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Parte 2 – Elaboração dos capítulos fins da tese.

5 A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E A IMAGEM FOTOGRÁFICA COMO REGISTRO DE INFORMAÇÃO

6.2 IMAGEM EM GERAL

6.2.6 IDADE CONTEMPORÂNEA

A revolução industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se para outros países no início do século XIX trazendo consigo grandes

modificações, não só tecnológicas, mas também de caráter comportamental e social. Nesse momento, a jornada de trabalho foi diminuída permitindo aos trabalhadores dedicarem mais tempo ao lazer, incluindo a leitura.

A vida social era cada vez mais determinada por uma classe média em expansão formada, sobretudo, pelos habitantes letrados das cidades, com massas de iletrados que abandonavam as terras colocando em risco a estabilidade social.

Nesse momento, ler tornou-se muito mais fácil. Não só os livros estavam mais baratos e abundantes que em qualquer outro período, mas também houve progressos extraordinários no sistema de iluminação (FISCHER, 2006, p. 249).

As revistas, que já existiam desde meados do século XVII, passaram a ser lidas por um público maior e começaram a contar com um abundante número de ilustrações (Figura 31).

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Figura 31 – Revista The Penny Magazin

Ainda de acordo com Fischer (2006, p. 261)

a produção de periódicos ilustrados baratos (as primeiras revistas) tornou-se possível graças ao uso da gravação em madeira, técnica que permitiu aos impressores inserir texto e ilustração na mesma página.

Na Inglaterra, a ilustrada Penny Magazine foi lançada em 1830, copiada três anos depois pela Pfennig Magazin, na Alemanha, a qual chegou a atingir tiragem de centenas de milhares de exemplares.

As “ilustradas” cativaram públicos leitores em toda parte. Era raro encontrar uma família de classe média que não tivesse pelo menos uma cópia da The Illustrated London News (em circulação a partir de 1842), na Inglaterra, a L‟Illustration (1843), na França, ou a Illustriete Zeitung (l843), na Alemanha.

Chartier e Cavallo (1998, p. 170) comentam sobre o uso de imagens em revistas que:

[...] receitas e conselhos sobre etiquetas eram incluídos nas revistas femininas com notícias de moda. Revistas traziam gravuras e descrição de roupas femininas e masculinas.

[...] la Mode Illustrèe tinha tiragem de 58.000 exemplares com páginas de moda suntuosamente ilustradas.

[...] no correr do segundo império floresceram na França as revistas semanais ilustradas. Uma figura podia ocupar até duas páginas.

[...] outras revistas não desprezavam o potencial de atração de grandes ilustrações melodramáticas.

As imagens passaram a ter um peso significativo também como ilustrações de romances, sendo parte integrante das narrativas e das estórias contadas. Também nas cartilhas usadas para a educação infantil desempenharam um papel fundamental de apoio ao aprendizado.

A técnica pedagógica das cartilhas ilustradas era normalmente linear. Em outras palavras a criança começava com a letra A e, seguindo a ordem alfabética, passava por uma série de exemplos até a letra Z. As belas ilustrações podiam ser usadas para recapitular cada lição e testar o aluno sobre o que tinha aprendido. As imagens, em outras palavras, tinham papel importante no processo de memorização. Por vezes a imagem acompanhava um texto, mas permanecia separada dele. Em outras ocasiões, foram adotadas técnicas visuais mais inventivas: texto sobreposto à ilustração ou, as palavras eram transformadas em imagens. (CHARTIER; CAVALLO, 1998, p.183)

Nesse período, as imagens religiosas iniciaram seu declínio dando lugar quase que exclusivamente às imagens “profanas” – cenas do dia-a-dia, acontecimentos, eróticas, produtos, natureza, paisagens, mitologias, coisas sobrenaturais, cenas de batalhas etc. A pintura se renovou com o aparecimento do Impressionismo (Figura 32) e com o surgimento da imagem fotográfica35.

A fotografia nos primeiros tempos foi usada principalmente para retratos. As exposições eram muito demoradas e as pessoas que se sentavam para serem fotografadas deviam ter certos apoios a fim de permanecerem quietas por tanto tempo. O surgimento da máquina portátil e do instantâneo ocorreu durante os mesmos anos que presenciaram a ascensão da pintura impressionista. A máquina fotográfica ajudou a descobrir o encanto das cenas fortuitas e do ângulo inesperado. Além disso, o desenvolvimento da fotografia iria impelir ainda mais os artistas em seu caminho de exploração e experimentos. Não havia necessidade de a pintura executar a tarefa que um dispositivo mecânico podia realizar melhor e mais barato.

[...] A fotografia estava prestes a assumir funções até então exercidas pelos pintores. Isso foi um golpe na posição dos artistas, tão sério quanto a abolição das imagens pelo protestantismo (GOMBRICH, 1999, p. 524). (grifo nosso)

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Nas últimas décadas do século XIX ganharam destaque também as imagens ilustrativas de cartazes (Figuras 33 e 34) que funcionaram como peças de publicidade, divulgando grandes eventos e acontecimentos de caráter social, político, cultural, artístico etc. Grandes artistas destacaram-se nessa arte, entre os quais Jules Chéret, Alphonse Mucha, J. H. Bufford, Louis Prang e Toulousse-Lautrec.

Foto Google Foto Google

Figura 33 – Toulouse-Lautrec Figura 34 – Alphonse Mucha

A imagem no século XX ganhou destaque como elemento informativo e de doutrinação ideológica, principalmente pelo seu uso em revistas, jornais, cartazes, peças publicitárias, televisão, computadores e, até, telefonia celular. A pintura e a escultura, antes usadas também como forma de transmissão de conhecimento, adquiriram um caráter mais artístico, embora, em muitos casos, ainda tenham sido utilizadas como expressão de cultura e registro de acontecimentos. As revistas e os jornais mudaram, após a Segunda Grande Guerra, a estrutura de apresentação de suas notícias. A informação textual dos acontecimentos, que antes chegava a determinados requintes de

detalhamento, passou a ser mais genérica com o uso da imagem – especialmente a fotográfica – para enriquecer e explicar certos detalhes.

As tecnologias surgidas nas três últimas décadas do século XX possibilitaram a comunicação “instantânea” de informações que uniram num só “elemento de mídia” – computador, celular, pager, televisão digital etc. – textos, sons e imagens (Figura 35).

Fotos Google

Figura 35 – Mídias modernas

O século XX foi marcado pelo desenvolvimento de tecnologias e idéias que levaram à maior compreensão da imagem e de sua importância não só como meio de comunicação, mas como auxiliar significativo para as tarefas de pesquisa e ensino.

A imagem deixou de ser apenas arte e transformou-se em informação e conhecimento. Expandiu-se por meio de jornais, revistas científicas e de entretenimento, televisão e fotografia.

As novas tecnologias computacionais desenvolveram maiores possibilidades de produção e uso de imagens, permitindo uma hipermidiação com outros modos de comunicação. (RODRIGUES, 2007, p. 69)

No século XXI, “o universalismo da linguagem visual aparece como uma possibilidade de se alcançar um maior número de pessoas, rompendo-se as fronteiras do nacionalismo: fotos, filmes e programas de TV unem audiências do mundo todo sob as mesmas mensagens” (COSTA, 2005, p. 36). A comunicação extensiva (MIRANDA; SIMEÃO, 2003), através da computação, que faz uso do hipertexto, acelerou a hipermidiação principiada em fins do século XX e aumentou maciçamente o uso de imagens.

Os próximos anos prometem novas tecnologias, e a imagem terá, com certeza, um papel cada vez mais significativo na transmissão do conhecimento. O imagético

perpassou toda a história da humanidade, das cavernas imensas da pré-história às pequenas “cavernas” cibernéticas de nossas mídias modernas.