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CAPÍTULO II – METODOLOGIA

2.4 O processo de análise de dados

O processo de análise de dados engloba, basicamente, a análise documental e a análise das entrevistas aplicadas. Em um primeiro momento, os dados são organizados e preparados, incluindo a transcrição das entrevistas. Em seguida, é realizada uma leitura do material, atentando para as informações que se relacionam com as categorias já definidas, a fim de se obter uma visão geral das informações que ali estão. Com relação às entrevistas, frisa-se que, durante a fala do informante, a pesquisadora fez inúmeras anotações, destacando elementos associados às categorias. Essas notas foram lidas previamente à leitura das entrevistas transcritas.

Feitas a seleção e a análise preliminar dos documentos, a pesquisadora procedeu à análise dos dados. A análise é desenvolvida a partir da discussão que os temas e os dados suscitam, incluindo as referências bibliográficas e o modelo teórico. Nesta pesquisa, recorreu- se à metodologia de análise do conteúdo, considerando-se seis eixos de categorias – tempo, espaço, atividades, sujeitos, gestão e desafios. Segundo Olabuenaga e Spizúa (1989), a análise de conteúdo é uma técnica para ler e interpretar documentos que, observados adequadamente, permitem conhecer aspectos e fenômenos da vida social.

Franco (2008, p. 20) chama a atenção para o fato de a análise de conteúdo exigir que as descobertas tenham relevância teórica. Para ele, “uma informação puramente descritiva não relacionada a outros atributos, ou às características do emissor, é de pequeno valor”. Na tentativa de não ser levada a conclusões superficiais e equivocadas, a análise do conteúdo feita pela pesquisadora foi direcionada pela fundamentação teórica, deixando de lado eventuais preconceitos e pré-julgamentos.

Minayo (2001) enumera obstáculos para uma análise eficiente, quais sejam: a ilusão do pesquisador em pensar que a realidade dos dados, logo de início, se apresenta de forma

nítida a seus olhos; a possibilidade de ele se envolver tanto com os métodos e as técnicas a ponto de esquecer os significados presentes em seus dados e a dificuldade em articular as conclusões que surgem dos dados concretos com conhecimentos mais amplos. Ao ter conhecimento desses obstáculos, a pesquisadora atentou para a realização de uma análise mais cuidadosa e criteriosa.

A autora (2001) aponta, também, três finalidades da fase de análise: estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder às questões formuladas, e ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado. Para a autora, essas finalidades são complementares, em termos de pesquisa social. Ainda, ela afirma que uma das técnicas mais comuns para se trabalhar os conteúdos é a que se volta para a elaboração de categorias.

Segundo Minayo (2001, p.70), a palavra categoria se refere a um “conceito que abrange elementos com características comuns ou que se relacionam entre si. Nesse sentido, trabalhar com elas significa agrupar elementos, ideias ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso”. As categorias podem ser estabelecidas antes do trabalho de campo, na fase exploratória da pesquisa, ou a partir da coleta de dados. Tendo em vista que a metodologia utilizada no presente trabalho está sendo replicada, cinco categorias já estavam definidas antes do trabalho de campo. São elas: tempo, espaço, atividades, sujeitos e gestão. Por conseguinte, quando da análise exploratória inicial, inseriu-se a categoria desafios.

Ressalta-se que a análise de conteúdo é uma entre as diferentes formas de interpretar o conteúdo de um texto, adotando normas sistemáticas de extrair significados temáticos ou os significantes lexicais, por meio dos elementos mais simples do texto (BARDIN, 2010). Consistem em relacionar a frequência e o contexto da citação de alguns temas, palavras ou ideias em um texto para aferir o peso relativo atribuído a um determinado assunto pelo seu autor.

Pressupõe, assim, que um texto contém sentidos e significados, patentes ou ocultos, que podem ser apreendidos por um leitor que interpreta a mensagem nele contida por meio de técnicas sistemáticas apropriadas. A mensagem pode ser apreendida, decompondo-se o conteúdo do documento em fragmentos mais simples, que revelem sutilezas contidas em um texto. Os fragmentos podem ser palavras, termos ou frases significativas de uma mensagem. Tais fragmentos são os códigos de análise.

Realizada a construção do quadro de códigos de análise, o passo seguinte no processo de análise documental foi definir a forma de registro. A aplicação da análise de conteúdo foi feita de forma “tradicional”, ou seja, sem o uso de softwares. De início, o material coletado

foi lido, procedendo-se a anotações em sua margem, como um primeiro momento de classificação dos dados. Nesta oportunidade, destacava-se categorias e trechos das entrevistas relevantes. Dessa forma, organizou-se uma primeira rodada de classificação.

Em seguida, recorreu-se aos comandos de busca em arquivos para textos em Word e em PDF. As palavras utilizadas nessa segunda rodada de pesquisa foram os códigos de análise, para localizar e quantificar as ocorrências. A terceira rodada de pesquisa foi feita a partir de expressões pertencentes ao mesmo campo semântico dos códigos, ou que possuíssem correspondência com eles, tais como: ‘qualificação’, ‘curso’, ‘preparação’, ‘semana pedagógica’, ‘estudos’, ‘encontros’, palestras; ‘lugar’, ‘fora da escola’, ‘dentro da escola’, ‘outro lugar’; ‘atividades na comunidade’; ‘recursos financeiros’, ‘dinheiro’ e ‘quantia’.

Nas rodadas 2 e 3 optou-se pela quantificação e localização das ocorrências, indicando as linhas em que aparecem no material para retornar a elas facilmente durante a discussão dos resultados. Nesse momento, as anotações feitas à margem do material são de grande valia para subsidiar a análise. A busca por informações não se ateve às três rodadas. O processo foi marcado por leituras e releituras, uma vez que uma pesquisa qualitativa não se constrói de forma linear. Essa sistemática foi indispensável para se extrair informações úteis, capazes de subsidiar a explanação dos resultados e sua discussão.

O capítulo a seguir tratada da descrição do Programa Mais Educação. O Programa foi descrito a partir dos normativos que o conceberam, dos documentos publicados pelo MEC e das contribuições teóricas de autores que desenvolveram estudos sobre a educação integral e o referido Programa. Frise-se que a soma desse material também compõe o referencial teórico que fundamentou a pesquisa proposta.