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3 ESTUDO DE CASO O PÓLO DE INFORMÁTICA DE ILHÉUS

3.3 CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E DESEMPENHO COMPETITIVO

3.3.2 Infra-estrutura educacional e qualificação da mão-de-obra

O conjunto de cursos técnicos e de nível superior na área de informática é bastante incipiente no PII e apresentam-se como umas das principais dificuldades apontadas pelas empresas. Observando-se a trajetória de formação do PII, pode-se afirmar que, ao contrário de outras

experiências de aglomerações de empresas em setores de base tecnológica, as universidades e centros de pesquisa não se constituíram em instituições fundadoras da aglomeração. Elas vieram após a aglomeração, a partir de demandas das empresas.

Ilhéus tem tradição agrária, não universitária. Essa circunstância dá um perfil determinado a estrutura de pessoal e ao foco dos cursos da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) que possui um campus na rodovia Ilhéus - Itabuna, onde oferece cursos de graduação de licenciatura em letras, matemática, física, pedagogia e geografia cujo principal objetivo é formar professores.

Com o propósito de estimular e possibilitar uma maior vinculação com as empresas do PII foram criados dois cursos de nível superior: engenharia de produção, em fase de implantação, e ciência da computação, ambos com duração de quatro anos. Esses cursos, reunirão serem ofertados para os alunos da região que trabalham nas empresas do PII, podem ampliar as interações entre a UESC e as empresas e viabilizar o desenvolvimento e melhoria dos produtos e da gestão empresarial.

São possibilidades, pois, atualmente, as atuais instituições de ensino superior não são fontes de informação tecnológica importante para o pólo, nem instrumento de qualificação da mão de obra. Esta última lacuna tem sido suprida por cursos técnicos em eletrônica ofertados por instituições externas. Um dos entrevistados afirmou que, atualmente, que já é possível encontra técnicos em eletrônica em Ilhéus treinados,, todavia, no município de Vitória da Conquista, distante 200 quilômetros.

Uma maneira de captar a participação de instituições locais de ensino no processo de aprendizado e conhecimento de um APL é analisar as atividades de treinamento e capacitação de recursos humanos. Quando questionadas sobre tais atividades, apenas 29,4% das microempresas consideraram de alta importância os cursos realizados dentro do arranjo. Para as pequenas empresas esse percentual é de 50%. Essa mesma importância foi dada por 76,5% das microempresas e 90% das pequenas empresas com relação ao treinamento na empresa. Aproximadamente 41% das empresas julgaram como de alta importância o treinamento em cursos técnicos realizados fora de Ilhéus.

Tabela 14 - Atividades de treinamento e capacitação de recursos humanos das micro e pequenas empresas do Pólo de Informática de Ilhéus/BA%

Grau de Importância Atribuído pelas Microempresas

Grau de Importância Atribuído pelas Pequenas Empresas Atividades

Nula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

Treinamento na empresa 17,6 0,0 5,9 76,5 0,8 10,0 0,0 0,0 90,0 0,90

Treinamento em cursos técnicos no PII 58,8 0,0 11,8 29,4 0,36 40,0 0,0 10,0 50,0 0,56

Treinamento em cursos técnicos fora do PII 58,8 0,0 0,0 41,2 0,41 40,0 0,0 0,0 60,0 0,60

Estágios em empresas fornecedoras ou clientes 82,4 0,0 11,8 5,9 0,13 70,0 10,0 0,0 20,0 0,23

Estágios em empresas do grupo 94,1 0,0 0,0 5,9 0,06 80,0 10,0 0,0 10,0 0,13

Contratação de técnicos/engenheiros de outras

empresas do PII 87,5 0,0 0,0 12,5 0,13 70,0 0,0 0,0 30,0 0,30

Contratação de técnicos/engenheiros de empresas

fora do PII 82,4 5,9 0,0 11,8 0,14 70,0 0,0 0,0 30,0 0,30

Contratação de formandos dos cursos universitários

localizados no PII ou próximos 82,4 11,8 5,9 0,0 0,07 60,0 0,0 0,0 40,0 0,40

Contratação de formandos dos cursos técnicos

localizados no PII ou próximos 100 0,0 0,0 0,0 0,00 70,0 0,0 10,0 20,0 0,26 Fonte: PROJETO Micro e Pequenas Empresas em Arranjos Produtivos Locais no Brasil (2003).

*Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas por Porte).

A absorção de trabalhadores formados e/ou qualificados em instituições de ensino e de capacitação profissional localizadas em Ilhéus e em municípios próximo é ainda muito baixa. Nenhuma das microempresas afirmou ter contratado pessoal formado em cursos técnicos localizados em Ilhéus ou em municípios próximos. Para as pequenas empresas essa situação muda um pouco, 40% já contrataram pessoal de nível superior treinados em Ilhéus ou em municípios próximos.

No que diz respeito à visão do empresariado local sobre a importância e existência de qualificação de mão de obra, os dados da Tabela 15, mostram que 41,2% das microempresas e 30% das pequenas empresas asseguraram ser de alta importância à escolaridade formal de 1 e 2º grau. É alta a relevância dada ao ensino superior e técnico, pelas micro (64,7%) e pequenas empresas (70%).

Entretanto, boa parte das firmas declararam que não perguntam o nível de escolaridade na contratação do empregado, pois o principal mecanismo de aprendizado é o aprender fazendo (learning-by-doing). Em termos de conhecimentos, a principal exigência das micro e pequenas empresas é o conhecimento prático da produção. Sua importância foi considerada de média e alta importância por 100% das empresas. Todas as micro e pequenas empresas

destacaram como de alta importância uma de mão de obra disciplinada, flexível, criativa e com capacidade de aprender novas qualificações.

Tabela 15 - Avaliação da mão-de-obra local segundo as micro e pequenas empresas do Pólo de Informática de Ilhéus/BA %

Grau de Importância Atribuído pelas Microempresas

Grau de Importância Atribuído pelas Pequenas Empresas Características

Nula Baixa Média Alta Índice* Nula Baixa Média Alta Índice*

Escolaridade de 1º e 2º graus 17,6 5,9 35,3 41,2 0,64 10,0 20,0 40,0 30,0 0,60 Escolaridade em nível superior e técnico 23,5 0,0 11,8 64,7 0,72 10,0 10,0 10,0 70,0 0,79 Conhecimento prático/ técnico produtivo 0,0 0,0 5,9 94,1 0,98 0,0 0,0 0,0 100,0 1,00

Disciplina 0,0 0,0 11,8 88,2 0,95 0,0 0,0 0,0 100,0 1,00 Flexibilidade 0,0 0,0 11,8 88,2 0,95 0,0 0,0 10,0 90,0 0,96

Criatividade 0,0 0,0 11,8 88,2 0,95 0,0 10,0 0,0 90,0 0,93 Capacidade aprender novas qualificações 0,0 0,0 0,0 100,0 1,00 0,0 0,0 10,0 90,0 0,96

Outras 94,1 0,0 0,0 5,9 0,06 100,0 0,0 0,0 0,0 0,00 Fonte: PROJETO Micro e Pequenas Empresas em Arranjos Produtivos Locais no Brasil (2003).

*Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas por Porte).

A escolaridade do pessoal ocupado, mostrada na Tabela 16, é de pelo menos o ensino médio completo. Nas microempresas, 55,3% do pessoal ocupado tem o ensino médio completo e nas pequenas empresas esse percentual é de 75%. Isso significa que se o profissional não tiver qualificação mínima, pelo menos o nível médio completo, não consegue desenvolver sua atividade.

Tabela 16 - Escolaridade do pessoal ocupado nas empresas da amostra do Pólo de Informática de Ilhéus/BA %

Grau de Ensino Micro Pequena Média

Analfabeto 0,0 0,0 0,0 Fundamental Incompleto 6,6 4,0 3,2 Fundamental Completo 6,6 5,6 6,5 Médio Incompleto 3,9 1,1 5,2 Médio Completo 55,3 75,0 66,1 Superior Incompleto 6,6 6,7 6,8 Superior Completo 20,4 7,3 11,0 Pós-Graduação 0,7 0,3 1,3 Total 100 100 100

Os profissionais universitários representam 20,4% do total de emprego das microempresas. Já para as pequenas e médias empresas, esse percentual é menor 7,3% e 11,0%, respectivamente. Tal fato parece contraditório, entretanto ele pode ser explicado pelo pequeno número de funcionário das microempresas, o que eleva o percentual relativo de funcionário de nível superior. Além disso, parte do pessoal ocupado nas microempresas é parente dos donos e, em geral, possuem formação superior.