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IMPROVÉRBIOS SIGNIFICADO Quem é vivo sempre falece Todos estão condicionados à morte.

OBTENÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

IMPROVÉRBIOS SIGNIFICADO Quem é vivo sempre falece Todos estão condicionados à morte.

A corrupção vem a cavalo A corrupção vem rápido.

Quem desdenha quer cotar?

Consiste na ideia formada a partir das especulações financeiras feitas por empresas que negam a compra de uma mineradora.

Segundo Succi (2006), na mídia, o emprego dos provérbios está relacionado à sua forma curta e fácil de ser memorizada. No caso dos improvérbios, a mensagem original é desfeita. Os provérbios parodiados, no quadro acima, são exemplos de enunciados proverbiais ressignificados a partir de uma formação histórica e ideológica de uma época.

Quem é vivo sempre falece. (Jornal Super Notícia. Belo Horizonte, 15 de agosto de

2014, p.30).

Neste caso, o jornal faz referência ao futebol, argumentando sobre a condição da vida, que é a morte, ao se referir a uma fase ruim de um time, que pode ser rebaixado a qualquer momento.

A corrupção vem a cavalo. (Jornal Super Notícia. Belo Horizonte, 15 de agosto de 2014,

p.30).

O improvérbio relaciona a corrupção ao pecado, utilizando-se da notícia de que o senador Roberto Requião(PMDB) usou indevidamente a estrutura do governo do Paraná para cuidar de seus cavalos. As relações intertextuais são visíveis no improvérbio. Entretanto, o termo cavalo, metaforizado no provérbio original, esvaziou-se de sentido e passou a ter um sentido denotativo, porque cavalo aqui faz referência ao próprio animal.

Quem desdenha quer cotar? (Jornal Super Notícia. Belo Horizonte, 22 de agosto de

2013, capa).

Com as especulações de que grandes empresas estariam comprando a mineradora MMX, de Eike Batista, o mercado financeiro esquentou. O improvérbio, neste caso, evoca experiências relacionadas à cotação, tendo em vista que uma empresa importante pode ser comprada. Houve a substituição do verbo comprar por cotar, existindo nesta troca, uma relação de intertextualidade, em que os dois verbos pertencem ao mesmo campo lexical. Para Koch (1987:48), em sentido restrito, a intertextualidade pode ser entendida como a “relação de um texto com outros previamente existentes, isto é, efetivamente produzidos.

Ao analisar os dados da pesquisa no que se refere aos provérbios coletados, distinguiram-se os provérbios dos improvérbios. Entretanto, torna-se relevante ressaltar que o provérbio está relacionado a discursos já existentes e os provérbios parodiados estão, por sua vez, relacionados a esses discursos já existentes que estão nos provérbios.

4.4 IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

Como demonstramos em nossa análise, o uso do gênero notícia na sala de aula se dá com diferentes finalidades, entre elas, a de promover a leitura e o estudo do léxico. Entretanto, na educação, as práticas pedagógicas que incluem a relação entre mídias e ensino não têm se mostrado satisfatórias, uma vez que os cronogramas escolares privilegiam a variedade padrão da língua, deixando as variedades de menor prestígio à margem do estudo do português. São raras as atividades que propõem um estudo da língua a partir de um jornal popular.

As disciplinas dedicadas a analisar essa relação justificam-se na medida em que a educação para mídias é uma condição de cidadania, porque democratiza oportunidades educacionais. São muitas as possibilidades para a utilização do jornal em sala de aula. O jornal impresso é o meio de comunicação utilizado há mais tempo na educação. Enquanto ferramenta pedagógica, ele apresenta facilidade de acesso e dispensa os aparelhos eletrônicos.

Para que a leitura do jornal tenha êxito, é necessário explicar aos alunos os diferentes tipos de texto presentes nas publicações, como título, legenda, box, colunas, chamadas, além do contato com um texto autêntico, que serve como registro da história. Infelizmente observamos que o jornal apreciado em sala de aula é ainda o jornal considerado de referência, sendo que o jornal popular, aquele que, de fato, faz parte do cotidiano dos alunos, fica a mercê das discussões que incluem o gênero notícia.

A falta de critério para a utilização de textos em sala de aula acaba fazendo com que o docente desista de inclui-lo em suas atividades, quando, na verdade, perde-se uma grande oportunidade de colocar o aluno frente a outros tipos de texto, a fim de que ele se torne um leitor proficiente, capaz de produzir novos pontos de vista ao interpretar o que lê, posicionar-se criticamente sobre o texto e os fatos nele contidos, além de utilizar a linguagem jornalística como objeto de estudo e reflexão. O trabalho com o jornal aperfeiçoa a expressão e a compreensão textual dos nossos alunos nos níveis da oralidade, da leitura e da escrita.

Sendo, assim, para trabalhar as unidades fraseológicas encontrados em nosso corpus de análise, utilizamos a construção do sentido, a partir do contexto em que as UFs são apresentadas para a sua exploração pedagógica.

Outro ponto a ser explorado consiste na análise de estratégias para que o aluno reconheça essas unidades, ao longo dos textos, a partir das características mais comuns que elas apresentam, desde a estrutura formal até o sentido com que elas se apresentam, seja pelo processo de metáfora, metonímia ou hipérbole. Nesse caso, o trabalho também estaria voltado para a escolha lexical e suas implicações no texto e, também, poderia ser explorada a forma como se dá a construção do novo sentido através do texto jornalístico.

O aluno também poderá observar a recorrência das unidades fraseológicas no jornal, sendo que essas unidades poderão ser trabalhadas no próprio gênero notícia, avaliando-se sua composicionalidade, a possibilidade de variação de alguns itens, através de testes como foram feitos para as EIs neste trabalho, ou poderão fazer parte de atividades que envolvam a elaboração de um glossário, já que tais unidades contribuem para a expansão lexical dos estudantes.

Aos poucos, o jornal pode ser apresentado ao estudante em sua integridade, discutindo-se as várias seções presentes no jornal popular e os diversos gêneros circulantes na esfera jornalística, promovendo a leitura da linguagem verbal e não-verbal presentes no jornal impresso, instigando a observação da linguagem e do vocabulário jornalístico.

Pressupomos que ao utilizar as UF no gênero notícia, o jornalista julgue que o leitor a que ele se destina conseguirá textualizá-lo. Existem pistas coesivas no texto que favorecem a utilização de tais unidades. Para dar início à nossa discussão, mostramos abaixo as análises de três textos do gênero notícia, coletados durante a pesquisa.

4.4.1 PLANO D AULA Estrutura Curricular

Modalidade / Nível de Ensino: Ensino Médio

Gêneros discursivos e textuais: narrativo, descritivo, argumentativo.

1.Dados da Aula

2. O que o aluno poderá aprender com esta aula

Os objetivos desta aula são: promover a leitura e a interpretação de notícias, explorando a linguagem verbal, estabelecendo os tipos de relações que esses signos representam e explicitar alguns dos fatores de coerência, como a ‘intertextualidade’ e ‘o conhecimento de mundo’, como elementos responsáveis pela produção dos sentidos.

3.Duração da atividade 1 hora/aula

4. Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

5. Público-alvo: Aula elaborada para alunos do 1° ano do ensino médio, com boa experiência em leitura de gêneros discursivos, envolvendo as linguagens verbal e não- verbal. É recomendável também que estejam sintonizados com os fatos políticos, econômicos, culturais que permeiam a vida em sociedade.

6. Estratégias e recursos da aula

4.4.2 A IDENTIFICAÇÃO DO CONTEXTO

Gêneros textuais como a notícia, apostam frequentemente na competência dos leitores, para persuadir o público a quem se dirigem. Observe o exemplo abaixo:

TEXTO 01

(Jornal Super Notícia. Belo Horizonte, 21 de outubro de 2013, p.14).

Em português, a expressão fazer gato é usada para fazer referência a algum tipo de prática incorreta. O texto acima tomou como ponto de partida a maneira como alguns brasileiros utilizam a internet do vizinho de forma leviana.

Os testes semânticos podem ser propostos nesta etapa da atividade, colocando em foco a não-composicionalidade, o grau de fixidez (estabilidade semântica) e o valor conotativo de algumas expressões, além de analisar em que medida essas mudanças alteram o significado lexicalizado de uma EI. Para tal, trocamos alguns itens lexicais por outros de significados do mesmo campo semântico para ver se o sentido se mantinha o mesmo.