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Segundo o método Inclusive Design Toolkit (2018), stakeholders são pessoas ou um grupo de pessoas que exercem um papel de alta relevância para o projeto e que tem algo a ganhar ou perder com o produto. Stakeholders exercem influência no decorrer do desenvolvimento, comercialização, uso e apoio de um produto, e não considerar suas necessidades e ambições pode resultar em falhas no desempenho do mesmo.

Além de identificar aqueles que irão contribuir para o sucesso do produto, realizar o mapeamento dos stakeholders de um projeto também ajuda a entender como eles se relacionam entre si.

Segundo Baxter et. al (2008), os stakeholders podem ser classificados em: externos, que são aqueles que usam ou consomem o produto e por isso, devem ser priorizados; intermediários que são os responsáveis pela distribuição, promoção, marketing e venda do produto; e internos que são os envolvidos na produção do produto.

Assim, foram mapeados os stakeholders da publicação, tendo em vista o objetivo geral do projeto e divididos de acordo com a classificação apresentada por Baxter et. al (2008).

Os stakeholders externos da publicação são os usuários diretos que estão divididos em: crianças cegas, crianças com baixa visão e crianças videntes; os usuários indiretos são a família, a escola com destaque para os professores de sala de aula e os professores especializados das salas de recursos multifuncionais, os centros de apoio, associações, fundações e ONGs, o poder público e a sociedade.

Os stakeholders internos são a equipe de projeto, os colaboradores, as gráficas ou os serviços de impressão, consultores e especialistas e investidores do projeto.

a. crianças cegas: podem ser congênitas ou adventícias, caso tenham adquirido a cegueira tardiamente, preservando alguma memória visual, devido às causas acidentais ou patológicas. Para que esses usuários tenham acesso à leitura do texto impresso é necessário que esse seja disponibilizado impresso em braille ou em aúdio. As imagens também devem ser pensadas para serem

cognoscíveis à percepção tátil e podem ser acompanhadas por audiodescrição3

b. crianças com baixa visão: podem ter o grau de acuidade visual reduzido, a amplitude do campo de visão restrita, escotomas no campo visual, apresentar alta sensibilidade à luz (fotofobia), baixa sensibilidade às contrastes, nistagmo (oscilações involuntárias e rítmicas dos olhos), e cegueira noturna, entre outras condições. Para que tenham acesso à leitura de publicações impressas necessitam: que o texto seja impresso em fonte ampliada, com uma tipografia simples, sem detalhes e não condensada; um maior espaçamento entre linhas, palavras e letras; que o suporte seja um papel fosco e a paleta cromática seja composta por cores com alto contraste entre si; e que as imagens sejam simples, sem detalhes e bem delimitadas.

c. crianças videntes: não possuem nenhuma alteração grave na visão, ainda que possam apresentar graus de miopia, astigmatismo e hipermetropia. Essas condições mesmo que dificultem a capacidade de enxergar nitidamente são facilmente sanadas com o uso de óculos de grau ou cirurgia e assim, não impossibilitam a execução de atividades cotidianas e o desempenho geral da criança.

d. família: geralmente, são as pessoas com quem a criança convive e interage pela maior parte do tempo. É essencial que a criança cresça em um ambiente em que ela seja encorajada e reconhecida para que se sinta confiante e apta a superar os obstáculos que foram impostos pelas limitações que ela possui. Para isso, os familiares devem procurar conhecer a deficiência, e quais as condições e os estímulos que podem favorecer o desenvolvimento da criança. Tendo essa consciência, é importante que estejam ao alcance dos familiares as ferramentas adequadas para que possam mediar a interação da criança com o meio.

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Recurso que torna conteúdos visuais acessíveis às pessoas com deficiência visual por meio da tradução intersemiótica, ou seja, por meio da tradução de imagens em palavras.

e. escolas regulares: atualmente com a política de ensino inclusivo, a criança com deficiência tem direito de ingressar em uma escola regular, seja pública ou privada. A escola, então, deve oferecer condições e recursos necessários para que o aluno que está sendo incluído participe das atividades escolares e seja integrado ao ambiente escolar.

i) professores de sala de aula: podem vir a ter alunos com deficiência visual que vão precisar ser incluídos nas práticas de sala de aula, o que requer um planejamento das aulas que leve em consideração as necessidade específicas de aprendizagem desses alunos.

ii) professores especializados: atuam nas salas de recursos multifuncionais com os alunos com deficiência visual, auxiliando em sua adaptação e ensinando conteúdos específicos, como o Sistema Braille.

f. centros de apoio, associações, fundações e ONGs: procuram oferecer às pessoas com deficiência visual a assistência necessária para que exerçam suas atividades diárias com autonomia e segurança, assim como orientam e oferecem apoio às suas famílias. Normalmente oferecem formação para alfabetização em Braille, assim como cursos e oficinas para orientação e mobilidade com o uso da bengala de rastreamento.

g. poder público: deve assegurar à pessoa com deficiência um sistema de educação inclusivo em todos os níveis e modalidades. Também deve adotar medidas para incentivar a produção e oferta de livros em formatos acessíveis, garantindo o direito de acesso à leitura, à informação e à comunicação.

h. sociedade: deve assegurar à pessoa com deficiência visual a efetivação dos seus direitos. Na expectativa de ser mais igualitárias, incentiva iniciativas que promovem uma maior acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência, uma vez que essas sofrem com a imposição de estigmas sociais relacionados a sua condição, com a falta de oportunidades e com o descaso frente às suas necessidades e direitos básicos.

i. responsável pelo projeto: é aquele que toma as decisões quanto ao projeto e está envolvido em todas as etapas projetuais, desde a etapa de planejamento, pesquisa e desenvolvimento do projeto até a produção e entrega do produto final.

j. colaboradores: são pessoas, organizações ou instituições que percebem valor no projeto e colaboram para que seus objetivos sejam alcançados. Alguns dos colaboradores do projeto que podem ser citados é a Prof.ª Maria Helena Steffani que é idealizadora e ministrante da oficina Terra como um grão de pimenta, na qual as poesias do livro foram baseadas e a locutora Letícia Schwartz que realizou a locução do conteúdo do livro. São pessoas que percebem valor no projeto a ser desenvolvido e colaboram com seu conhecimento e habilidades para a realização do mesmo.

k. gráficas ou locais que ofereçam serviços de impressão: atuam nos processos de pré-impressão, impressão, montagem e acabamento do modelo impresso da publicação. Exercem influência em algumas decisões do projeto, como quanto ao formato, o tipo de papel, a gramatura e o tipo de encadernação a serem utilizados na publicação, uma vez que esses atributos estão diretamente relacionadas à estrutura e maquinário que possuem.

l. consultores e especialistas: são pessoas que possuem um conhecimento profundo sobre a deficiência visual, alguns vivem essa condição e/ou possuem experiência ou convivem com crianças com deficiência visual e por isso, são aptos a conceder informações relativas às necessidades e anseios desses usuários e podem avaliar o produto, apontando falhas de desempenho e fazendo críticas e sugestões.

m. investidores: como a publicação não busca o lucro ou retorno do investimento realizado é necessário que os investidores percebam projeto como de impacto social significativo e viável economicamente e em termos de produção, no que diz respeito aos insumos, recursos e tecnologias que serão empregados.