2. Movimentação manual de cargas Enquadramento Teórico
2.7. Informação, formação e treino
De acordo com a legislação portuguesa, DL nº 330/93, de 25 de Setembro, a entidade empregadora deve prestar informações aos trabalhadores sobre: 1) os riscos potenciais para a
Figura 2.7 – Exemplo de calçado protetor com biqueira de aço Figura 2.5 – Exemplo de luvas utilizadas na MMC
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saúde derivados da incorreta MMC, 2) o peso máximo e outras características da carga, 3) o centro de gravidade da carga e o lado mais pesado da mesma, quando a distribuição do peso não é uniforme. Os supervisores dos PTs onde se executam a MMC e os cargos de chefia devem igualmente tomar conhecimento dos efeitos adversos que a incorreta MMC pode causar aos trabalhadores e os custos económicos que podem causar à empresa (por exemplo: indemnizações, absentismo) (Berry, 2010).
O empregador deve dar ciclicamente formação e treino aos trabalhadores e aos supervisores dos PTs sobre os métodos de trabalho e as técnicas mais adequadas de MMC de modo a que os trabalhadores fiquem mais qualificados para desempenhar o trabalho de forma segura. No caso dos supervisores para encorajarem os trabalhadores a seguir estes procedimentos. No entanto, é de notar que a formação e o treino não devem ser tomados como intervenções ergonómicas, são um complemento a estas, nomeadamente aos controlos de engenharia (NIOSH, 2007). No caso de se utilizarem equipamentos mecânicos e, ou, sistemas de automatização devem ser acautelados o licenciamento, programas de treino ou formação para garantir a segurança e a sua correta utilização, tal como programas de manutenção preventiva para reduzir a exposição ao risco de lesões e garantir o seu bom funcionamento (HSE, 2004; ISO, 2003).
Para que o treino seja mais eficaz e eficiente, o conteúdo dos programas de formação e treino deve ser baseado em princípios fundamentais de técnicas mais adequadas de MMC e ser adaptado, tanto quanto possível, aos trabalhadores e às tarefas de MMC que vão ser executadas (Clemes et al., 2009; McDermott et al., 2012). Os métodos de trabalho adotados pelos trabalhadores mais experientes têm sido considerados uma mais-valia para o desenvolvimento de programas de treino de MMC (Gagnon, 2005; Plamondon et al., 2010) .O treino físico geral (por exemplo ginásio) realizado de forma regular também pode ser um complemento para reduzir o número de lesões e para aumentar a capacidade de executar a MMC, através da melhoria de um ou mais componentes da forma física como é o caso da força e da resistência muscular, da resistência cardiovascular e da flexibilidade (Williams et al., 2002; Knapik & Sharp, 1998).
De seguida estão descritos e ilustrados alguns dos princípios fundamentais de técnicas corretas para elevar, baixar e transportar cargas, que são recomendados pelo HSE (2012b), o NIOSH (2007), a EU-OSHA (2007b) e o Guia de Mital (Mital et al., 1997).
Planear a MMC
O trabalhador deve planear a MMC, certificando-se que não existem obstáculos no percurso da movimentação (por exemplo: objetos, portas fechadas).
29 Manter a carga junto ao corpo
A carga deve ser movimentada tão próxima quanto possível do corpo, preferencialmente na zona ou cor onde o esforço exercido sob o sistema músculo-esquelético é mais reduzido, conforme está indicado na Figura 2.8. Por outro lado, se no início da movimentação a carga não estiver próxima do corpo, deve deslizar-se a carga na superfície horizontal de trabalho para junto deste.
No caso da carga ser assimétrica, o lado mais pesado da carga deve estar junto ao corpo e, ou, se o centro de gravidade da carga estiver deslocado em relação ao centro de gravidade do trabalhador, no plano frontal, o lado mais pesado deve ser suportado pelo braço mais forte.
Adotar uma postura adequada à tarefa de MMC
No momento de levantar/baixar uma carga ao nível do chão deve-se colocar um pé de cada lado da carga e o corpo sobre a mesma, conforme está exemplificado na Figura 2.9. No caso de não ser possível colocar os pés desta maneira, devido às dimensões da carga, deve-se colocar o corpo tão próximo quanto possível da carga. Nestes casos a elevação ou abaixamento da carga deve ser feita com uma ligeira flexão da coluna, dos quadris e dos joelhos (Figura 2.10), em vez de uma flexão extrema de uma destas articulações.
Figura 2.8 - Esforço físico exercido pela movimentação da carga sob o sistema músculo- esquelético em função da posição da carga em relação ao corpo (Adaptado de HSE, 2012b)
Figura 2.9 – Posicionamento do corpo para levantar (ou baixar) uma carga ao nível do chão (Adaptado de HSE, 2012b; NIOSH, 2007)
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Durante o transporte da carga, as costas e o pescoço devem estar direitos. Por outro lado, durante a elevação ou abaixamento da carga deve-se movimentar os pés para se evitar a rotação do tronco (Figura 2.11).
Pegar na carga com firmeza e estabilidade
Deve pegar-se na carga sempre que possível com as duas mãos, contudo, se tal não for possível é aconselhável utilizar a mão mais forte. Por outro lado, se as cargas não apresentarem pegas e forem de dimensões pequenas, por exemplo caixas de cartão, a estabilidade horizontal e vertical da carga pode ser aumentada através da colocação das mãos na diagonal da carga (junto aos cantos opostos ou a meio e no canto oposto). Para além disso, a inclinação da carga na superfície de trabalho facilita a elevação ou o abaixamento.
Movimentar a carga com suavidade
A movimentação da carga deve ser realizada com suavidade, sem movimentos bruscos que aumentam o risco de lesão e diminuem a estabilidade do corpo e da carga.
Colocar a carga no destino e só depois ajustar
Caso a carga exija posicionamento preciso ou controlo significativo no destino da elevação ou abaixamento, deve ser colocada em primeiro lugar no destino, em seguida deslizar ou ajustar para a posição desejada.
Figura 2.11 – Posicionamento correto e incorreto do tronco durante a elevação ou abaixamento da carga (Adaptado de HSE, 2012b) Figura 2.10 – Flexão ligeira da coluna, dos quadris e dos joelhos para
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