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HIPÓTESES SOBRE O SONHAR

No documento Os Sonhos (páginas 32-34)

“ NOSSOS PONTOS DE AGLUTINAÇÃO ESTÃO CONSTANTEMENTE SE MOVENDO, MOVIMENTOS IMPERCEPTÍVEIS ”. O PODER DO SILÉNCIO – CASTANEDA

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T E M A 1. 7 8 1

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sonho é, sem dúvidas, a manifestação da mente que mais tem intrigado os povos de todas as culturas, desde a Antiguidade até os nossos dias. Por isso, todas as civilizações têm dedicado atenção aos sonhos, especialmente no afã de interpretá-los bem como entender qual o papel deles. Na Antiguidade muitos povos consideravam-no mensagens dos deuses, e também de demônios. Até meado do século passado, a ciência não contava com nenhum elemento que pudesse servir de explicação do porque dos sonhos, qual o papel deles e como eram processadas ao nível cerebral, por isso as pessoas mais racionais simplesmente os deixavam de lado, por considerá-los simples expressões da imaginação e, conseqüentemente, sem valor prático tanto no tocante ao significado simbólico quanto fisiológico.

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omente a partir da segunda metade do Século Vinte foi que passou a ser atribuído certo valor prático ao sonhar, especialmente no campo da psicologia. Isso aconteceu graças aos trabalhos de Freud, considerado o Pai da Psicanálise, e seus seguidores mostraram o papel dos sonhos no que diz respeito ao comportamento mental. A seguir a ciência - neurociência – entrou em campo na tentativa de elucidar o mecanismo cerebral implícito no sonhar. As pesquisas visaram não à interpretação, mas sim quais os mecanismos cerebrais envolvidos no sonhar. Assim foram criados em muitas universidades departamentos direcionados ao estudo aos distúrbios do sono em geral, e do sonho em particular.

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s pesquisas de Freud no campo da psicologia vieram mostrar que todo sonho reflete algum desejo, em especial os de fundo sexual. Um dos discípulos de Freud, G. Jung aprofundou mais o estudo dos sonhos chegado à idéia da existência de um inconsciente coletivo. Na verdade esse foi um passo dado no sentido do verdadeiro mecanismo da gênese do sonho, como veremos em outra palestra é o que ensina o Hermetismo baseado do Primeiro Princípio Hermético.

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partir da tese psicanalista freudiana de que o sonho é uma realização de desejos o estudo em torno das repressões se intensificou. Freud disse ser o desejo o que move e dá alento ao existir. Os desejos não atendidos gerariam uma tensão que se exteriorizaria como distintas formas de psiconeuroses que podiam ser abordadas através de uma análise do conteúdo onírico, portanto, ressaltando o apoio à importância da interpretação dos sonhos. Assim, eles deixariam de ser considerados como meio previsões – arte adivinhatória –, para então ser considerado meio de abordagem de tensões psicológicas reprimidas gênese de neuroses. Ficou patente que os sonhos exteriorizavam sintomas oriundos de desejos não atendidos; eles queriam dizer alguma coisa relativa às repressões, portanto datados de significação, e não meras fantasias como se acreditava até então.

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sse nascer da psicanálise incentivou em diversas instituições a criação de laboratórios especializados para o estudo do sono. A partir daí surgiram muitas conclusões bem interessantes relativas ao entendimento do comportamento do cérebro durante o sono em geral e do sonho em

33 particular. Mesmo mediante rigorosas pesquisas o estudo do sonho até hoje não elucidou a origem do sonhar em sua essência, quando muito mostram as localizações cerebrais das atividades neurológicas, apenas mecanismos que se fazem presentes no processo do sonhar.

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om o monitoramento da atividade cerebral durante o sono, é possível se estabelecer uma relação objetiva entre a atividade onírica e o funcionamento do sistema nervoso central. Na medida em que foram surgindo métodos de registro de atividades cerebrais com o EEG – eletroenfalografia – houve grande avanço no sentido da elucidação do que ocorre no cérebro durante o sono em geral e o do sonho em particular.

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sono pode ser medido em estágios. Ao dormir o cérebro passa por 4 fases distintas, sendo a primeira a que ocorre imediatamente depois do adormecer. Em seguida vem a fase de sono leve, que é seguida por duas fases de sono profundo – fase REM. É nessa fase que se pode constatar a ocorrência de sonhos graças à movimentação dos globos oculares. Nessa fase, embora o sono se apresente profundo, ainda assim a atividade cerebral é igual, o mesmo maior do que no estado de vigília.

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o período inicial do estudo do mecanismo do sonho através da EEG acreditou-se se tratar de uma atividade mental diretamente associada á fase REM do sono, cuja correspondência neurofisiológica está ligada à ponte – grupo de neurônios - com localização no tronco cerebral. Hoje se sabe que, embora exista forte relação entre o sonho e a ponte ainda assim o sonho não tem origem somente a partir na citada localização, não são apenas os neurônios da ponte quem determina o sonhar. Chegaram a essa conclusão porque ocorrem sonhos em todas as fases do sono e não apenas na fase REM, embora que seja esta a fase que os sonhos tendem a ser mais detalhados. Observações feitas em animais de laboratório, e bem como em pessoas em que por alguma injúria neurológica houve destruição da ponte quando então deixa de existir a REM ainda assim há ocorrência de sonhos mesmo com menor freqüência, intensidade, e clareza. Apesar da forte correlação ente sonho e a fase REM do sonho, já não é mais possível aceitar que a atividade onírica ocorre exclusivamente durante essa fase.

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raças ao REM se sabe que muitas são as espécies animais com capacidade de sonhar.

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erturbação do REM podem se manifestar como pesadelos, inquietude no dormir e terrores noturno. Vale salientar que o sonho não é algo inerente à fase REM, e hoje já é citada a existência de áreas ligadas ao sonho, situada na parte mais alta do cérebro em áreas que parecem nada ter a ver com o sono REM, mas sim com o sonhar, pois podem ser estimuladas por algumas substancias psicoativas, como a L-Dopa e dopamina que não afetam o sono REM, mas que provocam acentuado aumento da freqüência, intensidade e clareza do sonho.

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o sono REM sempre ocorrem sonhos, mas nem todos os sonhos correspondem à fase REM. Estando em REM a pessoa está sonhando, por certo, mas, muitas vezes, nem sempre quando se está sonhando o sono é de conotação REM. Pode-se afirmar isso porque a eliminação de aras do tronco cerebral responsável pela fase REM não elimina a capacidade de sonhar.

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imos que existem muitos estudos sobre o sonho, mas de forma alguma é explicado o que ocorre no processo em sua base e a natureza daquilo que promove o sonho. A ciência afirma que eles são motivados por repressões, especialmente na área do prazer, mas não há como explicar sonhos que culminam com descobertas científicas e expressões artísticas.

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