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6 APLICAÇÃO DO MODELO PARA O USO PEDAGÓGICO DA IMAGEM DIGITAL

6.3 IMPRESSÕES DOS SUJEITOS DA PESQUISA SOBRE O MODELO PARA O USO PEDAGÓGICO DA IMAGEM DIGITAL

6.3.1 Impressões dos estudantes relatadas nos grupos focais

Depois de participarem das aulas com o modelo Tríptico, os dois estudantes representantes de cada turma em que o mesmo foi aplicado foram reunidos em dois grupos focais (um grupo no período matutino com quatro membros e outro no noturno, com seis membros). O grupo focal do período noturno foi realizado no dia 10 de julho e o grupo focal do período matutino, realizou-se no dia 11 de julho de 2012. . Essas duas reuniões foram registradas em áudio digital e são descritas e analisadas paralelamente.

Os nomes dos estudantes serão omitidos e sua identificação será relacionada por meio da distinção de gênero e das turmas as quais pertencem. Por isso serão denominados de aluno e aluna, uma vez que o termo adotado preferencialmente neste trabalho seja estudante, o qual é heterogenérico assim, por exemplo, os estudantes representantes da turma de primeiro ano cinco serão denominados como: aluna15 e aluno15, e os estudantes representantes do terceiro ano um serão apresentados como: aluna31 e aluno31, seguindo esse mesmo padrão de identificação para todos os demais estudantes.

Ambos os grupos focais iniciaram pelo questionamento sobre quais foram as impressões dos estudantes acerca da aula com o modelo Tríptico. A aluna15 manifestou a sua opinião informando que gostou da aula e justificou: “Porque é muito chato ficar na sala, é muito entediante”. O aluno34 complementou afirmando que “foi uma dinâmica melhor entre professor e aluno. O Professor mostrou o que ele achava e foi uma troca de conhecimento entre professor e aluno”. Ainda complementou a aluna35: “Porque História envolve muito texto e assim foi possível não ficar só no conteúdo. Aí é muito conteúdo e nada na prática e ali foi bom porque não ficou naquela rotina de ficar só no conteúdo”.

As alunas 34 e 35 observaram uma facilidade maior para lembrar o conteúdo durante a avaliação: “Porque na prova fica mais fácil associar a imagem, lembrar da imagem e colocar no texto” (aluna34), “Aí quando a gente fez prova o pessoal comentou: ‘ah, lembra daquela imagem, tal...’” (aluna35). “É mais fácil lembrar do conteúdo, lembrando da imagem” (aluna34). O aluno34 complementou: “E até para estudar, uma aula mais dinâmica é bem mais fácil, porque todo mundo participa, todo mundo compartilha conhecimento”. Também a aluna15 participa: “A imagem chama mais atenção que ver aquele monte de letras”.

No grupo focal das turmas do período matutino as impressões também foram compartilhadas. O aluno31 informou que “foi bom porque teve mais imagens, aí dá para gravar mais fácil”. A aluna31 justifica sua apreciação “porque foi uma forma diferente de mostrar a contextualização da Segunda Guerra Mundial, vendo a pessoa assim, não de uma forma genérica, mas única”. O seu colega de turma, aluno31 concorda: “Deu para ver mais o que aconteceu. Não só com os países, mas o que aconteceu com as pessoas”. A colega complementa: “Como o exemplo da professora de História, que ela contou sobre o que aconteceu com o avô dela” (aluna31).

Quando incitados a recordar se já tiveram alguma outra aula como essa, a maioria citou as aulas da oitava série, quando estudavam noutra escola do mesmo bairro. A escola referida pertence à rede municipal de ensino de Joinville, e oferece apenas o Ensino Fundamental. Por isso, grande parte dos estudantes egressos, ao concluir a oitava série, ingressa na rede estadual de ensino, que disponibiliza Ensino Médio.

Os estudantes não se empenharam muito em descrever como foram as aulas, as quais julgaram se parecer com a aula do modelo Tríptico. Porém, se pode deduzir que não foram necessariamente aulas com o uso de imagens, mas sim aulas com alguma atividade diversificada, como se pode verificar no depoimento da única estudante a descrever a aula que julgou especial: “O conteúdo era sobre a Segunda Guerra Mundial e chamaram um senhor que vivenciou essa guerra e ele contou a história de vida dele. Ele era alemão aqui e foi preso. Ele contou a vida dele. [...] Na minha família os avós não passaram para os filhos a língua alemã por medo do que poderia acontecer com eles” (aluna31).

Questionados novamente sobre os procedimentos dos professores quando usam imagens, apenas o aluno34 afirmou que “não era tanta interação entre aluno e professor, era só o professor mostrando”.

Comentando sobre aulas diferentes que lhes tenham chamado atenção, os participantes do grupo focal do período matutino contaram sobre um júri simulado realizado na disciplina de História, no ano anterior. A atividade consistia em dois grupos os quais teriam que acusar ou defender os personagens de algum acontecimento histórico. A aluna32 gostou da atividade e informa que “Valeu a pena porque o pessoal começou a pesquisar”.

Foi demandado aos estudantes se teriam alguma contribuição a fazer para as aulas com o Tríptico. Buscou-se saber se observaram algo que tenha faltado, ou que pudesse melhorar as aulas. Destacou-se a participação da aluna31. Ela reafirmou o seu interesse por receber depoentes que contassem as suas experiências de vida: “Seria interessante também se trouxessem alguma pessoa para contar sua história de vida, porque aí a gente poderia entrar na história e conhecer a situação da pessoa e como era mesmo. Porque geralmente os nossos avós conhecem bastante como era a situação”.

Citou-se ainda, por parte dos estudantes do período noturno, a falta de disciplina e interesse dos colegas, que não teriam colaborado para o andamento da dinâmica de compartilhamento da aula entre os estudantes e as professoras. Como exemplo as explicações dos estudantes: “Eu acho que facilitaria se o aluno colaborasse porque tem bastante gente que está a fim de aprender está dedicado. Mas tem muitos que estão aqui só por estar, por obrigação, aí os que querem aprender mesmo, ficam sem” (aluno34). “Igual aconteceu com a gente, a professora ficou estressada e queria até parar de dar a aula por causa disso” (aluna15).

Pediu-se aos estudantes que imaginassem como seria, se todas as aulas de História fossem planejadas seguindo os passos do modelo Tríptico. Apenas a aluna15 não veria problemas e acredita que ficaria bem melhor. Porém os demais colegas, integrantes das turmas de terceiro ano, manifestaram-se contrários. Conforme exemplifica expressão da aluna35: “viraria rotina e aí os alunos iriam reclamar e teria que voltar então, eu penso que teria que ser um meio termo, tem que ficar equilibrado”.

Os estudantes também foram estimulados a pensar, se com aulas assim como as que tiveram com o Tríptico, seria possível substituir a necessidade de ler textos, ou livros didáticos. De maneira geral eles discordaram, pois acreditam que a leitura também tenha importância no processo de ensino e aprendizagem. A aluna31 observa: “tem gente que gosta mais de ler. Eu acho que teria que revezar, não ficar só explicando, lendo também”. O aluno32 conjectura: “Ou também poderia ter um

acordo entre aluno e professor em que ele passasse aulas desse tipo (com o modelo Tríptico) e, no contraturno o aluno em casa, lesse alguma coisa que ele não tivesse entendido”.

Também foi sugerido pelos participantes do grupo focal do período matutino, que aumentasse a quantidade de aulas de História, pois cada turma tem apenas duas aulas por semana o que inviabiliza a construção mais integrada de conhecimentos entre os professores e os estudantes. Os estudantes relataram que nas turmas em que essas duas aulas de História acontecem no mesmo dia, eles ficam uma semana até terem contato novamente com os professores. Ainda quando tem algum feriado, são duas semanas sem esse contato, o que atrapalha o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.

Foi questionado sobre a importância da exibição de filmes para o auxílio da aprendizagem de História. Prontamente a aluna31 afirma que além dos filmes, os livros, como os romances históricos, também contribuem. Como exemplo cita o romance: “A menina que roubava livros”. A aluna31 informa que “são exemplos de livros que são um pouco fictícios, mas acaba relacionando um pouco ao assunto”. O seu colega de turma, aluno31 complementa: “Eu acho que sempre que se passar um filme, um documentário que vai falar o que ‘realmente’ aconteceu, o pessoal não vai prestar atenção. E se passar um filme de cinema o pessoal vai prestar atenção nos efeitos e, não vai prestar atenção no que era para prestar”. A aluna31 ainda sugere, como complemento à ideia do colega, que o professor poderia indicar os filmes e documentários para eles assistirem em casa, como complementares aos temas das aulas. O colega também complementa: “Ou até poderia pegar um documentário que fale sobre o assunto e no meio da explicação, passar como um exemplo. Não inteiro, mas um pedaço que tenha relação com o que está explicando” (aluno31).

Ao serem questionados se observaram os colegas comentando sobre a aula com o Tríptico, a aluna32 informou que: “O pessoal gostou bastante. Na nossa turma o pessoal começou a conversar mais, a debater”. Mesmo fora do espaço da aula, os colegas continuaram pensando e discutindo sobre os assuntos propostos pela professora. A mesma realidade é informada pela aluna31, que observa sobre o modelo: “Vai ajudando a fixar, porque acaba gerando um debate, cada um apresenta o seu modo de pensar”.

De maneira geral, os estudantes participantes dos grupos focais se mostraram muito satisfeitos com as aulas nas quais tiveram mais contato com as imagens. Foi possível constatar que ficaram bastante tocados pelas imagens propiciatórias, que lhes permitiram um sentimento de

empatia com o conteúdo e com os eventos do passado. Destacaram que a atividade de lhes oportunizar um espaço durante as aulas, para falarem sobre os sentimentos evocados pelas imagens, permitiu uma observação mais aproximada ao cotidiano daqueles sujeitos, que viveram os acontecimentos estudados.

Informaram que, mesmo depois das aulas, muitos colegas das suas turmas continuaram debatendo as ideias e sentimentos vivenciados na sala de aula. Eles atestaram que depois dessa aula com o Tríptico, tiveram muito mais clareza sobre como os acontecimentos se interligavam e, porque cada população adotou as atitudes estudadas. Importa lembrar que eram conteúdos diferentes nas turmas de matutino e noturno. Na turma do primeiro ano noturno, o conteúdo foi sobre a Idade Média e o Feudalismo, nos terceiros anos do período matutino estudou-se a Segunda Guerra Mundial e nos terceiros anos do período noturno, a crise econômica de 1929 nos EUA. Isso indica que o Tríptico pode ser útil ao processo de ensino e aprendizagem em variados temas e conteúdos.

6.3.2 Impressões dos estudantes assinaladas nos questionários