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ANÁLISE DOCUMENTAL OPINIÕES DOS SUJEITOS

6. Impacto da autoavaliação.

A construção de um guião de entrevista revelou-se extremamente importante para (re)orientar e (re)encaminhar a entrevista. Sendo um guião organizado, foi constituído por um conjunto ordenado de questões abertas (anexo). Ou seja, apesar do guião ter sido construído a partir das questões de pesquisa e dos eixos de análise da investigação, houve o cuidado da sua estrutura ser flexível, de maneira a garantir que todos os tópicos fossem abordados, permitindo, no entanto, ao entrevistado uma margem de liberdade dentro da estrutura definida (Bell, 2004; Afonso, 2005). A própria conceção das questões que obrigavam à exploração das ideias continha a exigência de ir ao encontro de Bogdan e Biklen (1994), quando dizem que “as entrevistas, devem evitar perguntas que possam ser respondidas sim e não, uma vez que os pormenores e detalhes são revelados a partir de perguntas que exigem exploração”(p.136).

Antes da realização das entrevistas, efetuou-se um pré-teste, com o intuito de verificar se as questões elaboradas eram percetíveis e poder-se assim ajustar o guião pela análise/crítica ou porque poderiam adevir outras questões que levassem a corrigir ou complementar as anteriores. Esta validação que, segundo Bodgan e Bilken (1994), reflete “a preocupação com o registo tão rigoroso quanto possível do modo como as pessoas interpretam os significados.” (p.51), passou pela realização da entrevista a dois professores que não eram os participantes e posteriormente a dois especialistas que levantaram algumas sugestões, levando a ajustes considerados consensuais. À posteriori, após a sua transcrição, foram dadas a ler aos entrevistados, para que os mesmos confirmassem a informação obtida.

Por outro lado, as entrevistas foram realizadas na escola, mediante marcação prévia, respeitando a disponibilidade de cada um dos entrevistados. Decorreram num ambiente privado, informal, disponibilizado para o efeito, de modo a garantir sossego e privacidade, no qual se procurou sempre deixar os entrevistados responderem à vontade. Na fase inicial, procedeu-se à legitimação da entrevista, informando os sujeitos dos objetivos do estudo, da importância que as suas respostas tinham para a realização do mesmo, sendo assegurada a disponibilização final do estudo, assim como toda a confidencialidade do diálogo realizado. Foi solicitada autorização para a gravação áudio, tendo sido por todos concedida.

64 3.4.3 Notas de campo

As notas de campo correspondem aos diálogos que se mantêm com todos os sujeitos que exercem funções na Comunidade escolar, fomentadas pela convivência entre eles.

Estes diálogos, registados num diário do investigador, foram considerados como uma importante fonte de dados, no contributo para a compreensão do problema em estudo. Como Bogdan e Biklen (1994) referem, as notas de campo são um relato escrito daquilo que o investigador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha e reflectindo sobre os dados de um estudo qualitativo.

Nestas conversas, necessariamente informais, espontâneas e não estruturadas, que correspondem ao tipo mais flexível da entrevista (Patton, 2002), centraram-se não só na forma como decorreram os procedimentos realizados aquando da autoavaliação da escola, expectativas ou considerações perante a mesma, mas também sobre outros assuntos, tais como, os dados obtidos e pareceres dos planos de melhoria traçados.

Concebeu-se um diário do investigador como um instrumento, onde este vai registando as suas notas. Assim, registámos neste diário as ideias trocadas com alguns professores no espaço escolar, como por exemplo: sala de professores, bar, corredores, etc., tendo funcionado não só como espaço de reflexão, mas também como forma de organização de ideias, dúvidas, datas, temas relevantes, entre outros.

Este registo ocasional de teor intimista, não obedeceu a uma estrutura própria, tendo sido efetuado sempre que se verificavam episódios considerados significativos para o trabalho em estudo.

As notas de campo registadas ao longo deste estudo continham dois tipos de informação, uma mais descritiva, em que a preocupação foi a de captar uma imagem por palavras do local, pessoas, ações e conversas observadas e uma outra de caráter mais reflexivo.

65 3.5 Técnicas de análise de dados

O processo de análise operado nos dados após a sua recolha tem como propósito organizá-los e sintetizá-los, procurando padrões, interpretando e tornando a informação obtida explícita a todos aqueles que não tenham participado neste estudo.

Assim, para a análise dos documentos e das entrevistas, recorremos à análise de conteúdo, procedimento este, como refere Calado (2004/2005), que tem por objetivo a produção de um texto analítico sobre os dados. Ao mencionar este processo Quivy (2005) diz também que “oferece a possibilidade de tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e complexidade e (…) permite quando incide sobre um material rico e penetrante, satisfazer harmoniosamente as exigências do rigor metodológico e da profundidade inventiva, que nem sempre são facilmente conciliáveis”(p. 227).

Determinado o modo de análise para tratamento da informação obtida, ficamos em condições de inferir acerca das decisões, aplicações, opiniões, conceções, convicções e preocupações, levando-nos a um aprofundamento na exploração dos conteúdos, facilitando a apreensão e sistematização da informação, dando-se início ao tratamento da informação, tendo sido efetuado de acordo com as seguintes diligências.

Efetuada a transcrição da totalidade das entrevistas, cumprindo integralmente todo o discurso obtido e após verificar-se uma leitura inicial de todos os documentos, a análise de conteúdo consistiu na enumeração ou descrição resumida, após o tratamento das características do texto, sendo que o significado atribuído a essas características será a última etapa deste processo, no qual a inferência tem um papel fundamental.

O desenvolvimento de categorias de significação resultou da interação entre os eixos de análise presentes na elaboração das entrevistas e os padrões e tópicos que emergiram da “leitura flutuante” dos textos.

Como considera Afonso (2005), a consolidação da listagem de categorias passa pela sua organização numa hierarquia, bem como pela integração das categorias mais específicas em categorias mais amplas. Para este autor, o investigador deve explorar o material empírico de natureza qualitativa, de acordo com os seus objetivos de pesquisa “mobilizando e testando estratégias produtoras de significados relevantes,

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transformando progressivamente os dados em elementos constitutivos de um novo texto (o texto significativo)” (p. 118).

Com estes pensamentos, procurámos, em primeiro lugar, explorar e descrever as ideias apresentadas pelos entrevistados e, de acordo com os indicadores recolhidos, procedemos à identificação de temas e categoria gerais, utilizando para o efeito, sobretudo procedimentos abertos.

Tendo em consideração que algumas das categorias tinham sido delineadas antes da recolha de dados, fundamentamo-nos sobretudo numa categorização emergente de dados (Bardin, 1995), já que as categorias foram ajustadas, completadas e reformuladas a partir dos discursos dos entrevistados.

Desta forma, embora tenhamos recorrido a uma abordagem preferencialmente indutiva, também empregámos uma abordagem dedutiva. Esta técnica, de acordo com Forte (2005), “permite a sistematização e explicitação da informação contida nas entrevistas, com o objectivo de elaborar categorias e classificações pertinentes para a construção e interpretação de um campo conceptual” (p.125).

Na codificação do material analisado e seguindo Vala (2005), a unidade de registo (unidade de conteúdo mínima pertencente a uma dada categoria) considerada foi o tema, uma vez que as categorias são do tipo semântico e a unidade de contexto (segmento de conteúdo mínimo que dá sentido) foi normalmente o parágrafo ou a resposta dada a cada questão.

Por último, o processo de codificação deu origem à produção de um corpus de informação trabalhada e organizada em função dos objetivos e das questões de investigação, tendo em consideração a frequência das suas respostas, (estas aludem ao número de professores que expressaram aquela opinião e não ao número de vezes que essa opinião é expressa).

Esta ação possibilitou-nos a obtenção de indicadores que nos permitiram propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos e das questões de investigação.

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Deste exercício, expomos as dimensões, as categorias e subcategorias que resultaram da análise das entrevistas, enunciando o modo como os dados serão apresentados no capítulo quatro.

Quadro nº 03 -Dimensões, categorias e subcategorias.

Dimensão Categorias e Subcategorias