• Nenhum resultado encontrado

5. PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NA MOVIMENTAÇÃO DE CONTÊINERES NOS

5.2. IMPORTÂNCIA DA PRODUTIVIDADE

Para alcançar competitividade, as organizações necessitam tomar decisões baseadas na intensidade das suas transações comerciais, em sua capacidade e na produção. Estas decisões envolvem condições que vão além de produzir com qualidade e vender mais que os concorrentes. Relacionam-se também a questões de localização geográfica das indústrias, acesso à matéria- prima, ao transporte, inclusive o marítimo, à redução do tempo de entrega e a sistemas de distribuição (COMISSÃO ECONÔMICA..., 1997; GOEBEL, 2002; GUIMARÃES, 1997).

A produtividade é uma preocupação das organizações desde o início do século XIX. No início, a preocupação das organizações industriais em relação à produção e à produtividade giravam em torno da utilização das novas tecnologias e aproveitamento dos sistemas administrativos de tarefas.

No século XX, o foco passou a ser produzir mais, em um menor tempo e sem desperdício. Deste entendimento, surge a mecanização do trabalho, com aplicação de técnicas de racionalização, que tiveram nos estudos de Frederick W. Taylor, um grande embasamento. As observações de Taylor sobre a execução das tarefas e o tempo gasto nelas, gerou indicações sobre a maneira certa de executar tarefas (the Best way) em relação a um tempo-padrão e indicou um sistema de remuneração vinculado à produção em relação ao tempo-padrão, que influencia sistemas de produção em organizações até este momento (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 2001).

Outro exemplo da influência da produtividade na gestão das organizações foi do empresário e industrial Henry Ford. Ele aperfeiçoou o sistema de trabalho com a padronização da linha de produção, a divisão de trabalho em linha horizontal e vertical e a introdução das plataformas rolantes, permitindo ganhar tempo nas etapas da produção. Introduziu pagamento por produtividade, e pagamento de bônus e altos salários que cresciam, proporcionalmente, ao aumento da produtividade, a fim de evitar falhas no sistema (MOTTA, 1997; VASCONCELOS, 2006).

Porém, as práticas Fordistas-Tayloristas, por si só, tornaram-se obsoletas frente à competitividade global, ao avanço de novas tecnologias, às exigências por qualidade e à redução de custo. As organizações concentraram- se em desenvolver processos destinados a dinamizar seus procedimentos produtivos, aliando qualidade, flexibilidade e integração para atender as exigências de consumo (MARTINS; SACOMANO, 1994).

A partir da década de 1980, aliada às mudanças globais, as organizações passaram a utilizar o Sistema Toyota de Produção (STP), objetivando aumentar os lucros por meio da completa eliminação de perdas. Este sistema rompe com a tradicional forma de gerenciamento de produção e introduz elementos inovadores como a técnica do Just in time (JIT), que se utiliza de várias regras e normas para mudar o ambiente produtivo. Dentre eles, o “jidoka”, desenvolvido por Taiichi Ohno, para impedir o funcionamento de um sistema após ser detectado um problema ou de atingir uma meta, evitando assim, o desperdício de produção por propagação de defeitos ou erros, surgindo a expressão “Zero Defeito” (GHINATO, 1994).

O aperfeiçoamento dos sistemas produtivos eleva sobremaneira o nível de competitividade das empresas e, por consequência, dos mercados, influenciando as políticas setoriais para o incentivo produtivo das organizações. Este aumento competitivo global amplia o “poder do cliente, obrigando as organizações a produzirem o que os clientes desejam, com a qualidade que eles querem, a um preço competitivo” (LACOMBE; HIELBORN, 2008, p. 480), exigindo das empresas melhor desempenho produtivo.

Superar a complexidade trazida pela globalização contemporânea depende da tecnologia, dos processos produtivos, dos maquinários disponíveis à produção e à prestação de serviços, da capacitação dos funcionários, da distribuição das estruturas de trabalho, das logísticas e dos canais de distribuição empregados, da facilidade de comunicação. Na medida em que estes interferem diretamente nos custos de transação (LANZANA, et al, 2006), e isso faz com que as organizações, privadas e públicas, sigam um modelo incremental de gestão, desafiando-as a aprender a inovar rapidamente (PASTORE, 1994a).

Para permanecerem produtivas, reavaliam seus processos produtivos, e reexaminam a execução do trabalho, buscando melhorias em indicadores críticos, adotam a reengenharia sempre que preciso em todos os níveis hierárquicos da organização (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 2001).

Com a reengenharia, as organizações repensam o tamanho de suas estruturas administrativas em números de empregados e níveis hierárquicos e aplicam o downsizing47 que é um sistema de gestão voltado para a “redução de custos, aumento de flexibilidade, maior rapidez na tomada de decisão, facilidade de comunicação e aumento de produtividade” (LACOMBE; HIELBORN, 2008, p. 488).

A especialização e a disciplina excessiva deixaram de ser a qualificação mais demandada para enfrentar as mudanças impostas pela competitividade global. A qualificação do trabalhador, aliada a capacidade de resolver problemas em grupo interdisciplinares e de agir localmente de maneira

47

Downsizing: redução do tamanho de uma organização, especialmente pela diminuição planejada do número de empregados e de níveis hierárquicos, para cortar custos e aumentar a flexibilidade e adaptabilidade da organização (LACOMBE; HIELBORN, 2008, p.488).

estratégica em busca de um resultado global, também vem contribuindo para tornar as organizações globais competitivas (NAKANO, 1994).

As possibilidades de crescimento e desenvolvimento não são restritas a um ou outro setor produtivo, e dependem dos integrantes que podem envolver fatores produtivos e de distribuição complexos em diversos parceiros comerciais (PÁDUA; SERRA, 2006).

Enfim, conforme Marino (2006, p.6), “a produtividade aliada à qualidade são fatores chaves para a competitividade e sempre foi preocupação dos setores produtivos, em maior ou menor escala em diferentes setores”. Inclusive porque a constante reavaliação e reestruturação produtiva em busca da competitividade influenciam o deslocamento do emprego de um setor para outro, de uma atividade para outra, exigindo não só uma organização em constante transformação, mas um trabalhador qualificado a executar multitarefas. A consequência é que em certos setores a reestruturação produtiva causa o desemprego estrutural, configurado pela mudança do escopo do trabalho, tal como ocorreu quando da transição do trabalho agrícola para a indústria, adicionando mais importância ao fator mão de obra (DIAS, 2000).

No Brasil, os órgãos institucionais, as indústrias e as empresas comerciais também concentraram suas preocupações à produtividade e competitividade, principalmente após o processo de abertura econômica e comercial, em razão da busca por aumentar suas relações comerciais (MALLAS, 2009).

Neste contexto, os modelos logísticos e os sistemas portuários passam a ser encarados como um importante fator de competitividade e não mais meros sistemas de entrega, e no Brasil, como exposto no capítulo 3, o sistema portuário no início dos anos 1990, apresentava limitações e deficiências, em razão da falta de políticas públicas e do abandono do sistema, tornando-o incapaz de contribuir para o fortalecimento do comércio exterior que o país desejava (TOVAR; FERREIRA, 2006).

5.3 PRODUTIVIDADE NOS PORTOS BRASILEIROS: DIFICULDADES E