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Modelo CLM (Comprehensive Lifting Model)

No documento Rui Miguel de Sousa dos Santos Simões (páginas 92-97)

3. Metodologia

3.5. Seleção das metodologias

3.5.2. Modelo CLM (Comprehensive Lifting Model)

O “Comprehensive Lifting Model” – CLM, desenvolvido por Hidalgo et al., (1997), é um modelo de avaliação e design de tarefas de elevação manual de cargas que pode ser utilizado para determinar os pesos limites recomendáveis das cargas para um trabalhador ou um grupo de trabalhadores, bem como para avaliar o nível de segurança destas tarefas através de dois índices. O desenvolvimento do modelo CLM foi baseado na Equação Revista de NIOSH’91 para tarefas simples. No entanto tenta dar resposta a algumas limitações desta equação, razão pela qual foi

 j = índice de cada tarefa simples;

 FIRWLj = peso limite recomendável independente da frequência para cada tarefa simples;

 STRWLj = peso limite recomendável da tarefa simples;

 FILIj = índice de elevação independente da frequência para cada tarefa simples;  PmáximoCj = peso máximo da carga na tarefa simples;

 STLIj = índice de elevação da tarefa simples;  PmédioCj = peso médio da carga na tarefa simples.

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selecionado como metodologia de avaliação das tarefas de MMC em estudo. Em comparação com esta equação, o Modelo CLM tem em conta:

 O peso limite da carga recomendado a elevar para diferentes percentagens da população trabalhadora, não estando limitada a 75% da população feminina e 99% da população masculina;

 O sexo dos trabalhadores como uma variável de entrada (input);

 Diferentes períodos de duração da tarefa de elevação, em vez de serem usados intervalos de dados que agrupem diferentes durações (por exemplo: de 2 a 8 horas);  O efeito de stress térmico no trabalhador.

Constituição do Modelo CLM

O CLM é um modelo multiplicativo constituído pela seguinte expressão:

(3.13) Onde:

 CE = capacidade de elevação, em kg;

 Pb = peso base, considerado como a carga máxima aceitável para uma percentagem específica de população trabalhadora, em kg;

 MH = multiplicador para a distância horizontal (H);  MV = multiplicador para a distância vertical (V);  MD = multiplicador para o deslocamento vertical (D);  MF = multiplicador para a frequência das elevações (F);  MDT = multiplicador para a duração da tarefa (DT);  MA = multiplicador para o ângulo de rotação (A);

 MP = multiplicador para a qualidade da pega da carga (P);  MST = multiplicador para o stress térmico (ST);

 MI = multiplicador para a idade (I);

 MPC = multiplicador para o peso corporal (PC).

Para se determinarem os valores dos multiplicadores é preciso obter as seguintes variáveis:  Sexo do trabalhador

 H – distância horizontal entre as mãos e a linha vertical que passa pelos tornozelos no início da elevação (cm);

 V – distância vertical desde o solo até às mãos no início da elevação (cm);

 D – deslocamento vertical percorrido pelas mãos desde o início até ao destino da elevação (cm);

70  DT – duração da tarefa (h);

 A – ângulo de rotação do tronco durante a elevação em relação ao plano sagital do trabalhador (º);

 P - qualidade da pega da carga;

 ST - índice de stress térmico: WBGT - Wet Bulb Globe Temperature (ºC);  I - idade do trabalhador (anos);

 PC - peso corporal do trabalhador (kg).

A maioria dos valores dos multiplicadores são obtidos pela consulta de gráficos, exceção feita para o MP (Tabela 3.15) (Hidalgo et al., 1997). Na Figura 3.28 está exemplificado o gráfico que se utiliza para determinar o valor do MH.

Tabela 3.15 – Valores para o multiplicador da pega da carga (MP) – Modelo CLM

Qualidade da pega MP

Pegas boas e confortáveis ou pontos de apoio firmes para iniciar a elevação 1,00 Pegas de má qualidade ou pontos de apoio limitados ou escorregadios 0,925 Sem pegas ou pontos de apoio para iniciar a elevação 0,850

De notar que para se determinar o valor do MDT (Figura 3.29), segundo a abordagem fisiológica ou a abordagem psicofísica, deve ter-se em consideração o valor da duração da tarefa e o valor da frequência das elevações. De acordo com os resultados obtidos nas duas fases de desenvolvimento do Modelo CLM, para frequências superiores a 4 vezes/min deve considerar- se a abordagem fisiológica, uma vez que esta abordagem demonstrou ser o fator limitante para o

Figura 3.28 – Gráfico para determinar o valor do multiplicador da distância horizontal (MH) (Adaptado de Hidalgo et al., 1997)

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peso máximo aceitável da carga, comparativamente à abordagem psicofísica (Hidalgo et al., 1997). Para frequências inferiores ou iguais a 4 vezes/min., como a abordagem fisiológica não foi o fator limitante para o peso máximo aceitável da carga, considerou-se neste trabalho a abordagem psicofísica para se determinar o valor do MDT.

Avaliação das tarefas de elevação manual de cargas

A partir da expressão do CLM, os autores do modelo desenvolveram dois tipos de índices que podem ser utilizados para avaliar o nível de segurança das tarefas de elevação manual de cargas (Hidalgo et al., 1997):

 Índice Relativo de Segurança na Elevação (IRSE) - é utilizado para avaliar um grupo de trabalhadores de um determinado sexo ou de ambos os sexos, sendo a capacidade de elevação (CE, em kg) em função dos parâmetros da tarefa (H, V, D, F, DT, A e P) e do parâmetro ambiental (ST);

 Índice Pessoal de Segurança na Elevação (IPSE) – é utilizado para avaliar um determinado trabalhador para qualquer um dos sexos, sendo a capacidade de elevação (CE, em kg) em função dos parâmetros individuais do trabalhador (I e PC), dos parâmetros da tarefa e do parâmetro ambiental.

Os índices são calculados através do seguinte procedimento:

1. Determinar o peso da carga elevada (kg), considerado como a capacidade de elevação (CE);

Figura 3.29 - Gráfico para determinar o valor do multiplicador da duração da tarefa (MDT) segundo dados fisiológicos e psicofísicos (Adaptado de Hidalgo et al., 1997)

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2. No caso do IRSE, determinar os valores para os parâmetros da tarefa e parâmetro ambiental e os respetivos valores dos multiplicadores (MH, MV, MD, MF, MDT, MA, MP e MST). No caso do IPSE, considerar também os parâmetros pessoais (I e PC) e os respetivos valores dos multiplicadores (MI e MPC);

3. Determinar o peso base (Pb) através da divisão do peso da carga elevada pelo produto dos multiplicadores. Através do Pb, é possível determinar a percentagem de população trabalhadora para a qual este peso é aceitável através da consulta do gráfico da Figura 3.30. A percentagem deve ser obtida segundo a abordagem biomecânica;

4. Determinar o valor do índice através da expressão:

(3.14)

Tanto o IRSE como o IPSE podem ser interpretados através de uma escala compreendida entre 0 e 10 (Tabela 3.16), onde uma pontuação mais alta corresponde a uma tarefa de elevação manual menos segura.

Figura 3.30 - Gráfico do peso base (kg) em função de diferentes percentagens de população para ambos os sexos, segundo a abordagem biomecânica e a abordagem psicofísica (Adaptado de Hidalgo et al., 1997)

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Tabela 3.16 – Escala para a interpretação do valor do IRSE ou do ISPE (Adaptado de Hidalgo et al., 1997)

No documento Rui Miguel de Sousa dos Santos Simões (páginas 92-97)