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Participando do segmento do transporte marítimo há mais de 140 anos, a empresa, Hamburg Süd foi fundada em Hamburgo na Alemanha em 1871, como uma empresa de capital aberto, por uma sociedade anônima composta por 11 comerciantes de Hamburgo, sob a denominação de Hamburg-Südamerikanische

Dampfschifffahrts-Gesellschaft (Sociedade Hamburgo-Sul-americana de Navegação

e Navios a Vapor) posteriormente abreviado para Hamburg-Süd ou HSDG. A empresa iniciou suas operações com três navios a vapor de aproximadamente 4.000 toneladas de capacidade fazendo a rota para o Brasil e La Plata em um serviço mensal (HAMBURG SÜD, 2015).

Em 1936, a empresa Dr. August Oetker, uma das maiores e mais conhecida empresa familiar na Alemanha, adquire participação na empresa, passando a assumir o seu controle integral em 1955 (JRS/HSUD, 2014). Em 2015, a divisão do transporte marítimo compôs mais de 40% do total do portfólio do grupo. O quadro 13 apresenta os principais acontecimentos da evolução histórica da empresa Hamburg Süd de 1871 a 2014.

Quadro 13: Evolução histórica da empresa

Ano Histórico

1871 Fundação da empresa em forma de sociedade anônima.

1914 A empresa possui mais de 50 navios e perde a totalidade deles a título de indenização de guerra

1922 Início da era do transporte marítimo de passageiros. A Hamburg Süd se destaca mundialmente neste setor.

1936 A empresa Dr. August Oetker adquire participação em Hamburg Süd.

1939 A Hamburg Süd alcança a frota 52 navios de mais de 400.000 toneladas de arqueação bruta. 1945 Perda total de toda a frota, como resultado da II Guerra Mundial.

1951 Reinício do serviço de linha regular entre a Europa e Costa Leste da América do Sul. 1952 Início do transporte de petróleo e expansão do negócio de refrigerados.

1955 A empresa Dr. August Oetker assume o negócio integralmente.

1980 Abertura do serviço do transporte de contêineres da Europa para a costa leste da América do Sul

1998 Aquisição da empresa brasileira de navegação Aliança e South Seas navios a vapor.

1999 Aquisição do Pacífico Sul Container Lines e da Transroll com operações na costa leste da América do Sul.

2003 Aquisição do controle acionário da Aliança Navegação Ltda. e sua frota de onze navios porta-contêineres e dois de granéis.

2004 Batismo de seis navios com capacidade de 5.552 TEUs considerados na época, os navios porta-contêineres com maior capacidade de reefer do mundo.

2009 A empresa Costa Container Lines (CCL) passa a ter a marca Hamburg Süd. 2010 Encomenda de nove navios da Classe Santa com capacidade de 7.100 TEUs

2011 A Hamburg Süd celebra o seu 140º aniversário no Museu Marítimo Internacional em Hamburgo. 2013 A Hamburg Süd recebe o Prêmio Eastman Chemical Excellence 2013.

2014 A Hamburg Süd Batiza os três últimos navios da classe "Cap San" com capacidade de 9.600 TEUs e 2.100 tomadas reefer , considerados os maiores navios do grupo.

Fonte: Adaptado de Hamburg Süd (2015).

O grupo Hamburg Süd evoluiu em seus negócios e possui cerca de 4.500 funcionários e mais de 300 escritórios espalhados pelo mundo o que lhe confere a característica de empresa global nos segmentos do transporte marítimo e atividades terrestres. O transporte marítimo de cargas compõe mais de 40% do total do

portfólio do grupo combinando uma série de serviços para a cadeia logística, no

transporte de carga geral, granéis sólidos e líquidos (HAMBURG SÜD, 2015).

A empresa atua no segmento de transporte oferecendo serviços para a cadeia logística, no transporte de granéis sólidos e líquidos, com o nome de Rudolf A. Oetker (RAO) e Aliança granel (Aliabulk), com cerca de 50 navios. O Grupo também possui a Agência Hamburg Süd Viagens, uma subsidiária que atua no mercado há mais de trinta anos, especializado em viagens de negócios, cruzeiros e outros eventos (HAMBURG SÜD, 2015).

No segmento de transporte marítimo de contêineres, o grupo possui a Hamburg Süd, transportadora alemã, e a Aliança Navegação e Logística, empresa brasileira que opera o transporte de cargas conteinerizada na navegação de longo curso (América do Sul, Europa, América do Norte e Ásia) e na cabotagem do

MERCOSUL. Trata-se de uma empresa global com estrutura descentralizada, com a matriz em Hamburgo e cinco escritórios regionais com suas respectivas diretorias (JRS/HSUD, 2014; HAMBURG SÜD, 2015).

No Brasil, os escritórios regionais da Hamburg Süd estão diretamente subordinados ao escritório central em São Paulo, onde se encontra a diretoria executiva para a costa leste da América do Sul, formada por Julian Thomaz, diretor executivo sênior, de origem alemã, radicado no Brasil há mais de trinta anos; Martin Susemihl, diretor administrativo/financeiro, também de origem alemã e José Roberto Salgado, diretor comercial, brasileiro que atua na empresa desde 1984. “Nas outras

regiões do mundo também tem um equilíbrio muito bom, é sempre alguém da região [...] Em todas as aquisições que a empresa fez, soube equilibrar muito bem. Não houve aquele domínio” (JRS/HSUD, 2014).

A figura 04 apresenta a estrutura organizacional da empresa no Brasil.

Figura 04: Estrutura organizacional da empresa Hamburg Süd no Brasil

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

O relacionamento com a matriz em Hamburgo é alinhado a um business Plan acordado entre a matriz e as subsidiárias e norteia a tomada de decisões dos executivos da empresa. O plano passa por revisões periódicas e caso se verifique a necessidade de alterações, deverá ser justificada pela subsidiária.

O business Plan é muito severo [...] Existe um gerenciamento por resultado, onde Hamburgo administra os resultados que nós apresentamos [...] Existe uma relação de comunicação com Hamburgo muito forte [...] A gente está sempre interagindo, mas o nível de tomada de decisão é bastante descentralizado (JRS/HSUD, 2014).

HAMBURG SÜD DO BRASIL LTDA.

Martin SusemihlExecu tivo financeiro Julian Thomaz Executivo Sênior José Salgado Executivo comercial

A Hamburg Süd atua no transporte de carga conteinerizada, com uma frota de 103 navios porta-contêineres com capacidade total de 457 mil TEUs e cerca de 400 mil contêineres, distribuídos em 40 serviços de linha regular de navegação. A empresa atende seus clientes desde o planejamento à execução da operação no sistema porto a porto e também no sistema porta a porta (HAMBURG SÜD). Ocupando o 11º. Lugar entre as 20 maiores empresas da container shipping industry do mundo, a empresa opera nas Américas, Europa, África, Ásia e Oceania, por meio de parcerias ou atuando diretamente no segmento de cargas congeladas e refrigeradas principalmente no eixo de comércio Norte-Sul (HAMBURG SÜD, 2015).

Apesar dos impactos da crise mundial em 2009 no transporte global de contêineres, a empresa conseguiu boa recuperação mundial (FREIRE, 2011). Parte desta recuperação está atrelada à expansão da rede de serviços de linha regular em 2010, na Costa Oeste dos EUA e conexão entre a Costa Leste da América do Sul e o Oriente Médio, bem como a reestruturação de vários serviços entre o Norte da Europa e o Mediterrâneo. Também houve ajustes na capacidade de cargas em várias rotas para atender aos volumes crescentes com a adição de serviços temporários (HAMBURG SÜD, 2015).

Nos anos subsequentes a crise de 2009, a Hamburg Süd, obteve aumento nas operações de contêineres e faturamento em todas as suas bases no mundo e o resultado operacional do Grupo para 2014 tende a manter o mesmo nível do ano de 2013 (MOTTA, 2014; JRS/HSUD, 2014).

O quadro 14 apresenta a evolução do volume da movimentação de contêineres e o faturamento da empresa no mundo, no período compreendido entre 2010 e 2013.

Quadro 14: Movimentação de TEUs do Grupo Hamburg Süd em nível mundial

Ano TEUs embarcados Faturamento

2010 2,9 milhões de TEUs € 4,4 bilhões 2011 3,0 milhões de TEUs € 4,8 bilhões 2012 3,3 milhões de TEUs € 5,5 bilhões 2013 3,3 milhões de TEUs € 5,3 bilhões 2014 3,4 milhões de TEUs € 5,2 bilhões

Fonte: Freire (2011), Motta (2014) e Hamburg Süd (2015).

Mesmo operando num ambiente de negócios turbulento, em 2013 o Grupo realizou investimentos no total de € 450.000.000 utilizados principalmente para

pagamentos das encomendas dos seis novos navios “Cap San” e outros de menor porte com capacidade de 3.800 TEUs para a navegação de cabotagem no Brasil, (MOTTA, 2014; HAMBURG SÜD, 2015). Os navios “Cap San” são uma nova classe de navios com capacidade que variam entre 9.000 e 9.600 TEU, 335 metros de comprimento e 2.100 tomadas para contêineres frigoríficos a bordo, considerados os maiores navios da frota Hamburg Süd (HAMBURG SÜD, 2015).

Nas rotas comerciais que servem a região da América do Sul, a Hamburg Süd tem apostado na construção de navios compatíveis com as estruturas portuárias existentes, com capacidades que variam de 1.200 a 9.000 TEUs conforme mostra o quadro 15:

Quadro 15: Evolução dos navios da Hamburg Süd no período de 1981 a 2014

Fonte: Adaptado de Hamburg Süd (2015)

O diretor salienta que a constante renovação da frota de navios, resulta em uma considerável redução no consumo de combustíveis, um dos itens que mais onera a planilha de custos da empresa, junto com fatores de infraestrutura logística e o encarecimento da mão de obra do setor. Também se deve considerar o alto nível de investimento em equipamentos de tecnologia da informação e projetos para reduzir o impacto ambiental das operações dos navios e melhorar a sustentabilidade das atividades comerciais, acrescentando em pelo menos 40 milhões de dólares por ano o custo operacional da empresa (HAMBURG SÜD, 2015).

Navio Ano Classe Tamanho

(m) Largura (m) Capaci- dade (TEUs) Tomadas para Reefer 2013/14 Cap San 333.2 48,2 9.000 2.100 2010/12 Santa 300 42,8 7.100 1.600 2004/09 Monte/Rio 280 40 5.500/ 900 1.365 2001/07 Cap Bahia 254 32 3.700 800 1990 Cap Trafalgar 200 32,2 2.000 650 1981 Monte Rosa 185 28 1.200 540

As questões sociais, de segurança e ambientais são compromissos assumidos pela empresa e realizados por meio de um Sistema Integrado de Gestão, a fim de assegurar que todas as exigências em termos de legislação e regulamentações sejam respeitadas (HAMBURG SÜD, 2015). A melhoria contínua dos sistemas de gestão da qualidade se dá por meio da formulação e revisão anual das metas de modo a atender as mudanças impostas pela legislação e melhorar a gestão de custos (RODRIGUE, 2010; HAMBURG SÜD, 2015).

A empresa opera globalmente, representada por escritórios e conhecimento sobre os mercados onde atua (HAMBURG SÜD, 2015). Para cobrir o maior número de rotas possível, o diretor comenta que a empresa opera 90% do transporte de cargas em parceria com outros armadores, acordos que podem ser feitos pelo número de espaços para contêineres dentro do navio, ou pelo número de navios disponibilizados por cada armador participante da rota, conforme já mencionado na página 40 da base teórica.

A gente tem uma oferta muito grande de capacidade acima da demanda e nesses momentos de grande oferta a gente tem que se unir Isso acontece com todos os armadores. Ele quer sempre colocar um navio maior para o efeito de custo. O custo fixo de TEU diminui. Nestes momentos a gente se junta (JRS/HSUD, 2014).

A maioria dos serviços prestados pela empresa serve a rota Norte-Sul, porém, como estratégia para atingir novos mercados, a empresa está aumentando sua participação na rota Leste-Oeste. “A gente vai entrar neste segmento que é

extremamente competitivo, com navios gigantescos [...] Vamos entrar de carona com outra empresa [...] Eles vão dar espaço pra gente dentro deste serviço Leste-Oeste e nós vamos dar espaço para eles no serviço Norte-Sul” (JRS/HSUD, 2014).

Para o diretor, este esquema é necessário para que haja maior abrangência e controle sobre as rotas, capacidade de cargas dos navios e também a diminuição dos custos de operação, mas implica na perda de identidade comercial da companhia, pois em um mesmo navio operam vários armadores que ao mesmo tempo em que são parceiros, são também concorrentes. “O único que hoje não é

joint é o serviço que vai da área do golfo do México com o Brasil. São 07 navios só da Hamburg Süd, todos os outros serviços são joint service” (JRS/HSUD, 2014).

Na Hamburg Süd, as rotas de frequência são estabelecidas pelo setor de desenvolvimento de product management, onde um funcionário responsável na

matriz observa o mercado e analisa as estatísticas de movimentação de cargas ao redor do globo e por meio desta observação avalia se o produto da Hamburg Süd ainda está competitivo e atendendo adequadamente à demanda do mercado (JRS/HSUD, 2014).

Durante muito tempo esta análise foi feita somente em função da demanda comercial, porém, atualmente o mercado está muito pulverizado e são necessárias novas estratégias de avaliação. Com um mercado cada vez mais concorrido, o diretor comenta que a atividade de navegação se transformou em uma commoditie e as companhias oferecem serviços muito parecidos em termos de rota, tamanho dos navios e transit time. “Hoje a gente tem toda essa pulverização. É uma network

unindo tudo com tudo. Então, como que isso funciona? Tem tudo para todo lugar”

(JRS/HSUD, 2014). Essa situação leva a empresa a avaliar se o seu produto continua competitivo e exige da empresa a criação de novas estratégias competitivas complementa o diretor.

Além de avaliar se o produto continua competitivo, a empresa utiliza a estratégia de prospecção de novos negócios, analisando novos nichos de mercado, verificando os custos e os benefícios para a empresa. “A gente está vendo que vai

sair um negócio novo que pode ligar o porto de Le Havre à Paranaguá. Quanto custa isso? Vale a pena? É uma empresa dentro do nosso perfil de clientes?” Sobre esta

análise, a empresa prepara uma proposta de serviços, de volumes, pesquisa de fretes, tipos de navios necessários e o custo desse navio, elabora-se um business

plan e apresenta para a Matriz em Hamburgo para aprovação ou não (JRS/HSUD,

2014).

O diretor comenta que existe toda uma segmentação de mercado e a participação da empresa abrange dezenas de rotas e serviços para várias partes do mundo, combinando o transporte de cargas secas e cargas refrigeradas. As principais rotas operadas pela empresa são: Europa e Mediterrâneo para a América do Sul; Europa para América Central, Nova Zelândia e Austrália; Europa para América do Norte; América do Norte para América Central, Caribe e América do Sul; América Central para a Costa Leste da América do Sul; e transporte interno na América do Sul por meio da navegação de cabotagem (HAMBURG SÜD, 2015).

A figura 05 apresenta uma das principais rotas disponibilizadas para os embarcadores pela empresa Hamburg Süd. Trata-se da linha BREX, saindo do Caribe, na América Central para Costa Leste da América do Sul, para retornar para

o Caribe e Golfo do México. O transit time para esta rota é de 63 dias com escalas semanais nos portos. Fazem parte do serviço, nove navios com capacidade de 2.700 a 3.800 TEUs.

Figura 05: Rota da América Central para a Costa Leste da América do Sul

Fonte: Hamburg Süd Report (2015)

O diretor comenta que cerca de 50% da frota total de navios da Hamburg Süd em nível global, atende os portos brasileiros. “A gente tem América do Norte,

América Central, Europa, África e Ásia [...] tem todo serviço Costa Leste/Ásia, Índia e Oriente Médio [...] tudo passa por aqui” (JRS/HSUD, 2014). A rota USA/Caribe,

possui 03 linhas; Europa/Mediterrâneo, 04 linhas; Ásia, 05 linhas e MERCOSUL, 01linha, todas com saídas semanais do Brasil. (HAMBURG SÜD, 2015).

4.1.1 A inserção do Grupo da Hamburg Süd no Brasil

O Grupo Hambug Süd opera no Brasil, desde a fundação da matriz, quando transportava imigrantes da Europa para o Brasil nos séculos XIX e XX e atracava seus navios no Rio de Janeiro e em Santos, para só depois de algum tempo atuar também no transporte de produtos básicos como, café, madeira e produtos essenciais:

Na época, o serviço liner, como a gente diz hoje, que é um serviço regular, com frequência, não era tão comum, era mais o serviço tramp, que “iam” onde a carga estava [...] Com o crescimento dos serviços liners, as estrutura de agência marítima com base centralizada foram se definindo melhor e funcionavam como escritórios terceirizados (JRS/HSUD, 2014).

A Hamburg Süd sempre acreditou no potencial do Brasil, trazendo os maiores e melhores navios e neste processo adquiriu muitas empresas. Na década de 80 a empresa se voltou para a área de estrutura portuária, depósito de contêineres e serviços agregados, mas houve mudança de diretoria e a empresa focou-se apenas para o transporte marítimo. Nesta mesma década, a empresa de navegação Aliança, sediada no Brasil desde 1950, também iniciou o transporte de contêineres e era um forte concorrente da Hamburg Süd (JRS/HSUD, 2014).

Em 1988, na intenção de expandir seu escopo de atuação, o Grupo Oetker, proprietário da Hamburg Süd, adquiriu a Empresa de Navegação Aliança, sediada no Brasil desde 1950. A aquisição fortaleceu os negócios no Brasil, e hoje, a Aliança Navegação e Logística possui cerca de 600 funcionários em terra e 500 no mar, se destacando entre as principais empresas de transporte da América do Sul (HAMBURG SÜD, 2015). “Com o passar do tempo a Hamburg Süd continuou

fazendo aquisições aqui no Brasil de várias outras empresas, algumas que ela prestava serviços [...] Nessa época ela já foi crescendo e já foi tendo seus escritórios próprios” (JRS/HSUD, 2014).

Com as aquisições e a partir dos escritórios já existentes em São Paulo e Santos a empresa verticalizou sua estrutura para outros estados justificada pelo aumento do volume de cargas (JRS/HSUD, 2014). A Hamburg Süd possui ainda alguns agentes apenas em localidades muito pequenas que não justifica a ação de uma empresa própria, conforme apresentado no quadro 16:

Quadro 16: Escritórios Regionais da empresa Hamburg Süd no Brasil

Fonte: Elaborado pela autora

A compra da empresa de navegação Aliança em 1988, contribuiu para o crescimento e expansão da empresa no Brasil. O diretor comenta que dentre os motivos que levaram a Hamburg Süd a adquirir a empresa brasileira Aliança está o fato de que a empresa era organizada e correta e os navios estavam em ótimas condições. “A Aliança era muito alinhada com o perfil da Hamburg Süd e eram

concorrentes diretos [...] Era uma boa empresa, com navios bons, bem cuidados, com boa manutenção, então tinha o valor” (JRS/HSUD, 2014). Outros dois motivos

importantes eram as questões fiscais, contábeis e financeiras estar em ordem e o benefício de ser de bandeira brasileira exigida pela legislação. Para o entrevistado, isso foi importante porque em alguns mercados ainda existem os acordos bilaterais e o transporte de cargas tem que ser feito por navios de bandeira brasileira.

A Aliança Navegação e Logística é líder na cabotagem no Brasil e atua com navios de bandeira brasileira operando em portos no Brasil, Uruguai e Argentina. O maior fluxo de mercadorias se concentra nos sentidos sul / nordeste e sudeste / Manaus, incluindo produtos alimentícios como arroz, produtos químicos e papel. Na rota inversa é feito o transporte de produtos eletrônicos e embalagens pet vindos da Zona Franca de Manaus (CASTRO JÚNIOR, 2011).

A carteira de clientes da Aliança Navegação e Logística é composta por empresas líderes nos setores mais dinâmicos da economia, tais como: automotivo, químico, eletroeletrônicos, carne, frutas, higiene e limpeza, e madeira serrada (HAMBUG SÜD, 2015). A empresa está presente de forma combinada entre cabotagem e longo curso atendendo os portos de Manaus, Itaqui, Pecém, Suape, Salvador, Vitória, Rio de Janeiro, Sepetiba, Santos, Paranaguá, Itajaí, Navegantes,

Escritórios Regionais da empresa Hamburg Süd no Brasil

Local Agentes Escritório próprio

Fortaleza - X

Itajaí - X

Manaus - X

Recife - X

Paranaguá Rocha Top Operador Ltda. -

Porto Alegre - X

Rio Grande - X

Rio de Janeiro - X

Salvador - X

Santos - X

São Francisco do Sul Rochamar Agência Marítima - Vitória Wilson Sons Agência Marítima -

Itapoá, Imbituba, Rio Grande, Montevidéu, Buenos Aires, Rosário, Zárate, Porto Deseado, San Antônio, e Ushuaia (JRS/HSUD, 2014).

A navegação de cabotagem existe no país há cerca de 20 anos e é estratégica para a empresa. “A cabotagem é para nós um ponto muito estratégico

para tentar atender esse mercado continental que é o Brasil e ter a capilaridade necessária que só a cabotagem pode fazer” (JRS/HSUD, 2014).

Em 2010, após queda nas movimentações no período da crise, a Hamburg Süd voltou a crescer:

Naquele período a movimentação caiu em torno de 4 ou 5% [...] Em 2010, a gente voltou a crescer muito forte e foi positivo uns 3%[...] Acho que este ano de 2014 estamos falando em 2% e nossas metas para 2015, em torno de 4% [...]esse crescimento é em função da cabotagem, que deu uma alavancada muito grande [...] Se a gente tirar a cabotagem e deixar só o mercado internacional os números são negativos (JRS/HSUD, 2014).

Mesmo sendo de origem Europeia, a Hamburg Süd sempre procurou explorar o nicho de mercado da América do Sul. O diretor comenta que a Costa Leste da América do Sul ocupa a primeira posição em termos de volume e rendimento para a empresa. Segundo o diretor, os negócios realizados no Brasil possui representatividade global para empresa de aproximadamente 25% de participação operacional e financeira e tem sido por muitos anos o core business da empresa.

“Hoje o Brasil é o maior, é o número um, em nível mundial” (JRS/HSUD, 2014).

A Hamburg Süd possui liderança em todos os serviços que atua no Brasil, porém, a tendência é mudar. “A Hamburg Süd está entrando em novos serviços,

onde vai participar de grandes trades entre extremo Oriente/Europa e Extremo Oriente/USA” e existe a possibilidade de que o extremo oriente suplante a América

do Sul em movimentação. Outra área geográfica que a empresa pretende entrar é a Costa leste da África, que é um mercado muito pequeno, mas com potencial (JRS/HSUD, 2014).

Sobre a movimentação de cargas, o diretor comenta que a Hamburg Süd combina a movimentação da carga dry (seca) e da carga reefer (refrigerada) em rotas comerciais e serviços, chamadas trades. Neste contexto, o Porto de Santos