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Subsistema de saneamento de águas residuais de Sesimbra

4 CARACTERIZAÇÃO DO CASO DE ESTUDO

4.3 Subsistema de saneamento de águas residuais de Sesimbra

O subsistema de drenagem e tratamento de águas residuais de Sesimbra é constituído por seis interceptores, aos quais estão associados câmaras de carga, duas estações elevatórias e uma ETAR.

As câmaras de carga permitem que grande parte das águas residuais provenientes das zonas altas sejam encaminhadas para a ETAR em colectores gravíticos em pressão. As águas residuais da zona mais baixas da vila são encaminhadas para duas estações elevatórias e elevadas até à ETAR. Deste modo, a quase totalidade das infraestruturas lineares do sistema de saneamento “em alta” do subsistema de Sesimbra caracterizam-se por ser infraestruturas em pressão. As duas estações elevatórias existentes neste subsistema são a estação elevatória da Fortaleza e a estação elevatória do Mar. A primeira, localizada junto a uma linha de água, possui características que auxiliam na gestão das afluências indevidas, tendo ainda sido definido em conjunto com o município uma série de procedimentos que visam minimizar as afluências indevidas em tempo húmido. Deste modo, garante-se que eventuais caudais de águas descarregadas directamente no meio recetor possuam características qualitativas que não afetam a qualidade da água do meio recetor. Em tempo seco, e de modo a proteger a qualidade da água balnear, atendendo a que os volumes de precipitação são pontuais e relativamente baixos, a estação elevatória, associada a outras medidas, auxilia na prevenção da contaminação da praia (areal e água balnear).

A ETAR de Sesimbra destina-se ao tratamento das águas residuais geradas por uma população de 30 000 habitantes-equivalentes no ano horizonte de projecto. Integra duas linhas paralelas e autónomas de tratamento (cada uma assegura o tratamento do efluente produzido por cerca de 15 000 habitantes equivalentes). Dado o seu enquadramento, numa localidade em que práticas balneares são muito relevantes para o comércio e o turismo, torna-se fundamental um tratamento de efluentes adequado, que assegure a qualidade da água tratada, não comprometendo os usos do meio receptor final. Devido a esta preocupação, a ETAR de Sesimbra está equipada com as seguintes fases de tratamento: preliminar, primário e secundário.

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A instalação é constituída por uma estrutura única, na qual os edifícios de tratamento preliminar, primário e secundário (tratamento biológico) e dos serviços de apoio possuem dois pisos acima do solo. De modo isolado, encontram-se os órgãos da linha de lamas (espessador, digestores e aquecimento), o gasómetro e o canal de desinfecção através de radiação ultravioleta (tratamento terceário). A fase de descarga dá-se a cerca de 500 metros da costa através de exutor submarino, no sentido de, em linha com o atrás referido, garantir o não comprometimento dos usos do meio receptor.

O efluente bruto chega à ETAR graviticamente, através dos sistemas incerceptores que rodeiam a vila, e por bombagem, por intermédio das estações elevatórias da Fortaleza e do Mar.

Na ETAR, o efluente sofre um processo de depuração que se divide em três circuitos: circuito da água, circuito das lamas e circuito dos gases.

Circuito da Água

No circuito da água são consideradas as seguintes fases de tratamento: preliminar, primário e secundário.

No tratamento preliminar o efluente passa por uma gradagem fina para retenção dos sólidos mais grosseiros, prontamente compactados, removidos e enviados para aterro sanitário. Após a etapa de gradagem, o efluente é encaminhado para um órgão compacto – Sedipac 3D – no qual ocorrem as operações de desarenação e desengorduramento. A sedimentação das areias é acelerada devido à insuflação de ar de bolha grossa e são concentradas num classificador, sendo posteriormente removidas para aterro. A retenção de gorduras e de óleos é conseguida através de um processode flotação. À semelhança do que acontece com as areias, as gorduras são também concentradas e posteriormente enviadas para destino adequado.

Segue-se o tratamento primário no qual ocorre a sedimentação dos sólidos suspensos através de um processo de decantação. As lamas provenientes deste processo são bombadas e enviadas para o circuito de lamas, designadamente para o espessador.

Após a decantação, o efluente é submetido a uma biofiltração – tratamento secundário – onde sofre um processo biológico de oxidação em duas etapas sucessivas nos órgãos Biofor C (remoção de C) e Biofor C+N (remoção de C e oxidação de N).

Nestes reactores, a matéria orgânica não sedimentada, excedente do tratamento primário, é fixada em culturas de microorganismos aeróbios, em duas etapas: o primeiro Biofor (Biofor C), remove a maior parte da matéria carbonácea e o segundo Biofor conclui este processo, promovendo-se também uma oxidação parcial do azoto amoniacal que, na sua forma de nitrato, será menos agressivo para o meio receptor.

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Parte da água resultante do processo de biofiltração é armazenada num tanque de água tratada, sendo posteriormente utilizada na lavagem dos próprios biofiltros. Esta lavagem permite remover as lamas fixadas pelos microrganismos, reenviando-se esta mistura de água e lamas novamente para o processo de decantação.

Após a biofiltração a água estará em condições para ser lançada no oceano, através do exutor submarino, respeitando os padrões de qualidade exigidos por lei.

No circuito das águas é ainda considerado um circuito complementar que recolhe o conjunto de escorrências que resultam da lavagem dos filtros biológicos do tratamento secundário e da lavagem dos restantes órgãos e pavimentos. Estas escorrências são concentradas num tanque, onde posteriormente é efectuado o seu bombeamento para o início do tratamento primário.

Circuito de lamas

As lamas resultantes do processo de decantação são recolhidas do fundo dos decantadores. Numa primeira fase são bombeadas para um espessador onde se depositam por acção de gravidade.

São depois enviadas para o digestor anaeróbio onde sofrem um processo de estabilização

durante cerca de 18 dias, a uma temperatura constante de 35 ºC. Para permitir que a temperatura se mantenha constante, as lamas são recirculadas e aquecidas numa central que utiliza o biogás produzido no processo de queima.

Por fim, as lamas estabilizadas são recolhidas e desidratadas por centrifugação, sendo posteriormente enviadas para compostagem.

Circuito de gases

O circuito de gases inclui a recolha e aproveitamento (ou eliminação por processo de queima) dos gases resultantes da digestão de lamas e a recolha e tratamento do ar contaminado pela vizinhança dos órgãos que emitem odores incómodos (gradagem, desarenador, desengordurador, decantador e centrifugador de lamas).

A recolha do biogás produzido no digestor é efectuada através de um sistema de tubagens que o conduz para armazenamento num gasómetro. O gás armazenado alimenta os motores da unidade de cogeração permitindo a produção de energia eléctrica e calor que é utilizado para aquecimento das lamas do digestor. Os excedentes do biogás são queimados numa tocha, localizada num dos extremos da ETAR.

Atualmente o ar contaminado produzido nos circuitos de tratamento é extraído e filtrado, num biofiltro que assegura a desodorização, permitindo assim a sua descarga, dando origem a compostos inodoros que são libertados para a atmosfera.

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Estações elevatórias

Ao sistema de drenagem de águas residuais que afluem à ETAR de Sesimbra estão associadas duas estações elevatórias – Fortaleza e Mar – nas quais se processam etapas de tratamento preliminar (gradagem) a montante do encaminhamento do efluente para a ETAR. Ambas as estações possuem sondas que notificam os trabalhadores se os níveis de ácido sulfídrico atingirem valores que comprometam a sua segurança.

A estação elevatória da Fortaleza possui desodorização, devido à sua localização entre o limite da zona urbana e a linha de costa.

Em termos de afluência de cada uma das estações elevatórias e, segundo dados disponibilizados pela SIMARSUL, estima-se que 40% do caudal dos 30 000 habitantes equivalentes para o qual está projectada a ETAR de Sesimbra, passe pela estação elevatória da Fortaleza. Quanto à estação elevatória do Hotel do Mar, compete o bombeamento de 15% a 20% desse mesmo caudal total. O restante caudal aflui à ETAR através de um sistema de colectores gravíticos em pressão.

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5 IDENTIFICAÇÃO E MINIMIZAÇÃO DE FONTES DE