• Nenhum resultado encontrado

O computador e o desenvolvimento cognitivo do idoso

No documento 2009CristianeCarla (páginas 99-101)

3. METODOLOGIA

4.6 O computador e o desenvolvimento cognitivo do idoso

Pesquisadores indicam que o computador pode ser utilizado para estimular e desenvolver a cognição dos idosos através de jogos, da manipulação de programas, como navegadores da internet, entre outras atividades.

Entende-se que a manutenção da cognição é um dos principais elementos para a melhoria da qualidade de vida em uma vida longeva, e que essa somente ocorre através dos processos de interação social que têm por princípio a comunicação. Este é um dos pilares dos estudos do sociointeracionista Vygotsky (1998), que se dedicou à questão da interação, da comunicação e da linguagem, enfatizando que a mente deve ser constantemente estimulada para que o desenvolvimento cognitivo não estagne, ou mesmo, regrida. É bem provável que S. K. E., de 67 anos, sequer tinha ideia das concepções de Vygotsky, quando comeQWRX³+RMH em dia a informática faz parte da vida, se a gente não adere estaciona ou regride´ Percebe-se que o idoso intui que o uso da informática, enquanto sistema de desenvolvimento complexo, é imprescindível para a o seu desenvolvimento como um todo.

A noção de continuidade de desenvolvimento, que pode ser relacionada com o processo de educação permanente, estabelecida através das ideias de Vygotsky, são reforçadas pela complementação de Santos e Portella:

A visão de inconclusão do ser humano também é imprescindível, pois, se continuarmos rotulando o idoso como alguém que tem pouco ou nada a fazer, que não precisa mais construir algo e, sim, ter paciência diante da iminência da finitude próxima, com certeza não mudaremos a situação de descaso em que se encontram os mais velhos (2005, p. 39).

Percebe-se que a noção de que os processos de interação social e de comunicação desenvolvidos através da educação permanente sobre o uso das tecnologias visando à autonomia dos sujeitos pode e deve ser aplicado com relação ao sujeito idoso. De igual modo, constata-se que a relação de elementos como a capacidade tecnológica direcionada para o desenvolvimento socioafetivo e cognitivo promove a autoestima e favorece a melhoria da qualidade de vida do idoso.

Cabe trazer aqui o comentário de uma idosa que revela estar realizada por conseguir WUDEDOKDU QR FRPSXWDGRU GH IRUPD DXW{QRPD ³9RFr QmR VDEH FRPR HX HVWRX IHOL] HP DSUHQGHUDPH[HUQRFRPSXWDGRU´ ,0DQRV (ODDUJXPHQWRXTXHDQWHVGHDSUHQGHUD utilizar o computador, precisava recorrer aos filhos ou ao marido, sendo que estes raramente estavam à sua disposição no momento em que ela necessitava de ajuda.

Outro aspecto que deve ser considerado é a utilização do computador pelos idosos para preencher o vazio social ou mesmo ocupar o tempo, ou seja, o computador é entendido pelos idosos como uma ferramenta ou recurso terapêutico e ocupacional. Lindôso dispõe que:

2 WHUPR µUHFXUVR WHUDSrXWLFR¶ p XWLOL]DGR HP 7HUDSLD 2FXSDFLRQDO SDUD GHVLJQDU dispositivos que são utilizados com fins de adquirir, ampliar ou manter a autonomia e a independência do indivíduo em suas atividades cotidianas. [...] Nas oficinas de ID para idosos, o computador transforma-se num recurso rico na manutenção e estímulo de habilidades que mantenham o indivíduo idoso ativo, dentro de suas capacidades e limitações. Aliás, esses últimos devem ser considerados quando se organizam oficinas de ID voltadas para essa clientela (2008, p. 62-63).

O computador pode ser considerado um recurso terapêutico com inúmeros softwares de entretenimento que podem ser instalados ou acessados através da internet. Frequentemente ouve-VH³4XDQGRHXQmRWHQKRRTXHID]HUHQmRWHQKRFRPTXHPFRQYHUVDUQR061ILFR MRJDQGRFDUWDQRFRPSXWDGRU´ /5DQRV 2X seja, o computador que ora foi utilizado para conversação, também pode ser utilizado para jogos. Percebe-se que esse idoso prefere ficar jogando no computador a realizar outra atividade. Esse relato permite a constatação de

que o computador é visto pelo idoso como uma ferramenta utilizada principalmente para a comunicação e posteriormente para o entretenimento, ou seja, a utilização do computador como recurso terapêutico está em segundo plano.

Porém, verifica-se que as classes excluídas convivem com obstáculos quanto ao acesso e à apropriação de infraestrutura básica, espaços e oportunidades de atuação social, além de deterem poucos conhecimentos tecnológicos, que poderiam favorecer a inclusão social dos sujeitos envolvidos, como mencionam os autores a respeito da exclusão digital do idoso:

[...] a população idosa frente a uma sociedade cada vez mais tecnológica é duplamente excluída: de acesse e de apropriação. Às vezes a causa da exclusão é a dificuldade de manusear a tecnologia e de ter possibilidades e oportunidades de acesso. [...] Porém, existe outra variável de exclusão pouco considerada e muitas vezes ignorada no desenvolvimento de novas tecnologias: a funcionalidade da tecnologia que provoca uma exclusão decorrente de variáveis sócio-cognitivas. Cada indivíduo, diante das novas tecnologias, possui necessidades específicas, expectativas próprias, realidades diferenciadas, habilidades e conhecimentos já adquiridos, sendo, portanto, necessário trabalhar a inclusão tecnológica de forma continuada, diferenciando e atendendo a individualidade e as especificidades dos sujeitos quanto as suas facilidades e/ou dificuldades para a apropriação das novas IRUPDVSDUDR³ID]HU´SRUPHLRGDV7HFQRORJLDVGD,QIRUPDomR 3$66(5,12%(= PASQUALOTTI, 2006, p. 2).

Entende-se que a metodologia de ensino adotada propicia essa atenção às necessidades do idoso que são ao mesmo tempo individuais e coletivas, principalmente diante da flexibilidade de conteúdos abordados durante o quarto semestre da oficina.

Na busca por elementos acerca do uso do computador e da internet, verificou-se que o idoso geralmente traz como objetivo principal o uso do computador e da internet para o desenvolvimento do processo de socialização e de inclusão social. Porém, em função da complexidade dos processos de análise e de interpretação desses elementos, este tema será abordado no próximo capítulo.

No documento 2009CristianeCarla (páginas 99-101)