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Capítulo 2 – Enquadramento teórico de suporte ao Pii

2.5. TIC na Educação em Ciências

2.5.1. Importância das TIC

São vários os estudos que afirmam que as TIC promovem a melhoria da aprendizagem das crianças, através do acesso à informação e ao conhecimento, utilizando o trabalho colaborativo e cooperativo. Balanskat et al. (2006) indicam que há efeitos positivos do uso das TIC, dando destaque à mudança de atitude das crianças e ao maior envolvimento nas atividades de aprendizagem.

A utilização das TIC é vista por alguns autores como um contributo positivo para melhorar a aprendizagem na escola, tal como refere Eng (2005) “positive effects on school achievement for higher usage levels of ICT (based on pupil estimates of ICT activity) were found both at the level of the individual pupil and at the level of the school, although these were not large” (p. 645).

Após a consulta de vários autores, nomeadamente Lima (2007), Martinho (2008), Santos (2007) e Almenara (2010), destacam-se as seguintes potencialidades da utilização das TIC no ensino:

a) Promover competências de autonomia dos alunos; b) Maior oferta de informação;

c) Eliminar barreiras entre o espaço e o tempo do professor e do aluno; d) Desenvolver e intensificar a interdisciplinaridade;

e) Maior flexibilidade na criação de ambientes de aprendizagem; f) Pesquisar, selecionar e organizar informação;

g) Aumentar as modalidades comunicativas, melhorando a interação social entre os participantes;

h) Incentivar a aprendizagem independente e a autoaprendizagem colaborativa e em grupo;

i) Quebrar os cenários de formação clássica, limitados às instituições escolares; j) Proporcionar novas oportunidades para a orientação e tutoria dos alunos; k) Facilitar a aprendizagem ao longo da vida;

l) Aumentar a motivação dos alunos.

Um estudo realizado sobre as potencialidades das TIC na educação pré-escolar indica que como as crianças destas idades estão no estádio pré-operatório e operatório (Piaget, 1979), é nesta altura que se aprofunda a função simbólica e que a criança desperta o interesse pela imagem e sensibilidade nas cores e movimentos (Amante, 2007). As crianças podem encontrar, no computador, todos os interesses que tem nesta altura, sons, imagens, movimentos, uma vez que é um meio simbólico. No entanto, só a partir dos três anos é que as crianças conseguem explorar o computador e atribuírem significados às atividades que desenvolvem.

Muitos são os autores que apontam a utilização das TIC como promotoras de isolamento social. Ao contrário de Amante (2007), Punie e Redecker (2017) que afirmam que as TIC não ocupam o lugar da interação social, pode até contribuir para a sua estimulação, através da partilha entre as crianças dos momentos no computador, do pedido de ajuda para elaborar as atividades e a partilha de papéis de liderança.

As TIC podem reduzir a afetividade e a criatividade das crianças quando as atividades selecionadas não permitem desenvolver estas competências (Amante, 2007). Por isso, não se pode afirmar que as TIC reduzem a criatividade, porque depende das experiências de utilização que lhes são proporcionadas, como atividades “que promova e

estimule a criatividade e a livre expressão das crianças, em vez de a aprisionar em produções de conteúdos e estéticas estereotipadas” (Amante, 2007, p. 107).

Simultaneamente a estas potencialidades, Amante (2007) afirma também que as TIC favorecem o conhecimento do mundo, pois proporcionam aprendizagens únicas e dão acesso a informações e locais muito diversificados. As crianças podem elaborar trabalhos de pesquisa, visitar países distantes, consultar enciclopédias, ver trabalhos realizados por outras pessoas, aumentando a curiosidade das crianças, ao mesmo tempo que contribui para uma visão mais ampla do mundo. Permitem ainda que as crianças comuniquem facilmente à distância com os colegas e a família, podendo desenvolver em simultâneo a escrita, a troca de opiniões e ideias, através do uso das TIC.

Na educação em ciências, as experiências têm como objetivo responder a uma questão-problema inicialmente colocada, assim as crianças têm de definir a questão- problema. De seguida, delinear como vão fazer, adotar algumas estratégias para recolher os dados, como forma de registo de dados e, por fim, analisar e tirar as conclusões tendo em conta os dados recolhidos. Assim, o professor deve proporcionar às crianças estratégias em que desenvolvam estas aprendizagens, tendo em conta as competências ao nível da literacia científica, mas ligada à literacia digital. Através do desenvolvimento de estratégias de atividades, dando mais responsabilidade às crianças para tomarem decisões acerca da sociedade atual.

As TIC podem ser vistas como estratégia de desenvolvimento da motivação e do interesse das crianças, ou seja, como forma do professor cativar a atenção dos alunos. Por isso, “a utilização das TIC no Ensino Experimental das Ciências deve basear-se numa abordagem interactiva e investigativa, sendo para isso necessário desenvolver estratégias pedagógicas recorrendo a variados recursos, tal como sites, blogues, vídeo ou simuladores” (Simões, 2009, p. 30), devemos utilizá-las como forma de investigação de conteúdos e conceitos.

A utilização das TIC no ensino das ciências pode passar por ser a origem de uma nova questão-problema, ou a forma para a sua resolução, através do uso de fóruns de discussão e clarificação concetual. (Vieira, 2014, p. 236)

Atualmente, o uso das TIC na educação em ciências surge por parte dos professores como apoio, melhoria e complemento da aula, em vez de ser visto como essencial para as metas e pedagogias a atingir. Apesar da importância do uso das TIC na educação em geral, é de salientar que há estudos que afirmam que o uso em sala de aula

é maior na educação em ciências do que noutras áreas de ensino (Osborne & Hennessy, 2003; Ramos, Teodoro, Fernandes, Ferreira, & Chagas, 2010).

No 1.º CEB o uso das TIC pode ser efetuado através da utilização de simulações. Nem todas as salas possuem recursos materiais necessários para estudar certos processos científicos, mas as TIC oferecem a todas as crianças a oportunidade de experimentarem simulações desses processos. Para além disso, há experiências consideradas perigosas que podem ser elaboradas através de simulações. O facto de substituir as experiências pelas TIC não diminui ou aumenta a eficácia do ensino, num estudo concebido por Baxter e Preece (2000) descobriram que é igualmente eficaz o ensino através das TIC (Cox et al., 2003). De acordo com Cox et al. (2004) o uso das TIC, nomeadamente, as animações nas ciências podem ser usadas para estimular o pensamento das crianças e a compreensão conceitual, isto é, “this positive evidence includes improving understanding of science concepts, developing problem-solving skills, hypothesising scientific relationships and processes, and improving scientific reasoning and scientific explanations”(Cox et al., 2004, p. 5).

Outro aspeto importante da utilização das TIC na educação em ciências é as crianças poderem investigar modelos existentes e construir os seus próprios modelos, identificar fatores e variáveis (Cox et al., 2003).

Na educação em ciências as TIC têm muitas aplicações, desde as ferramentas de registo de dados e vídeo digital, para captura de dados, aplicações para manipular dados, simulação, modelação, criação de ambientes virtuais e recursos disponibilizados na

internet. As ferramentas de registo de dados utilizadas com recurso às TIC ajuda a

melhorar a qualidade e quantidade dos resultados nas investigações, em que as crianças podem aceder a dados autênticos na internet e usar os seus dados para confrontar ideias. Existem estudos que indicam que o uso do computador melhora o pensamento e o planeamento de estratégias, bem como o uso de linguagem científica cada vez mais complexa (Condie & Munro, 2007). Através do uso das TIC as crianças podem construir as suas próprias aprendizagens, explorar conceitos e plataformas, como bibliotecas virtuais, museus virtuais e imagens, fora da sala de aula.

Assim, o uso das TIC na educação em ciências contribui para o desenvolvimento da literacia científica, através da visualização de animações, manipulação de variáveis, exploração de simulações, de modelos de fenómenos científicos e tecnológicos e de situações reais e imaginárias (Almenara, 2010; Lima, 2007; Martinho, 2008; Santos, 2007).

São vários os estudos que afirmam a utilização das TIC como potenciadora das aprendizagens no ensino. Através dos efeitos verificados, as TIC permitem que todos os alunos se encontrem envolvidos na aprendizagem, melhorem os resultados escolares, permitem uma aprendizagem focada na compreensão e na aprendizagem, fomentam o trabalho colaborativo e fazem com que os alunos estejam concentrados (Flores, Escola & Peres, 2011). Desta forma, contribuem para que os alunos consigam analisar, refletir, discutir e tomar decisões de assuntos tendo uma grande informação, através da utilização dos conhecimentos científicos.