• Nenhum resultado encontrado

4.3 Nível de proficiência em leitura de acordo com o SIELE e o QCER

4.3.1 Análise da proficiência entre os grupos dos participantes

4.3.1.1 Iniciantes x formandos

Nós dividimos os grupos por anos, mesmo o curso sendo estruturado em semestres, devido ao pequeno quantitativo de participantes em cada semestre. Esse mecanismo, inclusive, se torna útil para as testagens estatísticas, uma vez que passamos a ter mais participantes em cada grupo.

Na tabela 2, estão descritos os resultados obtidos a partir da análise estatística. É importante destacarmos que para alcançarmos a resposta da pergunta de pesquisa número quatro, fatiamos o grupo de participantes em quatro partes, a saber: 1º ano (iniciantes), 2º ano, 3º ano e 4º ano (formandos), como já mostramos.

Tabela 2 – Estatística descritiva por ano no curso

Mín. Máx. Média Md. Moda DP Kurtosis Skewness 1º ano (N=12) Pontuação 125 217,10 178,17 174,34 210,52/ 217,10 31,04 -1,19 -,11 Faixa B1 C1 - B1 B1 - - - 2º ano (N=17) Pontuação 131,57 243,42 199,68 203,94 203,94 25,90 2,11 -,84 Faixa B1 C1 - B2 B2 - - - 3º ano (N=24) Pontuação 157,89 243,42 200,92 197,36 197,36 25,22 -1,11 -,03 Faixa B1 C1 - B2 B2/C1 - - - 4º ano (N=18) Pontuação 177,63 250,00 211,25 213,81 217,10 21,98 -,40 ,26 Faixa B1 C1 - B2/C1 C1 - - -

De acordo com as informações apresentadas dos dados estatísticos na tabela dois, percebemos que há diferenças entre os estudantes do primeiro ano do curso, chamados por nós de iniciantes, e do quarto ano, denominados formandos, referente à nota, como podemos observar nas notas mínimas, máximas, médias e medianas, por exemplo. Contudo, para sabermos se essas diferenças têm significância estatística, foi necessário rodar testes de normalidade, como mencionamos no capítulo metodológico. A partir da análise dos resultados desses testes, percebemos que os nossos dados não se distribuíam normalmente, como pode ser notado observando os resultados da Kurtosis (iniciantes = -1,19 e formandos = -,40) e da Skewness (iniciantes = -,11 e formandos = ,26) na tabela dois e no histograma do grupo de total de participantes (Figura 36).

Figura 36 – Histograma do grupo total

Por esse motivo, precisamos utilizar testes não paramétricos, que são testes mais adequados para a análise de dados de grupos que não se enquadram dentro de uma normalidade, uma vez que esses grupos apresentam distribuição assimétrica. Sendo assim, utilizamos o Kruskal-Wallis (KW), que compara os grupos, ou seja, faz comparação global para verificar se há diferenças estatisticamente significativas entre grupos (considerando todos os grupos), porém esse teste não aponta onde estão essas diferenças caso existam. Em caso afirmativo, usamos o Mann-Whitney (MW), que faz comparação entre pares, para encontrar as diferenças.

Tabela 3 – Kruskal-Wallis por nota e ano no curso

Mean rank Chi-Square Df Asymp.Sig73

1º ano (N=12) 22,38 2º ano (N=17) 35,65 3º ano (N=24) 4º ano (N=18) Total =71 36,69 44,50 8,38 3 ,039

Fonte: nossa autoria

Aqui notamos que há diferença entre as médias dos grupos, mas para afirmarmos que essa diferença tem relevância estatística, como comentado anteriormente, é necessário que o nível de significância (Asymp. Sig, p.)74 seja inferior a ,05, que é o caso neste contexto, como está explicitado na tabela três. Por isso, concluímos que existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos no que se refere à proficiência em habilidade de leitura quando consideramos a pontuação.

Tabela 4 – Mann-Whitney para diferenças entre iniciantes e formandos por nota

Mean rank Sum of ranks Mann-Whitney U Asymp.Sig(2tailed)

1º ano (N=12) 10,13 121,50

4º ano (N=18) 19,08 343,50

Teste estatístico 43,50 ,006

Fonte: nossa autoria

73 Nível de significância = p < ,05

74 Em estatística, esse termo significa possivelmente verdadeiro. Em outras palavras, o que não resulta de uma

situação aleatória. Em geral, o valor de p<0,05 ou menor indica que estamos assumindo uma probabilidade de apenas 5% de que a informação dada não seja verdadeira. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/publico/colunistas/20- dr-augusto-pimazoni-netto/125-como-interpretar-a-significancia-estatistica. Acesso em: 01 nov. 2019.

Com esses testes, percebemos que há diferença entre grupos (tabela 3). No entanto, como já queríamos testar de antemão, notamos que essa diferença está entre o par iniciantes/formandos, como podemos ver na tabela quatro, e também entre o par iniciantes/terceiro ano, como explicitaremos mais adiante.

Tais resultados são de extrema importância, pois nos mostram que há diferenças significativas estatisticamente no decorrer da graduação. Apesar dos testes KW e MW não mostrarem se houve evolução do início do curso até o último ano, podemos afirmar que a diferença mostrada por eles expressa evolução mesmo quando os estudantes ingressam no curso com algum conhecimento da língua, uma vez que os dados da tabela dois expõem e ratificam essa afirmação. Contudo, essa evolução não acontece de forma homogênea em todos os anos, o que pode ser percebido nas tabelas dois e três. De acordo com os dados dessas tabelas, podemos afirmar que não se vê com clareza essa evolução entre todos os anos. Sendo assim, só há diferença estatisticamente significativa no que tange à nota entre o primeiro e o quarto ano, como demonstrado, e entre o primeiro e o terceiro, apesar de ser menos expressiva neste último par: Asymp. Sig= ,034.

Sabemos que a robustez estatística das notas (pontuação) como variável intervalar é extremamente relevante para fazermos comparação entre elas e para percebermos as variáveis, já que é possível vermos as diferenças de notas mesmo quando não há mudanças de faixa, uma vez que diferentes notas são agrupadas em uma mesma faixa. Contudo, de acordo com a tabela cinco, observamos que existe diferença significativa também no que se refere a faixas, o que nos interessa bastante, pois além de o SIELE classificar seus candidatos utilizando esse tipo de parâmetro, acrescentamos a isso algo de extrema importância: a proficiência é de natureza ordinal, assim como as faixas, como mostramos no capítulo metodológico. Ressaltamos ainda o fato de as notas não dizerem nada a professores, coordenadores de curso, mas faixas sim.

Aqui se faz necessário explicitarmos novamente os intervalos de notas que compõem as faixas utilizadas pelo exame que utilizamos nesta investigação e na tabela cinco os dados do KW no tocante a faixas.

Quadro 16 – Intervalo de notas entre cada faixa do SIELE

A1 32,99 A2 51,99 B1 59,99 B2 38,39 C1 33

Tabela 5 – Kruskal-Wallis por faixa e ano no curso

Mean rank Chi-Square Df Asymp.Sig

1º ano (N=12) 23,92 2º ano (N=17) 33,94 3º ano (N=24) 4º ano (N=18) Total =71 37,44 44,08 8,19 3 ,042

Fonte: nossa autoria

Ainda nesse sentido, utilizamos o teste MW, tabela 6, para verificarmos entre quais pares estão essas diferenças entre faixas apontadas pelo KW. Desse modo, percebemos que só existe diferença significativa entre o primeiro e o quarto ano:

Tabela 6 – Mann-Whitney para diferenças entre iniciantes e formandos por faixa

Mean rank Sum of ranks Mann-Whitney U Asymp.Sig(2tailed)

1º ano (N=12) 10,71 128,50

4º ano (N=18) 18,69 336,50

Teste estatístico 50,50 ,010

Fonte: nossa autoria

Em resumo, percebemos que as diferenças em relação a faixas são menos ocorrentes porque elas englobam um conjunto de notas, como já vimos. Nesse sentido, notamos que no tocante a notas há diferenças estatisticamente significativas entre os iniciantes x formandos e entre os iniciantes x terceiro ano, já no que se refere a faixas, só há diferenças entre os iniciantes x formandos, como já discutido aqui.