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Capítulo III- O estágio pedagógico em contexto pré-escolar Ribeiro de Alforra

3. Enquadramento do Contexto de Estágio

3.6. Atividades Desenvolvidas em Contexto Pré-Escolar

3.6.4. Halloween

O halloween é uma festa comemorativa celebrada todos os anos no dia 31 de outubro, véspera do dia de Todos os Santos. Esta festa, por estar relacionada em sua origem à morte, resgata elementos e figuras assustadoras. São símbolos comuns desta festa: fantasmas, bruxas, zumbis, caveiras, monstros, gatos negros e até personagens como Drácula que simbolizam o haloween. Foi com base nestes símbolos e seguindo o plano anual de atividades que realizei uma atividade que será seguidamente explanada.

3.6.4.1. Jogo com um novelo de lã.

Nesta semana de estágio introduzi novamente um tema: O hallowen. Saliento que o meu maior receio ao longo da prática era introduzir um tema, porque ficava receosa se não soubesse responder às necessidades das crianças. Mas agora posso afirmar que como foi algo que fiz contantemente, agora, sou capaz de abordar qualquer tema sem receio.

Esta atividade foi uma grande surpresa para mim porque durante toda a atividade, foi curioso observar o interesse, manifestado pelas crianças desde o ínicio até ao fim da atividade. Este interesse fez com que os comportamentos destabilizadores, que normalmente ocorriam nestes momentos em grande grupo, fossem atenuados, o que me fez pensar e tomar alguma consciência de como o comportamento de cada um pode influenciar positiva ou negativamente a prossecução de uma atividade que tanto as cativa. Para introduzir o tema fiz uma decoração na sala alusiva ao halloween, onde no chão havia velas, bruxas, abóboras, símbolos estes que foram cruciais para promover o tema. Além disso, também usei o disfarce de bruxa para despertar interesse e curiosidade nas crianças (Figura 25).

Saliento que o grupo sentiu mais curiosidade quando regressaram do recreio e viram que “alguém” estava na àrea da biblioteca sentada em cima de uma vassoura. A sala estava escura e com símbolos do halloween espalhados pelo chão. Este cenário despertou logo curiosidade e suspanse, começando assim a surgir comentários (Quadro 7).

Com base nos comentários acima referidos promovi um diálogo onde esclareci todas a dúvidas relativamente ao que estava na sala e rapidamente perceberam que o halloween estava a chegar. De modo a promover uma ligação com o que tinham aprendido, foi proposto um jogo e como em todos os jogos havia regras que todos tinham de respeitar.

Crianças Comentários

Z.(3anos) Que medo, quem é professora Sara?

A maioria do grupo Está alguém ali!

M.(5anos) Tem um chapéu de bruxa e uma vassoura.

C. (5 anos) Porquê que a sala está escura?

C. (3 anos) É uma senhora velhinha.

Quadro 7. Comentários das crianças relativamente à bruxa e ao cenário. Figura 25. Bruxa e cenário alusivo ao Halloween

(Figura 26). Cada criança iria ter oportunidade de lançar o novelo de lã a um dos colegas, de forma a formar uma teia de aranha (mas as crianças não sabem inicialmente o que vão formar com a lã).

Apenas tinham de saber que, com este jogo da lã, tinham de adivinhar um símbolo alusivo ao halloween, a teia de aranha. Importa também referir que a criança que tinha a lã, tinha de dizer o que gostaria de se disfarçar no halloween. Apesar de várias tentativas apenas no fim da atividade é que conseguiram descobrir o símbolo pretendido.

Nesta atividade é bem visível que o educador não necessita de muitos materiais para fazer atividades estimulantes, com apenas um novelo de lã consegui captar a atenção das crianças durante 45 minutos. Refiro este aspeto, porque ao longo da prática era bem percetível a falta de recursos que existia, levando muitas vezes o docente a desmotivar porque queriam fazer atividades apelativas e não tinham meios para isso. E como estou numa época em que não se fala em outra coisa sem ser, desmotivação pela profissão docente como foi referido no primeiro capítulo deste relatório, propus esta atividade. Na minha ótica, acho que foi uma das melhores atividades ao longo da minha prática pedagógica, mostrando isso mesmo que quando se gosta do que se faz, com uma “couve fazemos uma sopa” (Figura 27).

Este jogo com teia envolveu não só a expressão motora, mas também dramática, onde as crianças tiveram oportunidade de dizer o que gostariam de ser no halloween e enquanto diziam, imitavam o elemento escolhido. Foi um momento de puro prazer e descontração, onde se ouviram muitos risos. Segundo Dias, (2005) os jogos são espaço de descoberta e prazer, através dos quais as crianças desenvolvem a sociabilidade, a psicomotricidade a criatividade e a imaginação. Afirma também que “a brincar com regras, a criança desenvolve o companheirismo, aprende a conviver, a lidar com as suas frustrações e/ou com as suas apirações. Assim, a criança, aos poucos vai promovendo o seu desenvolvimento pessoal e social” (p.132).

Para melhor compreensão do que é feito no hallowenn, a pré-A foi bater à porta da sala da pré-B e quando batiam à porta tinham de dizer: doces ou travessuras (Figura 28 e 29).

Figura 28. Crianças preparadas para irem bater à porta da Pré-B.

Esta atividade transformou-se num momento de muita alegria em ambas as salas. As crianças estavam muito curiosas, tanto pela atividade como pelo disfarce. E durante o diálogo constatei que estavam interessados em ver mais elementos do hallowen, então decidi vestir-me de diabo (Figura 30).

Figura 29. Receção à sala da Pré-B

Por fim o tema do hallowen e o jogo com a teia permitiu à criança uma forma de expressão. “Os brinquedos/brincadeiras/jogos funcionam, assim, como substitutos imaginários que levam à aquisição de conhecimentos e posturas essenciais num futuro próximo” (Dias, 2005, p.124) Sendo para a criança tudo imaginário, não real.

Com base nas palavras de Vasconcelos, (2008) posso afirmar que os jogos, em contexto de educação de infância, podem assumir um papel fundamental no processo de ensino/aprendizagem, no sentido em que, através do lúdico, permitem o desenvolvimento mental da criança, contribuindo decisivamente para a construção do conhecimento e para a socialização, integrando igualmente as vertentes cognitiva e afetiva. Os jogos também favorecem o desenvolvimento da cooperação, pois “a criança coopera voluntariamente (de uma maneira autónoma) com as outras, praticando regras” (Kamii, 1996, p.120).

Importa também referir que ao longo do relatório o bem-estar e interesse das crianças é algo que tenho sempre em consideração e depois de terminar a atividade verifiquei que a criança que chora por norma, estava totalmente envolvida e com um sorriso o que me deixou muito feliz.