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Histórico da Oficina de Informática do CREATI de Passo Fundo

No documento 2009CristianeCarla (páginas 80-84)

3. METODOLOGIA

4.1 Histórico da Oficina de Informática do CREATI de Passo Fundo

Anteriormente, foi desenvolvido um tópico sobre o CREATI, sua origem, seus mentores, seus objetivos, entre outros. Neste momento do estudo, pensou-se em abordar dados relativos à Oficina de informática. A Oficina de Informática desenvolvida no CREATI, na cidade de Passo Fundo, propicia aos idosos a oportunidade de manipularem o computador

e a internet, enquanto é desenvolvido o processo de ensino e aprendizagem da informática básica, visando a desenvolver o processo de comunicação através das tecnologias.

A oficina, que procura atender principalmente pessoas com idade acima de 60 anos, iniciou suas atividades no primeiro semestre de 2001, período em que esta pesquisadora, juntamente com Lúcia Salinet Pasquato, era aluna do curso de Ciência da Computação, na UPF de Passo Fundo. Essa vinculação surgiu através de um convite realizado pelos professores do curso, que procuravam pessoas interessadas em trabalhar como estagiárias na Oficina de Informática do CREATI. Ao aceitar o convite, ambas assumiram a responsabilidade de estruturar, organizar e desenvolver a oficina.

Inicialmente, esta era desenvolvida através de uma única turma e atendia a apenas 20 idosos. As aulas ocorriam, semanalmente, à tarde, numa das salas do LCI, o qual estava localizado junto ao prédio da Faculdade de Economia, Administração e Contábeis. Naquela época, a oficina era desenvolvida somente pelo período de um semestre. Sendo assim, estipulou-se que, no final desse período, os alunos participantes seriam desvinculados da oficina e deixariam as 20 vagas por eles ocupadas para outros idosos que desejassem aprender a utilizar o computador.

Entretanto, a grande aceitação da oficina por parte dos idosos fez como que estes buscassem, junto à coordenação do CREATI, à divisão de extensão e à reitoria, a constituição de uma nova turma, através da apresentação de um abaixo-assinado oficializando tal solicitação. Suas reivindicações eram no sentido de que eles continuassem estudando enquanto outros ingressariam na oficina. Desse modo, os idosos conseguiram a autorização para a criação de uma segunda turma, da qual fizeram parte no semestre seguinte.

No final do segundo semestre de 2001, os idosos repetiram o procedimento, conseguindo a autorização para a criação de uma terceira turma, argumentando a necessidade de continuidade nos estudos. Então, no primeiro semestre de 2002, a oficina foi desenvolvida abrangendo três turmas, tendo cada uma delas vagas para 20 idosos, totalizando o atendimento de 60 pessoas.

Na metade do ano de 2002, o processo de reivindicação por outra turma se repetiu, e resultando na criação da quarta turma da Oficina de Informática. E, então, desde o segundo semestre de 2002, existem 4 turmas com período semestral da Oficina de Informática, as quais foram denominadas Nível 1, Nível 2, Nível 3 e Nível 4.

No primeiro semestre de 2001, foram atendidos 20 idosos matriculados. Esse número aumentou para 40 no segundo semestre e para 60 no primeiro semestre do ano seguinte, sendo que no segundo semestre de 2002, eram atendidos aproximadamente 80 idosos. Ou seja, em

apenas um ano, o número de idosos atendidos pela oficina quadriplicou. Considera-se que a divulgação feita pelos idosos e a percepção da importância social das tecnologias foram os principais motivos desse crescimento.

Constatou-se, ainda, que, no ano de 2003, houve um aumento na procura pelas vagas da oficina, de modo que as 20 vagas disponibilizadas no início de cada semestre já não eram mais suficientes para atender à demanda. Havia uma grande lista de espera pelas vagas da oficina. Pensou-se, então, em aumentar o número de vagas por turma. Assim, no ano de 2004, o número de vagas por turma passou de 20 para 25. Logo, a partir desse ano, foram oferecidas, no total, 100 vagas para a participação na Oficina de Informática.

Como se percebe, ao longo desses 3 anos, muitas mudanças internas ocorreram, pois, inicialmente, as duas primeiras turmas de 2001 eram formadas apenas por pessoas idosas, aquelas com 60 anos de idade ou mais. Porém, em 2003, o CREATI vinculou-se ao Programa UNI-3, mudando o entendimento sobre o público-alvo do centro. A participação do CREATI nesse movimento incentivou a promoção da interação geracional e promoveu a participação de pessoas de diferentes faixas etárias num mesmo ambiente social. Sendo assim, nesse período, foi possível aceitar a participação de pessoas de outras faixas etárias também na referida oficina.

Em virtude dessa nova concepção, foi possível aceitar que avó e neta estudassem informática juntas numa mesma turma pelos quatro semestres oferecidos. O entrosamento entre elas era evidente e o aprendizado fluía facilmente, pois, geralmente, a neta se dispunha a auxiliar a avó. Porém, percebeu-se que a agilidade da adolescente fazia com que ela se antecipasse em alguns procedimentos em relação ao conteúdo estipulado. Verificou-se, então, que o ritmo de aprendizado, principalmente por causa da capacidade de assimilação, era muito diferente. Nessa perspectiva, é importante esclarecer que, de modo geral, o idoso precisa de muitas repetições para aprender sobre um dado procedimento ou conteúdo, já o adolescente aprende na primeira explanação, o que faz com que o mais jovem fique inquieto a ponto de perturbar as aulas. Com base nessa experiência, observou-se que a interação entre as gerações é muito importante para os sujeitos envolvidos, contudo o aprendizado do idoso tem um ritmo diferenciado, de forma que ele precisa de uma metodologia específica.

Idosos comentaram ter muita dificuldade em aprender durante a realização de cursos básicos oferecidos nas escolas de informática, pois, segundo eles, o período de aprendizagem é muito curto, geralmente corresponde a no máximo 3 meses. Nesses cursos, a pessoa é levada a assimilar vários conteúdos num pequeno período de tempo; logo, as aulas ocorrem visando à agilidade de transmissão de conteúdos, sendo inviável a repetição de procedimentos

e a retomada de explicações, que tomam muito tempo. A heterogeneidade etária é outro fator YLYHQFLDGR HP PHLR jV DXODV GHVVHV FXUVRV H PHQFLRQDGR SHORV LGRVRV 6HJXQGR HOHV ³D gurizada mais nova pega mais fácil o conteúdo, com isso o professor passa batido no FRQWH~GRHQmRGiWHPSRGDJHQWHDSUHQGHU´ -/&6DQRV .

Empiricamente, pode-se dizer que o idoso necessita ouvir e trabalhar com os conteúdos de forma a repeti-los várias vezes de diferentes formas, praticando-os frequentemente para assim poder memorizá-los. Somente a partir da repetição de procedimentos o idoso entende o que fez e como o fez, de modo a desenvolver um nível considerável da autonomia para poder, depois, trabalhar com aquele aprendizado sozinho, sem um professor, monitor ou auxiliar.

Percebeu-se que as tarefas, os exercícios devem ter, de preferência, uma linha de comando muito clara e direcionada aos procedimentos que devem ser realizados, de modo a apontar para a sequência lógica de comandos a serem realizados para a execução da atividade. Pensa-se que, desse modo, o idoso pode produzir uma sequência de raciocínio a ponto de utilizá-lo, depois, com autonomia.

Ainda em se tratando de metodologia, entende-se que o aprendizado motivado pelo questionamento também é válido, uma vez que, através das questões, os sujeitos são levados a fazer conexões entre os conhecimentos já assimilados, o que está sendo solicitado e as opções oferecidas pelos programas. Porém, isso somente pode ocorrer diante da percepção da assimilação prévia dos conteúdos pelo idoso, senão a frustração pode, até mesmo, bloquear o processo de aprendizagem. A técnica do questionamento é utilizada com os idosos das turmas Nível 3 e Nível 4, por se entender que eles já tem um embasamento considerável em conhecimentos informáticos.

A esse respeito, concorda-se com Lindôso, quando este menciona que o uso do computador demanda habilidades motoras, cognitivas, processuais, comunicacionais e de interação VRFLDO6HJXQGRHOH³DLQWHUQHWGHPDQGDXPFRQMXQWRGHKDELOLGDGHVFRJQLWLYDVH motoras para executar tarefas, além de trazer um retorno social satisfatório para o idoso que pode comunicar-se e buscar informações por meio da navegação na Web e encaminhar e- PDLOV´ S 65).

Acredita-se que a desvinculação do idoso do trabalho e, consequentemente, das tecnologias que geralmente são aplicadas nesse processo, em função da aposentadoria, dificultam o processo de assimilação do conteúdo informático. Considera-se tais elementos como principais para justificar o fato de o idoso precisar de mais tempo para assimilar o significado, a finalidade e a lógica de utilização e de manipulação das tecnologias,

principalmente do computador e da internet. Pensa-se que o idoso precisa, primeiramente, HQWHQGHUD³OLQJXDJHPLQIRUPiWLFD´SDUDHQWmRFRPSUHHQGHUFRPRDVWHFQRORJLDVIXQFLRQDPH podem ser utilizadas.

Em 2001, os depoimentos coletados junto aos alunos das primeiras turmas da oficina indicavam que alguns idosos começaram a participar das aulas, direta e indiretamente, forçados pelos filhos, parentes ou amigos. Porém, com o passar do tempo, acabavam assimilando e entendendo a função da tecnologia, do computador e da internet, passando a gostar de participar.

Constatou-se que o gosto pela participação na oficina ocorre no momento em que eles percebem que podem interagir, comunicar-se com outras pessoas através do computador e da internet. Porém percebeu-se a importância da assimilação prévia de alguns conhecimentos tidos como fundamentais e elementares para o embasamento do conhecimento necessário para a utilização de ambientes que possibilitam a comunicação através dessas tecnologias.

No documento 2009CristianeCarla (páginas 80-84)