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4   RESULTADOS

4.2   INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA PRODUTOS 67

4.2.6   Indicadores de uso do produto 84

Na indústria automotiva, a fase de uso dos veículos é a fase que apresenta maior impacto ambiental, principalmente em se tratando da emissão de gases causadores do efeito estufa, como mostram os diversos estudos baseados em avaliação do ciclo de vida realizados pela Nissan (2013) e Finkbeiner et al. (2006). Mesmo veículos elétricos e híbridos apresentam o maior impacto ambiental na fase de uso (HAWKINS; GAUSEN, 2012). Portanto, o

PD-AM6

Consumo de combustíveis fósseis por produto durante transporte (transporte rodoviário) [distancia transporte km / consumo km/l] / Qtd produtos carga Ambiental

PD-AM7 Peso da embalagem. grama Ambiental

PD-AM8 Fim de vida da embalagem

1- Embalagem não pode ser reaproveitada nem reciclada 3- Embalagem não pode ser reaproveitada mas o material é reciclavel

5- Embalagem pode ser tanto reaproveitada como reciclada

Ambiental Identificação Aspecto / Característica Unidade / Métrica Grupo Subclasse

desenvolvimento de produtos sustentáveis deve buscar fortemente a redução dos impactos ambientais gerados durante a fase de uso (UNEP, 2009).

A definição de indicadores para avaliar questões relacionadas a fase de uso durante o processo de desenvolvimento de produto, deve considerar as funções, características e a aplicação do componente no veículo. No caso de um veículo considerado como um todo, um indicador pode ser a emissão de poluentes ou o consumo total do veículo, seguindo procedimentos estabelecidos por norma.

De forma geral, porém, todos os componentes tem influência sobre o consumo de combustível do veículo, em maior ou menor nível, pois acrescentam massa ao conjunto, e quanto maior a massa do veículo, mais energia é necessária para colocá-lo em movimento. Esta é a base para o primeiro indicador definido para a fase de uso, que é o consumo de combustível adicional causado pelo acréscimo de massa ao veículo. Para realizar este cálculo, deve-se aplicar a seguinte fórmula de alocação (BARRETO, 2007):

Cp = (Ct x Mp)/Mt Onde:

Cp = Consumo do componente (km/l) Ct = Consumo total do veículo (km/l) Mp = Massa do componente (gramas) Mt = Massa total do veículo (gramas)

Observa-se neste cálculo que um aumento na massa total do veículo reduz o consumo do componente, caso a massa do componente se mantenha constante. Isto ocorre porque se ocorrer aumento da massa total do veículo sem aumento da massa do componente, a massa do componente passa a ter menor importância no consumo total do veículo.

Este cálculo pode ser realizado já na fase de projeto conceitual, com base na massa estimada do novo componente e na massa e consumo total do veículo onde o componente será instalado, caso estes dados já estejam disponíveis. Na fase de projeto detalhado, é possível obter um valor mais preciso do consumo com base na massa final do componente e nos dados mais precisos de consumo e massa total do veículo onde o componente será instalado. O objetivo principal é motivar o desenvolvimento de soluções que visem minimizar este indicador, como a busca por alternativas para redução de massa, ou a redução do consumo total do veículo.

Podem ser definidos outros indicadores para avaliar o impacto ambiental gerado na fase de uso do veículo, dependendo da função e características do componente. Componentes que utilizam potência do motor para seu funcionamento, como bombas de

injeção de combustível e compressores de ar condicionado, por exemplo, podem utilizar como indicador a potência consumida do motor, ou a potência de acionamento.

Propõe-se, portanto, um indicador cuja métrica é a potência de acionamento, em unidades de potência, como por exemplo, cavalo vapor. Este indicador pode ser estimado na fase de projeto conceitual, através de softwares de simulação, mas é somente na fase de projeto detalhado, durante os primeiros testes em protótipo, que o valor poderá ser obtido com maior precisão. O objetivo deste indicador é estimular a adoção de soluções técnicas que visem reduzir a potência de acionamento para contribuir com a redução do consumo do veículo, como a utilização de superfícies de baixo atrito, por exemplo.

Outro indicador de produto que tem grande importância na fase de uso é a durabilidade. Este indicador é relevante para grande parte dos componentes automotivos, e a métrica proposta é a quilometragem esperada de vida útil do componente em operações normais de uso.

A questão da durabilidade é identificada como um importante quesito no projeto de produtos sustentáveis, como indicam as recomendações para o desenvolvimento de produtos sustentáveis da UNEP (2009), do LCSP (2009) e da EPA (1993). Quanto maior a durabilidade de um componente, menor será sua taxa de substituição ao longo da vida do veículo, resultando em menor consumo de materiais e dos recursos naturais necessários à fabricação de componentes de reposição.

Durante o desenvolvimento de um produto automotivo, pode-se estimar a durabilidade do novo produto ou componente na fase de projeto conceitual, com base em simulações numéricas, testes preliminares e cálculos de confiabilidade e vida esperada. Na fase de projeto detalhado, pode-se determinar a durabilidade do componente através de testes nos protótipos e amostras de validação. Na fase de acompanhamento do produto, pode-se acompanhar em campo a durabilidade real do componente, com o objetivo de verificar se as estimativas e testes realizados na macrofase de desenvolvimento se confirmam, ou se serão necessárias modificações no produto para melhorar sua durabilidade, de forma a atingir as metas definidas na fase de projeto informacional.

Um processo necessário para estender a vida útil de alguns produtos é a manutenção em campo (EPA, 1993). Em um equipamento automotivo composto por diversos componentes, a substituição das peças que sofrem maior desgaste pode evitar que um conjunto inteiro precise ser descartado, prolongando a vida do equipamento. Este exemplo se aplica a vários componentes automotivos como bombas de injeção de combustível, compressores de ar condicionado, alternadores, dentre outros.

Para avaliar a questão da manutenção em campo, propõe-se um indicador cuja métrica é o percentual de componentes que podem ser substituídos em campo, dentre a quantidade total de componentes presentes no produto. Este percentual pode ser estimado na fase de projeto conceitual, e confirmado na fase de projeto detalhado, sendo atualizado nas fases seguintes. Com este indicador, se pretende motivar a adoção de soluções que permitam o reparo dos componentes automotivos em campo como, por exemplo, a aplicação dos conceitos de modularidade, contribuindo para prolongar a vida destes produtos.

Existem ainda outras características que um produto deve apresentar para ser considerado sustentável, e que podem ser analisados através de indicadores. Uma destas características é a qualidade.

Dentro do aspecto econômico da sustentabilidade, um produto sustentável deve apresentar alta qualidade, atendendo aos requisitos dos clientes sem apresentar defeitos frequentes, pois problemas de qualidade geram altos custos para o fabricante. O LCSP (2011) e a UNEP (2009) apontam a qualidade do produto como uma característica fundamental e indispensável para o desenvolvimento de produtos sustentáveis.

O nível de qualidade de um produto por ser acompanhado por indicadores internos de qualidade ou por indicadores de campo. Veleva e Ellenbecker (2001) propõem indicadores de qualidade relacionados ao número de reclamações de campo e custos de não qualidade. É com base neste indicador que se propõe neste trabalho um indicador cuja métrica é o número de reclamações de campo em um período de tempo, em geral durante um ano. A meta para este indicador é definida na fase de projeto informacional, mas a utilização deste indicador ocorrerá apenas na fase de acompanhamento do produto em campo, dentro da macrofase de pós-desenvolvimento. Pelos prejuízos econômicos que as reclamações de campo causam à empresa, este indicador é considerado um indicador econômico.

Outros indicadores ainda podem ser definidos para avaliar características do componente que tem influência sobre a fase de uso. Um exemplo seria o nível de ruído ou o nível de emissões por quilômetro rodado, para componentes que tem influência sobre estas características. Para cada componente, deve-se analisar o aspecto particular que tem mais influência sobre a sustentabilidade ambiental do veículo durante a fase de uso, e definir um indicador correspondente, de forma a permitir a avaliação desta característica ainda na macrofase de desenvolvimento, de preferência.

No quadro 8 se encontram os cinco indicadores apresentados nesta seção, com suas respectivas métricas e agrupamentos.

Quadro 8 – Indicadores de uso do produto

Fonte: Autoria própria