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IMPLICAÇÕES NA AUSÊNCIA DE UM PROJETO DE IMPERMEABILIZAÇÃO

São infinitas as implicações sem um sistema de impermeabilização bem dimensionado por um profissional especializado, vai desde uma simples criação de fungo na parede à corrosão da própria estrutura.

As patologias causadas a uma edificação podem decorrer de diversos motivos, todos eles culminam em problemas ora graves e onerosos, e em raros casos simples, de fácil correção e que por sorte não necessitará de despesas extras para corrigi-lo. É do conhecimento geral e de certa forma empírico de quem atua em obra, sobretudo mão de obra, que há locais que possuem maior incidência de problemas decorrentes de impermeabilização. Este conhecimento vem da prática, de suas experiências construtivas, e também do conhecimento propagado entre profissionais.

A pesquisa de Antonelli (2002) quantificou e identificou onde ocorrem o maior número de patologias nas edificações, conforme Figura 12.

Figura 12 - Principais motivos para infiltrações

Fonte: Antonelli (2002, p.06).

Martins (2006) cita uma pesquisa feita por uma seguradora de bens da França, que analisou cerca de dez mil situações de sinistros em edificações decorrentes de deficiências construtivas, ou seja, falha de mão de obra da execução, falha de projeto, uso de materiais de baixa qualidade e falta de manutenção56. A Figura 13, ilustra a pesquisa feita pela seguradora francesa.

56 MARTINS, J.G. Impermeabilizações: Condições técnicas de Execução. Repositório da Universidade

Figura 13 - Falhas construtivas

Fonte: Martins (2006, p. 57).

O sucesso da impermeabilização em uma edificação reside em uma série de fatores, erroneamente quando se pensa em infiltrações se aponta logo falha no processo executivo (mão de obra), mas a concepção de um bom projeto se faz essencial ao resultado final do sistema. Certos aspectos que devem constar em um projeto são os maiores fatores que levam ao insucesso na execução da impermeabilização, os quais se destacam:

 Ausência do projeto específico de impermeabilização;

 Área interna com a mesma cota de áreas externas, tornando os pisos a nível;  Pela falta de desnível junto a soleiras de portas;

 Pela falta de desnível junto a pingadeiras de janelas;

 Pela falta de previsão de vergas em portas e vergas e contra vergas em janelas;  Pela especificação de materiais inadequados a situação;

 Pelo dimensionamento incorreto de tubulações pluviais em calhas e lajes de cobertura;  Pela priorização de outros projetos e consequente interferência no próprio projeto de

impermeabilização;

 Pela não compatibilização de fixação de guarda-corpos e outros detalhes arquitetônicos em áreas externas impermeabilizadas;

 Pela não compatibilização entre o nível do projeto paisagístico em relação ao nível da impermeabilização do baldrame ou paredes de concreto em casos de subsolo;

 Por falta de juntas entre reboco e contrapiso em áreas com potencial de umidade;  Pela adoção de iluminação e tomadas de piso/caixas elétricas de parede com

 Pela não compatibilização entre tubulações de sistemas de aquecimento de água e energia fotovoltaica que afloram em telhados e lajes;

 Pela falta de previsão de pingadores em muretas de sacadas e platibandas de cobertura;  Pela previsão incorreta de aberturas de ventilação de aletas com inclinações

insuficientes contra a passagem de água;

Conforme Vicentini (1997) refere-se a falta de qualidade de materiais, estes ocorrem geralmente porque os técnicos não seguem os preceitos normatizados, fazendo uso de materiais inadequados; adulterados; adulterados pelo fornecedor ou mal dosados pelo aplicador; falta de controle de qualidade.

Outro aspecto importante a se considerar é a compra de materiais de baixa qualidade intencionalmente para obtenção de redução de custos por responsabilidade do proprietário e/ou construtor da obra. Este caso é mais comum quando a obra se destina a venda ou aluguel, pois neste caso a principal intenção é a maior obtenção de lucros com o menor investimento.

A utilização de materiais inadequados, ainda segundo o mesmo autor, pode trazer consequências a edificação, como:

 Danos funcionais;  Danos à estrutura;  Danos à construtora;

 Danos à saúde dos usuários;

 Danos aos bens internos do imóvel;

 Descrédito ao segmento de impermeabilização;  Desgastes entre cliente final/construtor/aplicador;  Ações na justiça;

 Grandes gastos para reparação;  Desvalorização do imóvel;

 Necessidade em alguns casos de recuperação estrutural;

Além dos defeitos provocados pela falta ou má qualidade de projeto e baixa qualidade do material empregado na construção, a qualidade de uma execução (fator mão de obra), influi diretamente no resultado final e por consequência negativa no nível de patologias

decorrentes a esta execução. Tais defeitos podem ser causados por diversos fatores, os quais destacam-se:

 Falta de arredondamento dos cantos de muretas e platibandas;

 Falta da camada de regularização por sobre a manta para proteção contra choques mecânicos e dilatações térmicas;

 Falhas nas emendas por traspasse conforme preconizado em norma;  Execução do trabalho sobre base empoeirada e pouco aderente;  Execução sobre base úmida;

As patologias decorrentes ao mau uso e falta de manutenção estão relacionadas com os usuários, ou seja, clientes. Nestes casos se faz necessário ter muito cuidado no manuseio das informações para que se comprove o mau uso da edificação. Dentre as principais causas de patologias decorrentes ao mau uso de um imóvel se destacam;

 Troca de pisos em áreas úmidas, piscinas ou áreas externas e coberturas impermeabilizadas;

 Utilização de determinado local diferente a finalidade prevista em projeto;

 Utilização de terraços como floreiras, o que ocasionalmente pode implicar em raízes de plantas agredindo e perfurando mantas impermeabilizantes não destinadas a esta finalidade;

 Reformas e alterações de layout sem o devido acompanhamento de um profissional especializado;

 Instalação de equipamentos e acessórios (antenas, prateleiras, guarda-sóis, cerca para proteção infantil) em áreas impermeabilizadas sem consultar a profundidade da camada impermeabilizante;

 Falta de manutenção preventiva em ralos de captação pluvial, o que com o passar do tempo pode criar pequenas raízes que agridem a impermeabilização;

 Falta de revisão técnica em superfícies impermeabilizadas;

4.4.1 Identificação e origem

Segundo Vedacit (2010), pode-se fazer “correlação entre doenças humanas e a degradação de estruturas de concreto. Assim como na área da saúde, o processo de

diagnostico, tratamento e prevenção utilizado pela engenharia diante de um problema estrutural, é dividido em três etapas”57:

 Patologia – detecta sintomas e analisa as origens do problema;  Terapia – elimina a patologia;

 Profilaxia – evita a recorrência da patologia, por meio de medidas preventivas.

Na identificação de uma patologia causada por água, em alguns casos através da inspeção visual já se consegue diagnosticar possíveis origens e tratamento para ela. Entretanto, em casos mais complexos precisa-se de um estudo mais aprofundado, como descreve alguns especialistas, incluído a coleta de amostras para a realização de ensaios de laboratórios (Vedacit, 2010)58.

Com dados estatísticos feito pelo mesmo autor, pode-se reconhecer certas origens das patologias.

Tabela 1 - Origem das falhas construtivas de impermeabilização Origem das Falhas (%)

Projeto Execução Materiais Diversos

Defeito Utilização

Incorreta

40 25 18 10 7

Fonte: Vedacit [??].

Tabela 2 - Natureza das falhas de impermeabilização Natureza das Falhas (%)

Umidade Deslocamento Fissuração Instalação Diversos

50 15 15 10 10

Fonte: Vedacit [??].

Como mostra as a tabela 1 e 2, pode-se observar que as patologias decorrentes da umidade estão diretamente ligadas ao descaso e falta de um projeto específico para impermeabilização, tanto como a falta de fiscalização.

57 VEDACIT – Manual técnico de impermeabilização de estruturas. 6ª edição, Disponível em: <

http://www.vedacit.com.br > Acesso em 13 jan. 2018.

5 ESTUDOS DE CASOS MULTIPLOS – ANÁLISE E SUGESTÕES DE