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3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

3.1 Importância

A administração é o processo ativo de determinação e orientação do caminho seguido por uma organização para a realização dos seus objetivos. Por ser um processo, está apoiada em um conjunto muito amplo de atividades, compreendendo análises, decisões, comunicação, liderança, motivação, avaliação e controle. Dentre estas atividades, a tomada de decisão, destaca-se como sendo de fundamental importância para uma administração bem sucedida (ANSOFF, 1965).

O processo decisório, que representa a seleção efetiva dentre alternativas possíveis, é o principal vetor de inter-relação e interdependência entre os processos de administração e planejamento. Decisões formuladas explícita, ou implicitamente, precedem toda e qualquer ação e são também consideradas como a própria essência do processo de planejar.

Sob esta perspectiva, considera-se o planejamento como um processo, de suporte a estrutura decisória da instituição, composta de decisões relacionadas aos diferentes níveis da organização: estratégico, gerencial e operacional. O ato de planejar deve ser, portanto, um processo participativo, desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais eficiente e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos de uma organização (BRAGA; MONEIRO, 2005; MINTZBERG, 2004; OLIVEIRA, 2004).

O desenvolvimento de um planejamento participativo garante maior eficiência ao processo decisório, estimula o envolvimento do nível gerencial, facilita a integração de informações, possibilita a formação de um espírito de equipe, permite coordenação de esforços e estimula a produção de idéias. Além disso, o processo de planejar age como um catalisador de mudanças na organização.

O planejamento é um processo que, uma vez adotado, demanda continuidade, devendo, desta forma, ser incorporado como prática permanente na organização. Entendê-lo como um processo é requisito para se obter eficácia na sua execução. É através das avaliações, revisões periódicas e reformulações que o

planejamento tornar-se-á um processo cíclico, aberto e flexível, responsável pelo direcionamento constante dos esforços e alocação efetiva dos recursos da organização.

Finalmente convém destacar e reforçar a importância das seguintes características associadas ao planejamento na concepção de Braga e Monteiro (2005) e Oliveira (2004):

O planejamento diz respeito às implicações futuras de decisões presentes;

É um processo de decisões inter-relacionadas e interdependentes que visam alcançar objetivos previamente estabelecidos;

O processo de planejamento é mais importante que seu produto final, os planos;

Os objetivos planejados precisam ser viáveis operacionalmente; Diz respeito à mudança.

O planejamento estratégico tem como objetivo ainda a maximização do resultado das ações e tem como funções, segundo Oliveira (2004):

Criar e estabelecer objetivos do negócio; Definir linhas de ação;

Executar e acompanhar os planos de ação;

Delinear recursos necessários para se atingir os objetivos estabelecidos; Favorecer a implementação de mudanças nos diferentes subsistemas

organizacionais e na organização como um todo.

Já as questões fundamentais do planejamento estratégico, segundo o autor são as seguintes:

Onde e como estamos? Onde queremos chegar? Como chegaremos lá?

Por que queremos chegar lá?

Em relação ao planejamento no âmbito universitário, Ribeiro (1990) afirma que um planejamento eficiente é um elemento importante e torna-se, ainda, mais necessário em épocas de economia instável. Desse modo, já que a crise econômica tem sido uma constante no ensino superior brasileiro, se constata que o planejamento é necessário para que a organização possa rever os seus propósitos, assegurando a qualidade do ensino e avanços profissionais.

O planejamento não é uma tarefa fácil no ambiente universitário. O responsável por ele encontrará outras dificuldades, além das relacionadas com problemas técnicos e financeiros, tais como: a compreensão dos conceitos empregados, instabilidade política, reivindicações e atitudes ideológicas. Estas atitudes ideológicas levam segmentos da universidade a uma postura inconformista e, muitas vezes, contestatória ao titular do planejamento. Este para poder executar suas funções, necessita conhecer todos os problemas da universidade e opinar sobre eles. (BRAGA; MONTEIRO, 2005; MURIEL, 2006; RIBEIRO,1990)

Acrescenta-se ainda, a estas dificuldades, o fato de que os dirigentes das IES, ao longo da hierarquia exercem as funções de gestor de forma improvisada. Isso ocorre porque a maioria deles provém de áreas de conhecimento que não contemplam a formação necessária para planejar as funções de uma organização, tal como a universitária Braga e Monteiro (2005).

O planejamento universitário é uma exigência do nosso tempo, sem o qual as organizações universitárias não têm condições de desempenhar seu papel, ainda mais nas sociedades em desenvolvimento, como a brasileira. Nesta, a aceleração do progresso econômico-social coloca este planejamento no contexto estratégico do planejamento nacional, devendo contribuir significativamente na formulação de respostas na construção dos modelos educacionais (RIBEIRO, 1990).

Desse modo, o autor observa que é necessário que o planejador detecte não apenas as características típicas da realidade educacional brasileira, mas também, os sinais de transição e mudança pelas quais vem passando. O planejador deve assumir essa mudança e orientá-la em direção a objetivos condizentes com as exigências da sociedade.

O planejamento vai incidir sobre todo o sistema universitário. Sua perspectiva é maximizar o nível de desempenho universitário, aperfeiçoando a qualidade dos seus processos educacionais. Do mesmo modo, a utilização racional dos insumos vai possibilitar o aprimoramento dos produtos educacionais. Para que isso ocorra, é fundamental que o planejamento seja aplicado globalmente na universidade.

Braga e Monteiro (2005) observam a necessidade de se considerar o planejamento em todos os níveis da Instituição conforme Quadro 5.

NÍVEIS DE PLANEJAMENTO NAS INSTITUIÇÕES

Estratégico Macro-estratégias, Políticas de Negócio e Estratégias Institucionais Tático Planejamento de Marketing Planejamento Financeiro Planejamento Acadêmico Planejamento de Recursos

Humanos

Planejamento Organizacional Plano de Mkt de

Relacionamento Orçamentário Plano

Projeto Pedagógico Institucional Plano de Recrutamento e Seleção Plano Diretor de Sistemas Campanha

Publicitária Investimentos Plano de

Projeto Pedagógico dos Cursos Plano de Cargos e Salários Plano de Estrutura Organizacional Plano de Endomarketing e Comunicação Interna Plano de Despesas Plano de Avaliação Institucional Plano de Treinamento e Capacitação Plano de Informações Gerenciais Plano de Pesquisa e Sistema de Informação Plano de Compras Plano de Autorização e Reconhec. de Cursos Plano de Acomp. do Clima Organizacional Plano de Rotinas Administrativas Operacional Plano de Marketing Institucional Plano de Fluxo de Caixa Plano de EaD e Tecnologia Educacional Plano de Incentivos e Benefícios Plano de Rotinas Acadêmicas Quadro 5 – Níveis de Planejamento nas Instituições.

Fonte: Braga e Monteiro (2005).

A tarefa primordial do planejamento universitário é estabelecer os elos de ligação entre meios e fins. É ele que irá canalizar e orientar os recursos humanos, financeiros, materiais, etc. na sua utilização eficaz, nas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Contudo, o sistema não funciona por si só. Nessas organizações, os dirigentes, os docentes e os alunos são os agentes de planejamento. Cabe a eles, qualquer que seja o nível ou setor de atuação, “a responsabilidade pela iniciativa que possibilitará que o fluxo do sistema mantenha sua dinâmica, teórica e prática, fecunda ou infértil, produtiva ou não (RIBEIRO, 1990).

A importância do planejamento estratégico no âmbito das IES foi reforçada com a edição da Lei nº 10.8613, fato que desencadeou no Ministério da Educação um processo de revisão das atribuições e competências da Secretaria de Educação Superior – SESu, da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica – SETEC, do Conselho Nacional de Educação – CNE e do Instituto Nacional de Estudos e

3 De 14 de abril de 2004, que estabelece a Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES).

Pesquisa Educacionais – INEP, objetivando consolidar o trabalho realizado e conferir maior eficiência e eficácia aos dispositivos contidos na Lei nº 9.394/96.

Nesta revisão, o Ministério da Educação constatou a necessidade de introduzir, como parte integrante do processo avaliativo das Instituições de Ensino Superior - IES, o seu planejamento estratégico, sintetizado no Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI.