• Nenhum resultado encontrado

2. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE PARA

2.1 Universo da pesquisa

A escala de análise desse estudo é local, mais precisamente a cidade de Vitória da Conquista – BA, no limite urbano definido pela Prefeitura Municipal Vitória da Conquista - PMVC, no Plano Diretor de 2007, que remete a delimitação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

O município de Vitória da Conquista com 11 distritos, incluindo o distrito sede, foi estimado pelo IBGE com uma população total para 2009 de 318.901 habitantes (IBGE, 2010). O recorte da amostra para a análise da sustentabilidade foi do distrito sede, onde está concentrada a maior parte da população do município. Vitória da Conquista é a segunda maior cidade do interior da Bahia, em número de pessoas.

Nos últimos 30 anos a cidade de Vitória da Conquista tem passado por constantes transformações do espaço urbano, com crescimento gradativo, sem acompanhar na mesma ordem os investimentos em infra-estrutura. Como resultado, houve um crescimento disperso e difuso, com espaços vazios na malha urbana, lotes não ocupados, ruas sem pavimentação, falta de esgoto em diversos bairros, insuficiência no fornecimento de água e energia, com fazendas no interior da mancha urbana e áreas com fins de especulação imobiliária. Essa situação por sua vez trouxe reflexo no meio ambiente e nos espaços urbanizados, com uma paisagem que retrata certa carência em ordenamento territorial.

Vitória da Conquista tem demonstrado tradição de planejamento urbano com um histórico de legislação urbanística aprovada há mais de 24 anos. O primeiro Plano Diretor foi aprovado em 1976 e o atual Plano Diretor data de 2007. É notável que esse novo plano trouxe muitos avanços em relação ao seu antecessor, com enfoque voltado para a interação entre a sociedade e o meio ambiente.

Nos últimos anos, a discussões sobre a temática de desenvolvimento sustentável, presentes nas diversas esferas de governo foram incorporados em nível local. A preocupação com essa temática está na própria criação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente em 1992, Agenda 21 Local em 2004, aprovação em 2007 do Código Ambiental do Município, e Decreto de criação de Unidades de Conservação e de espécies endêmicas entre os anos de 1998 e 2002, temas que em 1976 não eram considerados.

Na área econômica e social houve avanços dos índices de IDE (Índice de Desenvolvimento Econômico), IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e IDS (Índice de Desenvolvimento Social) para cidade de Vitória da Conquista. Segundo o IBGE (2010) o IDE em 1996 era o 11º no ranking baiano, subiu para a 9º colocação no ano de 2000; o IDS subiu do 24º para o 6º lugar e o IDH também saltou do 30º lugar em 1991 para o 18º em 2000, ficando entre os 20 melhores IDH’s da Bahia.

A escolha do núcleo urbano de Vitória da Conquista como objeto de estudo, se deve as características do mesmo, considerando que é a segunda cidade mais desenvolvida do interior da Bahia e representa um importante pólo de desenvolvimento regional, apresentando problemas típicos dos grandes centros urbanos.

No Estatuto da Cidade (2007), no Art. 1º, Inciso I, o direito a cidade sustentáveis é entendido como: “o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra- estrutura urbana, ao transporte, e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações”. O crescimento desordenado das cidades quanto não é acompanhado de forma equitativa com a ampliação da infra-estrutura urbana, moradia, transporte, etc. se refle nos índices de sustentabilidade.

Assim, a cidade enquanto sistema dinâmico, com seus elementos, organização, natureza e processos que ocorrem no espaço urbano, constituem um importante objeto de análise. Os ambientes construídos, com infra-estrutura e serviços integrados com os sistemas ambientais preservados, e uma clara transição urbano-rural formam uma cidade mais harmoniosa e sustentável. Entretanto, esse ideário é fragilizado devido a:

Planejadores urbanos e administradores têm cada vez mais se viram confrontados com novos processos e formas espaciais, muitas vezes estão fora do controle do governo local. Mudança sócio-espacial parece ter ocorrido principalmente no sentido de fragmentação, separação e especialização de funções e usos dentro das cidades, com a polarização do mercado de trabalho (e, portanto, a desigualdade de renda) se refletindo no crescimento das diferenças entre as áreas mais ricas e mais pobres em países desenvolvidos e no desenvolvimento de cidades de países (UN-HABITAT, 2009, p.25). (tradução nossa)

O significado conceitual adotado para os indicadores utilizados nesse trabalho foi do IBGE (2004, p. 10), como “[...] ferramentas constituídas por uma ou mais variáveis que, associadas através de diversas formas, revelam significados mais amplos sobre os fenômenos a que se referem”. Para isso, os indicadores são utilizados para identificar variações, comportamentos, processos e tendências, assim como estabelecer comparações, indicar necessidades e prioridades para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas. Esse conceito foi complementado

pela concepção de Meadows (1998), de que os indicadores são uma parte necessária para compreender o mundo, tomar decisões e planejar as ações.

Nas áreas urbanas os indicadores foram classificados, mapeados e analisados por zona, bairro e por setor censitário, e assim estabelecido o índice de sustentabilidade, levando-se em consideração as dimensões social, econômica e ambiental segundo Sachs e com a espacialização dos resultados obtidos.

Os dados foram armazenados e tratados em ambiente computacional, com uso de técnicas de sensoriamento remoto e de sistemas de informações geográficas, como ferramenta de análise espacial. As análises da realidade local foram realizadas através dos dados dos censos do IBGE nos anos de 1991 e 2000, bases cartográficas, fotografias aéreas, imagens de satélite, pesquisas locais e revisão bibliográfica, os quais possibilitaram uma investigação mais detalhada da estrutura da cidade, sua caracterização e transformações ocorridas, com indicativos para as ações de planejamento urbano sustentável. Como método de abordagem foram considerados os procedimentos histórico, comparativo, estatístico e tipológico, com técnicas de observação direta e indireta.