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A INCIDÊNCIA DO SUICÍDIO NO ESTADO DO PARANÁ ENTRE OS ANOS DE 2006 E

ESTADO DO PARANÁ E NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA/PARANÁ “Qual é, portanto, esse sentimento incalculável que

5.2 A INCIDÊNCIA DO SUICÍDIO NO ESTADO DO PARANÁ ENTRE OS ANOS DE 2006 E

Entre os anos de 2006 e 2015 o estado do Paraná apresentou um número de suicídios consideravelmente superior à média nacional, superando o número de seis mil casos, porém menor que o coeficiente médio para região sul, conforme identificam os dados coletados junto ao Sistema Único de Saúde – SUS .

Estima-se que nesse lapso temporal de dez anos 6.268 pessoas morreram por suicídio no estado, sendo que desse total 4.979 correspondem ao sexo masculino e 1.289 referem-se ao sexo feminino, conforme dados indicados na tabela abaixo:

Tabela 11 – Número de suicídios no estado do Paraná entre os anos de 2006 e 2015, em razão do sexo da vítima.

Ano Número de ocorrências Homens Mulheres

2006 594 468 126 2007 629 499 130 2008 596 463 133 2009 648 527 121 2010 588 471 117 2011 593 465 128 2012 629 490 139 2013 655 527 128 2014 620 507 113 2015 716 562 154

Fonte: Sistema de Informação Sobre Mortalidade – SIM. Departamento de Informática do SUS – DATASUS.

Para que fosse possível a construção de dados consolidados para cada uma das categorias indicadas, foi indispensável a mensuração da população paranaense em razão do sexo no período de tempo analisado, o que foi possível de ser realizado por meio de pesquisa junto à base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, conforme tabela indicativa abaixo:

Tabela 12 – População do estado do Paraná entre os anos de 2006 e 2015, em razão do sexo.

Ano População total Homens Mulheres

2006 10.340.490 5.132.460 5.207.930 2007 10 441 872 5.180.307 5.261.565 2008 10.540.407 5.226.652 5.313.755 2009 10.636.065 5.271.535 5.364.530 2010 10.728.961 5.315.016 5.413.945 2011 10.820.421 5.357.765 5.462.656 2012 10.910.374 5.399.746 5.510.628 2013 10.997.465 5.440.253 5.557.212 2014 11.081.682 5.479.284 5.602.408 2015 11.163.018 5.516.825 5.646.193

A partir dos dados apresentados, confrontaram-se os números de suicídios praticados no estado em razão do sexo das vítimas e da dinâmica populacional, indicando o coeficiente de óbitos causados por suicídio a partir de um grupo de 100.000 pessoas, viabilizando-se um confronto dos dados com os índices regionais anteriormente indicados, bem como com as médias nacionais globalmente consideradas:

Tabela 13 – Coeficiente de mortalidade por suicídio no Paraná para cada 100 mil habitantes, entre os anos de 2006 e 2015, em razão do sexo.

Ano Coeficiente geral do estado Coeficiente entre homens Coeficiente entre mulheres 2006 5,74 9,11 2,41 2007 6,02 9,63 2,47 2008 5,65 8,85 2,50 2009 6,09 9,99 2,25 2010 5,48 8,86 2,16 2011 5,48 8,67 2,34 2012 5,76 9,07 2,52 2013 5,95 9,68 2,30 2014 5,59 9,25 2,01 2015 6,41 10,18 2,72 Média do período 5,81 9,33 2,36 Fonte: Autor.

De acordo com a distribuição de óbitos em razão do sexo, foi possível constatar, tal como nas médias do Brasil, uma prevalência acentuada de óbitos provocados intencionalmente entre o grupo do sexo masculino (9,33/100.000), quando confrontado com os dados relativos ao grupo do sexo feminino (2,36/100.00).

O grupo de homens também se mostra mais vulnerável às práticas suicidas quando os dados do grupo são confrontados com os números absolutos do estado (5.81/100.000).

É de se destacar que a média de suicídios entre ambos os grupos mostra-se superior à média nacional. No caso dos homens, há uma prevalência de 7,96 óbitos para cada 100.000 habitantes no Brasil, índice que sobe para 9,33 no caso paranaense. Entre as mulheres, a média nacional que é de 2,08 eleva-se para 2,36 no estado do Paraná. De uma forma global, a média paranaense de 5,81 óbitos para cada 100.000 habitantes mostra-se elevada quando comparada a média nacional de 4,99.

Ainda sob esse recorte, não é possível identificar no estado qualquer tendência de diminuição ou crescimento nos óbitos por suicídio, uma vez que os mesmos se encontram em constante oscilação, tanto nos coeficientes por sexo quanto no global.

A variável referente ao local do óbito da vítima de suicídio no âmbito do estado do Paraná não mostra divergência dos dados coletados em nível nacional:

Tabela 14 – Número de suicídios no estado do Paraná entre os anos de 2006 e 2015, em razão do local de óbito da vítima.

Local de óbito Hospital Outros estabelecimentos de saúde Domicílio Via pública Outros Ignorado 2006 118 05 348 26 97 - 2007 123 05 357 38 105 01 2008 110 09 345 32 98 02 2009 104 07 383 47 107 - 2010 100 12 368 25 82 01 2011 105 14 360 32 82 - 2012 93 15 408 26 85 02 2013 104 15 384 34 116 02 2014 80 09 389 31 111 - 2015 115 14 421 37 129 - Total do período 1.052 16,80% 105 1,67% 3.763 60,03% 328 5,23% 1.012 16,14% 08 0,13%

Fonte: Sistema de Informação Sobre Mortalidade – SIM. Departamento de Informática do SUS – DATASUS.

Os dados apresentados indicam predominância acentuada da prática suicida em ambiente domiciliar, tal como observado nas estatísticas nacionais, seguida pela predominância em hospitais.

Tal como já apresentado, os óbitos em hospitais e outros estabelecimentos de saúde devem ser analisados de forma relativizada, considerando-se se tratar de situações onde a prática suicida se deu com grau de letalidade menos gravoso, de modo que o óbito não se concretizou verdadeiramente no local do fato.

Os dados referentes ao local de óbito das vítimas de suicídio guardam consonância com as categorias presentes na CID-10 e revelam os meios pelos quais os óbitos foram voluntariamente provocados, conforme se verifica inicialmente pelos dados apresentados na tabela abaixo. Sobre os meios utilizados para a prática do suicídio, um estudo temporalmente delimitado realizado por Rosa

No Paraná, o enforcamento, o disparo de arma de fogo e a autointoxicação por pesticida representaram 85,8% dos meios utilizados para o suicídio [...]. A prevalência de suicídio por enforcamento neste estudo se justifica por ser um meio de fácil acesso e de alto grau de letalidade, achado que coaduna com a literatura. Uma iniciativa pertinente de atenuação da mortalidade por suicídio concentra-se na restrição do acesso aos meios, principalmente os resultantes de atitudes impulsivas. Nesse contexto, os resultados da presente pesquisa sugerem que regulamentos mais rigorosos para armas de fogo, pesticidas e outros meios de suicídio possam ter contribuído para o aumento do suicídio pelo enforcamento, embora sem significância estatística.

Os dados coletados revelam compatibilidade com a pesquisa indicada na medida em que demonstram notória prevalência de suicídios por meio de enforcamento e métodos similares, seguidos da ingestão de pesticidas e por meio de armas de fogo, respectivamente, conforme dados tabulados:

Tabela 15 – Número de suicídios no estado do Paraná entre os anos de 2006 e 2015, em razão das categorias presentes na CID-10 (Classificação Internacional de Doenças)

Categoria

X60 - Autointoxicação por exposição, intencional, a analgésicos, antipiréticos e antirreumáticos, não-opiáceos

06 X61 - Autointoxicação por exposição, intencional, a drogas anticonvulsivantes [antiepilépticos] sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos e psicotrópicos não classificados em outra parte

150

X62 - Autointoxicação por exposição, intencional, a narcóticos e psicodislépticos [alucinógenos] não classificados em outra parte

22 X63 - Autointoxicação por exposição, intencional, a outras substâncias farmacológicas de ação sobre o sistema nervoso autônomo

08 X64 - Autointoxicação por exposição, intencional, a outras drogas, medicamentos e substâncias biológicas e às não especificadas

104

X65 - Autointoxicação voluntária por álcool 21

X66 - Autointoxicação intencional por solventes orgânicos, hidrocarbonetos halogenados e seus vapores

09 X67 - Autointoxicação intencional por outros gases e vapores 26

X68 - Autointoxicação intencional a pesticidas 491

X69 - Autointoxicação por exposição, intencional, a outros produtos químicos e substâncias nocivas não especificadas

105 X70 - Lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento e

sufocação

4.061 X71 - Lesão autoprovocada intencionalmente por afogamento e submersão 49 X72 - Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de arma de fogo de mão 204 X73 - Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de arma de fogo de maior

calibre

21 X74 - Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de outra arma de fogo e de arma de fogo não especificada.

523 X75 - Lesão autoprovocada intencionalmente por dispositivos explosivos 03 X76 - Lesão autoprovocada intencionalmente pela fumaça, pelo fogo e por chamas 85 X77 - Lesão autoprovocada intencionalmente por vapor de água, gases ou objetos quentes

02 X78 - Lesão autoprovocada intencionalmente por objeto cortante ou penetrante 118 X79 - Lesão autoprovocada intencionalmente por objeto contundente 13 X80 - Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação de um lugar elevado 164 X81 - Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação ou permanência

diante de um objeto em movimento

20 X82 - Lesão autoprovocada intencionalmente por impacto de um veículo a motor 07

X83 - Lesão autoprovocada intencionalmente por outros meios especificados 08 X84 - Lesão autoprovocada intencionalmente por meios não especificados 48 Fonte: Sistema de Informação Sobre Mortalidade – SIM.

Departamento de Informática do SUS – DATASUS.

Assim, seguindo a tabulação das causas de óbitos em dois grandes grupos – resultantes de lesões (X70-X84) e resultantes de autointoxicações (X60- X69) – percebeu-se que as primeiras (X70-X84) foram responsáveis por 5.326 óbitos, correspondendo a um percentual de 84,97% em relação ao total de óbitos, seguindo o mesmo percentual nacional que atingiu 85,70%. No grupo descrito, aos óbitos causados por enforcamento, estrangulamento e sufocação (X70) correspondem a um percentual de 76,24% dos óbitos causados por lesões, em face de um índice similar de 72,94% em nível nacional.

Os óbitos causados por autointoxicações (X60-X69) alcançaram um total de 942 casos, correspondendo a 15,03% em relação ao total de todas as categorias, alinhando-se à média nacional de 14,30%.

Desse grupo, merecem destaque, tal como no Brasil, os óbitos causados por pesticidas (X68), os quais alcançam um percentual de 52,12% dentro do grupo pesquisado (X60-X69). No Brasil, esse índice, em que pese apresente igual destaque, alcança um percentual inferior, atingindo 43,85% dos óbitos no grupo.

Se considerados os dois grupos em conjunto, os óbitos decorrentes de enforcamento, estrangulamento e sufocação atingem um percentual de 64,78%, seguidos por suicídios provocados por armas de fogo (8,34%), sendo que ambos os índices não destoam daquilo que foi observado no cenário brasileiro amplamente considerado, não havendo qualquer tipo de oposição a ser analisada.

5.3 A INCIDÊNCIA DO SUICÍDIO NA CIDADE DE PONTA GROSSA/PARANÁ

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