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Indicadores de avaliação do programa Compartel

Desenho 1- Linha do tempo: América Latina frente à sociedade da informação

5. ESTUDO COMPARADO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DA COLÔMBIA E DO

5.1 DESCRIÇÃO DOS PROGRAMAS DE DEMOCRATIZAÇÃO DIGITAL

5.1.1 Colômbia Programa Compartel: história e planejamento

5.1.1.3 Indicadores de avaliação do programa Compartel

De acordo com o objetivo de acesso e infra-estrutura do programa Compartel, os indicadores de avaliação foram estabelecidos desde o início no edital de condições pelo Ministério das Comunicações, em que através de um sistema de administração, gestão e controle, realizado pelo mesmo governo junto à Interventoria, são mensurados quantitativamente os resultados e as ações dentro dos telecentros, ou seja, indicadores clássicos de medição, como anota Januzzi (2002), que medem o número de acesso e pontos criados, além do controle mensal da Interventoria frente à gestão dos operadores. Portanto, vendo a necessidade de mensurar quantitativa e qualitativamente o impacto sócio-econômico do programa, Compartel solicitou a colaboração da academia para o desenho e a realização do primeiro estudo de impacto.

Segundo Luis Fernando Lozano, diretor de controle e prospecção, dentro do programa existem dois tipos de indicadores:

Primeiro estão os indicadores de controle de infra-estrutura correspondentes ao objetivo inicial do programa de acesso e acessibilidade, em que alguns requisitos são mensurados mensalmente pela Interventoria, para depois, graças às opiniões e às avaliações de cada uma dos participantes sejam melhorados, atualizados e corrigidos. O segundo indicador são os de projeto que medem o impacto e a apropriação dos telecentros. Porém, estes começaram a partir do ano 2006 através de um Estudo de Impacto realizado pela Universidade dos Andes, em que se levantaram informações de cada unidade para depois compará-las.

De acordo com o Lozano, no ano 2006 e através de uma aliança legitimada com o Centro de Estudos sobre Desenvolvimento Econômico (CEDE) da

Universidade dos Andes da Colômbia53, dá-se início ao Estudo de “Medición y Evaluación del impacto socioeconómico de los programas de Internet social Compartel”. Nele, incluem-se estatísticas descritivas dos 922 telecentros (345 de visitas a telecentros e 575 questionários telefônicos a administradores) e de seus usuários. Da mesma forma, são apresentados os resultados de uma avaliação social das necessidades e do impacto do programa sobre os usuários. No documento são incluídos, também, o uso de indicadores sociais, através da interligação da avaliação qualitativa com os resultados quantitativos já levantados. Por isso, como comentam Kerr Pinheiro e Moura (2007), os indicadores sociais são insumos indispensáveis para o processo de formulação e implementação das políticas públicas; o programa Compartel dá seus primeiros passos palpáveis em avaliação social, porém, falta ainda um grande percurso.

Os indicadores de infra-estrutura permitem saber, por porcentagem, como estamos prestando o serviço. Ou seja, se está sendo cumprido em sua totalidade o objetivo. Mas na parte de indicadores de impacto ou indicadores sociais até agora estamos começando. Contudo, ainda não sabemos se estes são suficientes ou suprem todas as necessidades, já que ainda precisamos especificar mais profundamente cada localidade, suas ações, seus efeitos e seu impacto (Comentário de Luis Fernando Lozano, diretor de controle e prospecção do programa Compartel).

O estudo avaliou, através de entrevistas e questionários, o impacto de tempo de exposição dos usuários e seu uso pessoal e profissional. Da mesma forma, foram determinados os efeitos sobre a situação de emprego, seus salários e seu bem- estar, além da viabilidade do telecentro como serviço de geração de conteúdo e mudança social.

Dentro do Estudo de Impacto se observaram coisas muito interessantes como os benefícios financeiros aos usuários através da formação continuada. Da mesma forma, demonstrou-se que o telecentro gerava 40 dólares adicionais de bem-estar aos usuários devido à redução de gastos em documentação, transporte e comunicações. Também, foi observado) que o público que mais utiliza os telecentros são os estudantes e professores, e seus principais acessos são em comunicações, saúde, documentação governamental, procura de emprego e formação (Explicação de Luis Fernando Lozano, diretor de controle e prospecção do programa

Compartel).

53 Contrato No. 2060865 do ano 2006 celebrado entre a Universidade dos Andes e o programa

De acordo com o Estudo de Impacto, os colombianos têm fortalecido a comunicação entre os órgãos governamentais e o acesso à informação através dos benefícios do programa, por ser a primeira aproximação de comunicação de muitas comunidades rurais do país. O estudo mostra também que o 54% dos usuários recebem como benefício principal a possibilidade de ter acesso à informação, situação que está ligada estreitamente com a prestação de serviço de Internet. Já 32% têm fortalecido as relações sociais dentro do país e no mundo. 12% de usuários dos telecentros obtiveram oportunidades educacionais e de emprego, o que corresponde a 55% do total de usuários dos telecentros. Também se determinou que 10% dos relecentros têm convênio com alguma instituição educativa e 6% com prefeituras ou órgãos governamentais, o que permite impulsionar o serviço para outros benefícios sociais.

Gráfico 7 - Benefícios para os usuários por usar os telecentros de Compartel

Fonte: Estudo de Impacto, 2007, p.51

O estudo do CEDE demonstra que as TICs geram mecanismos de aprendizagem e de fortalecimento das relações de comunicação com mais emprego e maiores inserções. Tanto é assim que depois de um ano de assistência aos telecentros por parte da instituição educacional, são sentidos os efeitos positivos em relação à inclusão e à situação de emprego dos usuários. De acordo com os

resultados do documento, 48.3% dos usuários que freqüentam os telecentros durante 15 meses têm emprego.

Da mesma forma, é avaliada a situação atual dos telecentros para estimar sua viabilidade. Dos 922 telecentros estudados, 300 obtiveram uma qualificação alta, 379 média, e, finalmente, 243 um menor desempenho, considerando os aspectos de localização, de desempenho e de condições econômicas e sociais.

Gráfico 8 - Viabilidade e impacto potencial

Fonte: Estudo de Impacto, 2007, p.46

De acordo com o gráfico oito, 2% dos telecentros são viáveis em seu desempenho, mas ainda 8% são inviáveis, de acordo com o nível de oportunidades, concorrência, e o apoio governamental e privado. Outro ponto observado no estudo é a percepção dos usuários sobre os telecentros como lugares onde são prestados serviços, principalmente para os habitantes de pequenos vilarejos, com pouca presença do governo. Isso exige das instituições acadêmicas que recomendem uma maior intervenção estatal e parcerias do setor privado a fim de aumentar o nível de apropriação e utilidade dos telecentros para os seus usuários.

Sabendo desse grande avanço para a construção inicial de indicadores sociais que mensurem e controlem o programa social como parte integrante de uma política pública nacional, ainda falta um longo percurso de construção, constituição e integração desses indicadores, como explica o diretor de Controle e Prospecção do programa Compartel:

Pode-se dizer que se tem já uma riqueza de informação que permite criar uma linha de medição social, mas ainda estamos em processo de desenvolvimento, por isso não se pode denominar indicadores finais, porque ainda estão em estudo (Luis Fernando Lozano, diretor de controle e prospecção do programa Compartel).

Portanto, espera-se que o programa Compartel formule de forma definitiva indicadores sociais dentro de seu sistema de avaliação quantitativa, a fim de mensurar, reestruturar, controlar processos e, principalmente, estabelecer uma maior apropriação do programa como política pública que permita a construção de conteúdo e de competências na sociedade colombiana. Para isso, será preciso reestruturar seus objetivos e suas metas para integrá-las à estratégia nacional de inserção através do uso das TICs, para reforçar o papel de atores sociais e políticos, e principalmente para a implementação de uma política social com foco na inclusão.