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Redesign ergonómico e medidas administrativas

No documento Rui Miguel de Sousa dos Santos Simões (páginas 175-180)

5. Comparação e discussão dos resultados e medidas de intervenção ergonómica

5.2. Medidas de intervenção ergonómica

5.2.1. Redesign ergonómico e medidas administrativas

De seguida são apresentadas algumas medidas relacionadas com o redesign ergonómico da tarefa e com medidas administrativas. Estas medidas foram propostas tendo em conta os fatores de risco que mais contribuíram para o risco, as sub-tarefas com maior risco associado e a viabilidade da sua implementação na T1. Posteriormente foi avaliado o efeito da sua implementação na redução do risco para níveis de risco aceitáveis.

 Distância horizontal (H)

A minimização da H pode ser feita através da adoção da técnica de pegar a bobina na horizontal (Figura 4.2) em todas as sub-tarefas.

152  Deslocamento vertical (D)

Nas sub-tarefas de paletizar, onde se verificaram os Ds mais elevados/penalizadores, a redução do D para valores aceitáveis (entre 0 e 25 cm) e que estão dentro da na zona assinalada a verde- escuro da Figura 2.8, pode ser feita através do aumento da altura da superfície de trabalho (palete) onde se colocam as bobinas. Para isso pode recorrer-se a números fixos de paletes empilhadas que são recomendados para os trabalhadores (Tabela 5.7). Estes números tiveram em conta os dois níveis de bobinas na palete e foram obtidos a partir das distâncias verticais registadas nas sub-tarefas de paletizar.

Tabela 5.7- Números fixos de paletes empilhadas recomendados para cada trabalhador

Nºs fixos de paletes empilhadas

recomendados Nº do trabalhador avaliado

4 1 e 3

5 2, 4, 5, 6 e 7

6 8

 Qualidade da pega (P)

Para aumentar a P recomenda-se a instalação de pegas ou de recortes para colocar as mãos na parte de madeira da bobina.

 Duração da tarefa (DT)

A diminuição da duração da T1 pode ser feita através da rotação dos trabalhadores por outras tarefas/postos de trabalho fisicamente mais leves, permitindo assim aumentar o período de recuperação física e diminuir o tempo de exposição ao risco. Para testar o impacto desta medida, a duração da T1 foi reduzida de 8 para 4 horas/turno.

Os valores dos restantes parâmetros/fatores de risco mantiveram-se iguais aos registados na avaliação inicial, exceção feita para a frequência das sub-tarefas de paletizar que passou para 0,11 vezes/min. Este valor foi determinado através da expressão (4.1) para o cálculo da frequência (secção 4.1.1) tendo em conta os números fixos de paletes empilhadas recomendados para os trabalhadores e os dois níveis de bobinas na palete.

A avaliação do efeito destas medidas na redução do nível de risco foi feita pela NIOSH’91, o Modelo CLM e os Modelos de Shoaf. Estas três metodologias foram escolhidas por avaliarem em mais pormenor os fatores de risco acima referidos e/ou por serem as mais conservadoras, garantido assim a proteção/segurança dos trabalhadores.

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Através da avaliação multitarefa da NIOSH’91 calcularam-se os STLI das sub-tarefas e o CLI da T1 para o conjunto dos oito trabalhadores. Os resultados destes índices para os trabalhadores com os métodos de trabalho I e para os trabalhadores com o método de trabalho II estão disponíveis, respetivamente na Tabela 5.8 e Tabela 5.9.

Tabela 5.8 – Valores dos STLIs e do CLI depois da intervenção ergonómica – método de trabalho I

Método de trabalho I:

Movimentação da bobina para a palete de modo direto

Nº do trabalhador avaliado

2 5 6 7 8

Sub-tarefas STLI STLI STLI STLI STLI 1) Retirar da máquina – Transporte 1,71 1,98 1,76 1,82 1,76

2) Transporte direto N.A N.A N.A N.A N.A

3) 5.1 Paletizar: direto - 5 paletes – 1º Nível 1,70 1,96 1,77 1,81 -

3) 5.2 Paletizar: direto - 5 paletes – 2º Nível 1,70 1,96 1,77 1,81 -

3) 6.1 Paletizar: direto - 6 paletes – 1º Nível - - - - 1,79

3) 6.2 Paletizar: direto - 6 paletes – 2º Nível - - - - 1,79

CLI 1,77 2,05 1,83 1,88 1,85

N.A – não avaliada pela metodologia

Tabela 5.9 - Valores dos STLIs e do CLI depois da intervenção ergonómica – método de trabalho II

Método de trabalho II:

Movimentação da bobina para a palete de modo indireto

Nº do trabalhador avaliado

1 3 4

Sub-tarefas STLI STLI STLI

1) Retirar da máquina – Transporte 1,65 1,71 1,71

2) Transporte indireto N.A N.A N.A

3) Transporte indireto – Mesa nº2 1,61 1,65 1,74 4) 4.1 Paletizar: indireto - 4 paletes – 1º Nível 1,58 1,65 - 4) 4.2 Paletizar: indireto - 4 paletes – 2º Nível 1,58 1,65 - 4) 5.1 Paletizar: indireto - 5 paletes – 1º Nível - - 1,64 4) 5.2 Paletizar: indireto - 5 paletes – 2º Nível - - 1,64

CLI 1,76 1,82 1,85

N.A – não avaliada pela metodologia

Na Figura 5.2 apresenta-se um gráfico onde se representa e compara o CLI da T1, calculado para cada trabalhador, antes e depois da intervenção ergonómica. Do gráfico verifica-se que os valores do CLI diminuíram (em média 29%) depois da intervenção ergonómica, no entanto mantêm-se acima do limite de risco aceitável (CLI igual a 1). De acordo com Waters et al., (1994), os valores do CLI obtidos inserem-se na zona de risco “moderado/acrescido”, compreendida entre 1 e 3.

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Figura 5.2 – Comparação do CLI da T1, para cada trabalhador, antes e depois da intervenção ergonómica (I.E) segundo a NIOSH’91

Utilizando os Modelos de Shoaf calculou-se os IPSs das sub-tarefas de baixar e de transportar para os trabalhadores com o método de trabalho I (Tabela 5.10) e método de trabalho II (Tabela 5.11). Por outro lado, as sub-tarefas que se verificaram ser do tipo elevar foram avaliadas pelo Modelo CLM, tendo sido determinado os respetivos IPSEs. Os resultados dos IPSEs para os trabalhadores com os métodos de trabalho I e II estão disponíveis, respectivamente, na Tabela 5.12 e na Tabela 5.13.

Tabela 5.10 – Valores dos IPSs das sub-tarefas depois da intervenção ergonómica – método de trabalho I

Método de trabalho I:

Movimentação da bobina para a palete de modo direto

Nº do trabalhador avaliado

2 5 6 7 8

Sub-tarefas IPS IPS IPS IPS IPS 1) Retirar da máquina – Transporte 9,1 7,9 N.A 9,5 N.A

2) Transporte direto 9,5 9,5 9,5 9,5 9,5

3) 5.1 Paletizar: direto - 5 paletes – 1º Nível 9,1 7,9 8,6 9,5 -

3) 5.2 Paletizar: direto - 5 paletes – 2º Nível N.A N.A N.A N.A -

3) 6.1 Paletizar: direto - 6 paletes – 1º Nível - - - - 9,5

3) 6.2 Paletizar: direto - 6 paletes – 2º Nível - - - - N.A

Valor médio 9,2 8,4 9,1 9,5 9,5 N.A – não avaliada pela metodologia

2,37 2,22 2,51 2,45 2,56 2,31 2,32 2,32 1,76 1,77 1,82 1,85 2,05 1,83 1,88 1,85 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 1 2 3 4 5 6 7 8 C LI Identificação do trabalhador (Nº) Antes da I.E Depois da I.E Limite de risco aceitável

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Tabela 5.11 - Valores dos IPSs das sub-tarefas depois da intervenção ergonómica – método de trabalho II

Método de trabalho II:

Movimentação da bobina para a palete de modo indireto

Nº do trabalhador avaliado

1 3 4

Sub-tarefas IPS IPS IPS 1) Retirar da máquina – Transporte 9,5 9,5 N.A

2) Transporte indireto 9,5 9,5 9,5

3) Transporte indireto – Mesa nº2 9,5 9,5 7,8

4) 4.1 Paletizar: indireto - 4 paletes – 1º Nível 9,5 9,5 -

4) 4.2 Paletizar: indireto - 4 paletes – 2º Nível N.A N.A -

4) 5.1 Paletizar: indireto - 5 paletes – 1º Nível - - 7,7

4) 5.2 Paletizar: indireto - 5 paletes – 2º Nível - - N.A

Valor médio 9,5 9,5 8,3 N.A – não avaliada pela metodologia

Tabela 5.12 – Valores dos IPSEs das sub-tarefas depois da intervenção ergonómica – método de trabalho I

Método de trabalho I:

Movimentação da bobina para a palete de modo direto

Nº do trabalhador avaliado

2 5 6 7 8

Sub-tarefas IPSE IPSE IPSE IPSE IPSE 1) Retirar da máquina – Transporte N.A N.A 9,5 N.A 9,5

2) Transporte direto N.A N.A N.A N.A N.A

3) 5.1 Paletizar: direto - 5 paletes – 1º Nível N.A N.A N.A N.A -

3) 5.2 Paletizar: direto - 5 paletes – 2º Nível 9,5 8,7 9,5 9,5 -

3) 6.1 Paletizar: direto - 6 paletes – 1º Nível - - - - N.A

3) 6.2 Paletizar: direto - 6 paletes – 2º Nível - - - 9,5

Valor médio 9,5 8,7 9,5 9,5 9,5 N.A – não avaliada pela metodologia

Tabela 5.13 – Valores dos IPSEs das sub-tarefas depois da intervenção ergonómica – Método de trabalho II

Método de trabalho II:

Movimentação da bobina para a palete de modo indireto

Nº do trabalhador avaliado

1 3 4

Sub-tarefas IPSE IPSE IPSE 1) Retirar da máquina – Transporte N.A N.A 8,7

2) Transporte indireto N.A N.A N.A

3) Transporte indireto – Mesa nº2 N.A N.A N.A

4) 4.1 Paletizar: indireto - 4 paletes – 1º Nível N.A N.A -

4) 4.2 Paletizar: indireto - 4 paletes – 2º Nível 9,5 9,5 -

4) 5.1 Paletizar: indireto - 5 paletes – 1º Nível - - N.A

4) 5.2 Paletizar: indireto - 5 paletes – 2º Nível - - 8,1

Valor médio 9,5 9,5 8,4 N.A – não avaliada pela metodologia

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Da análise da Tabela 5.10 - Tabela 5.13 verifica-se que as sub-tarefas são classificadas como “muito inseguras” ou “extremamente inseguras” segundo a escala interpretativa utilizada pelas duas metodologias.

De seguida comparou-se os resultados entre metodologias utilizando a escala adotada neste trabalho (Tabela 5.2), conforme o procedimento descrito anteriormente. Na Tabela 5.14 encontram-se os resultados (médios) de cada trabalhador e os níveis de risco correspondentes aos valores médios do conjunto de trabalhadores, que foram obtidos antes e depois da intervenção ergonómica.

Tabela 5.14 – Resultados da T1, níveis de risco correspondentes aos resultados médios obtidos antes e depois da intervenção ergonómica (I.E)

*De acordo com a Tabela 5.2;

Da análise da Tabela 5.14 verifica-se que tanto antes como depois da intervenção ergonómica, a NIOSH’91 classifica a T1 com um nível de risco médio (2) e o Modelo CLM e os Modelos de Shoaf classificam-na com um nível de risco muito elevado (4). Estes níveis de risco e a interpretação dos resultados obtidos pelas três metodologias indicam que continua a ser necessária intervenção ergonómica. Consequentemente devem ser analisados outros tipos de medidas que eliminem parcialmente (algumas sub-tarefas) ou totalmente o risco como é o caso do recurso à mecanização e automatização da T1.

No documento Rui Miguel de Sousa dos Santos Simões (páginas 175-180)