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O PONTO FOCAL DA MENTE E OS SONHOS

No documento Os Sonhos (páginas 43-46)

“OS SONHOS, ENQUANTO DURAM, SÃO UMA VERDADE. O VIVER NÃO SERIA APENAS UM SONHAR?”

ALFRED TENNYSON

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á estudamos muitos tipos de sonhos12 basicamente em níveis de imanência, e nesta palestra visamos mostrá-los em nível de posições de mundos detectados pela mente no “É”.

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ste mundo só é real para o nosso intelecto porque a nossa atenção se fixa nele como se fosse real, não dando margem a qualquer dúvida. Dissemos na palestra anterior, que a pessoa só acredita ser este o único e absoluto mundo porque o ponto focal da mente está bem fixado naquilo que percebe, o que torna difícil a aceitação de que ele é apenas um em meio a um conjunto de mundos consecutivos, arrumados pela mente a partir das unidades de consciência.

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uitos são os fatores que prendem o ser a um mundo peculiar fazendo com que ele passa a aceitar como o. Esse mundo verdadeiro, contudo, muda a cada momento; as circunstancias mudam, a seqüência temporal muda, contudo todas essas mudanças não são percebidas pela pessoa como opções simultâneas, e sim como um peculiaridade natural ligada ao fluir do tempo. Mas não existe fluir de tempo, o que existe é a mudança de percepção, é a ordem em que a mente passo a passo vai acessando outros níveis da consciência. Não sabemos o que motiva esse deslocar natural. A mente não está fixada numa mesma área na consciência pois se assim fosse o mundo estaria cristalizado, coisa alguma mudaria, tempo algum transcorreria, nenhuma ação, nenhum dinamismo. O fator causal do dinamismo pertence ao reino do incognoscível.

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mbora desconheçamos o que motiva e quais os mecanismos impulsionadores da marcha do ponto focal diante da consciência, a causa do acessamento constante que compõe o “nosso” tempo. Mas, se sabe que em determinadas circunstâncias, bruscas e profundas modificações de percepção podem ocorrer. Comparando a consciência a um disco e a mente (percepção) a agulha, podemos dizer que existe o deslocamento relativo desta reproduzindo uma música, mas que qualquer impacto no aparelho pode fazer a agulha pular para uma outra faixa que pode ser totalmente distinta. O mesmo acontece coma mente e a consciência, há um deslocamento perene fazendo com que os registros de consciência fluam num progredir suave, este progredir constitui juntamente com o que esta sendo acessado, o nosso mundo, mas certos impactos podem fazê-la se deslocar e assim gerar outros universos.

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ão sabemos o que move normalmente a consciência, o que faz brotar dela um tanto de coisas que até mesmo podem compor universos inteiros, mas que, mesmo diante da vastidão quase infinda deles, ainda assim quase nada significam diante da totalidade dos registros da Consciência.

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elo que se pode entender tudo isto é gerado pela Mente – O Universo é mental – , que vezes comparamos a algo – mente – captando as percepções do “banco de dados” do “É”. Contudo não se trata de um deslocamento, mas sim de um afloramento dos registros da consciência. Analogicamente é como se a Consciência estivesse dentro de uma campânula e que dela saíssem as unidades por um pequeno orifício. Mesmo assim ainda continua a indagação do porque sair determinados dados e não outros, quem ou o que está neste comando determinante.

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Temas 356, 359, 360 e 361.

44 Qual é o querer que está no comando, determinando o critério de escolha. Sabemos que o orifício pode ocorrer em outro ponto da campânula e então ser emitido outros dados que se manifestarão como mente ligada a outras realidades, a um outro mundo.

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eja comparado o processo com uma agulha, feixe laser, ou como orifício, o que se sabe é que isto constitui uma limitação que não permite o acesso à totalidade da consciência, mas persiste a indagação sobre o que limita o orifício, o que determina a posição natural da agulha. Não é fácil se entender o porquê a consciência não se manifesta como um todo, talvez porque isso invalidaria o conceito do existir, nada haveria em ação, seria como que um total inexistir.

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vida é constituída de eventos. Na plenitude da consciência nenhum evento ocorre, tudo simplesmente “É”. Os eventos como que são lançados dele, mas se desconhece que poder comanda o querer para que isto ocorra. Em outras palavras, o que retém a agulha numa determinada faixa.

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á dissemos algumas vezes nestas palestras que a percepção não está retida de forma total, que ocorre um “suave” deslocamento que em certas condições pode se acelerar muito, ou mesmo dar grandes pulos para trás ou para diante. Na linguagem de Dom Juan: O ponto de aglutinação se

desloca suavemente, mas em dadas circunstancias ele pode se deslocar para qualquer outro ponto do “casulo” ocasionando as mais dispares percepções. Disse (Arte do Sonhar): “O nosso mundo, que acreditamos ser único e absoluto, é apenas um em meio a um conjunto de mundos consecutivos, arrumados como as camadas de uma cebola. Apesar de sermos energeticamente condicionados a perceber apenas o nosso mundo, ainda temos a capacidade de entrar nessas outras regiões – que são tão reais, únicas, absolutas e envolventes como o nosso mundo”

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or certo um dos fatores que retém a mente em um posicionamento mais ou menos fixo é a convicção de habitarmos um mundo único e que só é real aquilo que percebemos, sem nos darmos conta de que as percepções são algo extremamente falho e limitativo.

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m outro fator é o medo da perda da auto-identificação, isto faz com que a mente se apegue ferozmente ao ambiente, se apegue a algo que ela deveria sentir como efêmero, como uma sombra ou ilusão da realidade.

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evada pelo princípio do movimento, a mente não para, pois para ela o parar equivale a um não existir. Ela associa o diálogo interno com o existir. O tagarelar sempre diz respeito as coisas circunstantes, ao mundo, e isto prende a pessoa a esse mundo (segura a agulha da vitrola numa determinada faixa), Como o impulso do movimento do existir é muito forte, ele consegue fazer com que não seja vista a totalidade e que não ocorram saltos bruscos. Se a pessoa não estivessem tão prezas ao aqui e ao agora, mesmo que não conseguisse ver a consciência como um todo, ainda assim poderia perceber sucessivos mundos, infinitas realidades.

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uando ocorre um afrouxamento nos elementos retentores da mente num determinado ponto focal ela então pode se deslocar com mais facilidade. Dormindo, a pessoa não tem a sofreguidão de se manter neste mundo, não se gera um intento forte, por isto o deslocamento é mais fácil, e isto faz com que outras percepções, e até mesmo outros mundos, se façam sentir. Isto compõe grande parte dos sonhos.

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os temas citados em rodapé falamos de muitos tipos de sonhos, vezes são meros afloramentos do conteúdo daquilo que chamam impropriamente de subconsciente, mas outras vezes são frutos dos posicionamentos do foco da mente diante da consciência.

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ciência pode detectar se a pessoa está sonhando pelas variações que ocorrem nas ondas cerebrais vistas através de um encefalograma, mas para quem pode ver o ponto de aglutinação isto ainda é mais perfeito porque se torna perceptível o deslocamento do ponto de aglutinação de um local para outro dentro da área correspondente aos posicionamentos do ponto.

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s sonhos de natureza cerebral são fáceis de entender como sendo resultantes de exacerbação das funções cerebrais motivado por tensões emocionais, por preocupações e outros fatores de natureza psicológica. Mas quando se trata do deslocamento do ponto focal, ainda não sabemos dizer o que o ocasiona.

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s vivências bizarras que ocorrem em muitos sonhos se podem evidenciá-las pelo deslocamento do ponto para pontos incomuns, contudo não sabemos o porquê eles se deslocam para determinados pontos, são desconhecidas as causas determinantes. O que sabemos é que são frutos de deslocamentos do ponto focal, mas tais sonhos nada mais se sabe além do próprio deslocamento. Uma simples observação mostra que se tratam de deslocamentos aleatórios, e indiscriminados do ponto focal da mente.

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uando a pessoa dorme ocorre um afrouxamento dos laços mantenedores da mente no mundo habitual, e então a mente passa a se deslocar, e conforme o ponto atingido, surge então a percepção correspondente. Mas o deslocamento que o ser pode determinar em estado de vigília, ou mesmo aquele que é efetivado pela ação de terceiros, pode ser programado. Isto quer dizer que a pessoa pode direcionar os sonhos e como ensina Dom Juan e Castaneda, isso pode ser feito visando determinados fins, ter percepções intencionais.

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que visamos nesta palestra é mostrar que o deslocamento do ponto mental é o responsável pelos sonhos lúcidos. Castaneda, em seus magníficos livros fala disto diversas vezes, especialmente em “A ARTE DO SONHAR”, livro dedicado a essa temática. Ali ele descreve tudo isso de forma muitíssimo mais completo do que estamos fazendo, apenas o nosso objetivo é dizer que é a mente é quem gera os sonhos segundo o posicionamento que ela assume.

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