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São muitas as razões que despertam o desejo do brasileiro de ter seu próprio negócio. Empreendedores entram no ramo dos negócios e montam sua própria empresa para realizar um sonho, pela dificuldade de encontrar emprego ou mesmo por querer ser seu próprio patrão. A iniciativa privada tem muita força devido ao capitalismo e a livre concorrência (SCHUMPETER, 1984).

Conforme Dolabela (1999), o termo empreendedorismo corresponde a uma livre tradução da palavra entrepreunership e designa uma área de abrangência que se ocupa, além da criação de empresas, dos seguintes tópicos: geração do autoemprego, intraempreendedorismo, empreendedorismo comunitário e políticas públicas.

Nota-se que o surgimento de muitos empreendimentos está baseado em um início penoso das atividades empresariais pois, com escasso ou mesmo nenhum recurso financeiro, os negócios são regidos pela determinação do empreendedor em conquistar seu espaço no universo empresarial, nascendo, assim, milhares de micro e pequenas empresas.

Os empreendedores demonstram características básicas para enfrentar o mercado, estando sujeitos a vencer ou a perder, tendo a liberdade de correr riscos e de errar. O empreendedor é apresentado como pessoa com alto nível de tolerância para trabalhar em condições de ambiguidade e incerteza, tomando por base o pensamento de Brollo (2005, apud GRAPEGGIA, et al., 2011).

De acordo com Ribas (2011), a motivação empreendedora é a motivação para correr o risco de realizar uma ação de empreender associada a uma recompensa, segundo a percepção de sucesso do empreendedor. Esta motivação pode se dar por dois fatores primários, segundo o relatório GEM – IBQP (2010), que determinam a origem da decisão de empreender. São eles:

a) Empreendedores por necessidade: são pessoas que perderam o emprego, ou não possuíam emprego, e tiveram que abrir um negócio como alternativa de ocupação e renda para a sobrevivência;

b) Empreendedores por oportunidade: são pessoas atentas a novas oportunidades de negócio, que querem ser independentes na sua forma de sobreviver e existir.

Além destas causas primárias, outros fatores são comumente descritos por autores, tais como, Salim (2004), Longenecker (2007) e Degen (2009), que tratam do tema empreendedorismo, como razões para se iniciar um empreendimento, podendo ser relacionados com a recompensa, percepção de sucesso e risco.

A decisão de abrir o próprio negócio, para Salim (2004), muitas vezes vai amadurecendo a partir de acontecimentos pessoais e circunstanciais que resultam na abertura da empresa, quer por iniciativa do empreendedor ou por acontecimentos que o obrigam a tal:

O ‘vírus’ do empreendedorismo começa a atuar quando a pessoa pensa em como seria a sua vida a partir da perspectiva de ter o poder de decidir os caminhos por onde o negócio que será conduzido deve seguir, quando se almeja a autonomia que a gestão do próprio negócio traz. Entretanto, muitos empreendedores desejam coisas diferentes do seu empreendimento. Alguns desejam optar por negócios de enorme sucesso que os façam ficar ricos, outros querem que seu negócio permita uma vida diferente, com mais autonomia e prazer (SALIM, 2004, p. 2).

Contudo, os proprietários de pequenos negócios, normalmente, apresentam postura centralizadora, dificuldade na divisão de papéis e tarefas, informalidade nas relações e, como salientam Gomes, Pires e Piau (2005), atitude amadora quanto à definição de objetivos, normas e sistemas de reconhecimento ou bonificação. Esses elementos, combinados, dificultam a disseminação da informação e a comunicação eficiente, uma vez que não propiciam a formação de uma identidade empresarial consistente que pode, até mesmo, se confundir com a identidade pessoal do proprietário da empresa.

Um empreendedor especializado pode saber muito sobre uma área específica, mas faltam-lhe conhecimentos para gerir e para lidar com as adversidades. O consultor de negócios Gonçalves (2012), destaca que muitos entram no empreendedorismo sem qualquer conhecimento do mundo dos negócios. Em determinado momento, este amadorismo pode ser crucial para a sobrevivência da empresa, uma vez que, segundo o autor, a base científica dos novos empreendedores não é suficiente para firmar a empresa no mercado.

Dornelas (2008, p. 80) aponta que “as principais causas para o insucesso de pequenas empresas é a falta de planejamento, deficiência na gestão, políticas de apoio insuficientes, conjuntura econômica e fatores pessoais”.

Chér (1991) assegura que a inexperiência com o ramo dos negócios é um dos motivos que levam as empresas ao fracasso, muitas vezes, precocemente. A falta de competência administrativa também é mencionada pelo autor, afirmando que ocorre do empreendedor conhecer o ramo, mas não saber administrar/gerenciar.

As causas da alta mortalidade das empresas no Brasil estão fortemente relacionadas às falhas gerenciais na condução dos negócios, seguidas de causas econômicas conjunturais e tributação. As falhas gerenciais, por sua vez, podem ser relacionadas à falta de planejamento na abertura do negócio, levando o empresário a não avaliar de forma correta, previamente, dados importantes para o sucesso do empreendimento (SEBRAE, 2004).

Variáveis de ordem psicológica, também colaboram para o fracasso das empresas, segundo Chér (1991). “A falta de resistência e a incapacidade de assumir riscos, não podem fazer parte do espírito empreendedor. A não capacidade de se conviver com longos períodos de dificuldades pode ser fatal” (CHÉR, 1991, p. 22).

Segundo Mattar (1988), existem fatores externos e internos que levam a empresa ao fracasso. Os motivos externos dizem respeito ao que ocorre no meio ambiente da empresa, que está fora do seu controle e que lhe dificulta a sobrevivência. Os motivos internos dizem respeito aos pontos fracos das pequenas empresas que também contribuem para reduzir sua sobrevivência (MATTAR, 1988, p. 1).

Com relação aos fatores internos, o autor cita: o desencontro dos objetivos da empresa com os interesses do empresário e a falta de recursos financeiros para tocar o negócio. Finalmente, o último fator interno, resultante, segundo Mattar (1988), de um fator externo, remete-se à inadequada formação e noção sobre o negócio, onde o empresário não sabe lidar com situações e problemas.

Segundo o SEBRAE, na pesquisa realizada entre 2003 e 2005, as MPEs apontam como fatores de fracasso as seguintes categorias: dificuldades no gerenciamento das empresas e dificuldades de acesso ao mercado.

Na pesquisa, as principais dificuldades no gerenciamento das empresas apontadas pelos empresários são:

 Políticas públicas e arcabouço legal;  Carga tributária elevada;

 Falta de crédito bancário;  Problemas com a fiscalização;  Causas econômicas conjunturais;  Concorrência muito forte;

 Inadimplência/maus pagadores;  Recessão econômica no país;  Falta de clientes;

 Falhas gerenciais;

 Desconhecimento do mercado;  Falta de experiência profissional;  Qualidade do produto/serviço;  Logística operacional;

 Falta de mão de obra qualificada;  Instalações inadequadas;

 Problemas com os sócios.

De acordo com essa mesma pesquisa, os empresários apontam os seguintes fatores como sendo as principais dificuldades de acesso ao mercado:

 Propaganda inadequada;

 Formação dos preços dos serviços/produtos;  Dificuldades de acesso à informação de mercado;  Logística deficiente;

 Desconhecimento do mercado;

 Inadequação do serviço/produto às necessidades do mercado.

Esses conjuntos de empecilhos, encontrados pelos empresários na condução de seus negócios, estão diretamente relacionados à necessidade de um planejamento adequado para cada tipo de empreendimento.

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