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PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DA REFORMA UNIVERSITÁRIA – PARU

4 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

4.1 PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DA REFORMA UNIVERSITÁRIA – PARU

Refletindo a preocupação com o controle de qualidade e a necessidade de justificativa dos investimentos efetuados pelo setor público é criado em 1983 o Programa de Avaliação da Reforma Universitária – PARU. Este programa tinha por objetivo analisar os impactos da Lei 5540/19687, a qual fixava normas para

7 Revogada pela Lei nº 9.394, de 20/12/96, com exceção do artigo 16º alterado pela Lei nº 9.192, de 21/12/95.

organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média. Para Belloni (apud FREITAS, 1997, p. 37), a reforma universitária de 1968 “resultou de uma avaliação das funções das instituições acadêmicas, mesmo que a perspectiva tenha sido a de avaliar a adequação da atividade acadêmica às necessidades de expansão de uma economia dependente, internacionalizada e de um modelo econômico excludente”.

O PARU trabalhou com uma amostra de instituições e pretendeu uma avaliação que envolvia o sistema de educação superior como um todo, incluindo as universidades e instituições isoladas, públicas e privadas, tratando basicamente dos temas referentes à gestão e produção/disseminação do conhecimento a partir da análise dos dados referentes à estrutura administrativa, à expansão das matrículas e à sua caracterização, à relação entre atividades de ensino, pesquisa e extensão, características do corpo docente e técnico-administrativo e vinculação com a comunidade. Estes dados foram levantados a partir de questionários respondidos por estudantes, professores e administradores (SINAES, 2004). O PARU foi desativado em 1984 em função de ter recebido pouco apoio político do MEC (DIAS SOBRINHO, 2003; HÉKIS, 2004).

4.2 PROGRAMA DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS – PAIUB

Em 1990, um Grupo de Trabalho instituído pela então Secretaria Nacional de Ensino Superior (SENESu), elaborou um estudo sobre o desenvolvimento das atividades de avaliação da qualidade do ensino, do desempenho das instituições e do sistema de ensino superior do Brasil. Tal estudo resultou nas seguintes recomendações:

a) Garantia da legitimidade do processo de avaliação com a participação efetiva e voluntária das instituições;

b) Desenvolvimento da avaliação interna e externa (interpares) dos cursos e instituições;

d) Apoio a uma linha de avaliação das políticas e ações dos órgãos públicos federais responsáveis pela educação superior.

A partir destas recomendações foi criado em 1993 o Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB), tendo por objetivo o aperfeiçoamento e transformação qualitativa nas IES e no sistema como um todo.

O PAIUB era de participação voluntária e de acordo com Ristoff (1994) recebeu ampla adesão das universidades brasileiras, pois 71 Universidades submeteram projetos de avaliação à Secretaria de Ensino Superior do MEC (SESU/MEC), com o objetivo de participar dessa nova experiência.

O PAIUB entendia a auto-avaliação como etapa inicial que deveria se estender a toda a instituição, finalizando com a avaliação externa. Buscava estabelecer uma nova forma de comunicação com a comunidade acadêmica e com a sociedade. A proposta metodológica do PAIUB segundo Andrade e Amboni (2004, p. 7)

dá ênfase para a auto-avaliação, recorrendo-se à avaliação externa; combina análise qualitativa e quantitativa, com ênfase na abordagem qualitativa; valoriza a participação e a negociação; e os resultados devem ser discutidos com toda a comunidade acadêmica, para reflexão sobre o projeto acadêmico e sócio-político da instituição

Também valorizava a participação e a negociação de forma que os resultados deveriam ser discutidos com toda a comunidade acadêmica, para reflexão sobre o projeto acadêmico e sociopolítico da instituição. Na visão de Dias Sobrinho (2002, p. 69), o PAIUB

consiste em uma ação sistemática e coletiva de compreensão global de uma instituição (neste caso, a universidade) e a atribuição de juízos de valor sobre o conjunto de suas atividades, estruturas, fins e relações, com o propósito de melhorar a instituição, tendo em conta suas características de identidade e sua missão. Trata-se, portanto, de atentar para os processos e contextos, não somente para os produtos, de compreender as relações e não meramente aspectos fragmentados e desarticulados de uma visão de conjunto. Tem como horizonte heurístico a globalidade, a visão integrada. Utiliza metodologias qualitativas ao lado de quantitativas. É uma construção coletiva, participativa e negociada, motivada sempre por uma ética social e uma intencionalidade vigorosamente educativa.

Nessa perspectiva, também segundo o Documento Básico de Avaliação das Universidades, o PAIUB tinha por princípios segundo Andrade e Amboni (2005, p.185),

uma sistemática de avaliação institucional da atividade acadêmica, considerando a descentralização dos procedimentos para a tomada de

decisão, deve ser desenvolvida tendo em vista alguns princípios básicos: aceitação ou conscientização da necessidade de avaliação por todos os

segmentos envolvidos;

reconhecimento da legitimidade e pertinência dos princípios norteadores e dos critérios a serem adotados;

envolvimento direto de todos os segmentos da comunidade acadêmica na sua execução e na implementação de medidas para melhoria do desempenho institucional.

Na visão de Ristoff (1994), o PAIUB orientava-se por princípios da não punição ou premiação e, em contrapartida, deveria propiciar a formulação de políticas, ações e medidas institucionais que almejassem a solução das deficiências encontradas. Desta forma, o programa objetivava implantar a comparabilidade no sentido da formação de uma uniformidade básica de metodologia e indicadores, sem promover um ranqueamento das Instituições de Ensino Superior. A avaliação era entendida como um exame apurado de uma dada realidade, a partir de parâmetros de julgamentos derivados dos objetivos que orientam a instituição.

O PAIUB objetivava com a avaliação de desempenho da Universidade Brasileira uma forma de rever e aperfeiçoar o projeto acadêmico e sócio-político da instituição, promovendo a permanente melhoria da qualidade e pertinência das atividades desenvolvidas. A utilização eficiente, ética e relevante dos recursos humanos e materiais da universidade, traduzida em compromissos científicos e sociais, asseguram a qualidade e a importância dos seus produtos e a sua legitimação junto à sociedade. Andrade e Amboni (2005, p. 185) destacam ainda os seguintes objetivos:

1. impulsionar um processo criativo de auto-crítica da instituição, como evidência da vontade política de auto-avaliar-se para garantir a qualidade da ação universitária e para prestar contas à sociedade da consonância dessa ação com as demandas científicas e sociais da atualidade;

2. conhecer, numa atitude diagnóstica, como se realizam e se interrelacionam na Universidade as tarefas acadêmicas em suas dimensões de ensino, pesquisa, extensão e administração;

3. (re)estabelecer compromissos com a sociedade. explicitando as diretrizes de um projeta pedagógico e os fundamentos de um programa sistemático e participativo de avaliação, que permita o constante reordenamento, consolidação e/ou reformulação das ações da Universidade, mediante diferentes formas de divulgação dos resultados da avaliação e das ações dela decorrentes;

4. repensar objetivos, modos de atuação e resultados na perspectiva de uma Universidade mais consentânea com o momento histórico em que se insere, capaz de responder às modificações estruturais da sociedade brasileira;

5. estudar, propor e implementar mudanças no cotidiano das atividades acadêmicas do ensino, da pesquisa , da extensão e da gestão, contribuindo para a formulação de projetos pedagógicas e institucionais socialmente legitimados e relevantes.

O caráter Institucional do PAIUB tornava imperativo o envolvimento de todos nas várias etapas do processo: procedimentos, implantação e utilização dos resultados para que sejam traduzidos em ações voltadas ao desenvolvimento da instituição. Esse envolvimento interno, porém, não supre a necessidade de se buscar o envolvimento externo, ou seja, a avaliação deve aliar a estratégia interna à avaliação externa. O cruzamento das percepções dos indivíduos extremamente comprometidos com a Instituição e o resultado desse comprometimento para outros segmentos científicos e sociais insere o processo avaliativo em uma visão totalitária, de caráter institucional, buscando considerar a plenitude das relações - internas e externas - e o reconhecimento da pertinência do processo pela comunidade.

Para Andrade e Amboni (2005), a avaliação caracteriza-se como:

1. Avaliação interna: concebida como retrospectiva crítica, socialmente contextualizada no âmbito da instituição. Envolve toda a comunidade interna – professores, alunos e funcionários cotejando o diagnóstico técnico com os resultados da auto-avaliação, gerando um projeto de desenvolvimento acadêmico com o qual a comunidade universitária se sinta identificada e comprometida.

2. Avaliação externa: tem o papel complementar a avaliação interna. Impõe uma necessária capacidade de diálogo e sentido de participação. Envolve os pares da instituição – sociedades científicas, conselhos profissionais, autoridades patronais, entidades de trabalhadores, egressos e outras organizações não governamentais, participam do exame da prática universitária, com vistas à formulação e acompanhamento de políticas acadêmicas, administrativas e financeiras.

Dias Sobrinho (2002) aponta que a política de avaliação imposta pelo governo acabou por inibir as iniciativas de auto-avaliação das instituições. Tal fato aconteceu com o PAIUB, que fora protagonizado pela comunidade acadêmica e instituições e com a implantação do Exame Nacional de Cursos (ENC) imposto pelo Governo Federal. O autor ressalta que a busca pela competitividade e eficiência passa a conduzir o sistema de educação superior e as instituições rendem-se às imposições do governo e do mercado.

O PAIUB, mesmo com curta duração, conseguiu dar legitimidade à cultura da avaliação e promover mudanças visíveis na dinâmica universitária. A falta de

apoio do MEC a partir de 1994 transformou o PAIUB em um processo de avaliação meramente interno nas instituições (SINAES, 2004).

4.3 EXAME NACIONAL DE CURSOS (ENC), AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE