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CAPÍTULO IV ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.2 Implementação da educação integral no CEF 01

O Centro de Ensino Fundamental 01, situado à EQR 2/4 Área Especial nº 07, encontra-se na zona urbana da cidade da Candangolândia, Distrito Federal, localizado próximo à praça da Bíblia, e é também conhecida como Escola das Bandeiras. A escola foi fundada no dia 29 de março de 1985 para atender a alunos do Ensino Fundamental. Naquela época, a escola era chamada de Centro de Ensino de 1º Grau 02 do Núcleo Bandeirante.

Com o crescimento populacional da Candangolândia e a necessidade de se oferecer Ensino Médio aos estudantes, a comunidade mobilizou-se e exigiu a construção de uma escola que viesse a atender esta clientela. Em 2009, com o término da construção do Centro de Ensino Médio 01 Júlia Kubitscheck (CEM 01 JK), todos os alunos do CEF 01 migraram para a nova escola. Em março daquele mesmo ano, o CEF 01 foi entregue à Diretoria Regional de Ensino, que a recebeu em condições inadequadas de uso.

A escola, então, passou por uma reforma para a implantação do 1º Centro de Referência em Educação Integral do DF, a fim de atender uma das metas do governo do Distrito Federal: “todas as escolas públicas com educação integral” (2016, PPP, p. 6). O 1º Centro de Referência em Educação Integral do DF foi inaugurado no dia 15 de maio de 2009 pelo governador José Roberto Arruda, Senador Cristovam Buarque, Secretário de Educação professor José Luís da Silva Valente, Secretário Extraordinário de Educação Integral Marcelo Aguiar e pela Diretora da Regional de Ensino do Núcleo Bandeirante, professora Élida Cristina Gomes de Melo, sob a gestão do Diretor Fernando Silva Carvalho e do Vice-Diretor Bráulio de Oliveira Lemos.

Cumpre informar que nesse momento a escola passou a se chamar Centro de Ensino Educacional 01 (CED 01). Apenas em 2013, ela recebeu a atual nomenclatura: Centro de Ensino Fundamental 01 (CEF 01). Assim, a escola reabriu suas portas para atender alunos oriundos de 3 (três) outras instituições – Escola Classe 01, Escola Classe 02 e CEM 01 JK – em tempo integral. Segundo um dos entrevistados, esses estudantes e pessoas da comunidade se dirigiam à escola para realizar atividades no contraturno escolar:

A comunidade e os alunos frequentavam a escola [...] os alunos estudavam no turno normal, regular, e no turno contrário eles vinham participar de oficinas, palestras, terem aulas de reforço, essas coisas, mas também tinha o atendimento para a comunidade, pai de aluno, mãe de aluno que tinha interesse e se matriculavam nessas oficinas de teatro, costura (depoimento de um dos entrevistados).

Ressalte-se que a meta do governo do Distrito Federal “todas as escolas públicas com educação integral” ocorreu em resposta ao fomento da educação integral iniciada pelo

Governo Federal por meio do Programa Mais Educação. Importante lembrar que o MEC definiu os normativos gerais sobre a educação integral, bem como emitiu uma série de orientações voltadas para sua implementação. Como já informado, antes mesmo da Portaria que instituiu o referido Programa, em 2007, já havia no Brasil experiências das Secretarias de Educação nos estados voltadas para a educação integral.

No caso do Distrito Federal, a educação integral foi iniciada após a instituição do Programa Mais Educação. Para melhor subsidiar as escolas administrativamente e financeiramente, a Secretaria de Educação criou o PROETI. Ao aderir esse Projeto, em 2013, o oferecimento da educação integral tornou-se obrigatório para todos os alunos matriculados no CEF 01.

Quanto à função social desempenhada pela escola, o CEF 01 tem como missão:

[...] difundir e compartilhar o conhecimento com a comunidade da Candangolândia a fim de reduzir a distância entre as classes sociais, promover a reflexão e o senso crítico no cidadão, tornando-o protagonista de ações que visam a oportunizar a melhoria da qualidade de vida no meio onde estão inseridos (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2015, p. 05).

Pode-se dividir o oferecimento da educação integral pelo CEF 01 em dois momentos distintos: de 2009 a 2012, quando recebia alunos oriundos de outras escolas no contraturno escolar; e de 2013 a 2015, anos em que a educação integral foi oferecida em tempo integral apenas aos alunos matriculados na escola. Até 2012, a escola oferecia atividades no contraturno escolar para estudantes oriundos de outras escolas e para a comunidade local. No entanto, atender alunos internos e externos passou a oferecer problemas, descritos por um dos entrevistados conforme abaixo:

[...] a gente tinha dentro do mesmo turno uma diferenciação muito grande, a gente tinha os alunos do regular mais os alunos do integral, e aí algumas vezes a gente tinha necessidade de organizar o espaço para o regular, mas a gente era impedido porque o espaço estava sendo utilizado pelos alunos do integral, então existia um conflito dentro do mesmo horário, do mesmo espaço, e ainda existia o problema da alimentação porque alimentação para o aluno regular era uma e do integral era outra (depoimento de um dos entrevistados).

Naquele contexto, a escola informou que se dirigiu até a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) para pedir o desligamento da educação integral. No entanto, ao receber esse pedido, a Secretaria de Educação lhes apresentou a proposta de educação integral em tempo integral (PROEITI), voltada para os alunos matriculados na escola, com duração de 10 horas. A proposta foi apresentada ao Conselho Escolar e à comunidade, que acharam interessante. Então, o Diretor decidiu implementá-la.

Assim, entre os anos de 2013 a 2015, a educação integral foi oferecida apenas aos alunos matriculados na escola. O tempo de permanência diário foi de 10 horas, no horário de

7h30 às 17h30, e incluiu atividades externas, realizadas na Escola Parque da 308 Sul (oficinas de artes plásticas, teatro, música, educação física) e no CIEF (atividades esportivas). Foram atendidos, em média, 380 (trezentos e oitenta) alunos a cada ano, distribuídos nas 15 (quinze) turmas do Ensino Fundamental, com 25/26 (vinte e cinco ou vinte e seis) alunos por sala.

Há, também, na composição da modulação de turmas, uma classe de alunos com necessidades educacionais especiais. O atendimento a esta classe fez com que o PPP/2015 relacionasse dentre seus objetivos gerais a promoção da acessibilidade aos espaços físicos escolares para o atendimento aos cadeirantes e as demais pessoas portadoras de necessidades especiais.

A educação integral em tempo integral no CEF 01 durou apenas 3 anos, de 2013 a 2015. Em 2015, a escola solicitou o desligamento do PROEITI e não aderiu ao Programa Mais Educação. Assim, não houve educação integral no exercício de 2016. É pertinente destacar a opinião de um dos entrevistados, que discorreu sobre como a educação integral se devolveu ao longo desse período.

[...] o primeiro ano foi legal, todos os alunos nossos tiveram oportunidade de ter convívio com a natação, coisa que é rara aqui, ainda mais aqui que é comunidade carente todos [...]. Esse é um dos pontos fortes e o ponto, assim, que saiu da rotina da escola [...]. Aí chegou no outro ano (2014), a Escola Parque já foi tirada da gente, a gente ficou só com o CIEF, aí ficamos com alunos indo duas vezes por semana no CIEF, no primeiro ano eles tinham três horas de aulas no CIEF, no segundo ano eles passaram a ter uma hora de aula no CIEF. Eles passavam mais tempo indo e vindo do que no próprio CIEF (depoimento de um dos entrevistados).

O tópico a seguir trata do apoio que a Secretaria de Educação do Distrito Federal ofereceu para que houvesse o fomento da educação integral iniciada pelo Programa Mais Educação. Assim, suscintamente, para uma melhor contextualização, serão abordados o PROEITI e o PDAF, de modo a demonstrar que a participação das Secretarias de Educação é fundamental para a concretização da política pública educacional do Governo Federal.