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INDICADORES DE ATUAÇÃO Ações associadas aos processos institucionais de gestão.

• Promoção do clima organizacional, motivação e satisfação na instituição.

• Mapeamento Institucional: análise documental, observação das rotinas e das relações, conversas com os atores; conhecimento das demandas, da dinâmica de sala de aula, das relações e dos trâmites institucionais; análise dos padrões instituídos.

• Formação continuada docente.

• Avaliação Institucional (participação na CPA): investigação da percepção dos atores sobre avaliação e esclarecimento do uso que a IES faz dos resultados.

• Definição coletiva de papéis, funções e responsabilidades dos atores institucionais. • Análise das expectativas e funções atribuídas ao psicólogo escolar

• Investigação e conscientização das incoerências no discurso dos gestores.

Tabela 17 (continuação)

Ações associadas aos processos de ensino e de aprendizagem.

• Suporte aos coordenadores e professores no seu desenvolvimento de competências.

• Investigação e conscientização dos atores sobre suas concepções de homem, educação e sociedade, bem como de avaliação e de competências, e a influência nas suas práticas.

• Discussão de questões pedagógicas ligadas à criação de metodologias diferenciadas. • Conscientização por parte da equipe pedagógica de funções e responsabilidades. • Apoio às necessidades educativas especiais e à inclusão.

Ações associadas aos estudantes.

• Atendimento aos alunos: acolhimento e mapeamento de possíveis linhas de intervenção.

• Coordenação de programas educativos para discentes: Desenvolvimento pessoal; Relacionamento; Desenvolvimento profissional e empregabilidade (análise de currículos, construção de banco de talentos, triagem e envio de currículos, realização de parceira com as empresas, orientação em relação à postura profissional, conduta em entrevistas).

• Atendimento ao aluno e aos familiares e encaminhamento para atendimento externo. • Acompanhamento de egressos.

• Acolhimento aos calouros (ambientação presencial e virtual).

• Levantamento da evasão, do número de alunos empregados/desempregados.

Em relação aos indicadores de atuação que emergiram do acompanhamento de Psi, observa-se que há uma diversidade de ações que podem ser realizadas pelos psicólogos na Educação Superior. Quanto aos indicadores de atuações associados aos processos de gestão institucional, emergiram com recorrência ações de mapeamento da dinâmica da IES, mostrando o quanto o Mapeamento Institucional é um procedimento necessário e apropriado para subsidiar o planejamento das ações em Psicologia Escolar.

Em relação às ações junto à equipe pedagógica, elas têm como foco a promoção do processo de ensino-aprendizagem e estão prioritariamente direcionadas para os professores e para os coordenadores. Destaca-se entre estes indicadores de atuação a intervenção do psicólogo escolar em prol da conscientização destes profissionais acerca de suas responsabilidades na formação dos estudantes, a qual está para além do ensino do conhecimento pertinente à sua área. Paralelamente a este processo de conscientização comparecem, também, indicadores relacionados ao apoio aos coordenadores e professores no desenvolvimento de competências profissionais que potencializem a qualidade de suas atividades pedagógicas.

As ações apontadas pela psicóloga escolar focadas nos estudantes, se relacionam especialmente com a dimensão profissional da formação dos estudantes, com o desenvolvimento de competências que possam favorecer a empregabilidade dos alunos. Ações tradicionais de

atendimento e de encaminhamento dos estudantes também comparecem entre os indicadores, sendo que, conforme já discutido anteriormente, os atendimentos não têm caráter terapêutico e buscam ampliar a compreensão do psicólogo escolar acerca de outros eixos de intervenção na IES. Algumas ações mais emergentes como o acolhimento aos ingressantes e de acompanhamento dos egressos se fazem presentes nas ações de Psi e, portanto, comparecem nos indicadores de atuação.

ESTUDO 2 – PORTUGAL

1ª Etapa – Mapeamento dos Serviços de Psicologia.

A realização desta etapa ocorreu em dois momentos: (a) Panorama nacional dos Serviços de Psicologia e (b) Caracterização dos Serviços de Psicologia de IES de Portugal. Apresentam-se, inicialmente, os resultados referentes à descrição dos mesmos de forma a traçar um panorama da situação atual da Psicologia Escolar no referido país. As informações utilizadas para elaborar esse panorama foram obtidas a partir da análise do Dossiê elaborado pela RESAPES (Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior) em relação àqueles que existem nas IES portuguesas.

Para analisar as informações do Dossiê recorreu-se à análise documental, descrita no capítulo metodológico, a qual foi orientada por questões de interesse previamente definidas: objetivos dos Serviços de Psicologia, recursos humanos que os compõem, especificamente no que se refere à formação, carga horária de trabalho e tipo de vínculo com a instituição, atividades realizadas e público atendido. Os elementos mais significativos para a compreensão do documento foram integrados e possibilitaram a elaboração de cinco categorias de análise – Identificação, Objetivos, Recursos Humanos, Público alvo, Atividades realizadas –, apresentadas a seguir para descrever os Serviços de Psicologia de Portugal.

Conforme mencionado, o dossiê analisado foi construído pela RESAPES (RESAPES, 2002a, 2002b) que, entre os esforços empreendidos para concretizar seus objetivos, realizou um mapeamento e caracterização dos Serviços de Psicologia na Educação Superior de Portugal como forma de identificar as limitações e necessidades dos mesmos e de seus profissionais e, consequentemente, formular medidas comuns que possam contribuir para modificar tal situação. Outras ações da RESAPES são a publicação de uma newsletter que serve como divulgação dos Serviços e de partilha de experiências e a organização do primeiro Congresso Nacional, realizado em abril de 2010 na Universidade de Aveiro, para debate e reflexão acerca dos modelos e práticas de apoio psicológico.

Outro esforço desencadeado pela RESAPES, e de extrema relevância para a consolidação dos Serviços de Psicologia na Educação Superior, é a ação para que seja criado um enquadramento institucional e legal que valide a dimensão, o impacto e a continuidade dos mesmos (RESAPES, 2002a, 2006). Os Serviços existentes no país surgiram por iniciativa de profissionais de psicologia e/ou de órgãos de gestão das IES e a RESAPES, no diálogo com o Ministério da Ciência,

Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) de Portugal, almeja conseguir que os Serviços psicológicos de apoio aos alunos sejam regulados pelo governo e oficialmente previstos pelas IES.

No dossiê cujo título é “A Situação dos Serviços de Aconselhamento Psicológico no Ensino Superior em Portugal” (RESAPES, 2002a, 2002b) consta uma descrição dos mesmos, a qual foi elaborada pelos respectivos responsáveis, em resposta ao pedido da RESAPES. É a partir da análise deste Dossiê que se sustentam os resultados aqui apresentados e discutidos.

Em relação aos Serviços de Psicologia existentes em algumas destas IES, o levantamento feito pela RESAPES, em 2002, indicou a existência de 25 Serviços, sendo que o Dossiê foi elaborado com base nos 23 que enviaram informações para compor o documento. Conforme mostra a Tabela 18, dos 23 serviços, quatro pertencem a instituições privadas e 19 a instituições públicas, sendo que as universidades públicas são as que contam com mais Serviços desta natureza.

Tabela 18

Instituições de Educação Superior de Portugal com Serviço de Psicologia

Tipo Nº IES Regime jurídico Nº IES %

Universidade 17 Público 14 60,9

Particular 3 13,0

Instituto Politécnico 6 Público 5 21,7

Particular 1 4,3

Em relação a distribuição regional destas IES, a maioria (60%) situa-se nas áreas urbanas de Lisboa e do Porto, sendo que vários distritos do interior não têm ainda qualquer serviço. A vinculação institucional dos Serviços, isto é, o seu posicionamento na estrutura organizacional da IES, é variada. Existem serviços ligados à reitoria das universidades, aos serviços de ação social ou diretamente às faculdades, institutos ou escolas, bem como aos departamentos de Psicologia. Neste último caso, os Serviços são, prioritariamente, espaços de formação para os estudantes dos cursos de Psicologia que têm a oportunidade de participar em atividades de estágios, pesquisa e programas educativos, entre as quais inserem-se os atendimentos oferecidos aos demais estudantes da instituição. Em virtude das diversas alternativas de vinculação dos Serviços com a IES, é comum que uma mesma instituição tenha mais do que um Serviço de Psicologia, como é o caso de quatro das 23 instituições que estão contempladas no Dossiê em análise.

A análise do Dossiê da RESAPES oportunizou a organização dos resultados em categorias relacionadas à identificação dos Serviços de Psicologia, seus objetivos gerais, recursos humanos disponíveis em cada um deles, público alvo e atividades realizadas.

Em relação à Identificação, os Serviços de Psicologia de Portugal adotam diferentes nomenclaturas para a sua designação: Gabinete, Centro, Serviço, Núcleo ou Clínica, associadas a

especificações como, por exemplo, apoio psicológico ou psicopedagógico, consulta psicológica, integração acadêmica e profissional, ou de ação social. Tem-se, por exemplo, Serviço de Consulta Psicológica, Gabinete de Apoio ao Aluno, Serviço de Acompanhamento Psicológico e Profissional, Gabinete de Psicologia dos Serviços de Ação Social, entre outros.

Os Objetivos propostos pelos Serviços de Psicologia são variados, mas, em linhas gerais, organizam-se em torno das ideias de promoção do bem-estar, do desempenho acadêmico dos estudantes e da sua integração no mercado de trabalho. Uma vez que compartilham aspectos em comuns, os objetivos podem ser reunidos em quatro grupos.

O primeiro deles está voltado para o apoio psicológico à promoção do bem-estar: “é objectivo deste Gabinete a disponibilização de apoio psicológico e aconselhamento a toda a comunidade que compõe a Escola..., com vista à promoção do bem estar psicológico” (SP12- Portugal). O segundo focado na promoção do desenvolvimento pessoal e social dos alunos: “pretende-se promover/facilitar o processo de desenvolvimento psico-emocional, a capacidade de maturação e de planeamento de objectivos” (SP10-Portugal). Há, também, objetivos voltados à promoção do rendimento acadêmico e da melhoria do ensino-aprendizagem: “promoção do bem estar psicológico dos alunos com vista ao equilíbrio necessário para a promoção do sucesso académico e da qualidade de vida” (SP19-Portugal), além do apoio à carreira e suporte na transição para o mercado de trabalho: “tem como objectivos facilitar o processo de transição do ensino secundário para o ensino superior, desenvolver competências de estudo, apoiar os estudantes do ponto de vista pessoal, social e psicológico, desenvolver competências de empregabilidade e facilitar o acesso a oportunidades de trabalho” (SP7-Portugal).

Importa destacar que, com exceção de um Serviço que se orienta exclusivamente pelo objetivo de oferecer apoio ao desenvolvimento profissional e da carreira, o mais comum (95%) são os Serviços que associam os quatro primeiros objetivos. Dessa maneira, o foco maior da atenção dos Serviços das IES de Portugal são os estudantes, sendo que os demais atores e unidades da instituição são poucas vezes contemplados.

Em relação aos Recursos Humanos dos Serviços de Psicologia, a análise do número de psicólogos escolares que os compõem mostra que em 11 deles há apenas um profissional trabalhando, sendo poucos os casos (apenas quatro) nos quais existem mais de três psicólogos. Nestes Serviços, é frequente a presença de estagiários de Psicologia que contribuem para o maior fluxo das atividades dos psicólogos escolares. Quanto ao tipo de vínculo existente entre os psicólogos escolares e a instituição, em seis Serviços é do tipo parcial, em que o profissional tem um contrato de avença, ou seja, um contrato de prestação de serviços que pode variar de 8 a 20 horas semanais. Em cinco Serviços, os psicólogos escolares trabalham em tempo integral e pertencem ao quadro técnico da instituição, isto é, são contratados como funcionários com formação em área específica, no caso, Psicologia. Os outros 11 Serviços não mencionaram o tipo

de vínculo dos profissionais. Comumente, o coordenador do Serviço é um docente que também assume a responsabilidade da supervisão clínica nos casos em que há ações dessa natureza.

Em virtude do reduzido número de profissionais em relação à demanda, muitos Serviços mencionam ter lista de espera para atendimento. A esse respeito, um deles relata que “continua a debater-se com questões relacionadas com o aumento da lista de espera para atendimento... O subdimensionamento dos recursos humanos tende a não possibilitar ao serviço responder a todas as solicitações, clínicas ou outras, de uma forma célere e eficaz” (SP15-Portugal). Um estudo de extensão nacional realizado recentemente indica que apesar do crescimento no número de serviços disponíveis nas IES de Portugal ainda não é possível atender a todas as demandas (Gonçalves, 2008).

Ainda no âmbito dos Recursos Humanos outros profissionais também integram os Serviços como assistentes sociais, psiquiatras, professores, técnicos de serviço social, juristas e outros. Razão para essa heterogeneidade profissional nos serviços é que em muitos casos, especialmente quando estão vinculadas aos Serviços de Ação Social da instituição, as atividades desenvolvidas não são exclusivamente de natureza psicológica, havendo, por exemplo, apoio social a alunos provenientes de outros países, orientação pedagógica, acompanhamento dos estudantes alojados em residências universitárias e avaliação para oferta de bolsa de estudos.

A análise do Público alvo dos Serviços mostra que em 10 deles o trabalho é direcionado a alunos, docentes e funcionários, enquanto os outros 13 atendem exclusivamente aos estudantes da IES, conforme ilusta a Figura 15 A comunidade externa é alvo do trabalho dos psicólogos escolares em três Serviços vinculados a cursos de Psicologia. Em Portugal, assim como na Europa de forma geral, classicamente a atuação dos psicólogos escolares é focada nos estudantes (Bell, McDevitt, Rott & Valério, 1994; Duarte & Paixão, 1998; Gonçalves, 2008).

0 10 20 30 P ú b lic o -a lv o Alunos Professores Funcionários Comunidade externa

Apesar dos segmentos docente e técnico-administrativo estarem contemplados entre o público alvo dos Serviços de Psicologia, o número de profissionais atendidos é bem menor quando comparado aos alunos. Ainda assim, as instituições reconhecem a importância de trabalhar com este público, conforme relata uma IES ao destacar que “à semelhança dos alunos, as actividades de ensino e apoio ao ensino, acarretam exigências pessoais e profissionais que se reflectem na qualidade desse mesmo ensino, podendo conduzir a situações de burnout ou esgotamento profissional. Assim, torna-se igualmente imprescindível oferecer recursos de acompanhamento psicossocial aos funcionários e professores..., reconhecendo-se que este investimento pessoal gera benefícios institucionais inegáveis” (SP01-Portugal).

O burnout ou mal-estar docente refere-se à síndrome vivenciada por professores que se consideram muito abatidos, cansados, desestimulados e emocionalmente sem condições de trabalhar (Benevides-Pereira, 2002; Codo & Vasques-Menezes, 1999). Diante desse quadro que tem impacto na qualidade do aprendizado dos alunos, Oliveira e Marinho-Araújo (2009) sugerem que a atenção à saúde do professor é um eixo de intervenção dos psicólogos escolares, conforme explicitado por uma das instituições.

O último eixo de análise, as Atividades realizadas, organiza as principais ações implementadas pelos psicólogos escolares, as quais mesmo estando essencialmente centradas nos estudantes são bastante diversificadas. A atividade mais frequentemente desenvolvida (43%) é o apoio psicológico clínico, realizado na forma de psicoterapia (ou consulta psicológica) e de aconselhamento. Outras ações também são representativas como àquelas voltadas à orientação profissional (18%) das atividades, e os programas de formação e desenvolvimento de competências e práticas de pesquisa, ambas com 11,4% cada. Se, por um lado, o apoio clínico se sustenta num modelo remediativo de intervenção, as outras ações já se organizam com base em um modelo mais preventivo de atuação em Psicologia Escolar.

Sobre este movimento de mudança no tipo de atividade realizada, é possível que esteja associado a uma compreensão cada vez mais crescente dos psicólogos escolares acerca das vantagens advindas de ações de caráter preventivo, conforme vem sendo recorrentemente defendido na literatura (Almeida, 2010; Araújo, 2003; Araújo & Almeida, 2003; Del Prette & Del Prette, 1996; Guzzo, 2001, 2003; Marinho-Araújo & Almeida, 2005a; Oliveira & Marinho-Araújo, 2009). Acerca dessa mudança, um Serviço comenta que “embora actuando essencialmente numa vertente remediativa e de apoio em situações de crise é nosso objectivo poder desenvolver cada vez mais actividades de carácter desenvolvimental e preventivo” (SP9-Portugal). A Figura 16 ilustra o conjunto de atividades realizadas pelos psicólogos escolares.