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PAINEL IV – INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA E POLÍTICA MONETÁRIA

GUSTAVO LOYOLA

Este painel propõe temas bastante amplos e evidentemente é muito difícil cobri-los todos, mas eu vou tentar pegar um pouco do que o Rubens expôs, o Alkimar, enfim... e tentar comentar, colocando um pouco as minhas visões.

Eu acho que na base de toda discussão está evidentemente a atual situação conjuntural brasileira e os seus desdobramentos futuros. O Alkimar fez uma enorme lista de perdas derivadas das recentes oscilações no mercado desse estresse pelo qual passou o Real, e o Rubens trouxe uma discussão interessante sobre a natureza do Plano Real, o que ele chama a troca do confisco inflacionário por taxação futura, por poupança externa, etc.

Eu queria, em primeiro lugar, colocar uma meditação sobre a questão da vulnerabilidade. Eu acho que não existe mais a dicotomia vulnerável-invulnerável, não existe essa divisão. Eu acho que há, isso sim, um contínuo que ordena os países, de acordo com o grau de vulnerabilidade, os mais para os menos vulneráveis. Mas, na realidade, na presença de uma crise sistêmica, hoje, por exemplo, vamos imaginar que haja um colapso generalizado nas economias asiáticas, eu acho que todos os países são afetados, em prazos e intensidades diferentes, mas todos os países são afetados. “ Ah, por que isso é importante?” Isso é importante porque nós precisamos distinguir, quando analisarmos as conseqüências para o Brasil — e é impressionante a similitude que isso tem com crise bancária — para a questão de uma crise isolada e crise sistêmica.

Eu não acredito que os governos dos países do G7 sejam tão irresponsáveis, a ponto de permitir o risco de uma crise, digamos, sistêmica que possa, por exemplo, se originar na Ásia. Eu acho que os

Coréia mostra isso. Portanto, eu coloco com baixa probabilidade, no cenário futuro, da ocorrência de uma crise que esteja absolutamente... vamos dizer, que tenha um grau de alastramento muito grande e que possa atingir um país como o Brasil dessa forma. Eu continuo acreditando que o fundamental para nós, ou melhor, eu continuo acreditando que o destino do País depende mais de nós mesmos do que de crises externas. É como se fosse um vendaval, uma crise externa balança a árvore, balança o prédio, mas não vai derrubar, se tivermos os fundamentos macroeconômicos corretos e daí está a importância da discussão que o Rubens trouxe para nós.

Agora, uma outra questão que deve ser colocada também é que nós não podemos raciocinar no mundo prático, principalmente quem trabalha no mercado financeiro ou no Governo, com modelos de mercados perfeitos. As crises e os problemas que têm ocorrido mostram que há imperfeições no mercado, que devem ser consideradas. Por exemplo, eu não vejo o grau de oscilação ou de variância da Bolsa, como indicador de vulnerabilidade; ao contrário, eu vejo mais como um problema de deficiência estrutural do mercado. Uma Bolsa que tem 75% do seu movimento concentrados num único papel, com uma empresa que está sujeita a declarações de Ministros, a privatização que vai ou não vai, etc., eu acho que nós podemos buscar fontes de variância muito mais em nível microeconômico do que macroeconômico. Os mercados brasileiros mostraram, nos últimos meses, episódios que mostram algumas deficiências estruturais e que a gente tem que considerar e até, do ponto de vista do regulador, tem que estar atento para essas deficiências, para que elas não contaminem o todo.

Uma outra questão — e aí eu entro na questão do câmbio, mais propriamente — eu acho que a análise dos fundamentos macroeconômicos do Brasil tem que ser feita com uma interpretação muito mais dinâmica do que estática. O mercado, de alguma forma, sofre de, na falta de outro nome, do que eu chamei aqui de “síndrome do colapso do horizonte”, ou seja, o horizonte futuro das pessoas colapsou em um dia, como se o mundo fosse acabar naquele dia. É por isso que a nossa política cambial é chamada de “política de taxa de câmbio fixa”, mas se olharmos o desenvolvimento da política cambial, principalmente a partir de fevereiro de 1995 para cá, vemos que ela não tem nada de taxa de câmbio fixa; ela, aliás, está programada para trazer uma desvalorização cambial e por quaisquer padrões mundiais, nós podemos considerar que a desvalorização cambial ocorrida de fevereiro-março de 1995 até hoje pode ser considerada agressiva ou moderadamente agressiva. O que essa política cambial não tem é descontinuidade e felizmente não tem descontinuidade.

Concordo plenamente com o Rubens que é preciso avaliar se a mudança do regime cambial, hoje, trará benefícios. No meu ponto de vista, não; será uma quebra de uma regra que acredito ser suficientemente flexível para o momento e que evidentemente não gera riscos de recrudescimento de inflação, etc e, principalmente, riscos de credibilidade, e eu acredito que uma desvalorização cambial por si só não esgota a expectativa do mercado em relação à nova desvalorização. Isso é clássico na literatura sobre regimes cambiais, quer dizer, sobre taxas fixas. Então, eu não acredito que dois erros possam

produzir um acerto. Se há uma desvalorização e eu não estou dizendo aqui que existe, mas se há ela certamente não será corrigida adequadamente com uma desvalorização abrupta do Real.

O que é importante e onde está a nossa fragilidade maior — e o Rubens apontou isso bem — é na questão fiscal e na sustentabilidade dessa posição fiscal ao longo do tempo. Infelizmente, nós não conseguimos ainda, na área fiscal, fazer as mudanças que são necessárias. Um dia desses, numa palestra, eu fiz a seguinte comparação: eu disse que o problema dos países da Ásia ocorre muito por um certo esgotamento do modelo, ou seja, é um problema quase que geriátrico, enquanto que, no Brasil, nós temos um problema de adolescência, ou seja, na realidade, a economia brasileira se moderniza, se reestrutura, depois do Plano Real, de forma absolutamente heterogênea: algumas partes maturam mais rapidamente e outras ainda estão no estágio muito primitivo. A questão fiscal, por exemplo, é... o setor privado, por exemplo, se adiantou bastante, enquanto que o Governo, do ponto de vista fiscal, não conseguiu, por várias razões, implementar todas as reformas que seriam necessárias, e certamente a reforma da previdência e a reforma fiscal são as duas mais importantes.

Enfim, não temos tempo para discutir sobre quais foram as razões de essas reformas não terem obtido êxito até agora. Mas eu acho que as culpas não podem recair exclusivamente sobre o Poder Executivo Federal, porque existe todo um processo e, às vezes, eu me pergunto se nós, economistas não estamos exigindo demais ao pleitearmos reformas econômicas de tal profundidade, sem antes termos uma reforma política. O prefeito César Maia se referiu aqui, pela manhã, à necessidade de mudanças no sistema político. Quem sabe nós não estamos querendo demais, exigindo demais, desse sistema político que aí está.

Por outro lado, também, quando se analisa friamente o desempenho do Congresso Nacional nos últimos dois anos, eu acredito que raramente se viu, na história do Brasil, recente, um período tão ativo, em termos de mudanças e de votação de leis fundamentais para o País. Também não se pode dizer que é porque o Legislativo não está trabalhando, etc. etc. Eu acho que existe todo um sistema que é muito complicado, principalmente, porque são mudanças nas quais os benefícios são muito diluídos, são benefícios futuros e os custos são muito concentrados e que são incorridos no momento. Então, é muito difícil fazer qualquer alteração de legislação que tenha esse perfil. Mas eu continuo otimista e acho que vamos avançar nessas reformas e a proximidade da tempestade dá um pouco de sentido de urgência e ajuda a quebrar certas resistências à mudança que nós temos em algumas áreas.

Com relação a alguns temas aqui... foi colocado como tema “instituições financeiras estaduais e federais”. Francamente, eu acredito que felizmente para a História Brasileira, as instituições estaduais estão em extinção, principalmente por meio da privatização, e acredito que seja talvez uma das mudanças estruturais mais importantes que estão sendo feitas e pelas quais o sistema financeiro está passando. Nós estamos acabando com uma série de Bancos Centrais estaduais, institutos emissores, pertencentes a Estados e isso me parece um grande desenvolvimento institucional. Imaginem como um Banco Central

também as instituições federais, a venda do Meridional, ontem, aponta um caminho e eu acredito que, ao longo dos próximos anos, o próprio tamanho da participação federal no sistema financeiro tende a diminuir.

A questão do alongamento e denominação da dívida... existe um trade-off, claro, entre a desejabilidade de alongamento da dívida, principalmente colocando-se, por exemplo, a dívida de médio prazo com taxas de juros fixas e a de longo prazo, com algum indexador, ao mesmo tempo de ter que conviver com o perigo da contaminação pela indexação. Quando o professor Bulhões imaginou a indexação, nos idos de 1964, 65, 66, ou seja, em meados na década de 60, ele não imaginava que o grau de indexação da economia brasileira pudesse chegar aonde chegou. Essa é uma insegurança que se tem, onde se explica a origem da resistência, é onde estar a resistência para se voltar a indexar.

Evidentemente, com essa subida de juros recente, a tendência é, de novo, de redução do seu prazo; por um lado, os aplicadores não vão aceitar, a não ser com um prêmio muito alto, dívida mais longa e, evidentemente, para o Governo seria uma bobagem tentar forçar um alongamento de dívida, no momento em que a taxa de juros está acima do que poderia ser considerada uma taxa de juros normal, de médio e longo prazos. É mais do que uma técnica, é uma arte lidar com esse processo de alongamento.

Com relação ao sistema financeiro, eu acho que o Alkimar já fez uma brilhante exposição sobre a situação do sistema financeiro e não preciso me alongar, mas apenas dizer que nós começamos, felizmente, algumas mudanças no sistema financeiro, antes de que houvesse essa ameaça de uma crise externa. O nosso sistema financeiro está numa situação muito mais sólida do que os sistemas financeiros asiáticos, de uma maneira geral, e o grau de transparência de suas operações, a estrutura de ativos e passivos... uma questão importante, por exemplo, no Brasil é o baixo grau de alavancagem de crédito das instituições financeiras brasileiras, em termos... se comparado com padrões internacionais, o elevado valor dos depósitos compulsórios no Banco Central, que evidentemente podem ser liberados no caso de uma crise, enfim, tudo isso mostra que nós temos um sistema financeiro muito mais sólido, embora eu acho que, como disse o Alkimar, algumas consolidações continuarão ocorrendo, e ainda existe alguns problemas de rentabilidade no sistema financeiro, ou seja, o processo de ajuste de custos do sistema financeiro ainda não terminou, mas esse é um processo que toma tempo e acho que não há outra maneira.

Para terminar a minha fala só quero fazer uma provocação: a questão da mistificação do câmbio... Eu não acho que o câmbio, pelo menos, até onde eu sei, seja um assunto místico, eu não vejo que existe uma mistificação; eu acho que não é mito mas apenas acho que não pode ser a solução. O câmbio não é a solução para problemas estruturais do País e acho que tentar resolver problemas estruturais via câmbio seria um grave erro. Obrigado.

MEDIADOR

RUBENS PENHA CYSNE

Eu apenas falei isso porque o Diretor de Política Monetária disse no jornal que desvalorizar ou não o câmbio era a diferença entre a vida e a morte do Plano.

MEDIADOR

Antes da sessão de perguntas, vamos passar a palavra ao Presidente da Mesa, o prefeito César Maia, para que possa sumarizar as exposições e acrescentar os comentários que desejar, também sobre o tema.

CÉSAR MAIA - Não Revisado

Tentando listar uma interseção entre o que foi dito entre os três brilhantes expositores e na ordem das exposições, o que nós ouvimos foi uma mudança que estaria ocorrendo na estrutura patrimonial do sistema financeiro, em função de um conjunto significativo de perdas ocorridas nas últimas semanas e com isso se estaria criando um novo ambiente, com o aumento da concentração bancária, com uma internacionalização ainda maior e com uma indução à aceleração da privatização dos bancos públicos; a necessidade de regulamentação do mercado se impõe com vistas ao mercado de riscos recorrentes. E a constatação de que, com as mudanças que o sistema bancário viveu, hoje, ele é suficientemente sólido para viver essa conjuntura.

Em seguida, falou-se sobre a troca do imposto inflacionário pela poupança externa e suas conseqüências no que se refere a um bem-estar que não durou tanto assim. Falou-se também que a conjuntura futura, em relação a esse mesmo bem-estar, dependerá de um ajuste fiscal externo permanente e não episódicos, como os atuais; e se assim for, o câmbio perderá o seu envoltório de hoje.

A seguir, o Dr. Loyola nos falou sobre a sua visão da vulnerabilidade, que não é de forma alguma determinativa; falou sobre o impacto desestruturante sobre o Brasil, como sendo improvável num futuro previsível; que nenhuma mudança cambial, hoje, traria qualquer benefício; que a grande questão continua sendo a enorme fragilidade fiscal; sublinhou também a diferença que existe entre a crise asiática, que é a crise de esgotamento de um modelo, e a nossa crise, que é a crise de gestação de um modelo. E, finalmente, falou da importância da redução da participação pública no sistema bancário que vem ocorrendo, como um diminuidor de incertezas e descontroles da política monetária.

Este seria o sumário e, para não dizer que não falei de cravos, eu acho que todos os comentários foram demasiadamente delicados para a gravidade e do impacto dessa desadministração das finanças públicas, depois do Plano Real. Eu acho que as oportunidades que o Plano Real nos ofereceu — eu fui

gestor do setor público nesse momento e vivi o que o Plano Real nos ofereceu de possibilidades, e o fato de os governos federal, estaduais e municipais não terem simplesmente cumprido o que determinava a Medida Provisória produziu um impacto fiscal avassalador; saímos de 0,5% do PIB de déficit público, com o facilitário do imposto inflacionário e chegamos a 5% de déficit público que, se somado ao incremento de receita de 5% do PIB, nós chegaríamos a uma desestruturação fiscal de 10% do PIB, portanto, mais de três vezes aquilo que o Governo quer conseguir com essas medidas improvisadas e episódicas que está adotando nesta conjuntura. Era apenas isso.

MEDIADOR

Passemos para a sessão de perguntas, pedindo às pessoas que se identifiquem.

Não vou fazer perguntas, mas apenas algumas observações com relação à fala do Dr. Alkimar, sobre a situação da carteira de empréstimo dos bancos. Eu queria dizer que eu estava iniciando um pequeno trabalho sobre o sistema bancário, e fui às estatísticas do Banco Central e separei setor privado e setor estatal. No setor privado, eu peguei todas as instituições, desde sociedade de crédito e financiamento, multibanco, e do setor estatal, eu também peguei todas elas, como bancos múltiplos, comerciais, Banco do Brasil, BNDES, Caixas Econômicas.

O que é que eu encontrei? Encontrei que no setor privado, no mês de maio de 1994, o comprometimento da carteira dessas instituições era de 4%; ela evolui até maio de 1997, para 12%; e depois cai, em agosto, para 8,5% e não existem outras informações no Banco Central. Acredito que, hoje, para dezembro e janeiro, vá para 10 ou 11%. Fui às instituições do setor estatal e sai de 12% em maio de 1994 e bate 32% em agosto. É um comprometimento extraordinário e acho que isto já não está mais em 32% porque, lá para dezembro e janeiro, deve alcançar os 35% mais ou menos.

Mas a surpresa maior ainda não foi isso, foi que, quando eu pego o setor estatal e pego os créditos em atraso e em liquidação e confronto com as provisões, há um diferencial de 15 bilhões de reais que estão descobertos de provisão. E aí eu vou colocar isso junto ao patrimônio líquido dele e isso dá um comprometimento do patrimônio líquido do setor estatal de 78% e esse setor estatal participa com 58% do total do sistema financeiro. Então, é uma situação extremamente dramática. Aí, eu pergunto: com um Banco Central independente, como ele ia lidar com uma situação dessas, se o setor estatal está fortemente influenciado pelo setor político? Seria inteiramente impossível e ele pode até contaminar o setor privado, porque ele representa 60% do total do sistema. Não sei se o Banco Central está atento à evolução desses números que eu acho que são da maior relevância. Era isso que eu queria dizer ao Dr. Alkimar.

Eu agradeço a intervenção porque, na verdade, enriquece o que eu estava falando no seguinte sentido: o número que eu mencionei foi um número global e o seu comentário discrimina entre o setor privado e o setor público, e mostrando o quadro dramático da situação dos bancos estaduais oficiais, que estão com uma carteira de créditos de uma qualidade muito complicada. Realmente, eu só tenho a agradecer essas informações que enriquece muito a exposição..

Na verdade, esses bancos têm funcionado como instrumentos auxiliares do Tesouro. A deterioração do sistema bancário oficial no Brasil decorreu do fato de que, como os Estados e Governo Federal às vezes não tinham condições de tributar, eles usavam o sistema bancário como fonte auxiliar de financiamento de atividades e de projetos que deveriam ser financiados pelo orçamento e não foram, levando a financiamento de projetos ou de atividades inviáveis. O resultado foi essa grande concentração de créditos de qualidade difícil. Acho que o Gustavo também tem alguma coisa a falar sobre isto.

GUSTAVO LOYOLA

Essa intervenção foi muito oportuna e eu não poderia deixá-la passar em brancas nuvens sem alertar para o seguinte: esses números mencionados refletem não apenas — é claro que houve um aumento na inadimplência em 1995, mas eles refletem, no que diz respeito aos bancos do setor público, não apenas um aumento da inadimplência mas refletiam, isso sim, uma política deliberada e correta de reconhecimento de créditos e liquidação de créditos que já existiam na carteira e que estavam sendo cursados com créditos normais, ou seja, na realidade, o que se fez foi tirar o mando diáfano da fantasia, como diz o escritor, para mostrar a nudez forte da verdade. Os bancos estatais, inclusive o Banco do Brasil, tinham créditos de difícil liquidação, engendrados, construídos, na sua atuação passada, e grande parte desses créditos está hoje reconhecido como de difícil liquidação, dando maior transparência.

Uma outra questão para a qual eu acho importante chamar a atenção é — sobre a qual o Alkimar falou — é que as instituições federais atuaram como auxiliares importantes nas políticas públicas, correta ou incorretamente, e é preciso construir, daqui para a frente, um sistema em que possam ficar isoladas ou mais isoladas desse processo, principalmente a Caixa Econômica Federal que mais recentemente tem tido um papel importante de pião num processo de reestruturação de algumas dívidas estudais, da reestruturação do sistema financeiro estadual, assim como o BNDES no caso mais amplo.

Então, existe hoje um processo de explicitação que a gente chamava, no Governo, de “explicitação de esqueletos”, que são dívidas antigas que estão sendo mostradas e não significa que a situação fiscal tenha piorado, ela se tornou apenas mais clara. Por fim, eu não poderia deixar de me referir a uma grande aflição que eu tive no Governo — e acho que todos têm no Governo — e diz respeito um pouco ao que o prefeito Cesar Maia disse: infelizmente, hoje, não há instrumentos ou há uma dificuldade

gestores públicos que não cumprem o seu dever, ou seja, prefeitos e governadores que são austeros, que tratam bem as finanças públicas e que aplicam corretamente os recursos, esses gestores são tratados igualmente, da mesma forma como aqueles que não tratam bem a coisa pública, que aumentam o déficit, que fazem dívidas, etc.

É sempre levantada, junto ao Governo Federal, a questão da isonomia. “ Ah, mas se a cidade tal recebeu isso, por que a cidade X não vai receber também? Se o Governo do Estado Z recebeu, por que o Governo do Estado B não recebe?” Existe realmente esse problema e é lamentável que seja assim.

Só um pequeno comentário de leitor de jornal... Ontem, lendo, como faço todos os dias, a Folha