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gt; decisões operacionais

No documento Manual F&B (páginas 151-153)

a gestão de tesouraria

Este tipo de gestão desenvolveu-se a vários níveis, revelando-se uma prática relativamente complexa para quem, não tendo de dominar as técnicas financeiras, necessita de tomar as decisões correctas relativamente às origens e aplicações de meios financeiros.

Como refere Bruno Solnik, no Manual “Gestão Financeira – Conceitos e modelos essenciais”, uma boa gestão de tesouraria distinguir-se-á por:

> Uma boa organização do sistema de tesouraria, assegurando a colecta e o tratamento de previsões mensais, mesmo diárias, precisas e fiáveis, como o acompanhamento, em datas-valor23, do conjunto das contas bancárias

da empresa;

> A optimização da escolha de créditos de tesouraria em função das necessidades da empresa;

> Uma boa gestão da caixa e das contas correntes da empresa.

Para o gestor de restauração e bebidas, a tentação de transformar a gestão de tesouraria em meros recebi- mentos e pagamentos é grande, até porque as receitas são praticamente liquidadas a pronto pagamento, em dinheiro vivo ou por outra forma que torna o valor imediatamente disponível na conta da empresa. Neste contexto, pode-se referir que se torna mais trabalhoso gerir a relação financeira com os fornece- dores, uma vez que se recebe dos clientes a pronto, mas o prazo médio de pagamentos aos fornecedores não é necessariamente zero, aliás, preferencialmente, quanto maior, melhor!

Todavia, importa relevar que os fluxos de entrada e de saída de dinheiro se encontram interligados e o controlo dos fluxos financeiros é a base para uma boa gestão financeira que aproveita também um instrumento pouco utilizado mas eficaz: O Orçamento de Tesouraria.

A utilidade deste mapa prende-se com a necessidade do gestor conhecer, de forma antecipada, se vai ou não necessitar de mais dinheiro do que aquele que é gerado pelas operações correntes da empresa e de quanto irá necessitar em cada período, pois poderão acontecer diversas situações: falta momentânea de meios monetários, necessidades de recorrer a financiamento, excesso de dinheiro em caixa, entre outras. Basicamente, um orçamento de tesouraria é um mapa com 12 colunas correspondentes aos 12 meses do ano e ainda uma coluna para os totais. Em linha colocam-se todos os diferentes itens que constituem os Recebimentos e os Pagamentos (que podem ser desagregados em 2 tipos: exploração e extra-exploração). Seguidamente são feitas as estimativas anuais e mensualizadas, dos valores a receber e a pagar. Importa reforçar que, para determinar o valor e o calendário de pagamento e recebimento dos respectivos itens, têm de ser consideradas as diferentes ópticas já anteriormente abordadas, pois, por exemplo, pode existir um custo que ainda não foi pago. Para a elaboração do Orçamento de Tesouraria é necessário analisar dados históricos e informação retrospectiva. Neste sentido, o contabilista poderá ser uma vez mais o elemento fundamental para consulta e disponibilização de informação.

É raro acontecer que a tesouraria de uma empresa esteja equilibrada, ou seja, os recebimentos serem iguais aos pagamentos até porque os fluxos acontecem muitas vezes em momentos diferentes, como é o caso do negócio da restauração e bebidas. Por isso, caso haja excesso ou deficit de recursos financeiros, o gestor deverá optar no primeiro caso por aplicações financeiras ou antecipar pagamentos futuros (procurando obter descontos financeiros). No segundo caso, terá de recorrer a empréstimos bancários ou a outras formas de financiamento disponíveis no mercado, suprimentos dos sócios, factoring, letras, entre outras.

a regra do equilíbrio financeiro

Um dos conceitos muito utilizados na gestão de tesouraria é o de Fundo de Maneio, que se traduz pela parcela dos Capitais Permanentes24 que não é absorvida no financiamento do Activo Fixo, ou seja, está a

financiar o Activo Circulante, como se pode ver na figura seguinte:

figura 19

> estrutura do balanço

F O N T E: C E S T U R

24] Capitais Permanentes = Capital Próprio + Passivo de Médio e Longo Prazo

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A existência de um fundo de maneio (positivo) como apresenta a figura 19, poderá levar a concluir que a empresa possui excesso de liquidez, no entanto, e como refere Menezes (2001), “o Fundo de Maneio é um indicador tradicionalmente utilizado pelos credores (instituições bancárias) para a análise do risco financeiro numa perspectiva de curto prazo e tem vindo a perder importância ao longo do tempo como indicador de gestão; realmente e entre outros aspectos, não podemos ignorar a natureza e o nível de actividade da empresa, a rendibilidade e a tesouraria de exploração, que constituem factores decisivos para o equilíbrio financeiro a curto prazo.

De forma muito sucinta, pode-se afirmar que a regra do equilíbrio financeiro pressupõe uma adequação do grau de liquidez das aplicações (investimentos) ao grau de exigibilidade dos fundos utilizados para seu financiamento.

Se por exemplo, um determinado equipamento é adquirido e o seu grau de liquidez (possibilidade de se vender o equipamento e convertê-lo em dinheiro) é lento, então, a compra não deverá ser efectuada com fundos de curto prazo (p.e. empréstimos de curto prazo) mas sim com meios financeiros (crédito de médio e longo prazo) que permaneçam na empresa durante o tempo necessário para que se obtenha o retorno do investimento realizado.

Já no caso da compra de matérias-primas ou mercadorias – que faz parte do ciclo normal e corrente de operações da empresa – poder-se-á recorrer ao crédito de curto prazo pois a respectiva receita da venda será cobrada num período que permitirá pagar as dívidas contraídas. Pode-se então concluir que a regra tem subjacente o equilíbrio temporal em termos de afectação de recursos aos tipos de investimento a realizar.

No documento Manual F&B (páginas 151-153)