oito alunos que vêm de outras freguesias por motivos de proximidade do local de trabalho do encarregado de educação.

Estes alunos estavam inseridos em horário normal, frequentando as actividades lectivas e de enriquecimento curricular das 9 às 12 horas e das 13h30 às 17h30 horas.

A maioria dos alunos é bastante assídua e, de uma forma geral, respeitam as regras estabelecidas e manifestam respeito pelos colegas e adultos.

A turma é constituída por alunos provenientes, na sua maioria, dum estrato socio- económico e cultural médio. De uma forma geral, a maioria dos pais exercem profissões pertencentes ao sector secundário, trabalham por conta de outrem e a maioria possui a escolaridade obrigatória (1.º e 2.º ciclos), oito o ensino secundário e quatro uma licenciatura.

Verifica-se, ainda, que os encarregados de educação participam com interesse na vida escolar dos seus educandos.

Neste grupo de alunos há seis que são apoiados pela acção social escolar, três pertencendo ao escalão A e os restantes ao escalão B.

Dos vinte e um alunos da turma, 14 têm computador em casa e sete com ligação à Internet. Utilizam o computador a partir dos seguintes programas: Microsoft Office Word, Paint, Excel e Jogos. Também se verificou que cinco alunos já exploraram softwares educativos

relacionados com conteúdos de Matemática. Quando navegavam na Internet exploram sites relacionados com jogos e programas infantis.

Apenas 38% considerou a Matemática a sua disciplina preferida, sendo a Actividade Extra Curricular (AEC) Desporto a preferida por 42,9% dos alunos.

A maior parte dos alunos, 47,6%, referiu ter mais dificuldades à disciplina de Língua Portuguesa, seguindo-se a disciplina de Matemática com 23,8%.

De uma forma geral, o aproveitamento dos alunos é satisfatório, embora demonstrem algumas dificuldades na área de Matemática, mais propriamente, no bloco de aprendizagem Forma e Espaço, uma vez que a capacidade de abstracção não está suficientemente desenvolvida, sentindo uma constante necessidade de recorrer à concretização das ideias matemáticas.

Nesta perspectiva, com o intuito de favorecer a aprendizagem do tema de Geometria, no 2.º ano de escolaridade, diversificar os materiais utilizados na sala de aula e proporcionar um ambiente de aprendizagem lúdico e ao mesmo tempo que despertasse o interesse dos alunos, considerou-se relevante a utilização da linguagem de programação Logo, aplicando o software educativo ―Imagina, Cria e Constrói‖ para a exploração dos conceitos geométricos, nomeadamente figuras geométricas planas.