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Identificação de experiências de cooperação internacional (intergovernamental e intragovernamental horizontal e vertical) paradiplomática realizadas nas cidades

Sumário

Eixo 15: Identificação de experiências de cooperação internacional (intergovernamental e intragovernamental horizontal e vertical) paradiplomática realizadas nas cidades

pesquisadas, com base na conceituação desenvolvida no Capítulo 5 – Modalidades de cooperação internacional.

Ao longo da realização das entrevistas com os atores das cidades pesquisadas, foram encontradas várias atividades de cooperação que se identificavam com os conceitos estabelecidos no Capítulo 5 – Modalidade de cooperação internacional, em particular as paradiplomáticas: i) cooperação horizontal intergovernamental paradiplomática; ii) cooperação vertical intergovernamental paradiplomática. A seguir serão apresentadas seis situações por meio de uma descrição do projeto de cooperação em questão, as instituições envolvidas e modalidade que representa.

Experiência 1:

Modalidade envolvida: Cooperação horizontal intergovernamental paradiplomática. Cidades/governos/instituições envolvidas: São Paulo (Brasil) e Milão (Itália).

Descrição: São duas atividades de cooperação. Na primeira, a cidade de Milão aportou recursos não reembolsáveis no valor de oitenta mil euros para realização de obras de restauração da Fonte Milão-São Paulo, localizada na Praça Milão (ao lado do Parque Ibirapuera). Na segunda, o aporte envolveu a cooperação de intercâmbio técnico entre o Teatro Municipal de São Paulo e o Teatro Alla Scala de Milão com vista a apoiar o primeiro na definição das diretrizes gerais quanto à concepção de um projeto de reforma que ele necessitava. A seguir, a Figura 10 ilustra a modalidade de cooperação paradiplomática.

Figura 10 – Cooperação horizontal intergovernamental paradiplomática

(Cidades de São Paulo, Brasil e Milão, Itália)

Experiência 2:

Modalidade envolvida: Cooperação horizontal intergovernamental paradiplomática.

Cidades/governos/instituições envolvidas: São Paulo (Brasil), Genebra (Suíça) e Lyon (França). Descrição: As cidades de Genebra e Lyon são mantenedoras do Fundo Internacional de

Solidariedade cuja missão é desenvolver soluções para o enfrentamento da pobreza, notadamente a que se materializa nos territórios urbanos. Por meio de um entendimento multilateral envolvendo as cidades de São Paulo, Genebra e Lyon, possibilitou que o Fundo contribuísse com recursos financeiros não reembolsáveis para a materialização do Projeto Restaurante-Escola, voltado para a educação profissional de jovens carentes. O projeto foi coordenado pela Secretaria de Assistência Social (SAS) e implantado em espaço cedido pela Câmara Municipal de São Paulo. A seguir, a Figura 11 ilustra a modalidade de cooperação paradiplomática.

Figura 11 – Cooperação horizontal intergovernamental paradiplomática

(Cidades de São Paulo, Brasil, Genebra, Suíça e Lyon, França)

Experiência 3:

Modalidade envolvida: Cooperação horizontal intergovernamental paradiplomática.

Cidades/governos/instituições envolvidas: São Paulo (Brasil) e as cidades de Estocolmo

(Suécia) e Nova York (EUA).

Descrição: A cidade de São Paulo desenvolveu tecnologia de tecnologia para realização de

leilão de créditos de carbono. O crédito é gerado pelo fato de que o gás metano, produzido em aterros sanitários da cidade e antes lançado na atmosfera, é aproveitado na produção de energia, segundo as regras do Protocolo de Kyoto. A cidade de São Paulo transferiu a tecnologia de organização de leilões de crédito de carbono para as demais cidades. A seguir, a Figura 12 ilustra a modalidade de cooperação paradiplomática.

Figura 12 – Cooperação horizontal intergovernamental paradiplomática

Experiência 4:

Modalidade envolvida: Cooperação vertical intergovernamental paradiplomática.

Cidades/governos/instituições envolvidas: União Europeia e Governos Locais e Regionais da

Europa e América Latina.

Descrição: A concepção do Programa URB-AL (que ambas as cidades pesquisadas participaram

ativamente) representa um bom modelo de Cooperação vertical intergovernamental paradiplomática, em função de que o objetivo central de sua estratégia reside em estimular os governos locais e regionais europeus e latino-americanos a estruturarem cooperações duradouras. Sua principal estratégia consiste na formação de redes temáticas (financiada pelo Governo Supranacional União Europeia), cuja coordenação executiva será de responsabilidade da cidade que apresentar o melhor projeto de gestão para o tema. A cidade vencedora do concurso pela coordenação executiva deverá estimular as demais cidades de ambos os continentes, a formar sub-redes (Projetos de Tipo A e B) no seu interior de modo a executar atividades de relação e intercâmbio que levem à cooperação internacional no âmbito das políticas públicas capitaneadas pelas redes.

Este Programa, em sua concepção, representa o modelo de Cooperação vertical intergovernamental paradiplomática. Sua execução, no entanto, remete à modalidade de Cooperação vertical intragovernamental paradiplomática uma vez que possibilita que a vertebralização de suas ações, seja por meio de parte das estruturas dos governos que são as políticas públicas. A seguir, a Figura 13 ilustra a modalidade de cooperação paradiplomática.

Figura 13 – Cooperação vertical intergovernamental paradiplomática

(Cidades de São Paulo, Brasil, Montevidéu, Uruguai e Programa URB–AL, Governo Supranacional da União Europeia)

Experiência 5:

Modalidade envolvida: Cooperação vertical intragovernamental paradiplomática.

Cidades/governos/instituições envolvidos: As Intendências Municipais de Montevidéu e

Canelones no Uruguai, o Governo Nacional do Uruguai e a União Europeia.

Descrição: Projeto Cuenca del Arroyo Carrasco. O projeto de intervenção na Bacia Hidrográfica

do rio Carrasco é financiado com recursos de três instâncias distintas de governos. Os recursos são oriundos dos orçamentos dos Governos Nacional do Uruguai (por meio de vários Ministérios), das Intendências Municipais de Canelones e Montevidéu e União Europeia.

O Arroyo Carrasco é importante (e degradado) curso d’água para as cidades de Montevidéu e Canelones. Por constituir-se em marco de divisa de municípios, por muito tempo constituiu-se em zona de baixa ou nenhuma atenção do poder público, uma vez que dadas as divergências políticas, inexistia agenda comum entre esses municípios.

O projeto está inserido num contexto de uma articulação política entre o Governo Nacional do Uruguai e os governos de Montevidéu e Canelones, que contam com o apoio financeiro da União Europeia. É a primeira vez, em muitos anos, que ocorre articulação desta natureza, que possibilitou a articulação de várias políticas públicas voltadas ao atendimento das necessidades da população residente neste território de particularidades especiais.

A execução das atividades do projeto está a cargo de uma equipe de gestão e coordenação integrada por representantes das duas Intendências Municipais. O orçamento inicial do projeto é de três milhões de euros. As ações estão orientadas pela coesão social por meio de intervenções em habitação, saúde, educação, prevenção da violência, fomento às atividades produtivas e proteção e recuperação do meio ambiente degradado. O aspecto inovador está na complexa articulação dos temas envolvidos e o envolvimento dos Governos Locais (Montevidéu e Canelones), Nacional (por meio dos vários Ministérios) e União Europeia bem como da participação da sociedade civil. Por conta de divergências políticas que envolviam as administrações locais, ações desta natureza jamais puderam ter articulação antes.

Figura 14 – Cooperação vertical intragovernamental paradiplomática

(Cidade de Montevidéu, Uruguai, Governo Nacional do Uruguai e Governo Supranacional da União Europeia)

Experiência 6:

Modalidade envolvida: Cooperação vertical intragovernamental paradiplomática.

Cidades/governos/instituições envolvidos: Intendência Municipal de Montevidéu, no

Uruguai, o Governo Nacional do Uruguai e a União Europeia, por meio do Programa URB-AL.

Descrição: Projeto Habitar Goes – O projeto esta inserido no âmbito das atividades de

recuperação de regiões antigas e degradadas da cidade de Montevidéu. A iniciativa nasceu do acúmulo da cidade na Coordenação Executiva da “Rede 5 - Políticas Sociais Urbanas” do Programa URB-AL. Tem como objetivo articular políticas públicas de âmbito local e nacional com vistas a recuperar as antigas construções erguidas entre o final do Século XIX e meados do Século XX.

Neste território, apesar da degradação provocada pelas mudanças nos hábitos

habitacionais da população de alta renda, da reconversão de usos e fatores econômicos, localizam-se importantes instituições da República. Entre elas, o Palácio Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado da República) e a Faculdade de Química da Universidade da República. As atividades tiveram início, por meio da iniciativa da Intendência, ao realizar articulação dos atores públicos convidando os vários Ministérios (em especial o Ministério de Desenvolvimento Social) com o objetivo de articular políticas públicas focadas ao enfrentamento da pobreza, marginalidade e violência altamente incidentes neste território.

As articulações possibilitam a articulação de vários atores mediante a criação do Conselho Goes, um espaço de articulação de todos os serviços públicos coordenados pela Intendência, Ministérios da República e ainda representantes da sociedade civil.

O projeto promove intervenções de múltiplas naturezas tais como: educação, assistência social (mediante atenção aos excluídos e geração de renda), combate a violência, recuperação de áreas/prédios degradadas, reconversão de áreas industriais abandonadas para uso habitacional, recuperação de um Mercado Agrícola com vistas a articular a comercialização do produtor diretamente ao consumidor, entre várias outras.

O financiamento das atividades conta com recursos do orçamento municipal, nacional, Programa URBA-AL da Comissão Europeia e do Fomin-BID (Fundo Multilateral de Investimento - Banco Interamericano de Desenvolvimento).

A seguir, a Figura 15 ilustra a modalidade de cooperação paradiplomática.

Figura 15 – Cooperação vertical intragovernamental paradiplomática

(Cidade de Montevidéu, Uruguai, Governo Nacional do Uruguai, Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e Programa URB-AL, Governo Supranacional da União Europeia)