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2.2 – INFRA-ESTRUTURA

2.2.3 – HIDROVIÁRIA

As hidrovias são vitais para o transporte de grandes volumes de cargas a grandes distâncias, e constituem importante ferramenta para o comércio interno e externo, pois propiciam a oferta de produtos a preços competitivos. O modal de transporte hidroviário apresenta características operacionais totalmente diferentes dos demais meios de transportes, pois o funcionamento de sua infra-estrutura está atrelado a outras atividades, meios de transporte e subestruturas. A energia específica despendida pelo modal hidroviário é da ordem média de 0,6 MJ/t.km (megajoules por tonelada-quilômetro). Ao mesmo tempo, o modal ferroviário despende 1,0 MJ/t.km, e o modal rodoviário 2,2 MJ/t.km. Tais valores refletem um custo operacional mais baixo por parte das hidrovias.

Desta forma, nota-se que o Estado de Mato Grosso do Sul possui uma grande vantagem competitiva no que se refere à infra-estrutura de transporte, por ser servido por duas das principais hidrovias da América do Sul: a Tietê-Paraná e a Paraguai-Paraná.

2.2.3.1 – Hidrovia Tietê-Paraná

As embarcações que navegam pela Hidrovia Tietê-Paraná compartilham do mesmo espaço físico das barragens das usinas hidrelétricas que foram construídas ao longo dos Rios Tietê, Piracicaba e Paraná com o conceito de aproveitamento múltiplo das águas. Estas abastecem os Estados de São Paulo e de Mato Grosso do Sul com energia elétrica, ao mesmo tempo em que possibilitam a navegação através de eclusas. Na figura 2.31 notam-se as barragens que já contam com eclusas (em preto) e aquelas com eclusas planejadas (em vermelho), o que sinaliza o desenvolvimento constante desta Hidrovia, que pretende estender a navegação desde São Paulo (SP) até Buenos Aires (Argentina).

Figura 2.31 – Eclusas em Operação e Planejadas: Hidrovia Tietê-Paraná

Fonte: Secretaria de Transportes de São Paulo, 2008

Para que a carga transportada chegue a seu destino é necessário que a Hidrovia esteja integrada a outros modais, como o rodoviário, o ferroviário, o dutoviário e o marítimo. Os 30 terminais intermodais localizados nas proximidades da Hidrovia Tietê-Paraná, de responsabilidade do setor privado, servem para processar a matéria-prima ou armazená-la até sua transferência para outro modal.

A Hidrovia Tietê-Paraná possui 2.400 quilômetros de vias navegáveis, sendo 1.600 quilômetros no Rio Paraná, de responsabilidade da Administração da Hidrovia do Paraná (AHARANA), ligada ao Ministério dos Transportes, e 800 quilômetros nos Rios Tietê e Piracicaba, administrados pelo Departamento Hidroviário, subordinado à Secretaria de Estado dos Transportes de São Paulo. Nos 19 estaleiros existentes ao longo desta Hidrovia foram construídas todas as embarcações que operam no sistema, compondo uma frota de 39 empurradores e 151 barcaças.

Esta possui 10 barragens, 10 eclusas e 23 pontes. A figura 2.32 mostra a eclusa da barragem de Jupiá, na fronteira entre os Estados de São Paulo e de Mato Grosso do Sul. O aprofundamento do leito ou o redimensionamento de curvaturas hoje possibilitam a navegação de comboios de 147 metros de comprimento, 11 de largura e 2,80 de profundidade.

Como dispositivos de sinalização esta conta com bóias de sinalização de rota e de ponto de espera, placas de margem e de ponte e réguas para medir o nível da água. Há também um circuito fechado de TV que monitora se as embarcações estão dentro dos procedimentos de eclusagem, momento em que o comboio transpõe o desnível das barragens.

Figura 2.32 – Eclusa da Barragem de Jupiá, Três Lagoas, MS

Foto: STCP

Desde 1995, o Governo do Estado de São Paulo, em parceria com a União e a iniciativa privada, investiu R$ 562 milhões na Hidrovia Tietê-Paraná. Por suas vias são transportadas anualmente cerca de 5 milhões de toneladas de cargas (ver figura 2.33) produzidas e distribuídas pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, além dos países do MERCOSUL (Mercado Comum do Cone Sul).

Em 2008, as cargas transportadas apresentaram um aumento de 10% com relação ao ano anterior. Desde 1995, além da cana, da soja e do farelo, o sistema serviu ao transporte de milho, trigo, mandioca, carvão, cana-de-açúcar, adubo, areia e cascalho.

O aumento progressivo da eficiência da Hidrovia Tietê-Paraná, com redução nos tempos de viagem e nos custos operacionais, está diretamente ligada aos investimentos realizados na segurança da navegação, na capacidade de transporte das embarcações e na criação de novas rotas.

O trecho da Hidrovia Tietê-Paraná na Região Metropolitana de São Paulo vem recebendo investimentos por parte do Governo do Estado de São Paulo. Em 2004 foi inaugurada a primeira eclusa do Rio Tietê em perímetro urbano, localizada na altura do Cebolão. A obra possibilitará a navegação pelo rio entre o Município de Santana de Parnaíba e o bairro da Penha, no Município de São Paulo.

Quando todos os trabalhos de aprofundamento da calha do Rio Tietê forem finalizados, a cidade de São Paulo terá 45 km de vias navegáveis. O Departamento Hidroviário realiza pré- estudos de viabilidade para o transporte de cargas e passageiros neste trecho da Hidrovia.

2.2.3.2 – Hidrovia Paraguai-Paraná

A Hidrovia Paraguai-Paraná estende-se desde a cidade de Cáceres (MT) até La Plata (Argentina), sendo a última situada no Estuário do Rio da Prata (ver figura 2.34). Essa hidrovia possui 3.442 km de extensão, e se integrará à Hidrovia Tietê-Paraná assim que for construída eclusa na barragem de Itaipu (PR).

O Tratado da Bacia do Prata, firmado em Brasília em 1969 por chanceleres dos cinco países da Bacia do Prata (Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai), constitui-se no marco fundamental da implantação da Hidrovia Paraguai-Paraná.

Em setembro de 1989, os Ministros de Obras públicas e de Transportes dos países da Bacia do Prata acordaram em criar o CIH (Comitê Inter-Governamental da Hidrovia Paraguai- Paraná), encarregando-o de realizar projetos pontuais, determinar a prioridade das obras a realizar e estudar a compatibilização da legislação aplicável a hidrovias dos países da Bacia do Prata. O CIH tem sua sede em Buenos Aires, Argentina.

A parte brasileira da Hidrovia Paraguai-Paraná tem o melhoramento das suas condições de navegação, a sua manutenção ou mesmo implantação, enfim todas ações que se referem à infra-estrutura da via navegável, a cargo da AHIPAR (Administração das Hidrovias do Paraguai), órgão de economia mista vinculado ao Ministério dos Transportes e à CODESP (Companhia Docas do Estado de São Paulo).

A navegação em tal hidrovia é dividida em duas classes. A primeira é utilizada no trecho compreendido entre Cáceres (MT) e Corumbá (MS), numa extensão de 672 km, onde a embarcação padrão é um comboio de empurra com 4 chatas e 1 empurrador, com 108 m de comprimento, 24 m de largura e 1,2 m de calado mínimo. A outra classe é utilizada entre Corumbá (MS) e La Plata (Argentina), numa extensão de 2.770 km, cuja embarcação padrão é um comboio de empurra com 16 chatas e 1 empurrador, com 280 m de comprimento, 48 m de largura e 3,0 m de calado mínimo.

Figura 2.34 – Hidrovia Paraguai-Paraná

Fonte: Spike Hampson

O volume transportado pela Hidrovia do Paraguai atingiu 3,4 milhões de toneladas em 2006, como observado na figura 2.35. Este volume aumentou 105% entre 1995 e 2006, ou média de 6,7% a.a. durante este período.

Figura 2.35 - Evolução do Volume Transportado pela Hidrovia do Paraguai (1.000 ton)

1.674 2.144 2.217 2.437 2.053 1.913 1.632 2.179 2.581 2.730 2.575 3.427 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 1 .0 00 to n Fonte: AHIPAR, 2008

2.2.4 – AÉREA

O maior aeroporto de Mato Grosso do Sul é o de Campo Grande. Este possui vôos diários para todo o Brasil, além de algumas linhas conectando-o a outros países. Também possui capacidade de receber cargas aéreas, sendo de grande valia para a atração de investidores em florestas. A operação do Aeroporto Internacional de Campo Grande é compartilhada com a Base Aérea de Campo Grande, sendo que este aeroporto possui duas pistas homologadas para pouso-decolagem.

A pista principal foi iniciada em concreto cimento em 1950, e concluída em 1953. O terminal de passageiros foi concluído em 1964. Em 1967 foram implantados os pátios de aeronaves civil e militar, em pavimentos rígidos, com o mesmo suporte da pista existente.

A partir de 1975, o aeroporto passou a ser administrado pela Infraero. Com o aumento da demanda da aviação comercial, foi necessária ser realizado o alargamento do pátio civil em 1979.

Como pode ser observado através da tabela 2.11, o movimento de aeronaves no Aeroporto de Campo Grande diminuiu em cerca de 4% entre 2002 e 2007, refletindo uma diminuição de cerca de 17% no transporte de cargas. Porém, ao mesmo tempo o transporte de passageiros aumentou em quase 36% durante este período, ou 6,3% a.a.

Tabela 2.11 – Evolução da Movimentação de Cargas e Passageiros do Aeroporto de Campo Grande

Ano Aeronaves Carga (T) Passageiros

2002 23.960 3.891.802 556.016 2003 24.917 3.821.675 477.981 2004 26.075 4.264.748 516.494 2005 21.592 3.637.516 652.150 2006 21.629 3.247.156 718.356 2007 22.964 3.220.638 755.407 Fonte: INFRAERO, 2008

Os principais números referentes às instalações físicas do Aeroporto de Campo Grande são: − Sítio Aeroportuário: 10.802.318 m²

− Pátio das Aeronaves: 36.000 m² − Pista: 2.600 x 45 m

− Terminal de Passageiros: Capacidade de 900.000 passageiros/ano − Área: 6.000 m²

2.2.5 – ENERGIA ELÉTRICA