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6 PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA DIAGNÓSTICO

6.5 Identificação de elementos vulneráveis da rede

Após análise dos dados disponibilizados, numa perspectiva que permita identificar as potenciais áreas de intervenção, procede-se de seguida a uma análise mais abrangente.

Posteriormente à identificação de locais potencialmente críticos para a intrusão de águas parasitas, sob o ponto de vista geográfico e topográfico, é necessário os identificar os locais da rede de drenagem cuja estanquidade esteja comprometida, com potencial para determinar a ocorrência de de infiltrações, com base em estudos realizados noutros locais.

Assim, destaca-se a avaliação dos seguintes elementos:  Caixas de visita;

 Juntas de ligação de colectores;  Ramais domiciliários;

 Descarregadores de tempestade.

A experiência demonstra que estes elementos, pela sua natureza, função e localização na rede, se inserem no grupo dos mais propícios para potenciar a afluência de caudais de infiltração à rede de drenagem.

6.5.1 Caixas de visita

As caixas de visita são os elementos da rede de drenagem mais desestabilizadores em termos de infiltração, função do seu processo construtivo, que contempla a existência de juntas entre os elementos de betão pré-fabricado. É ainda importante considerar que a fragilidade destes elementos se deve, de igual modo, à união entre materiais diferentes, nomeadamente na junção entre o tubo e a caixa de visita, criando zonas vulneráveis e sensíveis a infiltrações.

As caixas de visita possuem várias geometrias. Habitualmente, as caixas de visita de formatos assimétricos encarecem a solução, devido à necessidade de armadura de torção, o que não acontece nas caixas de visita duplamente simétricas, utilizadas no sistema de Sesimbra (ver Figura 6.5). As caixas assimétricas tornam, no entanto, a sua manutenção mais facilitada, devido à parede inclinada, que confere maior segurança à visita do operador.

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Figura 6.5 – Esquema de geometria de uma caixa de visita rectangular (adaptado de SECIL Pré Betão) A presença de armaduras nas caixas de visita aumenta a sua resistência mecânica, tornando este tipo de caixa de visita o mais usual, principalmente quando se trata de ruas movimentadas, como é o caso das caixas de visita existentes em Sesimbra.

Aquando da ocorrência de cheias, o transbordar de água através das caixas de visita não se deve, normalmente, ao formato geométrico das mesmas, mas é resultante da tampa utilizada. Usualmente, é colocada uma película aderente em torno da tampa, aumentando o seu contacto com a restante estrutura e permitindo uma maior solidarização e, consequentemente, maior estanquidade. Apesar disso, é recomendada a realização de vistorias periódicas, de forma a monitorizar o eventual desgaste.

A utilização de películas aderentes de forma a dar estanquidade a caixa de visita, apesar de usual, não é a forma mais correcta de abordar o problema. Se não estiver garantida 100% da estanquidade, é recomendada a colocação de bóias de emergência no caso da altura de água ultrapassar um determinado nível pré-definido, de modo a evitar a transladação para o exterior da água infiltrada.

6.5.2 Juntas de ligação

As juntas de ligação constituem outro ponto no qual a ocorrência de afluências indevidas pode ser mais crítica. A sua correspondente minimização passa, sobretudo, sobretudo pela fase de projecto. Em fase de exploração, a entidade gestora deve ser responsável por monitorizar e garantir que as juntas entre materiais distintos se encontram devidamente solidarizadas, de modo a evitar a entrada de caudais de infiltração.

O local de solidarização dos materiais são zonas particularmente sensíveis e vulneráveis da rede de drenagem, devendo existir método na sua execução, baseado em experiências previamente realizadas, nomeadamente no que toca à junção de materiais não homogéneos.

Dependendo dos materiais utilizados ao longo do percurso da rede, alguns possuem características mais ou menos soldáveis e que reagem de forma melhor ou pior, também de acordo com a experiência e competência da mão-de-obra utilizada.

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Assim, a prevenção passa pela identificação de ligações mais frágeis e exame local das mesmas, para posterior reparação, se necessário.

Neste ponto, destacam-se as juntas de ligação que fazem a conexão entre condutas de materiais distintos, nomeadamente FFD e PEAD.

6.5.3 Descarregadores

Estes órgãos são habitualmente utilizados em sistemas unitários ou pseudo-separativos, podendo ser classificados consoante a sua finalidade em:

 Descarregadores de tempestade, cujo objectivo consiste no desvio de volumes pluviais excedentes afluentes à estações de tratamento de águas residuais;

 Descarregadores de transferência, se forem edificados com o intuito de distribuir o caudal afluente para colectores menos sobrecarregados;

 Descarregadores de segurança, implementados a montante das estações de tratamento de estações elevatórias ou de outros órgãos importantes dos sistemas de drenagem e tratamento de água residual.

A operação destes órgãos, embora seja de funcionamento intermitente, obriga a uma monitorização contínua ao longo da sua vida útil.

O seu estudo para a problemática das infiltrações não surge como um elemento a monitorizar. Por outro lado, constituem objecto de análise, de forma a permitir encontrar o melhor método de os integrar na infraestrutura sanitária.

6.5.4 Ramais domiciliários

Os ramais domiciliários são uma das fontes mais significativas para o incremento de infiltrações na rede de drenagem (Figura 6.6).

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A sua interferência no aumento de volumes excedentários nos sistemas de drenagem deve-se, sobretudo a (Hyder, 2005):

 Pouca profundidade a que se encontram os ramais estando, por isso, bastante susceptíveis às actividades desenvolvidas à superfície, nomeadamente ao tráfego automóvel;

 Percurso dos ramais domiciliários, que se cruzam frequentemente com raízes e vegetação. Devido à gestão de locais privados estar a cargo dos proprietários, o controlo da vegetação nestes espaços é praticamente inexistente;

 Movimento artificial de terras, acima do ramal, pode causar problemas relacionados com assentamentos;

 Inexistência de inspecção local;

 Falta de cuidado, principalmente durante a fase de construção, onde a exigência no acautelamento de processos é inferior aquando da construção de ramais domiciliários, comparativamente às exigências da construção da restante rede de drenagem.

De forma a evitar complicações a posteriori, deve ser conduzida uma vistoria e respectiva monitorização dos ramais domiciliários durante a fase de construção, garantindo a resistência dos materiais inutilizados (Hyder, 2005).

O método proposto para vistoria dos ramais domiciliários corresponde à detecção de anomalias através da injecção de fumo. Na generalidade, os resultados obtidos através da aplicação deste método são bastante satisfatórios. No entanto, as condições meteorológicas revelam-se um factor limitante ao processo, podendo anular por completo o resultado da vistoria.