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3. CARACTERIZAÇÃO DA OCUPAÇÃO URBANA E EVOLUÇÃO NA

4.7 Indicador de pavimentação das ruas

O planejamento no processos de produção e estruturação do espaço urbano, buscam melhorar ou revitalizar aspectos que beneficiem a qualidade de vida da população sobretudo nos aspectos físicos de uma cidade, como objetivo de tornar a vida urbana mais confortável e proveitosa. Nesse sentido o fornecimento da infra-estrutura urbana referente aos sistemas viários de uma cidade, entendida como um espaço público, propicia ao cidadão o direito de ir e vir, contribuindo para um ambiente mais agradável sem poluição de particulas em suspensão (poeira), facilitando o trânsito dos pedestres, veículos, do transporte público, assim como a melhoria dos aspectos visuais da malha urbana, propiciando aos seus habitantes uma melhor qualidade de vida.

O crescimento urbano propicia uma demanda por infra-estrutura urbana, sobretudo no que diz respeito a pavimentação das ruas e ampliação do sistemas viários de uma cidade como um todo, com obras que demandam um plano de desenvolvimento urbano a longo prazo, concomitante com a abertura de novos loteamentos. Na previsão da expansão urbana o PDU de 1976 no Art. 84° tratou da questão da infra-estrutura no que diz respeito a pavimentação das ruas e vias de circulação e na orientação de novos loteamentos. A aprovação do projeto ficaria então condicionada ao fornecimento de infra-estrutura e dentre as várias obras a da pavimentação das ruas. Isso foi reforçado na aprovação do plano de loteamento no Art. 85° quando estabelece uma caução de 30% da área útil, em lotes, cuja liberação se daria na seguinte proporção: 30% (trinta por cento) quando concluída a terraplanagem, assentamento de meio- fios e locação dos lotes; 70% (setenta por cento) quando concluída a pavimentação.

Para essa caução os empreendedores assinam um Termo de Acordo e Compromisso, e a Prefeitura em seguida emite um alvará provisório para o inicio das obras, com prazo de conclusão de 4 anos, competindo ao órgão público, fiscalizar o acordo estabelecido. O Art. 91° complementa essa obrigatoriedade ao afirmar que na falta de cumprimento do acordo, o proprietário do loteamento será intimado a supri-la, podendo inclusive perder os direitos a que tem do alvará provisório, se as correções não forem efetuadas no prazo estipulado.

Os critérios de liberação dos lotes caucionados foram atrelados as obras de infra-estrutura citados anteriormente e os dados demonstraram a precariedade no atendimento da pavimentação e em abertura de vias dos loteamentos, pois em diversos casos não foram realizadas as obras necessárias. A Figura 4.26 mostra alguns exemplos dos loteamentos que não foram atendidos com esse requisito e que reflete no índice de sustentabilidade.

Figura 4.26 - Loteamentos sem infra-estrutura.

Essa imagem do sensor HRC-CBERS, capturada em março de 2009 mostra o loteamento Alto da Universidade, autorizado na década de 1980, sem infra-estrutura do tipo abertura das ruas no lotes, meio fios, pavimentação, energia e água.

Essa imagem do satélite Quick Bird, capturada em dezembro de 2003 mostra os Loteamentos Miro Cairo I e II, Senhorinha Cairo, Idalina Veloso e Zezé Leone, autorizados na década de 1980, sem infra- estrutura do tipo meio fios e pavimentação e em algumas áreas sem energia e água.

Essa imagem de satélite Quick Bird, capturada em dezembro de 2003 mostra o loteamento Primavera, autorizado na década de 1980, sem infra-estrutura do tipo meio fios, pavimentação, energia e água.

Essa imagem do sensor HRC-CBERS, capturada de março de 2009 mostra o loteamento Jardim das Candeias, sem infra-estrutura do tipo meio fios, pavimentação, energia e água.

Em relação ao PDU-1976, a Lei nº 1.481/2007 do Código de Obras foi mais rígida ao aumentar o percentual de 30% para 40% e exigir no Art. 15º, caução de 40% do total dos lotes comercializáveis, averbado em cartório, diferentemente de um documento chamado Termo de Acordo e Compromisso, como garantia de que o empreendedor se obriga a executar as obras no loteamento em um prazo máximo de quatro anos, entre elas a locação de ruas, quadras, lotes e pavimentação de todas as ruas.

A expansão urbana de Vitória da Conquista ao longo dos anos ocorreu no primeiro momento de forma concentrada, no entorno do Centro da cidade, sendo que em um segundo momento houve um processo de crescimento disperso. A cidade na década de 1940 possuía a malha urbana concentrada no Centro da cidade, com espaços vazios nos sentido NW e SW, próximos a BR 116. Dez anos depois a expansão ocorreu nos espaços vazios do Centro, e em torno de 50% do território de cada um dos bairros Brasil, Ibirapuera e Jurema, influenciado pela abertura da BR 116 e Av. Brumado com acesso a BA 262. A expansão embora insipiente, nas proximidades do Centro, ocorreu em parte dos bairros Cruzeiro, Recreio e Alto Maron. Na década de 1960 a expansão urbana ocorreu no entorno dos bairros já consolidados, sobretudo no Alto Maron, Recreio e Candeias (ao lado do Recreio) no sentido L-SE, e no Guarani ao Sul, na Patagônia próxima a BR 116 no sentido SW, e no Felícia no sentido Sul, influenciado pela Av. Juraci Magalhães, com acesso a BA 265. Entre os anos de 1972 e 1985 houve a aprovação de grande número de loteamentos, no total de 58, e um processo acelerado de abertura de loteamentos e conjuntos habitacionais populares distantes da malha urbana com ocorrência da expansão urbana dispersa, proliferação dos espaços vazios e loteamentos sem infra-estrutura. Com a oferta dos loteamentos nesse período, houve uma redução gradativa nos anos seguintes das áreas com alta densidade demográfica, embora as novas áreas ofertadas pelo mercado imobiliário ainda tenham deixado espaços vazios. Por outro lado, as áreas vazias mais antigas, das décadas de 1940 a 1960 foram gradativamente sendo ocupadas.

A forma de crescimento urbano acelerado e disperso de Vitória da Conquista, sobretudo entre os anos 1970-1985 não foi acompanhada na mesma ordem pelos investimentos em infra- estrutura, refletindo no aumento de lotes vazios no período e nos resultados de sustentabilidade nos anos vindouros. O desenho da malha urbana no ano de 2010 mostra diversas áreas com loteamentos aprovados, visíveis apenas no desenho, sem infra-estrutura completa, sem uma ocupação real. É importante ressaltar que o PDU-2007 de Vitória da Conquista de um lado restringe a expansão urbana desordenada através da legislação vigente mais rigorosa, no cumprimento das obrigatoriedades do empreendedor, por outro lado incentiva o adensamento urbano através dos parâmetros urbanísticos definidos no macrozoneamento, para aproveitamento da infra-estrutura existente, para que não se cometam os erros das décadas

anteriores quando a malha urbana cresceu de forma dispersa, sem atender a infra-estrutura estabelecida na Lei nem a demanda populacional. O índice de sustentabilidade de pavimentação na área urbana mostrado na Figura 4.27 é resultado de um crescimento urbano disperso e desordenado. A velocidade desse crescimento urbano não foi acompanhada pela demanda em infra-estrutura, refletindo no índice de sustentabilidade para esse indicador.

Figura 4.27 – Vitória da Conquista: Infra-estrutura urbana: Sustentabilidade da pavimentação - 2009

O percentual elevado de ruas sem pavimentação (80%) é um indicativo de que durante a expansão urbana, nas décadas que sucederam o PDU-1976, não foi cumprido esse requisito, pela falta de um controle mais rigoroso quanto aos aspectos legais, de um lado pelo Poder Público quanto à fiscalização e investimento nessa área, e por outro lado, dos empreendedores quanto a obrigatoriedade no fornecimento de infra-estrutura urbana na abertura dos loteamentos. Isso se refletiu no índice de sustentabilidade do município na atualidade. O índice geral de sustentabilidade desse indicador classificado para toda cidade ficou na classe Insustentável para o ano de 2000.

Estudos sobre o crescimento urbano mostram a enorme expansão das cidades nas últimas décadas. O corporativismo privado através do domínio de mega-projetos sem que haja concomitantemente uma expansão da infraestrutura, promove impactos sobre a eficiência urbana, sustentabilidade e equidade espacial. O planejamento tem um papel na definição do crescimento da cidade e na estrutura, através da localização estratégica e da implantação de infra-estrutura. Esse fato contribui para gerar crescimento fragmentado.

A maioria das cidades foi moldada pelo pensamento modernista do início do século XX. Assim, a cidade moderna deveria ser espaçosa, organizada, eficiente, limpa, ordenada, sem informalidades. Esse ideal de cidade possuiria arranha-céus, avenidas largas, priorizando os carros, e separação dos diferentes usos da terra. Atualmente, essa visão urbana tomou a forma de mega-projetos, com versão mercantilizada de parques temáticos e centros de lazer. Essa imagem de uma cidade desejável é promovida por agentes imobiliários e urbanistas. Nos países em desenvolvimento, essas ações são impulsionadas pelos políticos que acreditam que esses mega projetos demonstram capacidade de modernização. No entanto, este modelo de cidade não pode produzir cidades sustentáveis, eqüitativas e inclusivas. Na verdade, ela promove o oposto, ao excluir os pobres e promover padrões de consumo insustentáveis (ONU, 2009).

Existe uma premência no que tange as ações institucionais, a partir da nova Lei de 2007, que a Prefeitura fiscalize os novos empreendimentos, caminhando rumo a construção de uma cidade com infra-estrutura urbana qualificada para as próximas gerações.

5. ANÁLISES DOS INDICADORES PARA O SUBSISTEMA MEIO AMBIENTE