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Influência da prática de exercício físico na função cognitiva

De acordo com Antunes et al. (2001), a prática regular de exercício físico pode contribuir para a melhoria das funções cognitivas, nomeadamente, na memória, na atenção e no raciocínio.

Observa-se que a prática regular de exercício físico preserva o cérebro de patologias degenerativas do sistema nervoso central. Assim, o exercício físico proporciona o aumento da circulação sanguínea no cérebro, favorecendo a síntese de neurotrofinas, substâncias responsáveis pela produção de novos neurónios em várias áreas cerebrais (Banhato et al., 2009).

Vários estudos epidemiológicos propõem que sujeitos moderadamente ativos, em relação aos sedentários, apresentam melhores desempenhos na função cognitiva e têm menor risco de possuírem desordens mentais (Antunes et al., 2006). Além disso, a participação em programas de exercício físico proporciona vários benefícios a nível físico, psicológico e cognitivo. Diversas investigações têm demonstrado que a prática de exercício físico melhora e protege a função cerebral, propondo que sujeitos fisicamente ativos detém um processamento cognitivo mais rápido (Antunes et al., 2006).

Cotman, Berchtold e Christie (2007) afirmam que o exercício físico é benéfico para os processos de codificação, consolidação, armazenamento, recuperação e memória de trabalho, que são processos fundamentais da aprendizagem e memória do ser humano.

Outros estudos asseguram que a participação em programas de exercício físico aumentam o desempenho físico, cognitivo e alteram de forma positiva o comportamento dos indivíduos mais idosos com declínio cognitivo e demência. Desta forma, confirma que a prática de exercício físico pode ser um atenuador contra o declínio cognitivo em pessoas idosas (Heyn, Abreu & Ottenbacher, 2004).

Diversas investigações têm observado várias melhorias nas funções cognitivas com a prática regular de exercício físico, principalmente exercício aeróbio, verificando-se uma forte relação entre o aumento da capacidade aeróbia e a melhoria das funções cognitivas (Antunes et al., 2006).

Os indivíduos fisicamente ativos demonstram melhorias significativas nas dimensões cognitivas, especialmente no tempo de reação e na memória. Estas melhorias descritas são ainda mais visíveis em pessoas idosas que foram submetidas a um programa de exercício aeróbio. Além disso, verificou-se que idosos sujeitos a um programa de

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exercício de 6 meses de intervenção com caminhadas, exercícios de flexibilidade e alongamentos, apresentaram melhorias significativas ao nível da agilidade, atenção, memória e humor, comparando com idosos inativos (Banhato et al., 2009).

Antunes et al. (2001) afirmam que o exercício aeróbio melhora expressivamente várias funções cognitivas que geralmente se degeneram ao longo do envelhecimento, nomeadamente a memória, em particular a memória operacional, o processamento da informação, o tempo de reação, a flexibilidade cognitiva, a atenção e a inibição de resposta.

Por outro lado, os estudos associados aos exercícios anaeróbios e aos efeitos positivos nas funções cognitivas revelam-se escassos e dirigem-se a determinadas classes etárias, como o efeito dos exercícios de força muscular, geralmente associados a pessoas de meia-idade e idosos (Changa & Etnier, 2009).

Recentemente diversos estudos verificaram o efeito crónico de exercícios de força muscular em idosos nas várias dimensões cognitivas da memória e sobre o funcionamento executivo central, particularmente a atenção (Busse, Filho, Magaldi, Coelho, Melo, Betoni & Santarém, 2008). Além disso, verificaram-se efeitos agudos positivos deste tipo de exercício em relação aos processos cognitivos automáticos e em determinados tipos de funções executivas em adultos de meia-idade (Changa & Etnier, 2009).

Assim, a prática de exercício físico regular e sistematizado, quer seja aeróbio ou força muscular, produz efeitos físicos benéficos e pode ser aproveitado como um meio de prevenção e de tratamento não-farmacológico, com o intuito de retardar o declínio da memória em idosos. Estes efeitos ajudam igualmente a melhorar a qualidade de vida desta população, proporcionando um envelhecimento ativo e saudável (Silva, Navarro & Campos, 2007).

O exercício físico implica uma ação direta e indireta na função cognitiva. Na ação direta, os mecanismos que atuam aumentam a velocidade do processamento cognitivo, produzem melhorias na circulação cerebral e na alteração da síntese e degradação de neurotransmissores. Por outro lado na ação indireta, o exercício físico provoca redução da pressão arterial, diminuição dos níveis de LDL e triglicerídeos no plasma sanguíneo e a inibição da agregação das plaquetas, auxiliando a melhorar a capacidade funcional, contribuindo para uma maior qualidade de vida dos idosos (Antunes et al., 2006).

Para que suceda a síntese, ação e metabolismo dos neurotransmissores, é necessário que exista uma quantidade suficiente de substratos para que essas reações aconteçam. Desta forma, vários estudos mencionam que o exercício físico pode aumentar o fluxo sanguíneo no cérebro, levando igualmente ao aumento da quantidade de oxigénio e de outros

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substratos energéticos. Estas alterações todas que ocorrem a nível cerebral acabam por melhorar a função cognitiva (Antunes et al., 2006).

Nos últimos anos foram realizados vários estudos que mostraram que os sujeitos devem incluir o exercício físico no seu quotidiano, evitando as consequências negativas do envelhecimento. Por outro lado, ainda existem muitas contestações relativamente aos benefícios do exercício físico na função cognitiva, sendo importante a realização de mais estudos sobre esta temática (Bherer, Erickson & Ambrose, 2013).

Como foi mencionado anteriormente, existem diversos estudos que mencionam que as mudanças a nível cognitivo não são significativas, todavia existem outras investigações que postulam os benefícios do exercício físico nas dimensões cognitivas. Apesar destas controvérsias e contrariedades, a literatura assegura em vários estudos que pessoas que são ativas são menos susceptíveis ao aparecimento de disfunções mentais, comparativamente a pessoas que não praticam exercício físico regular. Assim, conclui-se que a participação em programas de exercício físico produz efeitos benéficos para a função cognitiva (Antunes et al., 2006).

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Capítulo III

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