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3   RESULTADOS: PERCEPÇÕES SOBRE O CONTEXTO ACADÊMICO E ESTRATÉGIAS DE

3.1   C ONTEXTO ACADÊMICO 49

3.1.5   I NTERAÇÃO AFETIVA E ACADÊMICA COM COLEGAS 64

O relacionamento que se estabelece entre os colegas na sala de aula presencial é também fator que impacta o desempenho dos estudantes. Para efeitos desse trabalho, buscou-se conhecer como ocorre essa interação nas dimensões relativas à afetividade e ao processo acadêmico, analisando-as sob a perspectiva das práticas e atitudes discentes no ambiente virtual de aprendizagem.

Declaram gostar da maioria dos amigos que têm no ambiente virtual de aprendizagem 57,5% dos alunos (38,8% concordam e 18,7% concordam plenamente); 47,6% afirmam confiar nos amigos do AVA (38,3% concordam e 9,3% concordam plenamente); e 48,1%

acreditam poder contar com esses amigos (36,4% concordam e 11,7% concordam plenamente). Apesar de favoráveis, esses percentuais indicam que um quantitativo igualmente próximo de respondentes não concorda com essas premissas, como se observa no percentual de discordância quanto a gostar dos amigos (42,5% de respostas negativas, sendo discordo, 3,7% e discordo plenamente, 38,8%; quanto a confiar nos amigos (52,4% de respostas contrárias, sendo discordo, 5,2% e discordo plenamente, 47,2%); e quanto a contar com os amigos (51,9% de não concordância, sendo discordo, 4,2% e discordo plenamente, 47,7%, de acordo com a Tabela 19.

Essas manifestações nos levam a considerar que, para aproximadamente a metade dos participantes, o contato presencial pode se constituir condição necessária ao estabelecimento de relações de empatia e confiança e aspecto sine qua non para o desenvolvimento da afetividade. Assim, com relação à confiança mútua, aspecto que, em geral, se constrói ao longo do tempo ou da vivência de determinadas experiências, podemos inferir que as respostas positivas da ordem de 48,1% podem significar a existência de relacionamentos consolidados antes da realização do curso, como no caso de colegas que trabalham juntos em determinada instituição há alguns anos e não exatamente a relações construídas durante o curso. Podemos ainda considerar que a utilização do vocábulo amigo nas três perguntas, e não do termo colega, pode ter induzido os respondentes a terem em mente relações de amizades mais duradouras e profundas do que, em geral, as que se estabelecem em cursos de curta duração (4 a 5 semanas) como os aqui tratados, podendo esse fato ter influenciado negativamente suas respostas.

Tabela 19: Interação afetiva com colegas

Gosto da maioria dos amigos

que tenho no AVA Confio nos amigos do AVA Sei que posso contar com meus amigos do AVA

M 2,43 DP 1,34 M 2,61 DP 1,40 M 2,63 DP 1,39

Freq % Freq % Freq %

Concordo plenamente 40 18,7 20 9,3 25 11,7 Concordo 83 38,8 82 38,3 78 36,4 Não sei 0 0 0 0 0 0 Discordo 8 3,7 11 5,2 9 4,2 Discordo plenamente 83 38,8 101 47,2 102 47,7 Total 214 100,0 214 100,0 214 100,0

No âmbito dessa pesquisa, julgou-se também importante conhecer a opinião dos entrevistados quanto ao clima de amizade e de apoio mútuo que pode ou não se estabelecer entre os alunos, uma vez que se tratam de fatores do contexto acadêmico que influenciam a aprendizagem. Em relação aos aspectos atitudinais que fortalecem dinâmicas de cooperação, 48,6% dos alunos entendem que contribuem para formar um clima de amizade na turma (sempre, 17,8% ou frequentemente, 30,8%) e 78% deles reconhecem que se apóiam mutuamente e que tentam se ajudar (sempre, 3,7% ou frequentemente, 26,2%). Sentem-se confortáveis em trabalhar com os colegas 62,1% dos entrevistados (sempre, 19,6% ou frequentemente, 42,5 %). E, em grande medida, há entendimento por 85,5% deles de que o debate entre os pares ajuda na compreensão da disciplina (sempre, 15,9% ou frequentemente, 36,4%). Essas informações constam da Tabela 20.

Esses dados apontam para o protagonismo dos alunos na construção e manutenção de um ambiente de aprendizagem saudável, mesmo em um curso que não pressupõe que os participantes se encontrem fisicamente. Pode-se entender desses posicionamentos que os entrevistados reconhecem a qualidade das interações como diferencial que viabiliza o trabalho colaborativo e procuram preservá-la, de modo a utilizarem, por exemplo, a discussão entre pares como estratégia de aprendizagem e de autoregulação de progressos.

É importante notar que as respostas desfavoráveis para as questões relativas a gostar, confiar e poder contar com os amigos do ambiente virtual, tratadas há pouco, não impactaram negativamente o clima de amizade entre os colegas durante a realização do curso. Considerando novamente o perfil dos alunos já apresentado no início desse capítulo (Tabela 3), podemos considerar que esse resultado pode estar relacionado à maturidade e ao auto- direcionamento do aluno adulto que tem capacidade para lidar positivamente com diferentes contextos acadêmicos.

Tabela 20: Clima de amizade e solidariedade entre colegas Ajuda a formar um clima de amizade com colegas Alunos se apóiam e tentam se ajudar, quando necessário Sente-se confortável em trabalhar com outros

alunos nos cursos

Discussão de conteúdos com outros alunos ajuda a desenvolver

a compreensão

M 3,14 DP 1,20 M 2,71 DP 0,93 Freq % M 3,09 DP 1,07

Freq % Freq % M 3,16 DP 1,11 Freq %

Sempre 38 17,8 8 3,7 42 19,6% 34 15,9 Frequentemente 66 30,8 56 26,2 91 42,5% 78 36,4 Às vezes 54 25,2 103 48,1 56 26,2% 71 33,2 Raramente 40 18,7 40 18,7 19 8,9% 28 13,1 Nunca 16 7,5 7 3,3 6 2,8% 3 1,4 Total 214 100,0 214 100,0 214 100,0 214 100,0

Ao cotejarmos as respostas quanto a julgarem interessante a maior parte do que aprendem nos cursos a distância com a faixa etária dos respondentes, emergiu do cruzamento de dados que, dos alunos que declararam ter sempre interesse pelo que aprendem nos cursos a distância (N=62), 43,5% têm idade entre 31 e 40 anos e 29%, entre 41 a 50 anos. Dos que partilham dessa opinião frequentemente (N=128), 42,2% têm de 31 a 40 anos e 31,3%, de 20 a 30 anos (Tabela 21).

Essa constatação parece indicar que os alunos da faixa etária entre 31 e 40 anos vivenciam momento profissional em que a expertise é necessária para a consolidação de suas carreiras e, por isso, vêem nos cursos a distância oportunidade diferenciada para o estudo individual deliberado. Uma vez que os conteúdos são diretamente ligados à melhoria de suas performances na execução de uma determinada atividade e que a adesão aos cursos é voluntária e gratuita, compreende-se que esse público parece ter razões substanciais que sustentam seu interesse pelos conteúdos em bases permanentes.

Tabela 21: Interesse por cursos a distância e faixa etária

Faixa etária

20 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos mais de 50 anos Total

Freq % Freq % Freq % Freq % Freq %

Acho interessante a maior parte do que aprendo nos cursos a distância. Sempre 16 25,8 27 43,5 18 29,0 1 1,6 62 100,0 Frequentemente 40 31,3 54 42,2 27 21,1 7 5,5 128 100,0 Às vezes 12 52,2 6 26,1 5 21,6 0 ,0 23 100,0 Raramente 0 ,0 1 100,0 0 ,0 0 ,0 1 100,0 Nunca 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 0,0 Total 68 31,78 88 41,12 50 23,36 8 3,74 214 100,0

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