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Indicador de domicílios atendidos pela rede geral de abastecimento de água

3. CARACTERIZAÇÃO DA OCUPAÇÃO URBANA E EVOLUÇÃO NA

4.4 Indicador de domicílios atendidos pela rede geral de abastecimento de água

A água potável é uma necessidade básica de qualquer ser humano e deve ser oferecida à população urbana através da rede geral de abastecimento, fornecida via Concessionária do serviço, com tratamento prévio para aos padrões de potabilidade estabelecidos pelos órgãos responsáveis, tornando-a própria ao consumo humano, sem apresentar riscos para a saúde pública.

O Ministério da Saúde na Portaria Nº 1469, de 29 de dezembro de 2000 e Portaria Nº 518 de 25 de março de 2004 estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, cabendo às Secretarias Municipais de Saúde dos municípios exercerem a vigilância da qualidade da água em articulação com os responsáveis pelo seu controle e fornecimento.

Assim sendo, no município de Vitória da Conquista esse tema foi tratado nas Leis de ordenamento do solo, pela sua relevância para a população como um todo. Inicialmente foi definido no PDU-1976, Arts. 80° e 82° que nos projetos dos novos loteamentos há exigência de implantação de água potável, quando for o caso. Da mesma forma o Art. 15° do Código de Obras de 2007, relata que a aprovação do projeto de loteamento ficará condicionada, entre as varias obras por parte do empreendedor, a existência de rede de abastecimento de água potável. O PDU-2007 define no Art. 82º, entre as diretrizes para os planos de ações, a ampliação das redes de distribuição para as áreas de expansão da cidade sede e nos distritos por parte da Concessionária; elaboração e entrega dos relatórios mensais de acompanhamento dos serviços prestados, no que tange a regularidade na freqüência do abastecimento a todas as áreas da cidade. O Código de Meio Ambiente, no Art. 171º reforça a questão do abastecimento público

ao estabelecer o direito de ligação à rede pública de abastecimento de água quando existir, de toda construção considerada habitável.

A criação de leis para garantir qualidade de vida à sociedade atribui ao poder público a obrigatoriedade de pleno cumprimento da legislação com garantias do abastecimento de água para toda população, assim como fornecimento de infra-estrutura nas áreas de expansão urbana. Devido sua importância, o acesso aos serviços de abastecimento de água potável e infra-estrutura da rede pública é um dos indicadores da qualidade de vida da população. A Figura 4.14 embora apresente a extensa rede de abastecimento de água de Vitória da Conquista, mostra que diferentemente do que estava previsto na legislação, diversos loteamentos foram criados e aprovados pela Prefeitura Municipal entre os anos de 1991 e 2000 sem o atendimento ao requisito da existência de infra-estrutura, inclusive o de abastecimento de água e, sobretudo, os localizados nas áreas de ocupação rarefeita.

A rede de abastecimento de água apresentada mostra as áreas com necessidade de expansão do sistema, como os bairros periféricos Airton Sena, Candeias, Universidade, Primavera, Lagoa das Flores, Distrito Industrial, São Pedro, parte dos bairros Boa Vista e Espírito Santo. Os bairros Primavera, Boa Vista, Candeias, Felícia e Universidade, aparecem como áreas de expansão urbana, merecendo uma maior atenção.

Boa Vista e Candeias são bairros classificados como Zona de Expansão Preferencial, embora exista uma quantidade razoável de áreas vazias e com fazendas. O PDU-2007 também enquadrou essas zonas como possíveis de aplicação dos instrumentos da política urbana, como o parcelamento compulsório, o que poderá acelerar o processo de ocupação nos próximos anos, o que virá a demandar implantação de infra-estrutura urbana (FIGURA 4.15)

Figura 4.15 – Bairros Boa Vista e Candeias nas Zonas de Expansão Preferencial

Essa imagem do sensor HRC-CBERS, capturada em março de 2009 mostra uma parte dos bairros Boa Vista e Recreio, enquadrada com Expansão Preferencial e área possível de aplicação do parcelamento compulsório, sem infra-estrutura urbana. No centro da imagem encontra-se a Av. Olivia Flores, uma extensão do Corredor de Uso Diversificado, com final no campus da UESB. A porção Oeste da avenida pertence ao bairro Boa Vista, com predomínio de fazendas. A porção Leste da avenida, pertence ao bairro Candeias, constituída de lotes vazio, fazendas e chácaras. Na porção Sul da imagem localiza- se o Campus Universitário da UESB, em área de ocupação rarefeita, com tendência de ocupação no entorno da Av. Olivia Flores, embora seja enquadrada com densidade de até 15 hab/ha, com ocupação preferencial de chácaras pelo PDU-2007.

Fonte: Imagem do satélite CBERS 2B, sensor HRC, 2009

O bairro Felícia classificado no PDU-2007 como Zona de Expansão Preferencial, com localização próxima ao shopping é uma área com grande potencial de expansão, todavia, com enorme carência de infraestrutura. Em 2003 percebe-se a abertura de alguns loteamentos e áreas vazias não loteadas, enquanto que em 2009, seis anos depois, pouca alteração foi feita na ocupação das áreas loteadas, podendo ser uma área possível para aplicação dos instrumentos da política urbana (FIGURA 4.16).

Figura 4.16 – Loteamentos e áreas vazias no bairro Felícia.

Imagem do satélite Quick Bird, capturada em março de 2003

Imagem do sensor HRC- CBERS, capturada em março de 2009

Fonte: Fonte: Imagens dos satélites QuickBird, 2003 e CBERS 2B, sensor HRC, 2009

A infra-estrutura relacionada à água potável na área urbana de Vitória da Conquista apresentada nas Figuras 4.17 e 4.18 mostra o índice de sustentabilidade obtido através do indicador de abastecimento de água potável para a população nos anos 1991 e de 2000, com base nos setores censitários do IBGE.

Figura 4.17 - Vitória da Conquista - BA: Sustentabilidade relacionada ao abastecimento de água potável -1991

As áreas periféricas como Primavera, São Pedro, Airton Senna em 1991, ano base das informações espacializadas, não possuíam muitos domicílios. O atendimento está sinalizado como Sustentável. À medida que os loteamentos abertos foram ocupados, como o Jardim Guanabara, no bairro Felícia, o abastecimento de água se torna insuficiente em relação ao número total de domicílios atendidos pela rede geral de abastecimento.

O bairro Bateias em 1991 possuía uma grande área Insustentável e isso se deve tanto a abertura de loteamentos sem infra-estrutura, quanto a ocupação irregular nessa área, sobretudo às margens da Lagoa das Bateias, vizinho ao aeroporto. Em 2007, uma faixa dessa área foi transformada no Parque Municipal da Lagoa das Bateias, sendo que parte da população residente às margens da lagoa foi relocada para uma área vizinha. No entanto, permanece uma parte das residências que ainda está com um desnível inferior ao da lagoa e que ainda precisa ser relocada. Essa questão será discutida mais adiante quando for tratada a sustentabilidade do meio ambiente.

No ano de 2000 o bairro Bateias se apresenta como Sustentável em função da ampliação do sistema de abastecimento de água, com exceção de uma pequena área na porção noroeste que era Quase Sustentável passando a ser Intermediário. O crescimento do loteamento foi mais rápido do que os investimentos de infra-estrutura, refletindo nesses resultados.

Comparando os dados de 1991 e de 2000, observou-se que houve a ampliação da rede geral de abastecimento de água. Felícia, Patagônia, Ibirapuera, Zabelê e Candeias são os bairros que no ano de 2000, estavam ocupados e consolidados e foram beneficiados por essa ampliação da rede de abastecimento de água. Contudo, os loteamentos citados anteriormente (FIGURA 4.15 e 4.16), localizados nos bairros Alto da Boa Vista e Candeias necessitam de novas ampliações, embora no ano 2000 fosse classificado como Sustentável. Áreas periféricas onde a rede de abastecimento de água ainda não foi ampliada são classificadas como Insustentáveis em função do processo de crescimento superior aos investimentos em infra-estrutura.

A Insustentabilidade no bairro Universidade não apresentada em 1991, se atribui ao aumento de domicílios e da população que ocorreu nesse setor (FIGURA 4.5 - Dinâmica populacional nos anos de 1991 e 2000), ao grande vazio urbano existente entre a Avenida Olívia Flores e a BA 265, composto por loteamentos aprovados e não ocupados e a áreas compostas pelas Chácaras Candeias.

O abastecimento de água de Vitória da Conquista está sendo ampliado de acordo com o crescimento da cidade, ainda que de forma onerosa. A ampliação da rede para a periferia, deixando áreas vazias entre regiões consolidadas, não buscou otimizar os investimentos realizados. Apesar da ampliação do sistema de abastecimento de água e da necessidade de novos investimentos para as novas áreas, o índice de sustentabilidade classificado para esse indicador no ano de 1991 foi de Quase Sustentável, já em 2000 ascendeu para a classe Sustentável na escala do barômetro.