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A Identificação pessoal dos estudantes e comparação dos resultados obtidos nas

No documento JORGE LIMA - dissertação (páginas 102-107)

CAPÍTULO V: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS POR MEIO

5.1.1. A Identificação pessoal dos estudantes e comparação dos resultados obtidos nas

COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NAS DUAS ESCOLAS

PESQUISADAS

Na aplicação dos questionários foram inquiridos 51 (cinquenta e um estudantes), sendo: 24 (vinte e quatro) estudantes do terceiro ano do ensino médio da escola A (que corresponde a uma amostra de 30% de um universo e 80 estudantes) e 27 (vinte e sete) estudantes da escola B (que corresponde a uma amostra de 30% de um universo e 90 estudantes).

Com base nos dados coletados, a tabela 1 (a seguir) mostra a distribuição do sexo, faixa etária e local de residência dos estudantes segundo a escola que frequentam. Através dela verifica-se que na escola A existe maior prevalência de alunos do sexo feminino (70,8%) enquanto que na escola B temos maior prevalência de alunos do sexo masculino (59,3%). O teste de homogeneidade para este fator foi significativo (p-valor = 0,031) indicando que existe diferença do número de alunos do sexo masculino e feminino entre as escolas.

Tabela 1. Distribuição do sexo, faixa etária e local de residência dos alunos, segundo a escola avaliada.

Fator avaliado Escola p-valor

A B Q3 – Gênero Masculino 7(29,2%) 16(59,3%) 0,031¹ Feminino 17(70,8%) 11(40,7%) Q1 - Faixa etária 14 a 16 anos 10(41,7%) 1(3,7%) <0,001² 17 a 19 anos 14(58,3%) 21(77,8%) 20 a 22 anos 0(0,0%) 2(7,4%) Acima de 22 anos 0(0,0%) 3(11,1%)

Q2 - Local onde mora

Espaço urbano 17(70,8%) 16(59,3%)

0,388¹

Espaço rural 7(29,2%) 11(40,7%)

¹p-valor do teste Qui-quadrado para homogeneidade (se p-valor < 0,05 a distribuição do fator avaliado difere entre as escolas avaliadas). ²p-valor do teste Exato de Fisher.

Os dados da tabela acima mostram, a princípio, que na escola A onde, não foi identificada nenhuma ocorrência de distúrbio de distorção idade/série36, o número de adolescentes estudantes do sexo feminino é muito maior que o do masculino. Na escola B, onde foram identificados casos de distorção idade/série a um percentual de aproximadamente 20%, o número de estudantes do sexo masculino presente nas turmas pesquisadas é um pouco maior do que o de estudantes do sexo feminino; fato este que comprova que, na modalidade pesquisada, há um índice de aproveitamento escolar mais elevado entre os estudantes do sexo feminino. Desta forma, a figura 1, representada a seguir, permite visualizar de forma mais pontual o que havia sido destacado na tabela acima.

36 Índice de estudantes com idade superior à adequada para cursar a série (ano) escolar observada (o). No caso da

nossa pesquisa, a idade superior à adequada para série será usada como indicador para identificar atraso no ano escolar por causa de repetência, desistência, reprovação ou por outras causas desta natureza.

Figura 1. Distribuição dos alunos segundo o gênero e a escola onde estuda.

Estes dados corroboram uma tendência identificada pelos principais censos demográficos realizados no país, entre eles o PNAD37 2014 e o Censo 2010 (aplicados pelo IBGE38), que apontam para o fato das mulheres atingirem atualmente, índices de escolaridade, em média, moderadamente mais elevados que os dos homens.

Apesar de ser um tema bastante discutido e pesquisado atualmente, de acordo com Vianna & Unbehaum (2004), falar sobre gênero sexual e escolaridade ainda é algo novo no meio acadêmico, tanto no Brasil quanto no mundo. Em muitas culturas, como, por exemplo, naquelas presentes em boa parte dos países do Oriente Médio, bem como em muitos países do mundo cuja população apresenta, em média, baixos índices de escolarização, há traços mais marcantes de desigualdade entre gêneros. Em muitos casos, tais diferenças definem inclusive o acesso à escola e o tipo de educação que se aplica a homens e mulheres (Almeida 2000).

Entretanto, Scott (1990) destaca que o aumento do acesso à educação conquistado pelas mulheres nas últimas décadas, principalmente por aquelas que cresceram em sociedades onde as desigualdades entre homens e mulheres existiam de forma mais incisiva, vem promovendo avanços significativos nos modelos sociais e contribuindo inclusive para o aperfeiçoamento das leis e dos modelos políticos vigentes nestas sociedades.

Esta tendência de aumento de escolaridade feminina em relação à masculina também é algo novo no Brasil e, por este motivo, seus impactos começam a ser vistos como o

37 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE no ano de 2014 e divulgada

nacionalmente no dia 13 de novembro de 2015.

38Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, um dos principais órgãos responsáveis pelas pesquisas

início de um novo processo de construção cultural onde não se descarta inclusive uma possível inversão de papéis, dada a importância que o acesso ao conhecimento exerce hoje no processo de ascensão social e intelectual das pessoas (Carvalho, 2003).

Entretanto, Rosemberg & Piza (1995) destacam que mesmo com todo avanço da escolaridade feminina em relação à masculina no Brasil nas últimas décadas, os perfis de analfabetismo entre estes dois gêneros são praticamente idênticos, podendo-se perceber que o número significativamente maior de incidência ocorre entre mulheres e homens provenientes de famílias com baixos rendimentos, residentes em espaços rurais de municípios localizados principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país; pois estes enfrentam desafios muito mais árduos para se alfabetizarem.

Ainda sobre esta questão da escolaridade, Carvalho (2003) faz uma importante leitura que pode ajudar a entender melhor os percentuais identificados por esta pesquisa. Ela destaca, de forma geral, que os melhores índices femininos de alfabetização e aprendizagem escolar estão presentes entre os mais jovens e este fato pode ser constatado pelo melhor aproveitamento das adolescentes e meninas em relação à escolaridade. Por outro lado, ela justifica ainda que os melhores índices masculinos de alfabetização estão presentes pontualmente entre os mais idosos; eles seriam na verdade resultados de uma herança do passado do passado de desigualdade que se estendeu até tempos recentes e vem se modificando atualmente, onde o acesso das mulheres à escola era muito mais restrito e o tratamento diferenciado entre homens e mulheres, inclusive no mercado de trabalho, eram aceitos sem qualquer questionamento.

Como já fora dito por meio da presente análise, estas considerações, somadas aos dados coletados e analisados, levam-nos, por tanto, a entender que nas duas escolas pesquisadas os melhores índices de aproveitamento escolar estão presentes entre as adolescentes do sexo feminino.

Além de se observar uma diferença de aproveitamento escolar entre homens e mulheres entre as escolas pesquisadas, evidenciada pelos os casos de distorção idade/série presentes na escola B. Ao verificarmos as faixas etárias dos dois grupos de estudantes (representados na figura 2), percebemos que tanto na escola A quanto na escola B temos maior prevalência de alunos com idade de 17 a 19 anos (58,3% e 77,8%, respectivamente), que seria a idade adequada para estudar a série analisada. Vale salientar que o também que o teste de homogeneidade foi significativo (p-valor < 0,001) indicando que na escola A existe diferença da prevalência de alunos com idade entre 14 a 16 ao comparar com a escola B.

Figura 2. Distribuição dos alunos segundo a faixa etária e a escola onde estuda.

Como o gráfico anterior também mostra, mesmo sendo encontrada uma maior prevalência de estudantes na mesma faixa etária nas duas escolas, verificamos que na escola A temos 41,7% dos alunos com idade de 14 a 16 anos enquanto que na escola B a prevalência de alunos com essa idade é de apenas 3,7%, o que nos conduz ao entendimento de que o número de estudantes do sexo feminino que atingiram a terceira série do ensino médio abaixo da idade normal é também mais elevado que o de estudantes do sexo masculino. O que reforça a ideia de um melhor aproveitamento escolar dos estudantes do gênero feminino.

Os problemas de distorção e rendimento escolar poderiam estar relacionados ao espaço de origem destes estudantes (rural ou urbano39), uma vez que a distância da casa até a escola, as condições de trabalho, oferta de transporte escolar e a influência do meio social, entre outros fatores, poderiam contribuir tanto negativamente quanto positivamente para o sucesso escolar. No caso do município de Tacaratu - PE, segundo o Censo Populacional (IBGE, 2010), os maiores índices de analfabetismo se concentram nas comunidades rurais é comum encontrar famílias cujos responsáveis apresentarem pouca ou nenhuma escolaridade. Desta forma, percebe-se que, mesmo havendo esta herança cultural desfavorável, este não é um elemento de grande peso para os fatores de rendimento indicados anteriormente.

39 Em situação urbana, consideraram-se as áreas, urbanizadas ou não, internas ao perímetro urbano das cidades

(sedes municipais) ou vilas (sedes distritais) ou as áreas urbanas isoladas, conforme definido por Lei Municipal vigente em 31 de julho de 2010. [...] A situação rural abrangeu todas as áreas situadas fora desses limites. Esse critério também foi utilizado na classificação da população urbana e da rural (IBGE, 2010, p.20).

A figura a seguir mostra a distribuição dos estudantes por escola, quanto ao local onde residem, destacando características semelhantes entre as mesmas.

Figura 3. Distribuição dos alunos segundo o local onde reside e a escola onde estuda.

Percebe-se, portanto, que quanto ao local de residência, no caso desta pesquisa, tanto na escola A quanto na escola B possuem a maioria dos estudantes dos terceiros anos residentes no espaço urbano da cidade (70,8% e 59,3%).

Vale salientar ainda que mesmo estes percentuais se diferindo um do outro nas duas escolas, não se pode destacar nenhum fator relevante associado a este leve desequilíbrio, pois o teste de homogeneidade não foi significativo (p-valor = 0,388), indicando assim que o perfil de residência dos alunos das duas escolas é idêntico.

5.1.1.B DISTRIBUIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS ESCOLARES DOS

No documento JORGE LIMA - dissertação (páginas 102-107)