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A Navigator é um dos maiores grupos empresariais portugueses, está cotada na Euronext Lisbon, integrando o índice PSI-20. No dia 31 de dezembro de 2018, a cotação de fecho era de 3,600 EUR, com 717.500.000 ações em circulação, desse modo, apresentava uma capitalização de mercado de 2.583 milhões €.

Figura 12 – Evolução da cotação das ações da Navigator entre 2014 e 2018 Fonte: Investing.com

Na figura 12 é possível verificar que, durante os últimos 5 anos, a cotação da Navigator em bolsa teve uma evolução positiva, subindo cerca de 97%, acompanhado dois grandes índices de referência, S&P 500 e STOXX 6003 que tiveram uma evolução de cerca 80% e 46%,

respetivamente, enquanto o índice PSI-20 sofreu uma queda cerca de 13%. A relação negativa com o índice PSI-20 deve-se à aposta na integração vertical do seu modelo de

3 STOXX 600 é um índice financeiro composto por 600 empresas capitalizadas em 18 países da Europa

(Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suíça, Suécia e Reino Unido).

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negócio, investigação, floresta, pasta de celulose, energia renovável e papel, assim como a fraca dependência do mercado interno e grande diversificação da sua carteira de clientes (exporta para mais de 130 países).

A cotação da ação da Navigator teve o seu pico em janeiro de 2018, chegando aos 5,34 € por ação. Após esse pico, a ação decresceu em bolsa cerca de 18%.

4.8.2 Política de distribuição de dividendos

A Navigator mantém uma política de remuneração acionista generosa, através do pagamento de dividendos e da distribuição significativa de reservas, de cerca de 200 milhões €. Como podemos verificar na figura 13, nestes últimos 5 anos tem apresentado um payout elevado e, com a distribuição de reservas em 2014, o payout foi cerca de 226% e o DPS de 0,57€. Desde então, houve uma redução do valor do payout, tendo no último ano rondado os 79% e o DPS fixou-se em 0,28€. Em relação à remuneração acionista, por norma, quando o preço das ações da empresa se situa abaixo do patamar dos 2,50€, a Navigator tem por hábito proceder à aquisição de ações próprias, sendo esta outra forma de remunerar os acionistas, garantindo uma maior flexibilidade em termos financeiros.

Figura 13 – Política de dividendos entre 2014 e 2018 Fonte: Elaborado com base nos Relatórios e Contas da Navigator

0% 50% 100% 150% 200% 250% 0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 2014 2015 2016 2017 2018

Política Dividendos

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4.8.3 Dívida: comportamento da dívida

O comportamento da dívida da Navigator tem, nos últimos anos, entrado numa fase de consolidação, conforme podemos verificar pela figura 14.

Figura 14 – Evolução do ativo e passivo entre 2014 e 2018 Fonte: Elaborado com base nos Relatórios e Contas da Navigator

Tendo em conta o contexto económico desfavorável, a empresa tem vindo a tomar medidas importantes, tais como a redução dos custos de manutenção dos sites industriais e a redução de custos logísticos do papel e da pasta.

A empresa, desde 2014 até 2016, reduziu a sua dívida de uma forma sustentada. Em 2016, verificou-se uma redução de 3% do passivo da empresa em comparação com o ano transato, o que se deveu principalmente à redução do passivo de curto prazo que rondou os 100 M€, o que contrasta com o aumento de cerca de 65M€ em passivo de médio e longo prazo. Contudo, a partir de 2017 a dívida voltou a aumentar, sendo que em 2018 fixou-se nos 1.377 M€. 2.708.291.646 € 2.429.883.137 € 2.409.126.934 € 2.439.135.296 € 2.563.861.007 € 1.254.628.708 € 1.215.619.936 € 1.175.857.227 € 1.254.255.647 € 1.377.243.586 € - € 500.000.000 € 1.000.000.000 € 1.500.000.000 € 2.000.000.000 € 2.500.000.000 € 3.000.000.000 € 2014 2015 2016 2017 2018

Comportamento da Dívida

Ativo Passivo

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A Navigator apresenta um rácio de endividamento equilibrado, em que a evolução do passivo da empresa acompanha a evolução do ativo:

De realçar que, nos últimos 5 anos, nunca ultrapassou um rácio de 0,54, pelo que em 2014 e em 2016 a empresa se financiou maioritariamente por capitais próprios.

4.8.4 Evolução dos resultados

O volume de negócios da empresa tem sido relativamente estável, tendo vindo a aumentar nos últimos 5 anos, acompanhando desta forma a tendência da recuperação económica verificada a nível mundial. O volume de negócios atingiu a maior oscilação de 2014 para 2015, com um ligeiro recuo em 2016 e recuperação em 2017 e com um maior incremento em 2018. No que toca ao EBIT e EBITDA, estes apresentaram alguma variabilidade (maior redução para ambos em 2016; e maior subida para ambos em 2015). O RLP, após uma tendência decrescente entre 2016 e 2017, tem vindo a recuperar, registando em 2018 o valor de 225 milhões €.

2014 2015 2016 2017 2018 Rácio de endividamento 0,46 0,50 0,49 0,51 0,54

Tabela 1 – Evolução do rácio de endividamento entre 2014 e 2018 Fonte: Elaborado com base nos Relatórios e Contas da Navigator

Tabela 2 – Demonstração dos resultados entre 2014 e 2018 Fonte: Elaborado com base nos Relatórios e Contas da Navigator

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Porém, estes resultados devem ser analisados em termos relativos, nomeadamente face ao volume de negócios, como indicadores de rendibilidade. Nesta ótica, a empresa apresenta um desempenho operacional robusto com boas margens para o setor, embora com descida no último ano. A margem operacional, com um decréscimo em 2015 e 2016, tem vindo a expandir, pese embora os gastos com o pessoal e os novos projetos em curso.

Em relação à estrutura financeira, a autonomia financeira encontra-se estável, a rondar os 50% (e o endividamento por contrapartida), apontando para o equilíbrio em termos de solvabilidade da empresa; a par da proporção contabilística de dívida face ao capital próprio, também estável e alta (sempre acima dos 86%), indicando uma repartição equilibrada de financiamento dos investimentos por capital próprio (CP) e alheio. Todavia, tendo em conta a dívida remunerada e o valor de mercado do CP, o rácio é bastante inferior e tem vindo a baixar, estando recentemente próximo dos 30%, o que mostra também um equilíbrio estrutural, com menor peso da dívida em relação ao valor de mercado do CP. A cobertura dos encargos financeiros é continuamente decrescente desde 2015 até 2017 (com uma ligeira melhoria em 2018), demonstrando menor disponibilidade para suportar estes gastos ou maior custo de endividamento, todavia contra balanceada pelo equilíbrio estrutural. O ROE e o ROA apresentam valores relativamente estáveis, com melhoria nos últimos anos.

Tabela 3 – Indicadores de rendibilidade entre 2014 e 2018 Fonte: Elaborado com base nos Relatórios e Contas da Navigator

Tabela 4 – Indicadores de estrutura financeira entre 2014 e 2018 Fonte: Elaborado com base nos Relatórios e Contas da Navigator

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Quanto aos indicadores de desempenho bolsista, o PER tem vindo a recuperar ao longo dos anos, exceto em 2016 e 2018, no qual a evolução desfavorável da cotação não acompanhou o melhor resultado. O EPS, por sua vez, reflete este último, face à estabilidade no número de ações. Os consistentes e elevados valores de payout e dividendos por ação podem comprometer a capacidade da empresa em autofinanciar os investimentos, já que não retém a maioria do resultado, mas é um bom atrativo para acionistas (refletindo-se ainda na dividend yield), com distribuição frequente de reservas (em 2014, o payout ultrapassou os 200%, estando em 2018 a rondar os 79%). Finalmente, a evolução favorável do PBV e a capitalização bolsista refletem a recuperação da cotação das ações e a relativa estabilidade das ações em circulação.

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