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Os primeiro estudos dedicados à análise das empresas tinham como fundamento teórico a escola neoclássica, cujos princípios eram de que as iniciativas individuais desempenhavam um papel importante nas estratégias de localização espacial das atividades, com as decisões sendo tomadas pelo empresário-proprietário. Há, portanto, o privilégio à firma individual, com preocupações em torno da melhor localização espacial de uma determinada atividade industrial e da escolha da melhor atividade para um determinado local.

Essas preocupações estavam circunscritas à empresa e, logicamente, no plano espacial, havia um horizonte geográfico bem reduzido. Porém, a partir da segunda metade do século XX, após um longo processo de concentração e centralização doméstica do capital, sobretudo nos países desenvolvidos, a empresa ascende à condição de grande corporação, cujos tentáculos vão muito além da escala local, atuando em diversas escalas e em diversos setores da economia.

Os pressupostos teóricos da escola neoclássica (mainstream wisdom) são, evidentemente, colocados à prova, principalmente estes três: i) concorrência pura e perfeita



(negligência, portanto, as firmas oligopolistas); ii) imobilidade dos fatores de produção (apenas as mercadorias atravessam as fronteiras); iii) equilíbrio geral e especialização internacional (tudo tende ao equilíbrio no sistema internacional, desconsiderando, assim, as mudanças na divisão internacional do trabalho e o desenvolvimento desigual) (MICHALET, 1984; KON, 1994).

O crescimento das empresas, tornando-se grandes corporações, com atuações em escalas que vão muito além da do espaço local de origem, graças, logicamente, à promoção da concentração e da centralização de capital – engendrando verdadeiros oligopólios -, e aos seus papéis na ampliação das disparidades espaciais, invalidam completamente as três proposições neoclássicas.

Discutir, atualmente, o papel de uma grande corporação na divisão técnica e social do trabalho e na especialização produtiva de determinadas regiões perpassa, obrigatoriamente, por uma compreensão histórica e espacial. Sob esse ponto de vista, com base em Hymer (1978) e em Cavaco (1997), é possível destacar, a partir de uma dimensão espacial, quatro momentos para a constituição das grandes corporações.

a) Fase anterior à Primeira Revolução Industrial: nesse momento, caracterizado pelas oficinas, os insumos e mercados estavam localizados junto à fábrica;

b) Fase da Revolução Industrial: o mercado consumidor e as matérias-primas, com o desenvolvimento técnico, começam a se dissociar da fábrica, ao passo que a sede social ainda permanece na fábrica;

c) Fase do mercado nacional: a compra de matérias-primas e o mercado consumidor atingem a escala nacional, tornando importante a existência de filiais;

d) Princípios do século XX: período de aquisições, fusões e, conseqüentemente, de um processo de integração horizontal e vertical. Há, nesse momento, a separação entre a unidade de produção e a sede social da empresa, cuja localização é situada nas grandes cidades (cidades mundiais).

Depois da Segunda Guerra Mundial, momento em que a grande corporação ascende à condição de principal agente na organização e reorganização do espaço mundial, alguns elementos ficam evidentes, dentre eles uma nova divisão internacional do trabalho, uma especialização sincrônica, o comércio internacional entre subsidiárias de uma mesma corporação e o papel cada vez mais importante das cidades mundiais - as quais passam a ser sede de gestão econômica e territorial (LIPIETZ, 1987; CORRÊA, 1992).



Tanto as grandes corporações como a nova divisão internacional do trabalho derivam dos conflitos entre capital-trabalho e entre os diferentes capitalistas, de modo que a internacionalização da produção, sobretudo para as áreas onde a força de trabalho e as matérias-primas são mais baixas, acaba sendo uma solução à reprodução do capital. A expansão espacial é, portanto, uma condição imanente à dinâmica de acumulação capitalista – cuja tendência à crise de superacumulação é inconteste (CORRÊA, 1992).

As grandes corporações são, naturalmente, muito complexas e exigem a adoção de uma estrutura gerencial centralizada (holding) para definir suas estratégias. As suas características são a ampla escala de operações (matérias-primas, bens intermediários, produtos finais e serviços), a natureza multifuncional (concentrações horizontal, vertical e conglomeral), a segmentação (diferenças no desenvolvimento tecnológico e na divisão do trabalho), as múltiplas localizações (rural e urbana) e o poder de pressão econômica e política (CAVACO, 1997; RIO, 1998).

Além de grandes corporações, a literatura traz, também, como referência, o termo grupos econômicos. No fundo, os dois termos, em si, remetem à idéia de concentração de capital e de interesses sob um único controle, com a diferença de que a definição de grupo ajuda a compreender a interpenetração entre capital industrial e capital financeiro (monetário). Os grupos econômicos - caracterizados por uma diversificação através de uma ampla gama de negócios, por inter-relações financeiras parciais entre elas e, em muitos casos, de controle familiar – dominam o setor privado industrial e a atividade de serviço em muitas economias do mundo (KHANNA; GHEMAWAT, 1998, p. 35).

A discussão a respeito dos grupos econômicos teve amplo desenvolvimento na França, sobretudo a partir de meados dos anos 1970. Os pesquisadores franceses tinham como objetivo unificar a definição de grupo econômico. Morin (1974), citado por Serfati (1998, p. 143 - 144), define os grupos como:

[...] o conjunto formado por uma sociedade-mãe (chamada normalmente de

holding do grupo) e as sociedades filiais que estão sob o seu controle. Assim,

a sociedade-mãe é acima de tudo um centro de decisão financeira; enquanto as sociedades sob seu controle não passam, na maior parte das vezes, de sociedades exploradoras. O papel essencial de uma sociedade-mãe é a arbitragem permanente das participações financeiras que ela detém, em função da rentabilidade dos capitais envolvidos. É a função de arbitragem da sociedade-mãe que confere ao grupo o seu caráter financeiro.

Outra definição de destaque à época, três anos mais tarde, foi a de M. Beaud. Beaud (1977), citado por Chesnais (1996, p. 75 – 76), define “a estruturação de um



conjunto, às vezes muito diversificado, de firmas envolvidas em múltiplas atividades, como grupo em torno de um centro financeiro e através de uma teia de vínculos, principalmente financeiros, mas em certos casos também pessoais”.

As duas definições supracitadas dão o destaque ao caráter funcional dos grupos, quer dizer, uma matriz responsável por arbitrar sobre um conjunto de firmas, cuja atuação é na atividade industrial. No entanto, as definições não só esclarecem elementos já evidentes das empresas (o desenvolvimento de diversas atividades produtivas e o caráter multinacional), como ainda a ascensão da dimensão puramente financeira. O que se depreende, então, é que a definição de Grupo Econômico é, na verdade, resultado da complexidade adquirida pelo capitalismo em cada um de seus momentos.

Benko (1996, p. 119), em definição mais recente, define que um grupo é

[...] um conjunto de empresas reunidas em holdings financeiras hierarquizadas e submetidas a um centro de decisões, uma sociedade-máter. É esta última que, de um lado, desenvolve as estratégias econômicas globais, tanto produtivas como comerciais e, de outro, desenvolve as estratégias financeiras, incluindo as fusões, as aquisições, as tomadas e abandonos de participações. Todas estas operações são reversíveis. Como forças financeiras, centros de controle e centro de produção e de apropriação do valor, os grupos são por si mesmos muito flexíveis.

A definição chama a atenção para as duas formas de geração de valor no seio dos grupos, a produtiva e a financeira, e para as facilidades de se desfazer rapidamente dos investimentos, mediante compra e venda de participações acionárias. A dimensão financeira no âmago das atividades dos grupos tem ganhado espaço, cada vez maior, desde os anos 1980, quando da mundialização financeira - favorecida pela desregulação dos mercados de capitais, pela abertura dos mercados e pelas constantes inovações financeiras (derivativos, hedges, swaps).

Serfati (1998), longe de demarcar as atividades produtivas e financeiras rigidamente, defende a tese de que está cada vez mais difícil, na análise da fração do valor controlado pelos grupos, estabelecer uma clivagem entre as atividades propriamente produtivas e aquelas atividades oriundas da captação de direitos de propriedade e de créditos. A saída proposta por ele, então, é a de recorrer à noção de capital como sendo uma massa de dinheiro susceptível de se valorizar, porque permite compreender os diversos meios que os grupos dispõem para a circulação de capital dinheiro, em que as formas produtivas e financeiras se interpenetram.



o grupo econômico é definido como o conjunto de empresas que, ainda quando juridicamente independentes entre si, estão interligadas, seja por relações contratuais, seja pelo capital, e cuja propriedade (de ativos específicos e, principalmente, do capital) pertencente a indivíduos ou instituições, que exercem o controle efetivo sobre este conjunto de empresas.

A proposta supracitada traz avanços importantes porque chama a atenção para o fato de que, além das atividades internas dos grupos, eles estabelecem relações com outras empresas externas – as redes de empresas (networks). É uma definição que ajuda a compreender a multiplicação de acordos e de parcerias, sobretudo nos últimos anos, como decorrente do avanço das práticas e estratégias financeiras no seio dos grupos. Outra contribuição da definição é a de possibilitar a compreensão da penetração, cada vez mais evidente, dos fundos mútuos de investimentos (mutual funds) e fundos de pensão (pension funds) no seio dos grupos e empresas, estabelecendo-se como principais acionistas e impondo a lógica de valorização do capital que é a financeira, de retornos rápidos (return on equity) sobre o patrimônio.

Khanna; Ghemawat (1998) sugerem quatro razões possíveis para a existência de grupos econômicos (umbrella group), quais sejam: i) a presença em mercados múltiplos pode ajudar os grupos econômicos a aumentarem seus poderes nos mercados individuais; ii) as estruturas do grupo econômico podem facilitar o compartilhamento de recursos comuns através de negócios que são relacionados intimamente um ao outro; iii) os grupos econômicos se aproveitam das imperfeições de mercado nos países “em desenvolvimento”, principalmente de capital e de trabalho; iv) os grupos podem ser uma resposta às distorções políticas inevitáveis (impostos sobre vendas, por exemplo)38.

Para Khanna; Papelu (1999), os grupos econômicos dos “países em desenvolvimento” são o resultado da ausência de algumas instituições, cuja existência em países desenvolvidos é inconteste – onde as empresas podem ser mais focalizadas em seus core business -, como a falta de bancos de investimento, de escolas de administração, de firmas de auditoria, entre outras. A diversificação dos grupos é, assim, uma resposta à falta de instituições em seus países de origem.

Indo além da visão de insuficiência institucional, é preciso sublinhar que o Estado foi, sem dúvida alguma, nos países de industrialização tardia – como Brasil e Coréia do Sul -, o demiurgo e o dirigente do processo de industrialização, agindo favoravelmente à 

38 Khanna; Ghemawat (1998), em estudo sobre as reações aos choques competitivos de dois grupos

indianos – Ballarpur Industries Limited e R. P. Goenka, concluem que os grupos econômicos são uma resposta às distorções da política sobre o mercado.



constituição de verdadeiros grupos econômicos, muitos dos quais sob o controle familiar (chaebols). A ausência de certas instituições foi contrabalanceada pela criação de bancos públicos de desenvolvimento (BNDE, Korea Development Bank – KDB, entre outros), pela isenção fiscal sobre produção, importação, lucro e pela proteção aduaneira, entre outros instrumentos.

Hikino; Amsden (1995, p. 23) afirmam que “históricamente, la diversificación fue en sí misma una estrategia común de las grandes empresas industriales en todos los tipos de economía moderna”. Nos países desenvolvidos, onde as empresas estão na fronteira tecnológica, a diversificação dos grupos tende a ocorrer em torno de uma tecnologia básica, cuja propagação ocorre nos demais setores de atuação39. Nos países de industrialização

tardia, onde as empresas não têm nenhuma tecnologia de ponta, a concentração tende a ocorrer em setores não relacionados tecnológica e setorialmente.

Para Hikino; Amsden (1995, p.24),

[…] las firmas que carecieron de una capacidad tecnológica básica aplicable a áreas afines se diversificaron en campos tecnológicamente inconexos o muy remotamente conectados entre sí. La diversificación constituye una táctica necesaria para el crecimiento, aunque se trate de una táctica defensiva.

Aliado à falta de tecnologia básica, capaz de proporcionar sinergias e produção do valor mais alto, os mercados dos países de industrialização tardia ficavam rapidamente saturados, de modo que os grupos em processo de consolidação não tinham outra saída senão a diversificação setorial. Essa tática é defensiva e, ao mesmo tempo, oportunista, porque os grupos podiam construir algumas vantagens de early movers (marcas e canais de distribuição, por exemplo), levando outros grupos a fazer o mesmo. Não é demais destacar, também, o receio dos empresários à frente dos grupos em sofrer perdas com a focalização, levando-os a adotar a diversificação como uma possibilidade de diluir os riscos em vários negócios.

Kim; Kandemir; Cavusgil (2004) estabelecem uma distinção entre grupos econômicos, conglomerados familiares e negócios familiares. Os grupos econômicos não são controlados, necessariamente, por uma família e podem incluir firmas ligadas por relações pessoais que resultam de cenários pessoal, étnico e/ou regional similares. Conglomerados familiares são possuídos e controlados por uma família e apresentam comportamentos de liderança e de empresariado. Os negócios familiares são, também, controlados por uma 

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família e apresentam as mesmas características dos conglomerados familiares, exceto a grande presença de redes de empresas que são controladas pela família – características muito presentes nos conglomerados familiares.

A opção será, obviamente pelo conceito de conglomerados ou grupos familiares, porque o grupo estudado nesta dissertação é composto por uma rede de empresas controladas e coligadas, com a atuação em vários ramos da economia, indo da agroindústria às finanças, dos serviços de tecnologias da informação à produção de cimento, da siderurgia à produção de bens de capital, da mineração à fundição de zinco e níquel. Por trás do Grupo Votorantim há a família Ermírio de Moraes, a qual está à frente dos principais cargos decisórios.

Além do controle familiar e da rede de empresas, as outras características dos conglomerados familiares que merecem apreço são estas: i) operam há muitos anos e têm uma história substancial; ii) são altamente dominantes em seus mercados domésticos; iii) possuem investimentos em uma ampla variedade de negócios, abrangendo desde a manufatura ao banco e à construção; iv) tendem a usar internamente o capital gerado, bem como empréstimos governamentais para expansão e crescimento; v) fazem uma contribuição significativa quanto ao emprego, às receitas de impostos, à geração de moeda estrangeira e ao crescimento econômico em geral (KIM; KANDEMIR; CAVUSGIL, 2004).

Os conglomerados familiares, diversificados e relativamente grandes, não são únicos da Coréia do Sul, pois estão presentes, também, em outros países. Eles recebem, de acordo com cada país, diferentes designações. Assim, são chamados de Chaebols pelos sul- coreanos, de Business Houses pelos indianos, de Holding Companies pelos turcos e pelos latino-americanos, inclusive o Brasil, de Grupos (KIM; KANDEMIR; CAVUSGIL, 2004, p. 14).

Embora os conglomerados estejam presentes em vários países, independentemente, inclusive, dos níveis de desenvolvimento, não deixa de ser importante destacar que cada país é um ambiente único, dependendo do estágio de desenvolvimento da economia, do sistema político, da participação governamental, dos recursos naturais, dos recursos financeiros, entre outros aspectos. Isso fica evidente com o processo de industrialização no Brasil e na Coréia do Sul, países que, embora tenham tido uma presença estatal forte, apresentaram diferenças marcantes no que se refere ao papel do setor privado e na relação deste com o Estado, além, é claro, de diferenças na forma de inserção internacional (COUTINHO, 2000).



Kim; Kandemir; Cavusgil (2004) propõe interpretar os direcionamentos dos conglomerados familiares (vantagem de se estabelecer primeiro, proteção governamental, alianças estratégicas, expansão para negócios não relacionados, acesso à fonte única de capital, entre outros) em cada estágio de suas evoluções, as quais são denominadas de introdução, crescimento e maturidade -, conforme a figura 06, abaixo.

Figura 06 - Direcionamentos dos Conglomerados familiares

Fonte: Kim; Kandemir; Cavusgil, 2004. Org: Leandro Bruno Santos, 2008.

No estágio introdutório e/ou inicial, os conglomerados familiares tendem a traduzir as necessidades de mercado em negócios emergentes que permitem, durante determinado período de tempo, tanto capturar um market share importante, como construir uma marca à frente dos demais concorrentes. Essa vantagem construída possibilita, posteriormente, a diversificação em direção a outros setores no estágio de crescimento. Nesse estágio, o papel do empresário é importante porque age oportunamente diante das brechas existentes.

No segundo estágio, de crescimento, os conglomerados familiares têm o apoio governamental por meio de subsídios, de empréstimos especiais, de barreiras à entrada de competidores estrangeiros, de incentivos fiscais para importação de maquinas e equipamentos, entre outros. É nesse estágio, também, que emergem as necessidades de



aprendizado tecnológico e organizacionais, as quais se tornam importantes, especialmente para setores cujo nível de know how é mais alto em relação ao ramo inicial de atuação dos conglomerados familiares. Estes estabelecem, então, alianças com empresas estrangeiras à procura de tecnologia avançada ou know how industrial e oferecem o conhecimento do mercado local aos parceiros.

É durante o estágio de crescimento do conglomerado familiar que ocorre uma diversificação, que tende a ser tanto em ramos integrados para frente e para trás, como para ramos não relacionados entre si (conglomeral). Há, ainda, a institucionalização do patrimonialismo, com uma ética de trabalho muito forte. A diversificação é, sem dúvida, o resultado da busca pela minimização dos riscos no emprego do capital e da facilidade com que a demanda é rapidamente atendida, a ponto de engendrar capacidade ociosa.

No final do estágio de crescimento e início do estágio de maturidade há o aumento da concorrência estrangeira no mercado doméstico, forçando as empresas a criar novos mercados, a desenvolver suas tecnologias, a diversificar e a internacionalizar os negócios. Além disso, nesse mesmo ínterim, os conglomerados têm acesso a fontes de capital únicas, por meio de empréstimos extremamente favoráveis – devido às estreitas relações com os governos - e de oportunidades de investimentos especiais.

No estágio de maturidade, os conglomerados procuram crescer com oportunidades além das fronteiras nacionais, devido, logicamente, à alta concentração levada a cabo internamente e, portanto, um ritmo menor de crescimento. A internacionalização varia de acordo com o tipo de indústria e natureza da companhia. Os conglomerados familiares são mais prováveis a começar negócios baseados em seus conhecimentos acumulados e a construir seus centros de P&D próprios.

Os três estágios são elucidativos, bem como alguns direcionamentos em cada um deles; porém, é um esquema interpretativo que tem como fulcro a trajetória, principalmente, dos grupos familiares asiáticos, em especial os sul-coreanos Lucky Goldstar (LG), Samsung, Hyundai, entre outros. Os grupos familiares brasileiros, dentre eles o Votorantim, podem ser enquadrados nos três estágios, mas os direcionamentos de seus negócios não seguem o esquema rigidamente.

O avanço de empresas e grupos, mais do que resultado de um avanço para atividades cujo emprego da tecnologia e de capital é maior, está ligado ao grau de concentração atingido no mercado doméstico. A concentração, agora, deve ocorrer em outra escala, e os concorrentes são os “campeões” na concentração em outros países. Nesse estágio,



os investimentos dos maiores produtores passam a ser cruzados, com cada um fazendo incursões na economia de origem de seus rivais, assim como seguindo os seus passos em cada mercado. O avanço no mercado externo não significa, logicamente, virar às costas ao mercado doméstico porque as estratégias de valorização tendem a ocorrer da escala local, passando à regional até a mundial de maneira sincrônica e interdependente.

Das várias direções propostas, duas precisam ser submetidas ao crivo. O upgrading para outros ramos mais dinâmicos tecnologicamente, característica dos chaebols sul-coreanos, não ocorreu nos grupos brasileiros, tampouco a ética de trabalho teve a mesma força que na Coréia do Sul e Japão, embora haja, logicamente, o patrimonialismo por parte dos empresários brasileiros.