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4 Sobre os Recintos Murados “Calcolíticos” Peninsulares Breve incursão

7. Imagens familiares/Imagens estranhas: a emergência de um outro discurso

Fig. 7.1. Georges Segal, Man Looking Thru Window, 1980 Abrimos o texto com uma imagem criada por Georges Segal. As esculturas de Segal habitam, como fantasmas, a reconstrução arqueológica de uma “habitação standard”, de acordo com as construídas nas modernas periferias de qualquer cidade europeia ou norte-americana. A ausência de detalhe na imagem sobre o passado converte-a em imagem fantasmagórica, que nos olha com estranheza, através do nosso próprio olhar que a (e nos) estranha.

Mais uma vez regressamos às questões que guiam a segunda parte deste trabalho: como é que os arqueólogos vêem o passado? E, como é que o representam? Estas duas perguntas pretendem explorar a relação entre arqueólogo e sítio arqueológico, relação da qual emerge o discurso sobre o passado. Mais uma vez sublinhamos que os modelos explicativos dos povoados fortificados representam o passado em imagens fixas que se tornam estereótipos de actividades e pessoas que na ausência reflexiva são empregues na interpretação destes recintos defensivos. Estas imagens apresentadas como representações de vidas passadas oferecem ao leitor um passado familiar, onde facilmente nos reconhecemos, onde reconhecemos com nostalgia o outro que outrora fomos. A familiaridade que estas imagens transmitem é conseguida com recurso ao desenho de famílias e casas segundo o modelo

tradicional (tipo) do mundo burguês ocidental, ou à contemporânea divisão sexual do trabalho – como já referimos – colocando a mulher em tarefas como a tecelagem e o homem responsável pela metalurgia. Este discurso relega ao silêncio todas as dúvidas inerentes ao processo de investigação. Aparece como um conjunto de afirmações praticamente “aproblemáticas”, apresentando o passado como uma realidade evidente. Carrega todo o peso de uma narrativa confortável e familiar.

Neste ponto do trabalho gostaríamos de introduzir o conceito de estranheza de forma a questionar a tradicional abordagem aos povoados fortificados, e a problematizar um passado não familiar que parece resistir à classificação e à objectivação. Contudo, falar de estranheza não se refere ao estudo do “outro exótico”, completamente misterioso e diferente, que cativaria a curiosidade dos arqueólogos que tentariam desvendar acontecimentos passados. Devemos ter presente as questões já colocadas por Hodder em 1999: “In producing the past as “other” are we just producing inverse images of ourselves? Are we simply engaged in a play of difference, of relevance only to our contemporary selves?” (Hodder, 1999: 156). Não falar do exótico outro não implica abordar o outro extremo da linha, ou seja, o outro como nós, o outro do passado com o qual me assemelho. Como Thomas referiu “The problem is one of letting the difference of the past reveal itself as itself, rather than allowing it to dissipate into a set of mere images which can be absorbed by the more general economy of signs that dominates contemporary existence” (Thomas, 2004: 238). Fugindo destes extremos criados por um pensamento dicotómico, deixemos o inquérito ser permeável à dúvida, à estranheza dos sítios arqueológicos, escapar à rigidez da certeza que regula a política do conhecimento na ciência moderna. Desfamiliarizar a narrativa permite-nos olhar outra vez e de outra forma para os sítios arqueológicos.

Estranheza é o que não se encaixa numa tipologia. Está conectado com a dúvida e a incerteza. É uma situação limite onde as nossas expectativas caem por terra. Estranheza é o não familiar. É a tensão entre o mensurável e o imensurável. Como Guignon refere, seguindo Heidegger, as coisas têm medidas e limites e nesse sentido são particularidades físicas, permanecendo, contudo, indeterminadas, confusas, incontroláveis, ocultas (Guignon, 2001: 42). Estranheza é um conceito que permaneceu em silêncio na ciência moderna. Segundo Adorno e Horkheimer “the regression of the masses today is their inability to hear the unheard-of with their own ears, to touch the unapprehended with their own hands” (Adorno&Horkheimer, 1992 [1944]: 36). Na obra Dialectic of Enlightenment, os mesmos autores referem que a ciência moderna, mediante a objectivação, cálculo e classificação,

questionaram ainda o “empobrecimento do pensamento e da ciência”, assim como a dominação da natureza pela ciência, ou a separação definitiva, ocorrida no Iluminismo, entre o mito e a poesia. Num mundo habitado por máquinas e razão, “the cognition is restricted to its repetition”, quando, segundo os autores, “the task of cognition should consist in the determinate negation of each im-mediacy” (Adorno&Horkheimer, 1979: 27). Assim, poderá a estranheza reaparecer no nosso trabalho se recuperarmos a dinâmica do encantamento?

De forma a aprofundar este tema, trazemos à análise um artigo sobre o sítio de Los Millares, Almeria (Espanha). Nesse texto os autores propõem-se a “analyze the metric and geometric features of the construction of Los Millares” (Esquivel & Navas, 2007: 894), traduzindo muros, entradas e estruturas circulares em números e gráficos. Estes números e gráficos são em última análise utilizados para validar a interpretação geral do sítio como povoado fortificado. Contudo os autores assinalam que a segunda linha de “muralha” não tem características defensivas bem marcadas mas que, por outro lado, todo o sistema defensivo do sítio excede o que seria necessário na prática para proteger o povoado. Estes dois apontamentos não foram enfatizados talvez porque nos poderiam levar a questionar a interpretação dos muros como muralhas. De facto, nem o complexo analisado como um todo faz sentido como dispositivo defensivo, nem a abordagem sectorial da segunda linha nos permite inferir que esta possui todas as características necessárias para que se considere um muro muralha. Estes dois apontamentos poderiam introduzir no discurso a não familiaridade dos dispositivos arquitectónicos, valorizar a dificuldade em os inserir numa tipologia ou numa tabela classificativa. Os autores propõem uma interpretação matemática para Los Millares no mundo matemático dos nossos dias. E propõem a emergência do pensamento matemático no sul da Península Ibérica entre o final do IV milénio e o IIº milénio a.C.(Ibid: 913). Assim, a construção de Los Millares é traduzida em números: números de trabalho por dia, volumes e medidas.

A sensação de estranheza surge do confronto entre visível e invisível, entre presença e ausência. É a recusa de procura pelo original, pelo autêntico, uma recusa em contemplar associada ao desejo de interagir com os materiais, ao desejo de recuperar o espanto. A sensação de estranheza emerge no momento do encontro com um sítio arqueológico, da nossa relação com o mesmo, como uma experiência aurática, seguindo Benjamin (Benjamin, 1999a; 1999b). Benjamin descreve a aura como “strange weave of space and time” [citado em Didi- Huberman, 2005: 12 (SW2: 518)], como “unique phenomenon of a distance, however close it may be” (1999b 216). Gostariamos de seguir a abordagem de Didi-Huberman ao conceito de aura quando refere: “Benjaminian supposition of the aura and of the “origin” understood as a

reminiscent present where the past is neither to be rejected nor to be reborn, but quite simply to be brought back as an anachronism.” (Didi-Huberman, 2005: 7). Neste sentido, a experiência aurática pode ser relacionada com o encontro e com o que poderíamos chamar de experiência anacrónica, demasiado distante mas contudo muito próxima no tempo, uma experiência aurática é a experiência limiar de um encontro. Poderíamos também arriscar e dizer que a aura é inerente a cada fragmento cerâmico, mas desaparece, ofusca-se quando este é inserido num processo de inventariação, catalogação, e perde a sua unicidade, a sua singularidade, para ser apenas mais um exemplo, mais um fragmento cerâmico “igual” a tantos outros. Talvez o arqueólogo possa novamente recuperar a aura de cada coisa em si, e entendê-la na sua singularidade. De facto, a incorporação em sistemas de inventariação declara morte à aura, ou seja, à qualidade de único de cada coisa. Este é o caminho para a valorização do estudo pormenorizado e atento ao detalhe que tentamos desenvolver na análise de Castanheiro do Vento. No entanto, não se procura aqui elevar o objecto, o fragmento cerâmico, a objecto de culto, enquanto revelador de algo que misticamente se encontra codificado no seu interior. Recuperar a aura significa antes recuperar a unicidade de cada fragmento cerâmico, de cada troço de muro, de cada sítio arqueológico. Unicidade essa que emerge apenas nesta relação entre o imensamente próximo e o irremediavelmente distante em que o encontro se dá.

Estranheza é o encontro com a falha, com o vazio, entre passado e presente, materializada no que convencionalmente se designa registo arqueológico. Contudo esta disjuntura não está à espera de ser encontrada ou preenchida com o que aconteceu mas já não está lá. É uma criação. Esta lacuna é discrepante, Segundo Bal, “Discrepancy, to my mind, is a brilliant word to indicate the gap between past and present, as well as to suggest the two – or more! – sides of the gap, without prejudging the kind of cuts, joints, and erasures needed to make that discrepancy something we can look at and learn from”. (Bal, 2002: 60). Derrida sublinha também que do passado restam-nos “restos desarticulados”, que o arqueólogo tenta articular – diríamos nós – a fim de lhes conferir coerência discursiva. Contudo, “On Derrida’s account, history is not linear, developmental, logical or coherent. Due to the fact that it contains within itself gaps and secrets, ghosts and holes, it can never tell us who we are” (Dooley & Kavanag, 2007: 4).

A segunda parte deste trabalho pretendeu sobretudo perguntar como é que os arqueólogos entendiam o passado e como é que o representavam. Será que o passado é

abordagens e histórias, ou pretendem os arqueólogos alcançar uma interpretação estática, baseada em imagens bem definidas, onde o arqueólogo é interveniente invisível na construção do passado? Provavelmente a questão convoca apenas duas extremidades. Contudo, parece- nos que a maioria das narrativas acerca dos chamados “povoados fortificados” aproxima-se da segunda abordagem, ao apresentar um passado familiar, ao interpretar a lacuna entre passado e presente como um vazio que pode ser preenchido com momentos de construção e momentos de ocupação. Grande parte dos discursos explicativos dos povoados fortificados denuncia a crença na Arqueologia como saber que providencia histórias sequenciais que possibilitam a reconstrução da falha, como uma ponte, estendida entre as origens e o presente, e onde é possível encontrar um significado autêntico para cada objecto, contexto, sítio ou paisagem.

A procura pela autenticidade, através da manipulação de algo real, da qual podemos extrair um significado real, parece ser um dos principais problemas da pesquisa na Península Ibérica acerca dos povoados fortificados. Esta abordagem é construída sobre a premissa de que o significado está encapsulado no objecto, e que é possível revelar a autenticidade de um argumento pela análise das materialidades. Os conjuntos artefactuais são estudados, organizados em diferentes tipos, e a cada um é atribuída uma função. A sua presença ou ausência pode determinar a função/explicação de um contexto, como por exemplo a presença ou ausência de pesos de tear ou de pontas de seta (como já foi referido para Los Millares). Os dispositivos construídos são normalmente considerados enquanto cenários, como unidades estáticas que apenas albergam no seu espaço um conjunto de actividades. As actividades construtivas, remodelações, manutenções, e outras diferentes interacções com os materiais e as estruturas, raramente são equacionadas.

Esta abordagem carrega implicitamente o desejo de um passado autêntico, representado por imagens estereotipadas, por imagens fixas, que só podem ser estáticas na medida em que perderam a temporalidade das acções passadas. Numa imagem fixa “Time is caught in a loop by constant repetition of the same action” (Biesenbach, K. 2001/2: 20, apud Ross, C., 2006: xvi). Nas imagens sugeridas pelas explicações dos povoados fortificados, as acções passadas parecem estar presas a estereótipos que representam várias gerações… o problema surge quando a imagem se torna realidade e não interpretação. Torna-se uma imagem petrificada, uma actividade congelada, que constitui uma forte barreira ao diálogo, na medida em que bloqueia o discurso e cria condensações de significado que tendem a resistir a uma reflexão crítica. Como Dovey referiu “The fundamental paradox emerges out of our very attempts to find and recreate a lost authenticity, a lost world of meaning” (Dovey, 1986: 47). Seguindo de perto o autor, autenticidade não é uma qualidade das coisas materiais mas é

gerado na nossa interacção com o mundo. Autenticidade “is only found and generated in the dwelling practices of everyday life” (Ibid: 44) (seguindo uma perspectiva Heideggeriana).

Procurar a autenticidade implica muitas vezes a procura do original – problema a que já aludimos na primeira parte deste trabalho – e parece estar implícita, segundo diferentes prismas nas abordagens tradicionais que buscam o passado que realmente aconteceu. Procurar a autenticidade é também uma tentativa de encontrar as nossas origens num passado original. No caso da investigação levada a cabo acerca dos povoados fortificados, como ficou explicito no ponto 4, existe o desejo de explicar as origens da metalurgia, das sociedades estratificadas, das desigualdades sociais, do proto-urbanismo… neste sentido as explicações dos povoados fortificados enfatizam o começo de uma nova ordem social, baseada na construção de um novo tipo de sítios que representam a emergência de elites que detinham o poder e a riqueza, controlavam os intercâmbios e a armazenagem de bens agrícolas, e estavam encarregues de práticas rituais… os povoados fortificados reflectiriam o início das desigualdades sociais, traduzido por exemplo, na distribuição e dimensão das unidades domésticas, como em Los Millares onde a elite viveria no interior da cidadela (Molina & Cámara, 2005). Também Silva e Soares (1976/77: 266), apontaram que estes sítios reflectiam divisão social do trabalho. Kunst (2000) considerou o inicio da guerra, entendido como um grupo de guerreiros organizado em exércitos, no Calcolítico. Contudo, como V. O. Jorge (2008) assinalou, estamos sempre numa posição de espanto perante a radical estranheza e arbitrariedade do mundo, o que inviabiliza a escrita de uma narrativa coerente acerca das nossas origens.

Os restos do passado não são neutros, não podem ser tratados como simples objectos que albergam em si o passado que realmente aconteceu, mas aparecem como fantasmas, como presenças ausentes do passado, que nos assombram na sua irredutível estranheza. Continuando com Derrida, é apenas pelo trabalho de luto que nos podemosaproximar do passado, não para o trazer para o presente, mas como um trabalho interminável que pode prometer um futuro, que pode “determinar um futuro”. “If memory testifies to the fact that we can never fully recollect the past, then mourning affirms that we are never finished with the past: that the task of comprehending the past always lies ahead of us” (Dooley & Kavanag, 2007: 8). É um processo reflexivo sem fim que mantém em aberto a possibilidade de múltiplos entendimentos.

Freud (2001 [1919]) explorou o conceito de uncanny1 para traduzir a experiência do encontro com algo “secretly familiar, which undergone repression and then returned from it”

(Freud, op.cit.: 245). Uncanny é o que não se reconhece como novo mas ao mesmo tempo provoca uma desconfortável experiência, assustadora pela sua extrema familiaridade. Pode ser provocado por exemplo pela repetição de algo mas de forma inesperada como uma estranha coincidência. Nesta linha poderemos sugerir que a familiaridade das representações sugeridas pelos povoados fortificados nos desperta esta estranheza? As suas semelhanças provocam no leitor um estranho sentimento de familiaridade e neste sentido as imagens familiares do passado revelam-se como imagens uncanny, e são muitas vezes assustadoras e desconfortáveis. É comum concordar que o conhecido e o desconhecido são duas esferas das nossas vidas, uma familiar, a outra perigosa, escondida e na maior parte das vezes secreta. Contudo, e se estas barreiras que sustentam um pensamento binário caíssem por terra? É neste momento que a sensação de uncanny aparece. A experiência de estranheza dada pela extrema familiaridade das imagens acerca do passado é promovida pelo encontro com as propostas elaboradas por outros arqueólogos para a explicação do Calcolítico Peninsular, e por outro lado emerge no encontro com Castanheiro do Vento. Foi este encontro que sugeriu este texto, o encontro com a infinita proximidade e distância do passado. A reflexão sobre estes tópicos procura sobretudo promover uma atitude irrequieta em relação ao nosso próprio trabalho enquanto arqueólogos, em relação aos discursos que tecemos, e provocar desconforto no seio das narrativas estabelecidas.

definição e tradução da palavra alemã unheimlich: “Indeed we get an impression that many languages are without a Word for this particular shade of what is frightening. (…)

Latin: (K. E. Georges, Deutschlateinisches Worterbuch, 1898). An uncanny place: locus suspectus; at an uncanny time of night: intempesta nocte.

Greek: (Rost’s and Schenkl’s Lexikons).ξένος (i.e. strange, foreign).

English: (from the dictionaries of Lucas, Bellows, Flügel and Muret-Sanders). Uncomfortable, uneasy, gloomy, dismal, uncanny, ghastly; (of a house) haunted; (of a man) a repulsive fellow.

French: (Sachs-Villette). Inquiétant, sinistre, lugubre, mal a son aise. Spanish : (Tollhausen, 1889). Sospechoso, de mal aguero, lúgubre, siniestro.

The Italian and Portuguese languages seem to content themselves with words which we should describe as circumlocutions. In Arabic and Hebrew “uncanny” means the same as “daemonic”, “gruesome”.” (Freud, 2001[1919]: 221).

Optamos também por utilizar a palavra na sua tradução em inglês pois na ausência de ferramentas da língua alemã é-nos impossível a aplicação em texto da palavra na língua em que Freud a pensou. A primeira leitura que fizemos do texto de Freud foi na sua versão inglesa, e nesse sentido, trabalhamos o texto em inglês num primeiro momento. Poderíamos talvez dizer agora que as traduções e a confusão das línguas são também um encontro com a estranheza da própria palavra “uncanny”.

7.2. George Segal, Three Figures and Four Benches, 1979

Começamos este ponto por colocar questões acerca de como vemos e representamos o passado, mas talvez, no fim deste texto, possamos reformular estas perguntas numa questão: como vemos novamente aquilo que representamos? Sempre atentos aos sinais de advertência das imagens estáticas do passado que foram apanhadas em estereótipos, e na tentativa de representar estes sítios por processos dinâmicos, tentámos desconstruir as explicações essencialistas de “pessoa” (homem, mulher ou criança) e os processos de identidade vinculados a estas explicações. Talvez possamos agora recolocar o problema como a tensão latente que existe no nosso trabalho. As tentativas de produção de imagens são geradas nessa tensão. E estas imagens (tensionais) procuram fazer espaço para as comunidades na pré- história nas complexas teias em que as categorias de “pessoa” se criam, na medida em que a construção de identidades se faz pela constante concretização de uma miríade de conexões e desconexões entre pessoas e coisas. Em vez de encarar isto como uma impossibilidade, talvez este confronto ou tensão nos quais e pelos quais trabalhamos seja uma outra forma de pensar a representação arqueológica de um passado.

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III

Arquitectura e organização do espaço

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