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MUNDO DOS SONHOS

No documento Os Sonhos (páginas 56-58)

A FÉ GERA O MUNDO, E O MUNDO GERA A FÉ.

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mundo básico, este em que vivenciamos, como vimos em palestra anterior, não pode ser fruto da manifestação limitada de uma pessoa, por ser ele tremendamente amplo e complexo. A mente, em nível de individuo, só poderia criar um mundo muitíssimo mais reduzido, compatível com o seu conhecimento próprio ou, no máximo, com a capacidade de sua imaginação. A mente só crea aquilo que tem registro de memória ou que pode ser imaginado.

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omente se pode criar um mundo com base em elementos conhecidos ou, pelo menos, imagináveis. Como uma mente de um ser humano poderia construir um modelo matriz contendo coisas inimagináveis? Indagamos, ela poderia incluir, por exemplo, aves desconhecidas, ou incluir bactérias, todas as variedades de espécies da fauna e flora, etc., e muitas outras coisas que nem mesmo ramos da ciência especializados atual suspeita?. Se um ser incluísse modelos de dinossauros no seu mundo criado, no mínimo ele deveria ter capacidade de imaginá-los. Em qualquer campo a imaginação é à base da creação. Neste nosso modelo coisas das mais inimagináveis vêm sendo descobertas a cada dia e como tais ou são imaginadas ou já constam na matriz deixada pelo “creador”.

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e não existisse um texto matriz então nenhum texto básico tão amplo poderia ser redigido pela limitação de qualquer indivíduo, como este que transcende qualquer capacidade individual. Ao ser só resta a possibilidade de gerar primariamente mundos altamente limitados, ou apenas oriundos de modificações parciais e limitadas do mundo que ele vivencia.

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ara um melhor entendimento devemos considerar o sonho. Um sonho é uma manifestação de mundo tão real quanto esse que vivenciamos e assim o consideramos. Pode-se ver claramente a limitação que existe nos mundos dos sonhos. Aquilo que temos dito sobre a impossibilidade de este mundo vivenciado ser uma criação básica do ser, pode ser sentido se analisarmos um sonho. Isto pode ser visto quando comparado o mundo habitual com um que se manifeste através de um sonho. Primeiramente devemos ver que o habitual oferece uma tremenda riqueza de detalhes, o que não acontece num mundo de sonho. Neste a mente cria um lugar, um ambiente, no qual ela coloca coisas, que passam a ser tão reais para o sonhador quanto o que ele vivencia em estado de vigília.

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uitos podem duvidar de que um sonho seja a manifestação de um mundo distinto desse de nossa realidade habitual, dizendo ser uma fantasia, uma ilusão da mente, mas é precisa se ter em mente que este mundo habitual também é uma ilusão – Mundo de Maya. Ninguém que desconheça determinadas nuances da mente duvida de que um sonho seja um mundo, que muitos dizem ser imaginário por ser tratar de algo subjetivo, contudo só subjetivo quando analisado a partir do mundo habitual, ou seja quando a pessoa acorda, quando ela “volta” para o se mundo do dia a dia, mas enquanto está sonhando o real é o do sonho.

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mundo habitual é imenso e complexo, enquanto que o mundo de um sonho é muito limitado. Jamais se vê em um sonho algo que não seja conhecido, ou que passível de ser idealizado pela pessoa. No mundo habitual isto não é verdade, a cada momento surgem elementos totalmente

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57 desconhecidos. No mundo de um sonho o desconhecido inexiste, e aquele mundo vivenciado é limitadíssimo. Nele a riqueza de detalhes é mínima, a riqueza de coisas idem; mas as complexidades quase não existem. Qualquer mundo vivenciado em sonho é incomensuravelmente mais simples, mais limitado, do que o mundo que o que é vivido em estado de vigília, mas nem por isto menos real para o sonhador. Por outro lado, um mundo gerado pela mente em um sonho – mundo onírico – é muito limitado, ele não tem amplitude comparável a qualquer mundo gerado em estado de vigília, até mesmo pelo mais erudito e sábio.

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s pessoas têm tremenda dificuldade em admitir que este mundo habitual seja mental e que nele podem ocorrer modificações sucessivas. Só vêem o mundo como um fluir contínuo, dentro daquela condição que é impropriamente chamada de evolução, mas não admitindo que haja saltos. Já foi dito: “A natureza não dá saltos”, mas isto é uma afirmativa muito relativa, pois muitos fenômenos da área psíquica, e mesmo material, mostram que sim, embora que a existência de tais “fenômenos” seja posta em dúvida pela ciência ortodoxa.

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s mundos dos sonhos normalmente são admitidos pelas pessoas como sendo artifícios da mente, contudo a ciência até hoje não disponha de uma hipótese satisfatória que explique satisfatoriamente o que é o sonho.

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uando uma pessoa está sonhando ela não tem como sentir que aquele mundo não é real. Mesmo quando ela tem sonhos lúcidos – sonho que a pessoa sabe que aquilo está sonhando – ainda assim o mundo onírico vivenciado é tão real para ela quanto o de vigília, apenas que ela sabe estar vivenciado um mundo de sonho, mas ao mesmo tempo sabendo que existe um mundo de vigília, mas não tem como evidenciar que aquilo que esteja sendo vivenciado não é uma realidade. Tanto é assim que até funções fisiológicas se alteram, a pessoa pode ter angustia, taquicardia, e inúmeras sensações que se refletem no corpo físico. Há casos em que a pessoa morre vitimada por uma vivência emocional durante o sonho. Se uma vivencia de certo tipo pode prejudicar, pode desequilibrar, ou até mesmo “matar” no mundo habitual, o mesmo pode ocorrer na vivência de um sonho. Vejam o quanto grande é a interpendência existente entre o “mundo real” e o “mundo do sonho”.

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Psicologia não duvida que o sonho seja uma criação mental e que o inimaginável se manifesta como sonhos. Inúmeras vezes sonha-se com coisas aparentemente irreais, com absurdos que contrariam a lógica, e que não existem manifestados no mundo habitual. Isto acontece porque, mesmo não sendo algo manifestado no mundo habitual, mesmo assim, é passível de ser imaginado pela pessoa. Vale salientar que não é preciso que a pessoa se dê conta de que está imaginando, pois o pensamento tem um nível subliminar, um nível impropriamente chamado subconsciência inundado de “recalques”, de anseios, de fantasias, e muito mais que a psicanálise chega a abordar. Até mesmo instrumentalmente isto pode ser constatado. Há atividades mentais em que pessoa está “desligada” da “realidade” constatáveis mediante um eletro encefalograma.

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cérebro sempre está ativo, mobilizando, comparando e associando registros de memória mesmo que a pessoa esteja “desligada”. Uma pessoa em estado de coma o E.E.C. registra atividades cerebrais, mas que queremos salientar é que elas não dizem respeito apenas a comandos orgânicos, também dizem respeito a atividades mentais de nível subjetivo, mas que não chegam ao nível de intelecto. Mesmo que não sejam muito aceitos pela psicologia mesmo assim há depoimentos de pesquisadores que têm analisado uma gama de experiências intituladas de “vivências pré-morte” que indicam atividades psíquicas em condições finais de vida biológica. Pessoas que “recobraram a consciência” em situações extremas se recordam do ambiente e até mesmo do que sentiram do mundo habitual naqueles instantes, como por exemplo atividades desenvolvidas para salva-la e, mais ainda, o que pensaram de tudo aquilo. Se verdade, isto mostra que certas atividades da mente não se processam apenas no estado de vigília. Assim muitas ideações independem do pensamento ativo, por isso não é necessariamente preciso algo se fazer presente na “tela” do intelecto para gerar um mundo; pensamentos e anseios subliminares podem indubitavelmente fazer isso.

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ma pessoa que esteja sonhando e se dando conta daquilo se tratar de um sonho pode evidenciar o quanto aquele mundo é limitado se comparado com o mundo habitual. Isto acontece porque no sonho ele vivencia um modelo mental próprio e não uma simples modificação operada na matriz. Assim no mundo creado – mundo onírico - todas as limitações impostas por sua capacidade de agir ou de imaginar, se fazem presentes, enquanto que no mundo “real” ele está dentro de um mundo que não é o seu próprio, ele está dentro do mundo cuja matriz não é propriamente gerada por ele, um mundo que chamam de Mundo de Deus. Ele não precisa compor um mundo integral, um texto existencial completamente novo, mas apenas promover pequenas modificações, manipular o básico com alguns acréscimos ou eliminações.

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sse mundo é uma ilusão – Mundo de Maya – que as religiões com base nos Vedas dizem não ser mais que um “Sonho de Brahman”. Sendo assim todos os seres que nele vivem, na verdade o fazem em um mundo de ilusão, em um mundo de sonho. Então quando se adormece e se sonha, na verdade se está vivenciando de um sonho dentro de outro sonho. Vivenciando outra ilusão a partir de outra ilusão. Um sonho do dia a dia é portanto um sonho dentro de outro sonho, um mundo de ilusão dentro de outro mundo de ilusão.

Quando uma pessoa está sonhando ela está em um mundo dentro de outro mundo, em um

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