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CAPÍTULO 1. O Património Cultural na construção e consolidação da identidade e da

1.3. Os arquivos portugueses: o estado da arte

1.3.1. A Torre do Tombo: de Arquivo Régio a Arquivo Nacional

1.3.1.3. A Torre do Tombo e os profissionais de arquivo: rutura com o passado

1.3.1.3.1. De Guarda-mor a Gestor da Informação

O cargo de guarda-mor remonta ao tempo de D. João I, quando em 1387, atribui essa função ao seu vedor da Fazenda, Johane Annes, que inaugura a galeria dos guardas- mores do Arquivo Real, apesar das suas funções só virem a ser definidas em 1403, quando o monarca, por carta dirigida a João Esteves, contador da cidade de Lisboa, lhe comunica:

“ […] ter encarregado a Gonçalo Esteves seu Contador na mesma Cidade, pela confiança que delle tinha de veer e procurar as Escripturas dos Reinos, que estão na Torre do Castello da Cidade de Lisboa […]”182.

Esta carta dá-nos a conhecer que o cargo de guarda-mor era de nomeação régia e recaía sobre personalidade da inteira confiança do rei, que normalmente já desempenhava outras funções na sua administração. Ao guarda-mor era confiada a guarda dos documentos, mas também a sua organização, conforme consta “[…] Ao guarda-mor da Torre do Tombo cumpria executar os despachos e mandados do mordomo-mor da Casa Real e bem assim os dos vedores da fazenda, no tocante aos seus ofícios […]”183 , pelo que

o perfil de guarda-mor deveria incidir sobre uma personalidade de probidade experimentada, culta, que soubesse reconhecer o valor do “tesouro” que lhe era confiado. É com base neste perfil, que na longa lista de “guardas-mores”, se encontram personalidades de grande cultura como Fernão Lopes, Gomes Eanes de Zurara, Rui de Pina, Fernão de Pina, Damião de Góis, João Pinto Ribeiro, Manuel da Maia, Visconde de Santarém entre outros.

A principal função de “guarda-mor” era, como o nome indica, a de guardar o “tesouro”, cargo mantém esta designação até final do século XIX, mais concretamente até

182

RIBEIRO, João Pedro, Memórias authenticas para a história do Real Archivo, Lisboa, Tipografia da Academia Real das Sciencias, 1871 – 1893, p. 51.

183

ANTT, Chancelaria de D. Manuel, livro 18, fl. 132v., citado por BAIÃO, António, O Guarda-mor

Damião de Góis e alguns serviços da Torre do Tombo, no seu tempo, Vol. 9, 1931, p.9, publicado por

1887. António de Oliveira Marreca desempenha o cargo de guarda-mor de 1861 a 1887, e nesse mesmo ano, José Manuel da Costa Bastos que o irá substituir, já será nomeado para o cargo de diretor.

Ao procurar uma justificação para esta alteração, só a encontramos na criação da Inspeção-Geral das Bibliotecas e Arquivos184 numa perspetiva que se cruza com a de Fernanda Ribeiro, quando afirma:

“A criação da Inspeção tem sem dúvida, um significado especial na vida dos arquivos portugueses, razão pela qual a consideramos um marco que fecha um período de instabilidade e desorganização e inicia uma nova era que, embora tenha dado continuidade à política incorporacionista, vai ser, no entanto, moldada por atitudes enquadradas num plano global de gestão do património arquivístico e orientadas de acordo com perspetivas técnicas evidentes”185.

Estamos em crer que Fernanda Ribeiro ao referir-se a “perspetivas técnicas evidentes” estará certamente a focar-se nos conteúdos dos artigos 13.º e 14.º, do decreto em análise, que determinam a criação e regulamentação de um curso de instrução superior, denominado de bibliotecário-arquivista, o primeiro a ser criado em Portugal, nestes termos:

“Artigo 13.º - É instituído um curso de instrução superior, denominado de bibliotecário-archivista, formado pelas seguintes disciplinas:

1ª História pátria e universal (1ª cadeira do Curso Superior de Letras); 2ª Philologia comparada ou sciência da linguagem (3ª cadeira do mesmo curso);

184

Decreto de 29 de dezembro de 1887, criação da Inspecção-geral das Bibliotecas e Arquivos, Diário do

Governo, nº 3, de 4 de janeiro de 1888, pp. 688-689.

185 RIBEIRO, Fernanda, O acesso à informação nos arquivos, 1998,pp.542-543 disponível em:

3ª Litteratura latina e grega e introdução sobre as suas origens (4ª cadeira do mesmo curso);

4ª Litteratura moderna da Europa e especialmente a portugueza (3ª cadeira do mesmo curso

5ª Diplomática; 6ª Numismática; 7ª Bibliologia.

Artigo 14.º- As aulas de numismática, diplomática e bibliologia funccionarão, enquanto se não providenciar de outro modo, junto do Real Archivo da Torre do Tombo ou da Bibliotheca Nacional de Lisboa, sendo regidas por empregados d’estes estabelecimentos, de qualquer categoria, para isso nomeados pelo Ministério do Reino, sob proposta da Inspecção Geral […]” 186.

O curso de bibliotecário-arquivista passou a dar habilitação aos lugares de conservador, oficial, amanuense e paleógrafo do Real Arquivo, bem como lugares equivalentes na Biblioteca Nacional, o que vem alterar as designações de algumas categorias profissionais. Escrivães, copistas ou calígrafos passam a ser designados por conservadores, escriturários, amanuenses e paleógrafos, designações que só serão alteradas com a reestruturação das carreiras profissionais, pelo decreto-lei nº 280/79187. A designação de “conservador”, tal como a de “guarda-mor”, estava associada às funções de guarda e conservação dos documentos, que eram, até à década de oitenta do século passado, as principais funções dos arquivos, ignorando a sua comunicação.

Apresentam-se excertos de estudos ou relatórios que ilustram esta afirmação. Em 1838, José Feliciano de Castilho num estudo apresentado às Cortes, reportava-se deste modo à necessidade do arquivo entrar em contacto com a Nação:

186

.Decreto de 29 de dezembro de 1887, Criação da Inspecção-geral das Bibliotecas e Arquivos, Diário do

Governo, nº 3, de 4 de janeiro de 1888, p. 688-689.

187 Decreto-Lei nº 280/79, Reestrutura as carreiras profissionais de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, Diário da República, nº 184, I série, de 10 de agosto de 1979, pp. 1872 – 1874.

“Este arquivo [Torre do Tombo] … deve cessar de ser o que foi em tempos já históricos, uma arca santa em que era crime tocar. Qual a forma de contacto do público a adotar? Nesta época não existe leitura pública nos arquivos, nem ela é considerada desejável. É através da publicação de documentos que se procura promover a ligação ao público. É dentro desta conceção da função do Arquivo Nacional que se insere a publicação de coleções de documentos na Europa oitocentista, e é esse tipo de publicações que se propõe […]”188.

O conceito de Arquivo Nacional não significa, ao longo do século XIX, que seja um arquivo aberto à leitura pública. O direito à leitura pública vai sendo ganho, muito lentamente. A primeira referência à possibilidade de acesso a “estudiosos” na Torre do Tombo, é de 1901, ao prever, como uma das atribuições dos conservadores, o apoio a prestar aos estudiosos.

Só em 1911, o arquivo passa a dispor de um horário de abertura ao público: “O Arquivo Nacional estará aberto ao público das 10 da manhã às 4 da tarde”189.

É neste quadro de instituições fechadas, de “arcas santas em que era crime tocar” a que se refere Castilho, que se enquadram os conceitos de “guarda-mor” e de “conservador”, que dão de si e das organizações que servem, uma imagem fechada, obscura, imagem que não raras vezes tem sido caricaturada na literatura e no cinema.

Nesta perspetiva, lembramos Saramago, em cuja obra literária Todos os Nomes,190 o Sr. José, personagem principal, zeloso funcionário do Registo Civil, vive uma intensa história pessoal, entre o arquivo dos vivos e o arquivo dos mortos e, para se movimentar no arquivo, sem se perder, ata-se por um fio, qual fio de Ariadne, que o ajudará a encontrar o caminho de regresso, naquele labirinto que é o arquivo. Saramago refere-se aos arquivos

188 “Índice geral dos documentos conteúdos no Corpo Cronológico existente no Real Archivo da Torre do

Tombo mandado publicar pelas Cortes na Lei do Orçamento de 7 de abril de 1838”, tomo I, Lisboa,

Typographia Silva, 1845, pp.166 – 167. 189

Decreto de 18 de março de 1911, Reorganiza a Inspecção das Bibliotecas e Arquivos, Diário do Governo nº 65, de 21 de março de 1911, artigo 43º, p. 1214.

como lugares obscuros, labirínticos e burocráticos, imagem transmitida igualmente em Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas, que integra duas personagens peculiares, Arsénio e Sesinandro, arquivistas que têm como missão ser “guias num labirinto burocrático”. Saramago conhecia bem o mundo dos arquivos portugueses, na sequência da sua experiência profissional, o que o leva a satirizar a sua imagem.

Seria interessante e útil dispor de uma análise sociológica sobre os profissionais de arquivo em Portugal e a partir dela ser feito um estudo abrangente da profissão, que não existe. Compreender as dinâmicas profissionais intergeracionais, que em muito contribuíram para as mudanças verificadas na profissão, dos anos oitenta do século passado ao presente, o que se configura como matéria essencial para a compreensão do actual estado da arte dos arquivos portugueses. Neste sentido, se transcreve um excerto de um artigo sobre dinâmicas profissionais:

“[…] existe uma lacuna de conhecimento sobre a ação profissional de várias gerações de profissionais portugueses, que a existir, permitiria introduzir uma leitura analítica das mudanças e transições profissionais e a sua interação e co-construção com o desenvolvimento da Sociedade de Informação em Portugal “191

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Não obstante, neste artigo são identificados três períodos distintos de dinâmicas profissionais, a saber:

1 - O primeiro, que corresponde ao período de 1973 a 1985, caracteriza-se por uma dinâmica de coesão, em grande parte por influência da BAD- Associação Profissional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, criada em dezembro de 1973, e marcado por uma perspetiva de valorização profissional, ao nível das carreiras na AP., com o recrutamento de profissionais qualificados e não qualificados, e por um discurso profissional inter-geracional. Os profissionais unem-se em torno da Associação, procurando soluções para desenvolver e modernizar os seus arquivos, que mostravam uma

191

OCHÔA, Paula e MOSCOSO CASTRO, Purificación, Da Coesão à Convergência: Contributos para o estudo das dinâmicas profissionais (1973 – 2010), Actas do 11º Congresso BAD, Lisboa, 2012, disponível em

total obsolescência, quando comparados com a generalidade dos arquivos europeus. A ação dinamizadora e empreendedora da BAD foi sustentada por um intenso plano de formação, que passava pela vinda de formadores estrangeiros, especializados em diferentes áreas, proporcionando a formação de um elevado número de profissionais, o que se revelou uma excelente estratégia, pois os profissionais adquiriram capacidades que lhes permitiram enfrentar os desafios com que, a curto prazo, iriam ser confrontados. À BAD se deve, igualmente, uma ação concertada com organizações congéneres internacionais, através de Encontros, Seminários, Ações de Formação, que vieram a revelar-se uma mais-valia, pela aquisição de novos conhecimentos e partilha de experiências. Do exposto, fica claro que a ação dos profissionais de arquivo na sua rutura com o passado, não se pode dissociar da ação empreendedora da BAD.

2 - O segundo período, compreendido entre 1986 e 2000, caracteriza-se por um modelo de profissionalização especializado, considerado como requisito obrigatório para o recrutamento na AP e por um discurso profissional geracional. A partir dos Cursos de Ciências Documentais, coexistem dois modelos de profissionalização: os bibliotecários/ documentalistas e os arquivistas. Neste período, os profissionais caracterizam-se pela aquisição de competências especializadas, a partir de formação externa, em diferentes áreas que começam a emergir, embora num estádio ainda pouco consolidado. Toda a evolução verificada neste período, a nível de formação profissional, continua a depender da BAD, a quem se devem as diligências empreendidas para a recriação, em termos modernos, do único curso que dava acesso à profissão, o Curso de Bibliotecário - Arquivista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra192, completamente desatualizado, pois ao longo da sua existência de cinquenta anos, nunca fora reformado. Das diligências empreendidas, resulta a criação em 1982, do Curso de Especialização em Ciências Documentais193, a que se seguiu em abril de 1983, a publicação das portarias 448 e

192

Decreto-Lei nº 26026, Cria o Curso de Bibliotecário-Arquivista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Diário do Governo, I Série, nº 258, de 7 de novembro de 1935, pp.1633-1635.

193 Decreto-lei 87/82, Criação do Curso de Especialização em Ciências Documentais, Diário da República, I Série, nº 159 de 13 de julho de 1982, pp.2089-2090.

449/83,194 que o regulamentam, respetivamente para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, cuja lecionação se inicia em 1983/84. Posteriormente, é publicada a portaria 852/85195, que vem regulamentar o mesmo Curso para a Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

A estrutura curricular que caracteriza os novos cursos, pauta-se por uma formação geral inicial, seguida de formação específica, com áreas curriculares muito diversificadas, indo ao encontro do que se praticava na Europa.

Para além da renovação indicada, A BAD presta ainda o seu contributo à formação, ministrando cursos profissionais para não licenciados, que dão acesso à profissão. Em finais dos anos setenta, é regulamentada a carreira BAD,196 que distribui os profissionais por três grupos, pessoal de investigação, pessoal técnico superior e pessoal técnico- profissional. Dada a inexistência legal de cursos de formação profissional, a lei contempla no seu artigo 6.º:

“1 – O Ministério da Educação e Investigação Científica promoverá e assegurará a realização […] de cursos de formação […] que serão requisito indispensável para efeitos de ingresso na carreira de pessoal técnico-profissional, a que se refere o artigo 5.º

3 – Enquanto não forem criados os cursos a que se referem os números anteriores, é considerada habilitação profissional suficiente para ingresso na carreira, o curso para técnicos auxiliares de biblioteca de arquivo e de documentação ministrados pela Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas”197

.

194 Portarias 448 e 449/83, Regulamentação do Curso de Especialização em Ciências Documentais, nas Faculdades de Letras das Universidades de Coimbra e de Lisboa, Diário da República, I Série, nº 90 de 19 de abril de 1983, pp. 1351-1355.

195 Portaria 852/85, Regulamenta o Curso de Especialização em Ciências Documentais na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Diário da República, I Série, nº 258 de 9 de novembro de 1985, pp.3763- 3765.

196 Decreto-lei nº 280/79, Criação das carreiras profissionais BAD, Diário da República, I Série, nº 184, de 10 de agosto de 1979, pp. 1872-1874.

A revalorização das carreiras técnicas atrai para a profissão jovens licenciados que, posteriormente, se virão a afirmar como uma geração de profissionais qualificados, ambiciosos e competentes no desempenho profissional.

Vem a propósito referir que, em meados da década de oitenta, são admitidos no Arquivo Nacional, cerca de três dezenas de jovens, recém-licenciados, estudantes universitários ou pré-universitários, contratados para a execução de tarefas relacionadas com a preparação da transferência do Arquivo Nacional para a Cidade Universitária. Estes “jovens”, que se interessaram pelo trabalho dos arquivos, e deles fizeram a sua profissão, são os primeiros da nova geração de profissionais capacitados com competências específicas para responder aos desafios colocados pela modernização do sistema de arquivos. Há que lhes reconhecer valor e mérito profissional, sem, contudo, apagar da memória, os profissionais da geração anterior, aqueles que criaram e dinamizaram a BAD, que lutaram pela valorização da profissão, pela criação e reestruturação dos arquivos, isto é, pelos que sempre acreditaram que a mudança, sendo difícil, seria possível, ou por aqueles que, “simplesmente”, planearam e efetuaram dezenas de incorporações documentais. Em síntese, pelos profissionais menos tecnicistas, mais pragmáticos, que tiveram pela frente a missão de romper com tradições e mentalidades e abrir caminhos.

3 - O terceiro período, iniciado em 2000, é extensível aos nossos dias. Trata-se de um tempo de convergência, caracterizado por uma indiferenciação ao nível das carreiras da AP, e por um modelo de profissionalização aberto, permitindo a construção de percursos profissionais individualizados, baseados em competências especializadas e transversais, e por um discurso de ligação interprofissional.

Os profissionais desenvolvem as suas competências, cada vez mais, alinhados pelas necessidades do mercado, ditadas pela Comissão Europeia e convergindo na articulação de políticas nacionais com as da União. Este período é, inegavelmente, marcado por iniciativas que conduzirão ao e-government na AP, em que o olhar do profissional se detém sobre lógicas estratégicas, caracterizadas pelas necessidades das novas políticas

dependentes das TIC, detendo-se em áreas como a interoperabilidade198, os meta dados, os identificadores, as questões jurídicas que lhe estão subjacentes, a complexa problemática da preservação digital, questões que voltarão a ser referidas nos Capítulos 4 e 5.

Ao terminar este item do trabalho, não se pretende, de modo algum, deixar a imagem sombria e obscura que a profissão deu de si durante tantos anos. Pelo contrário, queremos deixar da profissão, a imagem de um executivo dinâmico, jovem, competente, conhecedor de novas tecnologias, em permanente evolução, capaz de atrair um público cada vez mais numeroso, de qualquer idade e condição social, que é afinal a imagem com que sempre sentimos e vivemos a profissão. Por esta razão, partilhamos a imagem, que dela e da ciência arquivística nos dá Fugueras, que nos faz acreditar no futuro da profissão.

“[…] para un profano em el conocimiento de los objetivos y la metodología de la ciencia archivística, una simple enumeración de sus potencialidades le invitaría a pensar que se encuentra ante una profesión de un gran futuro y con un ámbito de actuación de grandes horizontes. Somos una ciencia de la información y de la administración que puede actuar de manera equilibrada tanto en el ámbito de la memoria histórica como de la emergente sociedad de la información.[…] Una ciencia aliada de la democracia al constituir una garantía del pleno ejercicio de los derechos ciudadanos, acceso a la información, toma de consciencia de la identidad y el sentido de pertenencia de las colectividades, un factor de eficiencia, eficacia y rentabilidad en las organizaciones públicas y privadas, un sector comprometido en el uso dinámico y sensato de las tecnologías de la información y de la comunicación, y así podría ir añadiendo valores y potencialidades a la archivística. […]

198

Interoperabilidade é, segundo a Norma IEEE STD 610. 122, de 2006, “ (…) a capacidade de dois os mais sistemas ou componentes, permitirem a troca de informação (…)”. Para que isto aconteça, as organizações deverão ser dotadas de uma boa gestão de informação de forma a garantir que os seus sistemas, procedimentos e cultura, consigam tirar a maior rentabilidade da troca e reutilização da informação, tanto a nível interno como externo.

Más allá de los déficit, de las dificultades, yo sigo creyendo que hemos una profesión ilusionante, una profesión riquísima. Solo viendo los planes de formación em las universidades te das cuenta de lo extraordinaria que es una profesión que tienes que saber derecho administrativo, historia de las instituciones, tecnología, acción cultural, clasificación, descripción, evaluación, paleografía, diplomática, latín… ¿Que profesión em el mundo ofrece una transversalidad de conocimientos tan notable? Casi ninguna. ¿Que profesión ofrece la capacidad de ilusionarse y de ser creativo y después de veinticinco años de profesión levantarte cada mañana con ilusión?199.

Resta-nos acrescentar que estes profissionais são: “documentalistas, bibliotecários, arquivistas, gestores da informação e do conhecimento, e outros intermediários entre os criadores de conteúdos, os serviços de fornecedores de informação, os utilizadores de informação e as tecnologias de informação “200

.

E nesta perspetiva, renovada e dinâmica da profissão, a nomenclatura pela qual é designado, será pouco significativa. Significativo é o conhecimento que tem da profissão e o modo como o coloca ao serviço da sociedade.

Prioritariamente, ao serviço das organizações produtoras, para que os seus arquivos sejam abertos e transparentes, contribuindo para o reforço da democracia, e posteriormente, para colocar esse conhecimento ao serviço do cidadão, contribuindo para um renovado reforço de valores como identidade, tolerância, memória e cidadania.

199

FUGUERAS, Ramón Alberch i, “ Servicios a la administración y administrados: función social y cultural

de los archivos”, Revista Memória, Costa Rica, maio de 2005, pp. 127-141.

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