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Influência de um programa de exercício físico combinado na função cognitiva de idosos institucionalizados

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Influência de um programa de exercício físico combinado na

função cognitiva de idosos institucionalizados

Relatório de Estágio de Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso

Paulo Diogo Teixeira Gonçalves

Orientadora: Professora Doutora Maria Dolores Alves Ferreira Monteiro

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Influência de um programa de exercício físico combinado na

função cognitiva de idosos institucionalizados

Relatório de Estágio de Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso

Paulo Diogo Teixeira Gonçalves

Orientadora: Professora Doutora Maria Dolores Alves Ferreira Monteiro

Composição do Júri:

Professora Doutora Maria Paula Gonçalves da Mota Professora Doutora Carla Sandra Carneiro Afonso

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Relatório de Estágio apresentado por Paulo Diogo Teixeira Gonçalves à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso sob a orientação da Professora Doutora Maria Dolores Alves Ferreira Monteiro.

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Dedico o presente relatório de estágio, integralmente, a todos os idosos que se cruzaram comigo neste longo percurso.

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VI

Agradecimentos

A realização do presente trabalho representa a concretização de mais uma etapa na minha formação académica e científica. Este espaço representa uma das páginas mais importantes desta investigação. Ao longo deste processo, variadíssimas pessoas contribuíram de forma direta e indireta, assim, compete-me agradecer publicamente a minha gratidão às seguintes pessoas e instituições:

À minha orientadora, Professora Doutora Maria Dolores Monteiro, pelas orientações e conselhos, mas também pela disponibilidade e simpatia demonstrada.

Aos meus pais e ao meu irmão, especialmente à minha mãe, por ser um dos pilares da minha vida.

À Casa da Boavista, nomeadamente, à administração, à diretora técnica Beatriz Lima, a todas as funcionárias e aos idosos, pela possibilidade em desenvolver esta investigação neste espaço tão acolhedor e familiar, pelas aprendizagens, confiança, amor e carinho que sempre demonstraram.

Ao Centro Social do Vale de Santa Natália, em particular, à diretora técnica, às funcionárias e aos idosos, pela disponibilidade demonstrada e pelo contributo para a concretização desta investigação.

Ao Diogo Silva pela amizade e pelos ensinamentos ao longo das sessões do programa de exercício físico.

Aos meus amigos e familiares mais próximos pelo ânimo demonstrado, ajuda, preocupação e amizade.

Aos professores e colegas do Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso pelos preciosos contributos transmitidos para a concretização deste trabalho.

Por fim, e especialmente à Sofia, pela motivação, compreensão, carinho e ajuda na reta final deste processo.

A todos aqueles que contribuíram para a realização deste trabalho.

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Índice Geral

Índice de Figuras ... X Índice de Tabelas ... XII Lista de Abreviaturas ... XIV

Capítulo I ... 1 1. Introdução ... 1 Capítulo II ... 4 2. Enquadramento Teórico ... 4 2.1 Envelhecimento ... 4 2.2 Institucionalização ... 9

2.3 Envelhecimento e exercício físico/atividade física ... 12

2.4 Envelhecimento e função cognitiva ... 14

2.5 Influência da prática de exercício físico na função cognitiva ... 21

Capítulo III ... 24

3. Enquadramento Institucional ... 24

3.1 Caracterização da Casa da Boavista – Residência Sénior ... 24

3.2 Recursos Físicos ... 25

3.3 Recursos Humanos ... 26

3.3.1 Equipa Técnica ... 26

3.3.2 Os idosos ... 26

3.4 Atividades desenvolvidas e Parcerias ... 28

3.5 Caracterização do meio envolvente ... 28

Capítulo IV ... 30

4. Plano de Estágio ... 30

4.1 Identificação do Local de Estágio ... 30

4.2 Período de Duração e Carga horária ... 30

4.3 Objetivos do Estágio Curricular ... 30

4.3.1 Objetivo Geral ... 30

4.3.2 Objetivos Específicos ... 30

4.4 Planificação do Programa de Exercício Físico Combinado ... 31

4.5 Processo de Integração e Atividades Desenvolvidas ... 32

Capítulo V ... 34

5. Influência de um programa de exercício físico combinado na aptidão cognitiva de idosos institucionalizados ... 34

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IX

Abstract ... 34

5.1 Metodologia ... 35

5.1.1 Desenho de estudo... 35

5.1.2 Amostra ... 36

5.1.3 Critérios de Seleção da Amostra ... 36

5.1.4 Instrumentos de avaliação ... 36

5.1.5 Função Cognitiva ... 37

5.1.6 Questionário sociodemográfico e clínico ... 37

5.1.7 Procedimentos e Programa de intervenção ... 37

5.1.8 Tratamento Estatístico ... 38 5.2 Apresentação de Resultados ... 39 5.3 Discussão ... 45 5.4 Conclusão ... 47 Capítulo VI ... 49 6. Reflexão final ... 49 Referências Bibliográficas ... 51 Anexos ... 59

Anexo 1 – Questionário sociodemográfico e clínico ... 59

Anexo 2 – Mini Mental State Examination... 62

Anexo 3 – Consentimento informado do grupo de controlo ... 64

Anexo 4 – Consentimento informado do grupo experimental ... 66

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X

Índice de Figuras

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XII

Índice de Tabelas

Tabela 1-Cronograma de tarefas ... 31

Tabela 2-Valores de corte para a existência de défice cognitivo ... 37

Tabela 3-Distribuição da amostra em função da idade ... 39

Tabela 4-Distribuição da amostra em função do género ... 39

Tabela 5-Distribuição da amostra em função do estado civil ... 39

Tabela 6-– Distribuição da amostra em função do nível de escolaridade ... 40

Tabela 7-Distribuição da amostra em função da ocupação profissional ... 41

Tabela 8-Distribuição da amostra em função do défice cognitivo ... 41

Tabela 9-Distribuição da amostra em função do domínio orientação ... 42

Tabela 10-Distribuição da amostra em função do domínio retenção ... 42

Tabela 11-Distribuição da amostra em função do domínio atenção e cálculo ... 43

Tabela 12-Distribuição da amostra em função do domínio evocação ... 43

Tabela 13-Distribuição da amostra em função do domínio linguagem ... 44

Tabela 14-Distribuição da amostra em função do domínio capacidade construtiva ... 44

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XIV

Lista de Abreviaturas

CBRS – Casa da Boavista – Residência Sénior AVC – acidente vascular cerebral

Kg – quilogramas

CSVSN - Centro Social do Vale de Santa Natália EF – exercício físico

MMSE – Mini Mental State Examination INE – Instituto Nacional de Estatística GC – grupo de controlo

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Capítulo I

1. Introdução

O presente relatório foi concretizado no âmbito do 2º ano do Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A sua construção teve por base a realização de um estágio de 25 semanas letivas e um estudo na CBRS, no concelho de Amarante.

O processo de envelhecimento é um fenómeno historicamente recente, situando-se após a Revolução Industrial, e revela-se uma questão para o qual ainda procuramos respostas e soluções que nos possibilitem envelhecer com qualidade, sustentabilidade e humanidade (Vara, 2012).

De acordo com as últimas estatísticas em Portugal cerca de 19% da população total tem 65 ou mais anos de idade, representando mais de 2 milhões de pessoas (INE, 2011). Atualmente, as pessoas idosas vivem uma nova realidade e a melhoria da qualidade de vida dos mesmos representa um dos grandes desafios do presente século (Chodzko-Zajko, 1999). Corroborando a ideia supramencionada, no ano de 2011 o índice de envelhecimento no nosso país era de 128, ou seja, em cada 100 jovens existiam 128 idosos. Já em 2013, o índice de envelhecimento rondava os 136 idosos por cada 100 jovens. Assim, estes dados confirmam o galopante envelhecimento da população portuguesa e o duplo envelhecimento demográfico, existindo um aumento da população mais idosa e um decréscimo significativo da população mais jovem (INE, 2014).

O envelhecimento é um processo, ou um conjunto de processos que ocorre nos seres vivos, conduzindo à perda de adaptabilidade, diminuição da capacidade funcional, associado a modificações físicas e fisiológicas, culminando em morte (Spirduso, Francis & MacRae, 2005). Todavia, esta perda de funcionalidades é bastante heterogénea, diferindo de sujeito para sujeito (Fernández-Ballesteros, Dolores & Tarraga 2009). Estas modificações originam uma dependência na pessoa e no meio que a circunda, levando a que esta demonstre limitações na concretização das atividades da vida quotidiana (Souto, 2012). Este processo também compromete a função cognitiva, incluindo a memória, o tempo de reação, a atenção e a velocidade de processamento dos indivíduos (Silva, Navarro & Campos, 2007).

Desta forma, a prática de exercício físico regular associa-se a uma maior longevidade, redução do risco de desenvolvimento de doenças degenerativas associadas ao

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envelhecimento, revelando-se um uma excelente forma de atenuar e retardar a degeneração provocada por este complexo processo (American College of Sports of Medicine, 2009). Segundo Spirduso et al. (2005), para além das questões relacionadas com a socialização e a independência funcional, a prática de exercício físico contribui para melhorar a saúde física, mental e emocional.

Além disso, a prática de exercício físico regular atenua o declínio acentuado do fluxo cerebral, proporcionando a estimulação das áreas cerebrais responsáveis pela memória e pela aprendizagem. As pessoas idosas que praticam exercício físico alcançam melhores resultados em testes que envolvem tomada de decisões e em testes que implicam a utilização da memória (Novo & Paz, 2012).

A promoção da prática de exercício físico regular nas pessoas mais idosas e, sobretudo em indivíduos institucionalizados revela-se uma necessidade primária e um desafio exigente para as atuais sociedades.

Ainda neste sentido, importa refletir sobre a pertinência do papel do gerontólogo nas instituições ligadas à terceira idade.

O papel do gerontólogo visa estudar problemáticas, definir estratégias e determinar soluções para um envelhecimento mais ativo e sustentável (Vara, 2012).

O gerontólogo assume-se como um importante profissional na prestação de cuidados gerontológicos de qualidade, pois intervém ao nível da avaliação multidimensional do idoso (Vara, 2012). A sua visão sobre a velhice é interdisciplinar e integrada, compreendendo as determinantes biológicas, psicológicas e sociais ligadas ao envelhecimento (Fratezi, Silva, Silveira & Lopes, 2011).

Este profissional é percecionado como um elemento que atua diretamente com o idoso, satisfazendo as necessidades desta população, concedendo respostas e soluções às problemáticas referentes ao envelhecimento (Fratezi et al., 2011). O gerontólogo opera para promover a participação social, autonomia, bem-estar e saúde dos mais idosos (Fratezi et al., 2011) Assim, o gerontólogo deve promover uma vida mais ativa e a prática de exercício físico na população idosa, esclarecendo os múltiplos benefícios da adoção deste estilo de vida.

Assim o objetivo geral do estudo desenvolvido com os idosos da CBRS é verificar qual a influência de um programa de exercício físico combinado na função cognitiva de idosos institucionalizados.

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O primeiro e presente capítulo introduz a temática deste documento e explica a organização do mesmo.

O capítulo II refere-se ao enquadramento teórico, abordando-se temáticas como o envelhecimento, institucionalização da pessoa idosa, exercício físico/atividade física e o envelhecimento, as principais funções cognitivas e o envelhecimento e a influência do exercício físico na função cognitiva.

O capítulo III retrata o contexto institucional e o meio envolvente, descrevendo os recursos físicos e humanos, as atividades desenvolvidas, entre outros aspetos pertinentes.

O capítulo IV contém o plano de estágio, traçando os objetivos do estágio, a carga horária, o cronograma e o processo de integração e as atividades desenvolvidas na instituição.

O capítulo V expõe a metodologia, os resultados apresentados e as principais conclusões retiradas deste estudo.

O capítulo VI apresenta uma reflexão pessoal sobre o estágio, o programa de exercício físico desenvolvido e futuras propostas de investigação neste âmbito.

Na parte seguinte do relatório é feita menção à bibliografia utilizada para a fundamentação desta investigação.

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Capítulo II

2. Enquadramento Teórico

2.1 Envelhecimento

Nas últimas décadas registaram-se modificações significativas na estrutura da população, nomeadamente nos países desenvolvidos (Simões, 2006).

O envelhecimento demográfico tem vindo a aumentar no nosso país, estimando-se que em 2060 o número de pessoas com 65 ou mais anos seja o triplo do número de jovens. Este aumento deve-se sobretudo ao aumento da esperança média de vida, à diminuição da mortalidade e à reduzida natalidade existente em Portugal (Rosa, 2012).

Segundo os últimos números do INE (2012), a estrutura etária da população portuguesa em 2011 intensificou os desequilíbrios já evidenciados nas décadas passadas. Diminuiu a base da pirâmide, correspondente à população mais jovem e alargou-se o topo, correspondente ao crescimento da população idosa. Verifica-se ainda que, na última década, registou-se um aumento de 26% de pessoas com idades superiores a 69 anos e a faixa etária dos 30 aos 69 anos ultrapassou os 51% da população residente no ano de 2001 para 54% em 2011 (INE, 2012). Por outro lado, a população portuguesa com 70 e mais anos transpôs a marca dos 11% para 14% em 2011 (INE, 2012). Em relação à esperança média de vida à nascença, as previsões para 2060 afirmam que irão atingir os valores de 84,2 anos para homens e 89,9 anos para mulheres, em média 87,1 anos (INE, 2014 citado por Garcia, 2015).

Desta forma, o processo de envelhecimento revela-se também uma questão demográfica associada ao aumento da esperança média de vida e ao declínio da mortalidade. Existem variadíssimas consequências resultantes do envelhecimento demográfico. Na saúde, verifica-se um aumento das exigências nos serviços, aumento dos gastos médicos e hospitalares. A nível económico, verifica-se o aumento significativo de aposentados e, consequentemente, uma diminuição da população ativa e aumento dos encargos com prestações sociais (Oliveira, 2010).

No que diz respeito à definição de terceira idade existem diversas conceções, existindo autores que a definem apenas através da idade cronológica, outros através da entrada na idade da reforma e outros que defendem a importância da correlação de múltiplos fatores. Contudo, a definição mais consensual na literatura é a veiculada pela OMS, segundo a qual a terceira idade se inicia entre os 60 e os 65 anos de idade (Cancela, 2008).

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Os autores Tamer e Petriz (2007) postulam que a idade não se pode definir através de uma simples cronologia, mas sim equacionando diversas condições que influenciam as pessoas: físicas, funcionais, mentais e de saúde.

Assim sendo, em relação ao processo de envelhecimento, a Organização Mundial de Saúde define-o como um “ (…) prolongamento e término de um processo representado por um conjunto de modificações físicas e psicológicas ininterruptas à ação do tempo sobre as pessoas” (Araújo, 2001, pág.7).

Por outro lado, Blanco (2007, pág.1) defende que o “processo de envelhecimento do ser humano é entendido como uma série de mudanças nos diferentes órgãos e sistemas que geralmente comporta uma diminuição progressiva da sua funcionalidade, assim como uma diminuição na capacidade de reserva e na deterioração dos mecanismos de controlo que regula a atividade funcional”. Já Cardão (2009) postula que o envelhecimento define-se por perdas biológicas, com privações ou restrições de energia física, de acuidade visual, de massa óssea e mobilidade. Há ainda perdas psicológicas, com alterações cognitivas, emocionais e sociais, com perda de papéis e estatutos, a separação, rejeição ou morte de familiares e amigos, e a perda de suporte social.

Já Lima (2010, citado por Carvalho, 2013) afirma que o envelhecimento é um processo complexo e dinâmico, no qual se identificam fatores internos ao próprio sujeito mas também fatores externos associados às possibilidades ambientais e organizacionais.

Perante a diversidade de conceções, o importante é entender que o envelhecimento não é um estado, mas sim um processo de exoneração progressiva e diferencial. É algo que faz parte do ciclo vital do sujeito e a ele está associado um conjunto de alterações biológicas, psicológicas e sociais que se processam ao longo de toda a vida. Como tal, é difícil datar o seu começo porque a sua velocidade e gravidade são extremamente variáveis de sujeito para sujeito (Sequeira, 2010).

Tal como Sequeira (2010), Ferreira (2010) também defende que o envelhecimento se desenvolve a nível biológico, psicológico e social. Desta forma, o envelhecimento biológico diz respeito ao desenvolvimento e morte dos organismos vivos. Este é um processo em que estão envolvidos o envelhecimento celular e o aparecimento de perturbações de saúde (Carvalho, 2013). Dentro destas perturbações pode-se salientar a diminuição ou perda da visão, da audição ou do paladar, a perda de memória recente, modificações no sistema imunológico que tornam os idosos mais vulneráveis a doenças, mas também fragilidades nas articulações e outras alterações que influenciam de forma negativa o quotidiano do indivíduo (Ferreira, 2010). Estas alterações corporais têm, por

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consequência, repercussões psicológicas no indivíduo, que se traduzem na mudança de atitudes e comportamentos (Sequeira, 2010). Como tal, considera-se como envelhecimento psicológico os processos mentais, motivacionais e cognitivos sentidos e vivenciados pelos indivíduos. Segundo Lima (2010, p.14, citado por Carvalho, 2013) o envelhecimento psicológico é caracterizado “(…) pela autorregulação do indivíduo, pelas mudanças nas funções psicológicas, como a memória e a tomada de decisões, e pela forma de lidar com o processo de senescência”. Por fim, o envelhecimento social está associado ao conjunto de papéis sociais que os indivíduos adotam ou são forçados a adotar relativamente às normas e condutas da cultura em que estão inseridos (Fontaine, 2000).

Ainda em relação ao processo de envelhecimento, importa distinguir os conceitos de envelhecimento normal e envelhecimento patológico. O envelhecimento normal, também conhecido por envelhecimento primário, resulta simplesmente da passagem do tempo e é intrínseco ao organismo. Desta forma, o envelhecimento é considerado normal quando ocorrem uma série de alterações inevitáveis no funcionamento do organismo devido à idade, como o aparecimento de rugas, as mudanças de coloração dos cabelos e menor resistência física. O envelhecimento patológico, ou envelhecimento secundário, está relacionado com fatores específicos que interferem com o envelhecimento, como doenças físicas ou mentais, que estão, frequentemente, associados a um estado de dependência face a outrem (Groisman, 2002).

Assim, conclui-se que o envelhecimento é um “processo universal, gradual e irreversível de mudanças e transformações que ocorrem com a passagem do tempo”, revelando-se um processo complexo que diverge de sujeito para sujeito (Lima, 2010, pág.14). Depende de variáveis genéticas e externas, tal como do seu estilo de vida, educação e do ambiente circundante. Os domínios biológicos, psicológicos e sociais estão diretamente relacionados, todavia, o envelhecimento assume-se como um processo contínuo que decorre desde o nascimento até à morte, enquanto que a velhice é uma fase da vida, designando-se por idoso o sujeito que se encontra neste mesmo período de tempo (Lima, 2010).

Desta forma, Cardão (2009) afirma que a velhice é uma etapa da vida marcada pela longevidade que, embora se caracterize pelo processo de envelhecimento, não se confunde com este. Envelhecer não significa ser velho, é ir sendo mais velho, através de um processo de envelhecimento complexo e dinâmico entre o nascimento e a morte, processo comum a todos os sere vivos (Cardão, 2009).

De acordo com Justo (2005, citado por Ferreira, 2010) as capacidades mais afectadas pelos idosos são: o raciocínio abstrato, a capacidade de reagir a estímulos novos, as

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aprendizagens de conceitos novos, bem como a aplicação de conceitos anteriores, a capacidade de concentração, a capacidade psicomotora, entre outros aspetos.

Segundo Yates (1993, citado por Fernandes & Jacob, 2011), mesmo na ausência de doenças, a probabilidade do idoso adoecer e de morrer aumenta com a idade cronológica, alicerçando a maior ou menor fragilidade dos idosos em oito fatores divididos em dois grupos: o grupo de fatores que transformam o idoso num ser mais vulnerável e o grupo de fatores que englobam o aumento ou a diminuição dessa vulnerabilidade. Assim, no primeiro grupo os três fatores que tornam os idosos mais vulneráveis são: acumulação de metabolitos e ação dos radicais livres de oxigénio; exposição a acidentes bem como a ocorrência de situações de stress; e várias doenças e incapacidades. Por outro lado, o segundo grupo de fatores é constituído por cinco fatores que explicam o aumento ou a diminuição dessa vulnerabilidade, como por exemplo: meio físico onde se vive; ambiente social e envolvimento em ações religiosas, culturais e de aprendizagem; estilos e hábitos de vida referentes ao exercício, nutrição, qualidade do sono, drogas, lazer, atividade sexual e atividades de risco; recursos materiais, cognitivos e ocupacionais; e postura face à vida.

Assim, é de ressalvar que estes dois grupos em concomitância influenciam a vulnerabilidade no decorrer do envelhecimento.

O processo de envelhecimento encontra-se associado a múltiplas alterações somáticas e físicas, assim como, diminuição da estatura, possivelmente devido à compressão interdiscal e modificações estruturais das vértebras osteoporóticas; alteração da composição corporal, devido à perda de massa muscular e aumento da massa gorda; alterações na pele com atrofia das fibras elásticas e das glândulas sudoríparas, traduzindo-se numa menor capacidade sudativa e numa capacidade de cicatrização mais lenta; decréscimo da quantidade total de água, o que relacionado ao aumento da gordura corporal e às alterações na pele irá condicionar a menor adaptação do organismo a ambientes com temperaturas mais desfavoráveis; diminuição do tecido ósseo com alterações na massa e densidade óssea proporcionando o desenvolvimento de osteoporose; alterações articulares com degeneração da cartilagem e capsula articular e diminuição do liquido sinovial, resultando numa maior probabilidade de osteoartrite (Spirduso, 1995, citado por Lacerda, 2004).

No que concerne ao sistema cardiovascular, existe um endurecimento das artérias e válvulas, dificultando a corrente sanguínea, desta forma a pressão arterial aumenta, assim como o risco de doenças cardiovasculares. Diversos estudos descrevem que cerca de 50%

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da população mais idosa sofre de algum tipo de cardiopatia, revelando-se uma das causas mais frequentes de mortalidade nesta fase da vida (Aleixo, 2013).

Por outro lado, a nível respiratório há um declínio do consumo de oxigénio, associado a alterações biológicas como a redução do débito cardíaco, aumento da pressão arterial, redução da frequência cardíaca máxima ou o aumento da resistência vascular periférica. Este parâmetro fisiológico exprime a capacidade de trabalho sob uma perspetiva cardiorrespiratória e associado à redução da amplitude e frequência dos movimentos ventilatórios e do volume do ar expirado pode contribuir para um défice na capacidade de produzir trabalho muscular (Barreiros, 1999).

Em relação ao sistema nervoso, sabe-se que a quantidade de células nervosas do cérebro e a sua massa reduzem com a idade. A degeneração do sistema nervoso revela-se suficiente para reduzir o fluxo de informação e a sua velocidade. Assim, a transmissão de impulsos é cada vez mais lenta, afetando a coordenação do idoso, além disso a capacidade de atenção, concentração e a memória a curto prazo deteriora-se (Barreiros, 1999; Aleixo, 2013).

No sistema sensorial também ocorrem diversas perdas. Existe perda da eficiência nos órgãos sensoriais e dá-se o aumento dos limiares para a sua estimulação, tornando a informação lenta e deturpada. Ou seja, este fenómeno afeta várias dimensões da vida quotidiana, bem como a estabilidade e segurança no caminhar, o paladar, os cheiros e, essencialmente, reações perante situações de perigo (Aleixo, 2013).

Para além destas alterações, surgem alterações nas capacidades físicas dos mais idosos. A capacidade aeróbia se não for praticada regride em cerca de 8% por década nos homens e 10% nas mulheres. Esta diminuição acentua-se a partir dos 75 anos, resultando dos fatores centrais cardíacos e dos fatores periféricos (Shephard, 1987, citado por Lacerda, 2004).

Com o decorrer do envelhecimento, observa-se a uma redução da força, potência e resistência muscular, traduzindo-se numa diminuição da aptidão muscular dos idosos. A aptidão muscular na terceira idade é uma das componentes mais importantes da aptidão física do idoso, pois encontra-se inteiramente relacionada com a capacidade deste desenvolver as suas atividades quotidianas com autonomia e qualidade de vida (Rikli e Jones, 2001; Spirduso, 2005, citado por Cartucho, 2013). Segundo Barreiros (1999) a redução da força muscular pode atingir 40% a partir do pico típico da terceira década da vida. Este facto ocorre devido ao decréscimo significativo do número, tamanho e diâmetro

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das fibras musculares, bem como da amplitude e velocidade de contração, inversamente proporcionais ao uso que é feito dos segmentos.

Em relação à flexibilidade e funções articulares, diversos estudos evidenciam um acentuado decréscimo na amplitude articular, influenciando consequentemente a eficiência de padrões motores fundamentais, como andar ou subir escadas (Barreiros, 1999).

2.2 Institucionalização

De acordo com Fernandes (1997) apenas a partir do início da década de setenta, de acordo com as novas políticas sociais de velhice, as instituições foram concebidas tendo em vista a prevenção da dependência e a inclusão das pessoas mais idosas na sociedade.

Em relação à responsabilidade social, sensivelmente a partir desta data, diferenciaram-se dois tipos de instituições: as que tinham como propósito a institucionalização das pessoas idosas (lares ou residências) e as que procuravam criar condições para manter a pessoa idosa no seu domicílio (Almeida, 2008).

É de realçar que os lares de idosos surgiram das antigas instituições asilares e constituem a primeira resposta social de apoio aos mais idosos. Esta denominação surgiu a partir da década de 50 do século passado (Almeida, 2008).

A definição de lares de idosos encontra-se consagrada no Decreto-Lei nº 30/89 de 24 de Janeiro. O nº 1 do art.º 6 refere que “…os lares para idosos, são estabelecimentos de alojamento e prestação de serviços destinados a pessoas idosas”. Todavia, atualmente este conceito tornou-se mais amplo e completo. O Despacho Normativo nº 12/98 de 25 de Fevereiro afirma que um lar de idosos “é o estabelecimento em que sejam desenvolvidas atividades de apoio social a pessoas idosas através do alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, fornecimento de alimentação, cuidados de saúde, higiene e conforto, fomentando o convívio e propiciando a animação social e a ocupação dos tempos livres dos utentes” (Almeida, 2008, pág. 73).

Desta forma, devido ao crescente envelhecimento demográfico e às alterações nas condições socioeconómicas, tem aumentado a procura de redes de suporte informal, nas quais se incluem as estruturas de residências para idosos. Segundo Santos (2002) com o aumento das incapacidades físicas e psicológicas dos idosos e a diminuição das capacidades do meio envolvente, torna-se necessário ponderar a hipótese de internamento.

A institucionalização dos idosos revela-se, por vezes um tabu, envolvendo valores, responsabilidades, crenças e necessidades. Afigura-se uma problemática social e familiar,

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uma questão de difícil gestão pois, associada à institucionalização do idoso, surgem muitas vezes conflitos familiares, sentimentos de culpa, mas também abandono, isolamento e dificuldades de adaptação às rotinas institucionais (Carvalho & Dias, 2011). Todavia, o internamento do idoso numa instituição de longa permanência pode apresentar-se como a única solução da família combater a indisponibilidade do suporte familiar, financeiro e psicológico que o mesmo carece. Nestas instituições, o idoso vive internado, por tempo determinado ou não (Carvalho & Dias, 2011).

As modificações que se têm vindo a verificar quer ao nível do seio familiar, quer em relação aos recursos económicos, quer às condições oferecidas pelo mundo laboral têm levado a que a procura destas estruturas tenha aumentado assinalavelmente. Este aumento deve-se à “desadaptação das casas às necessidades dos idosos, a degradação das condições de saúde destes e o facto dos serviços de proximidade alternativos continuarem a ser insuficientes para garantir a manutenção dos idosos no seu domicílio” (Pimentel, 2005, p.57).

Já Paúl (2005) afirma que as principais causas de institucionalização poderão advir de problemas de saúde que condicionam o funcionamento dos idosos, falta de recursos económicos para a manutenção da habitação, viuvez e situação de despejo, nomeadamente nos centros urbanos.

Na perspetiva do autor Levenson (2001), as deficiências cognitivas, viver sozinho, perda de apoios sociais, dependência em relação aos cuidados pessoais, pobreza, limitações na rede de saúde informal, entre outras problemáticas constituem os fatores de risco mais visíveis associados à institucionalização.

Como relataram os autores citados anteriormente, as causas para a institucionalização podem ser diversificadas, sendo muitas vezes a conjugação destas diversas causas, e não apenas de uma ou de duas, que origina a escolha deste tipo de apoio social (Almeida, 2008).

Por outro lado, a forma como os idosos percecionam este novo período da sua vida também é diferente. Para alguns idosos representa uma melhoria significativa das condições de vida e da sua estabilidade emocional, para outros significa uma quebra com o seu espaço físico e relacional, acompanhado por sensações depressivas e pela consciência dolorosa da posição de exclusão que estavam a ser expostos (Pimentel, 2005).

Ainda segundo Born e Boechat (2006), por mais qualidade que a instituição detenha, existirá sempre uma quebra com as antigas rotinas, passando a existir um certo afastamento do convívio social e familiar.

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A pessoa idosa vai ter que se familiarizar com um conjunto de situações completamente novas, entre as quais, um espaço novo, rotinas novas, pessoas que não conhece e com quem vai partilhar a sua vida. Esta nova realidade pode, desta forma, originar reações de angústia, medo, insegurança e revolta (Almeida, 2008).

Além disso, ainda permanece na população portuguesa algum receio em relação à institucionalização, pois várias instituições despersonalizam o idoso e conferem-lhe uma imagem de incapaz, dependente e inativo, sendo que o expetável seria promover o desenvolvimento ativo e íntegro dos sujeitos. Assim Santos (2002) postula que a institucionalização pode causar regressão e desintegração social, falta de privacidade, perda de poder em relação às decisões pessoais, rotinas rígidas, ausência de estimulação intelectual e privação espiritual.

Fernandes (2013) evidencia que as regras uniformes destas estruturas residenciais poderão levar a que os idosos sejam vistos como um grupo homogéneo, não se tendo em atenção a individualidade de cada um, proporcionando a perda de identidade dos idosos. Já Pimentel (2005) afirma também que a maioria dos lares de idosos não se encontra preparado para proporcionar serviços individualizados aos idosos, tendo em contas as suas vivências pessoais e a sua forma de vida.

Cardão (2009) realça que a instituição deve preservar e potenciar as capacidades dos mais idosos, permitindo aos sujeitos manifestar a sua própria personalidade, promovendo o seu bem-estar e evitando sentimentos de frustração.

Contudo, a institucionalização não apresenta apenas consequências negativas. Vendeuvre (1999) citado por Bernardino (2005, pág.39), afirma que “muitas vezes os laços familiares se fortalecem e a qualidade relacional melhora com a institucionalização do idoso, talvez porque a carga, por vezes excessiva de olhar por um idoso dependente, que a família sentia, ficou resolvida, deixando lugar à expressão do afecto”.

Assim, o sucesso da institucionalização do idoso depende de múltiplos fatores que se centram, essencialmente, pela capacidade dos idosos se tornarem os atores principais deste complexo processo e pela mudança de atitude e mentalidade dos responsáveis das instituições, reconhecendo os idosos como seus parceiros e encará-los como sujeitos heterogéneos e que possuem desejos e ambições (Almeida, 2008).

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2.3 Envelhecimento e exercício físico/atividade física

Segundo a OMS (2011, citado por Cartucho, 2013) atividade física define-se como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requer gasto de energia. A prática de atividade física/exercício físico pode prevenir as mudanças provenientes do processo de envelhecimento (Freitas et al., 2002 citado por Cartucho, 2013) promove a melhoria geral da aptidão física dos idosos (Puggard et al., 1994, citado por Cartucho, 2013), nomeadamente no desenvolvimento da força muscular (Fiatarone et al., 1990; Charette et al., 1991; Carvalho, 2002, citados por Cartucho, 2013), na melhoria da flexibilidade (Farinatti et al., 1995, citado por Cartucho, 2013), da coordenação (Williams et al., 1998, citado por Cartucho, 2013), do equilíbrio (Li et al., 2001, citado por Cartucho, 2013) e da resistência aeróbia (Falconio et al., 1994, citado por Cartucho, 2013).

Todavia, importa distinguir os conceitos de atividade física e exercício físico. A atividade física, como já foi referido, é qualquer movimento realizado pelo corpo através do sistema musculosquelético que resulte em dispêndio de energia. A atividade física na vida diária pode ser classificada em ocupacional, de lazer ou outras atividades. Por outro lado, exercício físico pode ser definido pelo movimento corporal realizado de forma estruturada, planeada, de forma repetida como o objetivo de manter ou melhorar uma ou mais componentes da aptidão física (Ogden, 2004).

Segundo Ogden (1999) a prática de exercício físico pode ser realizada de forma moderada com o propósito de melhorar o estado de saúde, físico e psíquico, ou de forma mais intensa com o objetivo de manter a boa forma cardiovascular. A prática de exercício físico pode ser realizada como parte integrante do trabalho diário de um sujeito ou como atividade de lazer, podendo ser realizado em grupo ou individualmente.

Os efeitos da redução da atividade física têm sido indicados como tendo impacto em diferentes sistemas orgânicos, como o sistema muscular, neural, respiratório e cardiovascular (Fiatarone et al., 1990, citado por Lacerda, 2004).

Sabe-se que os níveis de atividade física diminuem com o decorrer da idade, praticando atividade física regular somente uma pequena minoria de idosos (Dishman, 1994; Shephard, 2004, citado por Lacerda, 2004). Assim, a inatividade é uma peculiaridade dos idosos, refletindo-se na perda, substancial de funcionalidade, incitando ao risco de diversas doenças (Sallis, 2003, citado por Lacerda, 2004).

Assim, o aumento do sedentarismo nos idosos conduz a uma maior taxa de redução da capacidade funcional. Este fenómeno inclui também a diminuição da funcionalidade e o

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aumento da morbilidade, podendo ser corrigido através do envolvimento e participação dos idosos em programas de exercício (Sardinha & Batista, 1999).

Desta forma, a prática de atividade física é fundamental no processo de envelhecimento, atenuando as suas diversas consequências e doenças, em particular nas dimensões sociais, psicológicas e biológicas (Carvalho & Mota, 2002).

A Organização Mundial de Saúde (1996) destaca importantes benefícios da prática de atividade física em indivíduos idosos, a três níveis:

o Fisiológicos: os benefícios imediatos são a regulação dos níveis de glicose sanguínea, a estimulação da atividade das catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e o aumento quer da qualidade, quer da quantidade do sono. A longo prazo, a melhoria substancial em quase todos aspetos do funcionamento cardiovascular, força, flexibilidade, equilíbrio e coordenação e velocidade de movimento;

o Psicológicos: os benefícios imediatos são o relaxamento, redução do stress da ansiedade e o aumento do humor, sendo a longo prazo, o bem-estar geral, melhoria da saúde mental, melhorias a nível cognitivo, controlo e performance motora e aquisição de habilidades;

o Sociais: os benefícios imediatos são o retorno de uma certa autoridade ao idoso, a integração social e cultural, sendo a longo prazo o aumento desta integração social, a formação de novas amizades, alargamento da reunião social e alargamento da rede cultural, a manutenção e aquisição de um novo papel e o aumento da atividade intergeracional.

Além disso, a prática de exercício físico moderado e sistemático revela-se benéfico para os idosos, reduzindo o risco de morte prematura, doenças cardiovasculares, desenvolvimento de diabetes tipo II, cancro do intestino, hipertensão, depressão, ansiedade, previne quedas, auxilia na manutenção dos ossos, músculos e articulações num estado saudável, promove o bem-estar psicológico, auxilia no controlo do peso corporal, aumenta a longevidade, previne o declínio cognitivo, promove o contacto social e a autonomia e independência (Mazo et al., 2001; Spirduso et al., 2005)

No entanto, importa realçar que a prescrição de exercício deve ser individual, pois as diversas alterações morfológicas e funcionais requerem especial atenção por parte dos profissionais. Assim, revela-se fundamental conhecer as limitações e as necessidades dos idosos, com o propósito de prescrever um programa de exercício correto e racional,

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adaptado ao estado de saúde e condição física do idoso, não sobrecarregando o sistema cardiovascular e locomotor (Carvalho, 1999).

A literatura afirma que os programas de exercício devem ser multidimensionais, incluindo assim uma combinação de resistência aeróbia, força muscular, flexibilidade, equilíbrio e atividade de coordenação (Chodzko-Zajko, 1999).

Assim, os programas de exercício para a população idosa, devem incluir uma fase de aquecimento apropriada, uma fase que engloba diferentes aspetos da aptidão física e um período de relaxamento e respiração (Carvalho & Mota, 2002). É imprescindível que os exercícios aplicados envolvam os grandes grupos musculares, particularmente os mais utilizados no dia-a-dia, como os ombros, braços, coluna, anca e pernas (Evans, 1999, citado por Lacerda, 2004). Além disso, as atividades físicas mais recomendadas são as atividades aeróbias de baixo impacto, como as caminhadas ou a natação, pois englobam grandes grupos musculares e existe um risco menor de lesão (American College of Sports Medicine, 1998, citado por Lacerda, 2004).

Torna-se evidente que a prática de exercício físico é essencial para os idosos, pois é um contributo válido para o aumento da vitalidade mental, social e física, aumentando também a independência funcional em relação às atividades do quotidiano e melhoria da qualidade de vida (Mota & Carvalho, 1999), incluindo também a melhoria significativa da função cognitiva (Antunes et al., 2006).

2.4 Envelhecimento e função cognitiva

Por função cognitiva ou sistema funcional cognitivo entende-se as várias fases do processo de informação como perceção, aprendizagem, atenção, memória, raciocínio, vigilância e resolução de problemas. O funcionamento psicomotor, que engloba tempo de reação, tempo de movimento e velocidade de desempenho associa-se também ao conceito de função cognitiva (Antunes et al., 2006).

Vários estudos postulam que o envelhecimento pode resultar no declínio das capacidades cognitivas, sobretudo na lentidão do processo cognitivo, redução da atenção, dificuldade na retenção das informações apreendidas, decréscimo da memória perspetiva e contextual (Moraes et al., 2010).

No conjunto das principais dificuldades cognitivas, as complicações referentes à memória são comumente consideradas características do processo de envelhecimento. Assim como, algumas perdas em domínios cognitivos mais específicos, nomeadamente

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elasticidade e rapidez de raciocínio, realização de tarefas em simultâneo d tempo de reação, revelam-se características evidentes deste processo (Falkenstein & Sommer, 2006).

O nosso cérebro é susceptível a diversos fatores de risco que resultam em danos nas suas componentes celulares e às respectivas redes neurais que constituem as bases da capacidade cognitiva. O sistema cerebral possui a capacidade de reparar os danos e de se adaptar ou equilibrar a perda de neurónios e as perturbações neurais. Todavia, quando sucede um desequilíbrio entre a lesão neuronal e a sua reparação, esta competência é prejudicada, ocorrendo o denominado envelhecimento cerebral e a ocorrência de demências (Ball & Birge, 2002; Antunes et al., 2006).

Assim, têm sido identificados diversos fatores de risco relacionados com o aumento da predisposição de um indivíduo para o declínio cognitivo. Fatores como a idade, género, trauma craniano, nível educacional, tabagismo, stress mental, aspetos relacionados com a nutrição ou socialização (Antunes et al., 2006). Outros fatores relacionados com o declínio cognitivo são as doenças crónico-degenerativas, hipercolesterolémia, aumento na concentração plasmática de fibrinogénio e sedentarismo (Antunes et al., 2006). Por outro lado, o histórico familiar de doenças demenciais indica a existência de fatores genéticos associados (Argimon, Bicca, Timm & Vivan, 2006).

Em suma, a memória, linguagem, gnosia, praxia, função executiva e a função visuo-espacial permitem ao ser humano interagir com os indivíduos e com o meio que os envolve. A nossa singularidade é o resultado dos nossos conhecimentos e das nossas vivências e, desta forma, o declínio ou a perda da cognição é o desmoronamento da identidade que nos distingue como seres gregários e racionais (Moraes & Daker, 2008).

Assim, de seguida serão descritas as distintas particularidades de cada uma das funções cognitivas supramencionadas.

Existem várias definições para a memória, contudo vários autores definem-na como a capacidade que os sujeitos possuem para armazenar informação que pode ser futuramente evocada e utilizada. A memória do ser humano é percecionada como a autobiografia de um sujeito, registando as experiências e emoções de cada indivíduo. A memória representa a informação que é armazenada e que pode ser apresentada em qualquer momento da vida quando for solicitada (Silva, Navarro & Campos, 2007; Mancini, Matsudo, Pereira, Marin & Matsudo, 2014).

O nosso cérebro detém a capacidade e a função de filtrar os dados recebidos, selecionar a informação mais importante e, de seguida armazená-la. Assim, a informação é recebida através dos órgãos sensoriais, retida e processada. Desta forma, este conceito de

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memória supõe a existência de um conjunto de mecanismos mnésicos que se caracterizam pelo processamento de informações em três estágios: codificação (entrada de informação), armazenamento (consolidação, manutenção da informação no sistema de memória) e evocação (acesso e produção de informações anteriormente armazenadas). É de realçar que

os estágios mencionados não são unicamente sequenciais, existindo uma dinâmica recíproca, tornando-os correlativos (Charchat & Moreira, 2008).

Assim, a memória diferencia-se pelo armazenamento em curto e em longo prazo. A memória de curto prazo é capaz de operar com determinada informação percecionada durante um espaço limitado de tempo e pode, posteriormente, ser esquecida ou transferida para a memória a longo prazo (Taussik & Wagner, 2006). Neste tipo de memória distinguem-se outras duas componentes, nomeadamente: a memória imediata e a memória de trabalho. A memória imediata caracteriza-se pela capacidade de retenção, por breves segundos, de um número limitado de informações, embora esteja conservado o seu sistema atencional (manutenção passiva). Esta memória decai rapidamente, durante cerca de 20 a 30 segundos (Moraes & Lanna, 2008). Já a memória de trabalho constitui um sistema ativo que possui capacidade de armazenamento temporal limitado até que a informação obtenha algum significado ou sofra alguma transformação, mas suficiente para a manipulação da informação durante a execução de uma amplo leque de tarefas cognitivas complexas. Este tipo de memória é processada pelo córtex frontal e favorece a representação e a atenção selectiva na informação, mesmo na ausência de uma atividade percetual. Encontra-se diretamente relacionada com o humor, sono e atenção (Taussik & Wagner, 2006; Moraes & Lanna, 2008).

A memória de longo prazo é infinita na sua capacidade e é considerada estável, pois dura dias, semanas ou até a vida toda. Este tipo de memória possui a capacidade de conservar inúmeros fatos, conceitos e padrões, possibilitando preservar todo o passado autobiográfico e todos os conhecimentos de cada sujeito (Silva, Navarro & Campos, 2007). Por outro lado, existem autores que postulam a existência de uma memória intermediária. Este tipo de memória pode ser conservada durante dias e semanas mas acaba por ser perdida após um determinado período de tempo (Silva, Navarro & Campos, 2007).

Em relação à natureza, a memória pode ser dividida em memória implícita ou não declarativa, memória explícita ou declarativa e memória operacional. A memória implícita não necessita de uma recuperação consciente das experiências prévias e as funções decorrem de forma implícita, isto é, são executadas sem que o sujeito se aperceba disso (Kemoun, Thibaud, Roumagne, Carette, Albinet, Toussaint, Paccalin & Dugué 2010). A

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memória explícita é deliberada e remete-nos à memória de uma forma consciente e voluntária uma informação. É uma memória facilmente acessível a outros processos cognitivos, como a linguagem, sendo que as lembranças podem ser facilmente descritas de forma verbal. As memórias explícitas são armazenadas por períodos curtos, inferiores a 30 dias, no hipocampo e amígdala, por períodos mais longos, cerca de 30 a 60 dias, no córtex entorrinal e por períodos superiores a 60 dias no córtex parietal (Taussik & Wagner, 2006; Moraes & Lanna, 2008). Este tipo de memória divide-se ainda em episódica que fornece informação acerca das experiências pessoais e constitui a memória autobiográfica e semântica que se refere à memória para eventos e conhecimentos gerais do mundo (Taussik & Wagner, 2006; Kemoun et al., 2010).

As informações incorporadas na memória podem ser alteradas com a aquisição de informações novas e com incidentes posteriores de evocação, assim como pode ser alterada devido a influências endógenas, hormonais e neuro-humorais. Sensivelmente aos 45 anos, as aptidões cognitivas começam a diminuir, todavia este decrescimento decorre de uma forma mais lenta em sujeitos intelectualmente ativos. É de salientar que o nível de disfunção de memória varia de indivíduo para indivíduo, mas afecta consideravelmente o quotidiano e a qualidade de vida (Silva, Navarro & Campos, 2007).

A literatura defende que são vários os fatores que contribuem para o declínio da memória, sobretudo a idade, o baixo nível educacional e socioeconómico, o sedentarismo, a doença de Alzheimer, mudança na síntese de substâncias específicas relacionadas com a memória, diminuição da prática de habilidades motoras e sensoriais, doenças cardiovasculares, polimedicação, depressão, ansiedade, distúrbios no sono, entre outros (Silva, Navarro & Campos, 2007). Desta forma, é essencial manter um bom funcionamento da função cognitiva dos idosos para se atingir um envelhecimento saudável e ativo, pois é um dos principais problemas que surgem no decorrer do processo de envelhecimento (Dias & Lima, 2012).

No que diz respeito à linguagem, esta é uma função cognitiva constituída por um sistema complexo e dinâmico que possibilita ao sujeito comunicar e interagir com outros indivíduos através da partilha de informações, pensamentos, desejos e necessidades por meio de sons, gestos e sinais e, desta forma, é responsável pela formação, transformação e propagação de conhecimentos. É controlada pela região temporoparietal esquerda (Moraes & Lanna, 2008). Os autores Moraes e Lanna (2008) destacam os principais distúrbios observados ao longo do processo de envelhecimento:

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o Afasia: consiste na perceção e expressão da linguagem. Na afasia de Wernicke, a compreensão encontra-se comprometida, mantendo a expressão verbal intacta. Enquanto que na afasia de Broca, a expressão oral é atingida e a linguagem torna-se reduzida;

o Anomia: resulta da dificuldade em nomear pessoas ou simples objetos. Nos sujeitos com compromisso cognitivo, a anomia é compensada pelo recurso a termos vagos, repetições de ideias ou o uso excessivo de expressões como “coisa” ou “aquilo”, limitando o discurso do sujeito;

o Parafasia: deslocação da estrutura fonémica das palavras, com eliminação, inversão ou substituição das sílabas ou uso de palavras deformadas, contudo são identificáveis;

o Anosognosia: falta de consciência ou desconhecimento da existência de um problema ou défice;

o Alexia e dislexia: incapacidade ou distúrbio na leitura/escrita; o Agrafia e disgrafia: incapacidade ou distúrbio na escrita.

Importa referir que existem processos cognitivos relacionados com a linguagem mais vulneráveis com o processo de envelhecimento do que outros, todavia, sempre que se encontram fragilizadas algumas capacidades cognitivas do idoso, estas podem causar declínios na linguagem (Brandão & Parente, 2001).

No que concerne à gnosia, surge a problemática da agnosia. Este distúrbio não é uma alteração exclusiva das sensações, nem exclusiva da capacidade central de compreender objetos externos mas de uma alteração intermediária entre as sensações e a perceção. Em determinados casos, assiste-se à perda da intensidade e da extensão das sensações, permanecendo inalteradas as sensações elementares, noutros casos existe integridade e extensão das sensações mas perde-se a capacidade de reconhecimento dos objetos. Este distúrbio pode ser visual, auditivo, tátil ou associativo. O sujeito pode reconhecer os componentes do objeto, mas não a sua totalidade, ou mesmo total quando a mesma atinge as dimensões da sensibilidade. Todavia, a agnosia visual é a mais vulgar e é detetada quando o sujeito não identifica objetos, locais, cores ou faces (prosopagnosia) que lhe são apresentadas, ainda que mantenha conservado o seu conhecimento (Moraes & Lanna, 2008).

A praxia define-se como a capacidade de formular, sequenciar, coordenar e executar gestos ou atos motores adquiridos, com uma determinada finalidade, quer seja de forma

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espontânea ou sob comando, surge a apraxia (Moraes & Lanna, 2008). Assim, a apraxia surge como uma perturbação na transmissão motora, no controlo de programação e automaticidade articulatória para uma produção voluntária, resultando da incapacidade de executar movimentos e gestos concretos previamente adquiridos, na ausência de anormalidades sensoriais ou motoras, falta de atenção ou compreensão do comando (Lima, Servelhere & Matos, 2012). Segundo Moraes e Lanna (2008) o principal responsável por esta função é o lobo parietal do hemisfério dominante, normalmente o esquerdo e, em caso de desconexão ou destruição das áreas associativas do hemisfério dominante, podem surgir as seguintes disfunções:

o Apraxia ideomotora: dificuldade na concretização de tarefas complexas que não dependem de objeto, isto é, gestos simbólicos ou ações sem propósito, como pantomimas ou simulação de utilização de objetos; incapacidade de transformar a ideia em ação;

o Apraxia ideatória: consiste numa desordem na sequência das ações necessárias para a utilização de um objeto originando uma desorganização total na sequência de gestos elementares. Assim, quanto mais complexa for a ação mais a apraxia será manifestada e o sujeito não consegue efetuar um sequenciamento lógico e racional das diversas etapas da execução de uma determinada tarefa.

A função executiva prende-se com a habilidade de resolver problemas, com o planeamento, com a inibição da resposta e com o processamento da informação. Vários estudos afirmam que as habilidades cristalizadas, também denominadas de conhecimentos adquiridos ao longo do processo de socialização, mantém-se preservada ao longo da vida. Todavia, as habilidades fluídas, responsáveis pela resolução de novos problemas, sofrem um declínio progressivo ao longo do tempo (Moraes, Moraes & Lima, 2010). No processo de envelhecimento, quer normal, quer patológico, as funções executivas tendem a se degradar. No envelhecimento normal, as modificações executivas sucedem de modo progressivo e lento até, sensivelmente os 60 anos, tornando-se mais visíveis a partir dos 70 anos. Este facto explica-se devido ao desgaste fisiológico natural dos lobos frontais. Também no declínio cognitivo leve e nas demências, as alterações de natureza executiva encontram-se presentes, no entanto de forma precoce e quantitativamente mais intensas (Banhato & Nascimento, 2007). O lobo parietal, especificamente a região pré-frontal, é responsável pelo controlo desta função (Moraes & Lanna, 2008).

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Por fim, a função visuoespacial localiza-se na região parieto-occipital e envolve a identificação de estímulos referentes à capacidade de localização no espaço e perceção da relação dos objetos entre si (Moraes & Lanna, 2008). É uma habilidade abstrata e vasta, correspondendo a um tipo de processamento geral capaz de produzir, registar, relembrar e transformar imagens e sensações visuais. Por norma é utilizada para tarefas que envolvem a perceção e transformação de figuras, formas e imagens visuais, mas também por tarefas que pretendem manter a orientação espacial relativa a objetos que se movem no espaço (Gomes & Borges, 2009). Dificuldades na leitura, no cálculo de operações numéricas e problemas de orientação podem concluir défices na função visuoespacial e não, necessariamente, de uma desordem nas áreas relativas à memória ou à linguagem (Quental, Brucki & Bueno, 2009). Desta forma, o declínio desta função resulta numa desorientação espacial e, assim o indivíduo pode perder-se em percursos do seu quotidiano ou dentro da sua própria casa. A orientação geográfica, topográfica e a avaliação da distância e direção encontram-se comprometidos. Além disso, a cópia de desenhos intersetados confirma a evolução deste declínio cognitivo (Moraes & Lanna, 2008).

Ao longo do processo de envelhecimento as diversas áreas correspondentes ao funcionamento cognitivo podem ser afetadas. Além disso, o envelhecimento tem sido caracterizado pelo desenvolvimento de demências, perda de independência, hospitalização e por fim, morte (Paúl, Ribeiro & Santos, 2010). O défice cognitivo pode originar alterações na autoestima e na qualidade de vida das pessoas mais idosas e na realização de atividades do quotidiano, como confecionar refeições, vestir-se, entre outras. Desta forma, torna-se fundamental para uma melhor qualidade de vida que os sujeitos adotem estratégias que possibilitem a manutenção ou o aumento das capacidades cognitivas (Soares, Diniz & Cattuzzo, 2013).

Vários estudos apontam que quanto maior for a estimulação cognitiva por parte dos idosos, mais tempo o cérebro irá assegurar as conexões sinápticas e, desta forma, conservar as principais habilidades cognitivas devido à plasticidade adquirida (Carvalho, Medeiros, Silva, Barbosa & Souza, 2014).

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2.5 Influência da prática de exercício físico na função cognitiva

De acordo com Antunes et al. (2001), a prática regular de exercício físico pode contribuir para a melhoria das funções cognitivas, nomeadamente, na memória, na atenção e no raciocínio.

Observa-se que a prática regular de exercício físico preserva o cérebro de patologias degenerativas do sistema nervoso central. Assim, o exercício físico proporciona o aumento da circulação sanguínea no cérebro, favorecendo a síntese de neurotrofinas, substâncias responsáveis pela produção de novos neurónios em várias áreas cerebrais (Banhato et al., 2009).

Vários estudos epidemiológicos propõem que sujeitos moderadamente ativos, em relação aos sedentários, apresentam melhores desempenhos na função cognitiva e têm menor risco de possuírem desordens mentais (Antunes et al., 2006). Além disso, a participação em programas de exercício físico proporciona vários benefícios a nível físico, psicológico e cognitivo. Diversas investigações têm demonstrado que a prática de exercício físico melhora e protege a função cerebral, propondo que sujeitos fisicamente ativos detém um processamento cognitivo mais rápido (Antunes et al., 2006).

Cotman, Berchtold e Christie (2007) afirmam que o exercício físico é benéfico para os processos de codificação, consolidação, armazenamento, recuperação e memória de trabalho, que são processos fundamentais da aprendizagem e memória do ser humano.

Outros estudos asseguram que a participação em programas de exercício físico aumentam o desempenho físico, cognitivo e alteram de forma positiva o comportamento dos indivíduos mais idosos com declínio cognitivo e demência. Desta forma, confirma que a prática de exercício físico pode ser um atenuador contra o declínio cognitivo em pessoas idosas (Heyn, Abreu & Ottenbacher, 2004).

Diversas investigações têm observado várias melhorias nas funções cognitivas com a prática regular de exercício físico, principalmente exercício aeróbio, verificando-se uma forte relação entre o aumento da capacidade aeróbia e a melhoria das funções cognitivas (Antunes et al., 2006).

Os indivíduos fisicamente ativos demonstram melhorias significativas nas dimensões cognitivas, especialmente no tempo de reação e na memória. Estas melhorias descritas são ainda mais visíveis em pessoas idosas que foram submetidas a um programa de exercício aeróbio. Além disso, verificou-se que idosos sujeitos a um programa de

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exercício de 6 meses de intervenção com caminhadas, exercícios de flexibilidade e alongamentos, apresentaram melhorias significativas ao nível da agilidade, atenção, memória e humor, comparando com idosos inativos (Banhato et al., 2009).

Antunes et al. (2001) afirmam que o exercício aeróbio melhora expressivamente várias funções cognitivas que geralmente se degeneram ao longo do envelhecimento, nomeadamente a memória, em particular a memória operacional, o processamento da informação, o tempo de reação, a flexibilidade cognitiva, a atenção e a inibição de resposta.

Por outro lado, os estudos associados aos exercícios anaeróbios e aos efeitos positivos nas funções cognitivas revelam-se escassos e dirigem-se a determinadas classes etárias, como o efeito dos exercícios de força muscular, geralmente associados a pessoas de meia-idade e idosos (Changa & Etnier, 2009).

Recentemente diversos estudos verificaram o efeito crónico de exercícios de força muscular em idosos nas várias dimensões cognitivas da memória e sobre o funcionamento executivo central, particularmente a atenção (Busse, Filho, Magaldi, Coelho, Melo, Betoni & Santarém, 2008). Além disso, verificaram-se efeitos agudos positivos deste tipo de exercício em relação aos processos cognitivos automáticos e em determinados tipos de funções executivas em adultos de meia-idade (Changa & Etnier, 2009).

Assim, a prática de exercício físico regular e sistematizado, quer seja aeróbio ou força muscular, produz efeitos físicos benéficos e pode ser aproveitado como um meio de prevenção e de tratamento não-farmacológico, com o intuito de retardar o declínio da memória em idosos. Estes efeitos ajudam igualmente a melhorar a qualidade de vida desta população, proporcionando um envelhecimento ativo e saudável (Silva, Navarro & Campos, 2007).

O exercício físico implica uma ação direta e indireta na função cognitiva. Na ação direta, os mecanismos que atuam aumentam a velocidade do processamento cognitivo, produzem melhorias na circulação cerebral e na alteração da síntese e degradação de neurotransmissores. Por outro lado na ação indireta, o exercício físico provoca redução da pressão arterial, diminuição dos níveis de LDL e triglicerídeos no plasma sanguíneo e a inibição da agregação das plaquetas, auxiliando a melhorar a capacidade funcional, contribuindo para uma maior qualidade de vida dos idosos (Antunes et al., 2006).

Para que suceda a síntese, ação e metabolismo dos neurotransmissores, é necessário que exista uma quantidade suficiente de substratos para que essas reações aconteçam. Desta forma, vários estudos mencionam que o exercício físico pode aumentar o fluxo sanguíneo no cérebro, levando igualmente ao aumento da quantidade de oxigénio e de outros

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substratos energéticos. Estas alterações todas que ocorrem a nível cerebral acabam por melhorar a função cognitiva (Antunes et al., 2006).

Nos últimos anos foram realizados vários estudos que mostraram que os sujeitos devem incluir o exercício físico no seu quotidiano, evitando as consequências negativas do envelhecimento. Por outro lado, ainda existem muitas contestações relativamente aos benefícios do exercício físico na função cognitiva, sendo importante a realização de mais estudos sobre esta temática (Bherer, Erickson & Ambrose, 2013).

Como foi mencionado anteriormente, existem diversos estudos que mencionam que as mudanças a nível cognitivo não são significativas, todavia existem outras investigações que postulam os benefícios do exercício físico nas dimensões cognitivas. Apesar destas controvérsias e contrariedades, a literatura assegura em vários estudos que pessoas que são ativas são menos susceptíveis ao aparecimento de disfunções mentais, comparativamente a pessoas que não praticam exercício físico regular. Assim, conclui-se que a participação em programas de exercício físico produz efeitos benéficos para a função cognitiva (Antunes et al., 2006).

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Capítulo III

3. Enquadramento Institucional

3.1 Caracterização da Casa da Boavista – Residência Sénior

A CBRS é uma instituição privada situada na União das Freguesias de Amarante (São Gonçalo), Madalena, Cepelos e Gatão no concelho de Amarante. Esta instituição encontra-se em funcionamento desde Janeiro de 2015 e possui umas instalações modernas e funcionais, colocadas à disposição da comunidade, configurando um novo conceito de institucionalização de idosos.

A missão da instituição visa “prestar cuidados de saúde e serviços de alta qualidade, num modelo de resposta residência, cumprindo a legislação e respondendo às expetativas dos nossos residentes, desenvolvendo novos processos de atuação, em harmonia com os interesses dos sócios, colaboradores e fornecedores”. 1

Segundo o regulamento interno da instituição, esta presta um conjunto de atividades e serviços, nomeadamente: alimentação adequada às necessidades dos residentes, respeitando as prescrições médicas; cuidados de higiene pessoal; tratamento de roupa; higiene dos espaços; atividades de animação sociocultural, lúdico-recreativas e ocupacionais que visem contribuir para um clima de relacionamento saudável entre os residentes e para a estimulação e manutenção das suas capacidades físicas e psíquicas; apoio no desempenho das atividades da vida diária; cuidados de enfermagem, bem como o acesso a cuidados de saúde; administração de fármacos, quando prescritos. Além disso, a CBRS pode, ainda, disponibilizar outro tipo de serviços, visando a melhoria da qualidade de vida do residente, nomeadamente, fisioterapia, cuidados de imagem e transporte, assim como assistência religiosa.

A CBRS destina-se a: pessoas com idade igual ou superior a 65 anos que, por razões familiares, dependência, isolamento, solidão ou insegurança, não podem permanecer na sua residência; pessoas com idade inferior a 65 anos, em situações de exeção devidamente justificadas; proporcionar alojamento em situações pontuais, decorrentes da ausência, impedimento ou necessidade de descanso do cuidador.

O horário de funcionamento da instituição é de 24 horas por dia, todos os dias da semana. Relativamente às refeições, é referido no regulamento interno que o

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almoço é servido a partir das 8h30, o almoço a partir das 12h30, o lanche a partir das 16h00, o jantar a partir das 19h30 e a ceia a partir das 22h00.

3.2 Recursos Físicos

A CBRS tem capacidade para acolher 15 idosos e é composta por um único piso térreo.

As instalações da CBRS são constituídas por uma área da direção e serviços administrativos, gabinete médico e de enfermagem, uma área destinada às auxiliares, uma sala de convívio e atividades, uma sala de refeições, copa, instalações sanitárias com apoio assistido e quartos. Além disso, as divisões da CBRS são bastante amplas, modernas e com bastante luminosidade

A CBRS é composta por oito quartos com as seguintes variantes: individuais, duplos e triplos. Os quartos possuem camas articuladas com comando regulador e grades de proteção, terraço e encontram-se equipados com estores elétricos, aquecimento central, televisão e casa de banho privativa com apoio assistido.

Em relação aos espaços comuns, a CBRS é constituída pela sala verde, sala azul e sala de refeições. A sala verde encontra-se equipada com duas mesas de jogos, sofás, uma pequena copa e vários jogos lúdicos e de mesa. Nesta sala realizam-se as principais atividades da CBRS. A sala azul é constituída por uma televisão, uma biblioteca e diversos sofás, proporcionando a convivência entre os residentes e os familiares. Por último, a sala de refeições compõe-se por 4 mesas e um espaço bastante amplo.

Em relação ao exterior, a CBRS encontra-se edificada num terreno com cerca de 9150 metros quadrados contendo espaços verdes, um circuito pedonal e uma vista privilegiada sobre a cidade de Amarante e a Serra do Marão. A CBRS pretende conciliar um equilíbrio entre as áreas destinadas ao lazer e à realização de uma série de atividades de ocupação dos tempos livres, permitindo assim aos residentes a continuidade dos seus hábitos, tais como, passeios e leitura ao ar livre, agricultura, jardinagem e prática de exercício físico.

Para a concretização do programa de exercício, a CBRS possui uma sala de atividades com dimensões apropriadas para a prática de exercício físico, halteres de 1 kg e 0,5 kg, caneleiras de 0,5 kg, bastões, elásticos, bola média, bolas anti-stress, cones e arcos e um circuito pedonal no exterior.

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Tabela 1-Cronograma de tarefas
Tabela 2-Valores de corte para a existência de défice cognitivo
Tabela 3-Distribuição da amostra em função da idade
Tabela 6-– Distribuição da amostra em função do nível de escolaridade
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Referências

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