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Procedimentos metodológicos adotados na análise de dados

Capítulo 4 – Procedimentos metodológicos adotados no Pii

4.3. Procedimentos metodológicos adotados na análise de dados

Depois da recolha de dados segue-se a análise dos documentos, registos de observação, entrevistas e questionários. Segundo Coutinho (2011) a análise de conteúdo é “uma técnica que consiste em avaliar de forma sistemática um corpo de texto (ou material audiovisual), por forma a desvendar e quantificar a ocorrência de palavras/frases/temas considerados “chave” que possibilitem uma comparação posterior” (p. 193). Tendo sido esta a análise escolhida para o tipo de dados disponibilizados.

De acordo com Pardal e Lopes (2011) a análise de dados é uma componente empírica da investigação social, deste modo a informação recolhida forma os dados

empíricos que fazem com que se compreenda os fenómenos sociais em estudo, nomeadamente, o objeto de estudo.

São vários os autores que dividem a análise dos dados em diversas etapas. Sendo assim, Coutinho (2011) e Bardin (1977) estabelecem três etapas desta análise: pré-análise; exploração do material e tratamento dos resultados. A primeira fase é o momento em que se organiza o material, isto é, quando se escolhe os documentos que vão ser analisados, se constrói as questões ou hipóteses e se estabelece os indicadores que vão reforçar a interpretação final. No que se refere à exploração do material, esta é a etapa mais longa, é a fase em que se descodifica os dados, isto é, em que se transforma os dados para unidades que permitem a descrição das caraterísticas. É necessário fazer esquemas, categorizar e, assim, relacionar acontecimentos de forma a reunir o maior número de dados. Por fim, o tratamento de resultados em que depois de se descobrir um tema é necessário comparar com outros documentos, sendo este o suporte da investigação. Só assim é que a investigação fará sentido, uma vez que o suporte teórico é a base da interpretação. Através do suporte teórico pode-se validar o que se pretende testar.

No entanto, para Carmo e Ferreira (1998), as etapas da análise de conteúdo passam por: 1) definir os objetivos e o quadro de referência teórico, 2) constituição do corpus, 3) definir as categorias, 4) definir as unidades de análise, 5) quantificação e 6) interpretação dos resultados. Inicialmente é necessário definir os objetivos da investigação e construir um quadro de referências teóricas. De seguida, é fundamental a escolha dos documentos a analisar, que podem ser escolhidos de acordo com os objetivos da investigação. A definição das categorias passa pela formulação de hipóteses que o investigador pretende verificar. Depois da definição das categorias é necessário passar à definição de três unidades de análise: unidade de registo (unidades formais – palavra, frase, personagem ou unidade semântica – o tema), unidade de contexto (a frase) e unidade de enumeração (diz respeito ao tempo e espaço). A análise de conteúdo quantitativa passa pela análise de ocorrências, avaliativa e estrutural. Por último, a interpretação dos resultados efetuado tendo em conta os objetivos e o suporte teórico.

Sendo esta uma investigação com caraterísticas de uma investigação-ação, de acordo com Fortin (1999), as técnicas de recolha de dados utilizadas são etapas de uma investigação qualitativa. No entanto, trata-se também de uma investigação com análise de conteúdo quantitativa.

Tendo em conta todas estas etapas definidas pelos autores aquando do procedimento na análise dos dados, definiu-se a dimensão de análise denominada de aprendizagens mobilizadas com a SD.

Neste sentido, construiu-se o instrumento de análise que de acordo com Rodrigues (2011) se divide em três categorias: macro categoria que se denomina de “dimensões de análise”; a meso categoria que se denomina de “sub-dimensão da análise”; micro categoria que se denomina de “parâmetros de análise”. Deste modo, relacionado com a macro categoria designou-se as “aprendizagens esperadas”, com a meso categoria estipulou-se três subdimensões “conhecimentos”, “capacidades”, “atitudes e valores”, relativamente à micro categoria construiu-se os “parâmetros de análise”.

As aprendizagens mobilizadas com a sequência didática tendo em conta as subdimensões e os parâmetros de análise materializaram-se no instrumento de análise que se seguem na tabela 8. Dimensão de análise Subdimensões de análise Parâmetros de análise Aprendiza g ens mo bil iza da s co m a s equência did á tica C o n h ec im en to s

1. Reconhece a importância das plantas e as suas utilidades no dia- a-dia

2. Reconhece a diversidade de raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes em função de algumas das suas características (forma, cor, tamanho, recorte, nervuras, textura, aplicações no dia-a-dia) 3. Conhece as etapas do desenvolvimento de um pinto dentro do

ovo

4. Reconhece algumas das características externas do pintainho 5. Reconhece algumas das preferências dos pintainhos a nível da

alimentação e habitat C ap ac id ad es

6. Observa a olho nu (raízes, caules, folhas, flores, frutos, sementes, coloração e revestimentos dos pintainhos, desenvolvimento de um pinto dentro do ovo)

7. Seleciona informação através do uso dos QR codes

8. Regista dados de forma organizada e estruturada com recurso a diferentes suportes (tabelas de dupla entrada, respostas de escolha múltipla, desenhos, pinturas, resposta curta, entre outros)

9. Utiliza o computador/tablet Atitu d es e v alo

res 10. Respeita as ideias dos outros

11. Respeita as regras da turma negociadas ao longo do ano (ClassDojo)

12. Revela gosto pela aprendizagem das ciências através da utilização das TIC

Tabela 8 - Aprendizagens mobilizadas com a sequência didática ao longo do Pi

Como se verifica pela tabela 8 foram definidos 12 parâmetros de análise. No que se refere à subdimensão dos conhecimentos destacam-se cinco parâmetros de análise.

O primeiro parâmetro de análise [P.A.] – reconhece a importância das plantas e as suas utilidades no dia-a-dia – contempla evidências de que as crianças mostrem

respeito pelas plantas, mostrando os cuidados a ter quando estão próximos das mesmas; que as crianças reconheçam as utilidades das plantas como alecrim, cacaueiro, cafeeiro, mangueira, oliveira, laranjeira, nespereira, cenoura, cebola, couve-flor, tomateiro, feijoeiro e alface no dia-a-dia, isto é, que associem as plantas à sua utilidade, como produção de oxigénio, alimentação, construção de habitações e mobiliário.

O P.A. 2 – reconhece a diversidade de raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes em função de algumas das suas características – contempla evidências de que as crianças reconheçam que existe diversidade de raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes; que reconheçam que existe várias partes numa planta; que reconheçam a diversidade através da forma, cor, tamanho, recorte, nervuras, textura e/ou aplicações no dia-a-dia de cada parte da planta.

O P.A. 3 – conhece as etapas do desenvolvimento de um pinto dentro do ovo – engloba evidências de que as crianças conheçam as principais etapas do desenvolvimento de um pinto dentro do ovo, inicialmente apenas se começa a notar o embrião, no quinto dia começasse a notar a cabeça e os olhos, depois começasse a notar as asas e as patas, no sétimo dia nota-se o bico formado, por volta do décimo segundo dia começam-se a notar as penas; reconheçam que a gestação de um pinto dentro do ovo demora cerca de 21 dias; reconheçam que é necessário haver fecundação entre a galinha e o galo para que o ovo tenha um pintainho.

O P.A. 4 – reconhece algumas das características externas do pintainho – abarca evidências de que as crianças reconheçam o revestimento do pintainho (pele com penas); que identifiquem a sua coloração, considerando que cada pintainho tem a sua coloração, não havendo uma única cor; que reconheçam a existência de bico, patas, quatro dedos e asas.

O P.A. 5 – reconhece algumas das preferências dos pintainhos a nível da alimentação e habitat – contempla evidências de que as crianças reconheçam que o pintainho quando nasce nas primeiras horas não come nada, depois passado um dia começa a alimentar-se com ração de iniciação e passadas três semanas passa para a ração de crescimento; que reconheçam que depois de nascer o pintainho necessita de calor, que pode ser transmitido pela mãe, ou se não estiver a mãe por perto, através da transmissão de calor por uma lâmpada, passados dois meses pode ir para o ar livre.

Na subdimensão das capacidades foram definidos quatro parâmetros de análise que se apresentam de seguida.

O P.A. 6 – observa a olho nu – contempla evidências de que as crianças conseguem observar a olho nu raízes, caules, folhas, flores, frutos, sementes, coloração e revestimento dos pintainhos, e desenvolvimento de um pinto dentro do ovo, identificando as caraterísticas visíveis e de importância para as atividades.

O P.A. 7 – seleciona informação através do uso dos QR codes – incorpora evidências de que as crianças consigam segurar no tablet, abrir a aplicação dos QR codes, fotografar o QR code e obter a informação nele inserida, selecionando a mais importante.

O P.A. 8 – regista dados de forma organizada e estruturada com recurso a diferentes suportes – abarca evidências de que as crianças sejam capazes de registar em tabelas de dupla entrada, respostas de escolha múltipla, desenhos, pinturas e resposta curta os dados relevantes para a atividade.

O P.A. 9 – utiliza o computador/tablet – integra evidências de que as crianças são capazes de utilizar corretamente o computador e o tablet, ligando e desligando os equipamentos; utilizando processadores de texto; escrevendo através da utilização de teclados e utilizando as aplicações específicas.

Por último, na subdimensão das atitudes e valores foram definidos três parâmetros que se apresentam de seguida.

O P.A. 10 – respeita as ideias dos outros – abrange evidências de que as crianças revelam respeito pelas opiniões dos colegas, na troca de partilha de opiniões ou ideias, sejam elas prévias, conclusões ou dúvidas, e também, pela partilha de sentimentos.

O P.A. 11 – respeita as regras da turma negociadas ao longo do ano (ClassDojo) – abarca evidências de que as crianças revelam respeito pelas regras da turma negociadas entre elas e apresentadas na ClassDojo.

O P.A. 12 – revela gosto pela aprendizagem das ciências através da utilização das TIC – engloba evidências de que as crianças têm interesse pelas atividades de ciências através da utilização das TIC ao longo do Pi, através dos seus comentários orais e registos dos graus de satisfação nas atividades.

Tendo como objetivo observar o interesse e motivação das crianças aquando da utilização das TIC no ensino, utilizou-se uma escala dos graus de satisfação das crianças durante a realização da atividade. Estes resultados foram recolhidos durante os inquéritos por questionário elaborados às crianças após as atividades. Posteriormente, introduzidos num ficheiro Excel, organizado em tabelas, com os graus de satisfação e em cada uma delas a percentagem de crianças que a elegeu como resposta. Em alguns casos elaboraram-se gráficos de barras e noutros gráficos circulares.

Ainda, se teve em consideração o questionário preenchido pelos EE, no Google

Formulários, salienta-se que os dados recolhidos nesta plataforma digital deram origem

a respostas e gráficos.

A participação dos EE no blogue foi, também, analisada em ficheiro Excel e a participação na ClassDojo foi analisada através dos dados fornecidos pelo próprio recurso digital, com gráficos do registo de dados.

Os restantes dados foram analisados através da análise do conteúdo, como por exemplo, as vídeo gravações, a entrevista elaborada à professora cooperante e as entrevistas elaboradas às crianças.