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h i s t ó r i a

 po r J ea n- Fr an ço is SIRINELLI

A questão que me foi colocada pelos organiza dores desta jorna da de estudos é imp ortante Mas devo confessar minha perplexidade no ^m e n to de responder a ela, pelo menos por duas razoes. De um lado, sob qual registro ten tar e s b o ç a r uma resposta. O

tema, de fato, tem a ver com a historiografia mas tam  bé m co m ep ist em olo gia - um a vez q u e c o m o te la d e

fundo deste encontro , trata-se especialmente do es tatuto da história do presen te -, com a metodolog ia , em suma, com a concepção da história que sustenta a abordagem de cada praticante, e da filosofia da histo ria implícita ou explícita, que nutre frequentemente seus objetivos e seus métodos. De outro lado, sobre a questão das relações entre climas ideologicos e orien tações historiográficas, é possível, em primeira insta n cia apoiar dois raciocínios exata men te opostos, um ti- “ ria argumentos em favor da existência de correia-

1 Um subtítulo em forma de questão acompanhava, de fato, o título que me era proposto: Como um cli ma ideológico pode influir sobre as onentaçoes hist o riográficas." Para responder a isto, afirmemos que ,

conforme o desejo dos organizadores, conservei nes ta contribuição escrita o conteúdo mas tambem o es tilo de minha comunicação oral.

 pre sid iu p r ° rv an a *lue ° cI™ a "ide oló gic o" qu e mais amplamente no m ovimento das idéias da época

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s ão i n d i s c u t S ePOCaS ' “ i n di ví d“ “ - “ * e fe it os nr> ^ fadI avaJiá-los? Quatro dificuldades pelo m e nos, podem ser enumeradas de saída

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há menos de uma década por Pierre Goubert. Quan 7o a esta larga parte do século XX que eu vivi sinto-a

sobretudo através de minhas lembranças, mmha? ^ a ções vivas e minhas duras análises; nunca tem che g^ do à idéia de escrever uma historia com elas, mesm

2 Quando de uma jornada de

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 A*  1q«8 sobre os intelectuais e a guerra da Argena, histori.dores presentes

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Complexe 1991). Sobre os problem as de geraçao, nemüto^me remeter em especial a um de meus arti

gos sobre o tema, “Geração e historia pobüca.

Vingtième siècle. Revue d'Histoire,  n. 22, abnl-junho de

1989.

que com brevidade, e confesso compreender mal como outros ousaram, senão por vaidade, por interes se, ou por gosto pela facilidade"’. É o valor dos traba- mos de historia do presente que dará uma resposta. Observemos somente que as supostas relações entre os climas ideológicos e as orien taçõe s historiográfic as - nao sao apenas matéria para reflexão e para jornadas de estudos. Elas continuam a entabular processos e nutrir polemicas, processos, é verdade, cada vez mais raros e polemicas cada vez mais atenuadas. Uns e ou tros, no fim das contas, não constituem senão uma imagem retm iana daquilo que foi, no passado, o esta tuto - ou antes a ausência de estatuto - da história do  pr es en te 4. Ma s a ve rd ad eir a dif icu lda de, no qu e se re-

3 Pierre Goubert, Initiation à Vhistoire de la France,

Paris, Tallandier, 1984, p. 9.

4 Numa epoca - não tão longínqual - em que a his toria política, igualmente, sofria de um tal estatuto mcerto: ha menos de trinta anos, por exemplo, um relatorio publicado pelas edições do CNRS formulava um diagnostico segundo o qual 'a política não apare ce mais quase nada, nos trabalhos recentes consagra dos aos tempos modernos e contemporâneos, senão na analise do comportamento dos grupos sociais quando das grandes consultas eleitorais ou das mu danças de regime" e "praticamente desapareceu dos trabalh os relativos à Idad e Média "(Jean Glenisson em La recherche historique en France de 1940 à 1965  Pa- ns, Editions du CNRS, 1965,p. XXXVI.) Sobre essa concomitanaa entre a revivescência da história polí tica e o reconhecimento da história do presente per- mito-me remeter o leitor, em complemento ao pre sente texto, a minha contribuição - i e r etour du po- litique - Comment écrire l ‘histoire du temps présent 

JR°.™a ^ de est udos em hom enag em a François Bedarida, 14 de maio de 1992, a publicar.

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fere ao estudo dessas relações, está provavelmen te em outro lugar. Ela reside na constatação de que ess asr ^ lações não são unívocas. Pode acontecer, de fato, que seiam as orientações historiográficas que, po r sua vez, modelam um clima ideológico ou ao menos con ri-  bu em pa ra m ol dá -l o. Assi m, a osc ilaç ao da hi st or io 

grafia da Segunda G uerra mundial, no limiar dos anos 1970, era certamente em parte produto de um con- tex to5- mas essa oscilação, por sua vez, pesou so re um certo número de grandes debates cívicos e sociais da segundametade dos anos 1970- e desempenhou, assim, um papel na constituição de um contexto ideo lógico dessa década. _ 

Mesmo enumeradas essas dificuldades, e preci so seguir adiante. Retomando o enunciado proposto, "Ideologia, tempo e história", eu procederei em duas fases. Primeiro questionarei o papel do contexto his- tórico, do "tempo" do historiador, depois a influencia do clima ideológico. Teremos compreendido, a propo sição não recairá sobre o estatuto da historia do pre sente, objeto de uma outra contribuição, mas sobre as relações do historiador com seu presente.

5 Cf. a obra de Henry Rousso apontada na nota seguinte; cf. tamb ém Jean-Pierre Azema, Vichy et la mémoire savante: quarante-cmq ans d'historiographie" inVichy et les Français,  sob a di reção de Jean-Pierre Azéma e François Bedarida, com a colaboração de Denis Pechansky e Henry Rousso, Paris, Fayard, 1992, pp. 23-44.

6 Henry Rousso, Le syndrome de Vichy. De 1944 à nos  jours,  2. ed.. Le Seuil, coleção "Points", 1990.